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DA RAIVA À EMPATIA – UM OLHAR PROFUNDO SOBRE RELAÇÕES E AUTOCONHECIMENTO
“A jornada de qualquer relação deveria sempre nos convocar a sondar as profundezas do nosso eu, onde a raiva e o julgamento atuam como espelhos dos anseios e valores que não encontraram expressão, mas que habilmente tece o enigma que envolve as nossas emoções mais íntimas.” Marcello de Souza
Em um mundo de tantos ruídos, de pessoas que se acham cada vez mais dono das verdades e certezas, não faltam maneirismos linguísticos pra ajudar a piorar uma relação. Parece que as pessoas estão desaprendendo a importância de pensar antes de falar — das relações e do respeito. É impressionante por exemplo o uso abrupto das conjunções adversativas como: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante, entre outros, por exemplo. Não precisa pensar muito para entender como são um veneno para as discussões seja qual for o âmbito. Aliás, diferente do que muitos pensam, quase sempre é um equívoco imenso pensar que as informações breves que antecedem essas conjunções poderão ser suficientes para demonstrar concordância, e dar crédito para discordar.
Vamos analisar um hipotético diálogo que normalmente ocorre dentro das empresas como exemplo. Na primeira hipótese, um dos interlocutores usa como recurso para discordar a conjunção adversativa “mas”. Na segunda, os argumentos se estendem sem a “intromissão” do “mas”: “Estou plenamente de acordo com a proposta da Nancy quanto à linha de conduta do nosso departamento de produção e às metas estabelecidas para o departamento de vendas, mas…” Ora, fica bem evidente que essa pessoa só está concordando para discordar. Essa estratégia, além de não dar resultado, pode levantar ainda mais as resistências do interlocutor, pois este sabe que a intenção do colaborador ao concordar inicialmente era só um artifício para poder discordar em seguida.
Agora, a mesma situação, porém, sem o uso do “mas”: “Estou plenamente de acordo com o a proposta da Nancy quanto à linha de conduta do nosso departamento de produção e às metas estabelecidas para o departamento de vendas. Dá para perceber que não chegou por acaso aos números apresentados – realizou pesquisas, acompanhou com lupa os relatórios dos vendedores, avaliou com segurança as perspectivas do comportamento do mercado e analisou os planos dos concorrentes. Fiquei impressionado com a qualidade do trabalho. Tenho certeza de que as nossas decisões a partir de agora terão uma base mais sólida para que possamos determinar os rumos para o próximo ano.”
Veja que, até aqui, com essas ponderações, o trabalho de Nancy foi valorizado, sua competência profissional foi destacada, sua capacidade de análise foi evidenciada. Ou seja, as chances de que suas resistências emocionais tenham sido afastadas foram reforçadas. Portanto, o interlocutor está em melhores condições para debater as ideias, sem que o outro profissional se sinta pressionado pessoalmente. Na sequência, como exemplo, para discordar, ele poderia dizer: “Tenho aqui um estudo que talvez possa ser útil a você, Nancy, e agregar ainda mais ao explanar suas considerações para podermos ampliar as ideias ao final na tomada dessa decisão. O que acha?” A partir desse momento, há espaço para as discordâncias começarem a ser apresentadas.
Sim! Sei que deve estar pensando: Tudo isso para dizer que o trabalho de Nancy não está bom? Justamente é aí que quero trazer este texto hoje. Entender que nas discussões internas, essa resistência emocional deve ser levada em conta?
Sim! Muitos de nós, ao sermos contrariados, reagimos emocionalmente, como se a discordância do colega fosse uma ofensa pessoal e isto tem se tornado cada vez mais problema e motivo de diversos desentendimentos no qual muitos não acabam bem. Em tempos atuais o cuidado para escolher o momento, as palavras e a forma de fazer objeções, especialmente nesses casos, chega a ser até mais importante que os próprios argumentos utilizados. São cuidados simples, até elementares, que afastam resistências emocionais e permitem que apenas as ideias uteis sejam discutidas e que a emoção não seja o grande inimigo para se chegar a um caus.
Se você discorda? Então me responda: Todos os dias você acorda de bom humor? Pois é! Como você lida com as contradições?
A Causa da Raiva e a Importância da Empatia
Podemos apontar ao menos para quatro opções que temos quando confrontados com uma mensagem ou um comportamento de que não gostamos ou nos causa desconforto:
1º. A primeira opção envolve culpar a nós mesmos, uma abordagem que muitas vezes nos leva a questionar nossas ações e nos colocar como responsáveis pelo desconforto, que por vezes tem a ver com questões pessoais como a própria autoestima.
2º. A segunda opção, representada pela raiva e pelo julgamento, nos leva a uma perspectiva de confronto e ressentimento.
3º. A terceira alternativa, por sua vez, nos convida a explorar nossa consciência interna, onde encontramos nossos próprios sentimentos e necessidades. Ao invés de mergulhar em uma análise mental das falhas dos outros, optamos por sintonizar com nossa própria perspectiva interior, buscando entender o que está acontecendo dentro de nós — isso nos permite acessar uma energia vital mais profunda ao direcionar nossa atenção para as necessidades que estão surgindo no momento presente.
Por exemplo: Vamos supor que ouvimos um comentário que nos faz sentir excluídos de uma conversa devido à nossa origem étnica. Se a primeira reação que surge é a raiva, podemos identificar o pensamento subjacente: “Isso é injusto. Eles estão agindo de forma preconceituosa e racista.” No entanto, em vez de ficarmos presos nessa emoção, buscamos compreender que esses julgamentos refletem necessidades não atendidas. Avançamos para a próxima etapa, onde nos conectamos com as necessidades que estão por trás desses pensamentos e sentimentos. Assim, poderíamos descobrir que nossas necessidades envolvem questões de inclusão, igualdade e respeito mútuo. Ao adentrar nossa própria visita interior, somos capazes de reconhecer que nossas reações estão intimamente ligadas às nossas necessidades individuais. Essa conscientização nos abre para um diálogo interno mais profundo, permitindo que possamos abordar a situação de uma maneira mais construtiva e empática, seja para expressar nossos sentimentos ou para compreender os sentimentos dos outros.
4º. A quarta alternativa nos chama a atenção para a necessidade de nos sintonizarmos com os sentimentos e necessidades da outra pessoa. Escolhendo esta abordagem, a raiva não tem espaço para se manifestar. Isso não quer dizer que estamos reprimindo a raiva, mas sim percebendo que ela simplesmente não surge quando estamos completamente presentes com os sentimentos e necessidades da outra pessoa. Ao adotarmos essa perspectiva, somos capazes de eliminar a raiva de nossas interações. Por exemplo imagine que você está trabalhando em um projeto em equipe e percebe que um dos membros do grupo não está contribuindo de maneira igualitária. Se você escolher esta alternativa, vai se voltar para a perspectiva de compreender os sentimentos e necessidades da outra pessoa antes de reagir. Você pode exemplo, decidir abordar a situação conversando diretamente com o colega em questão. Ao adotar essa abordagem, a raiva não tem espaço para se manifestar, já que está focado em compreender o que está acontecendo do ponto de vista do outro. Ao conversar com seu colega, você tem a chance de perceber que ele está enfrentando dificuldades pessoais que o impediram de contribuir tanto quanto gostaria. Você se conecta com sua empatia e compreende que as necessidades dele podem estar diferentes naquele momento. Essa perspectiva faz com que a raiva não surja, pois você está genuinamente interessado em compreender e apoiar as necessidades dele. Nesse exemplo, ao escolher se sintonizar com os sentimentos e necessidades da outra pessoa, você foi capaz de eliminar a raiva e abordar a situação de uma maneira construtiva.
Não Sou Um Santo!
“Explorar nossos sentimentos mais profundos é o caminho para transcender reações apequenadas, descobrir desejos autênticos encobertos pela raiva e pelo julgamento, e assim compreender a complexidade de nossas interações com o mundo tão carente de afetos.” (Marcello de Souza)
“Não sou santo”. Essa simples afirmação reverbera com a verdade essencial da nossa humanidade, abrindo as portas para uma jornada de autodescoberta e transformação contínua. Enfrentar essa realidade é o primeiro passo em direção à compreensão profunda de quem somos e como interagimos com o mundo ao nosso redor.
À medida que exploramos as quatro alternativas diante das situações desconfortáveis que a vida nos apresenta, começamos a entender que a grandeza não reside na perfeição, mas na maneira como abordamos nossos próprios sentimentos e necessidades. Ao abraçarmos por exemplo a terceira opção, que nos convida a mergulhar em nossa consciência interna, nos deparamos com uma verdade reveladora: a raiva, o julgamento e a frustração frequentemente encobrem desejos autênticos que podem ser nutridos de maneira positiva e construtiva.
Essa jornada interior também revela que nossos sentimentos intensos muitas vezes têm raízes mais profundas do que as situações aparentes. A raiva pode ser um eco de feridas antigas, o julgamento pode surgir de inseguranças profundamente enraizadas. Ao iluminar essas partes de nós mesmos, ganhamos a capacidade de curar, crescer e evoluir emocionalmente.
No contexto do cenário que consideramos, no qual nos sintonizamos com nossos próprios sentimentos e necessidades, abrimos espaço para transcender reações automáticas. Ao explorar nossos sentimentos com mais profundidade, identificamos as origens emocionais frequentemente vinculadas a traumas antigos, desejos ocultos e necessidades fundamentais. Em vez de ficar na superfície da raiva ou do julgamento, mergulhamos nas profundezas de nossa essência, onde encontramos as verdadeiras motivações e aspirações.
Essa exploração interna não apenas nos ajuda a compreender nossas próprias reações, mas também nos prepara para encarar as interações com os outros de maneira mais compassiva e aberta. Ao compreendermos as necessidades subjacentes aos nossos sentimentos, tornamo-nos mais aptos a discernir quais batalhas valem a pena e quais podemos deixar para trás. Aqui, a reflexão e o autoconhecimento tornam-se ferramentas indispensáveis para relacionamentos autênticos e enriquecedores.
Compreender a origem da raiva e a importância da empatia lança luz sobre a arte da comunicação autêntica e do entendimento profundo, tanto de nós mesmos quanto dos outros. No entanto, vale lembrar que essa jornada não é trilhada de um dia para o outro. Ela exige tempo, paciência e autocompaixão. Afinal, somos seres complexos, capazes de erros, movidos por necessidades muitas vezes inconscientes. Reconhecer nossa vulnerabilidade é o segredo para desvendar a autenticidade, construir relacionamentos significativos e, acima de tudo, nos conectarmos com a nossa própria humanidade em constante evolução.
O poder de direcionar nossa atenção para o que realmente importa, seja nossas próprias necessidades ou a perspectiva das outras pessoas, nos capacita a construir relacionamentos mais saudáveis, resolver conflitos de maneira construtiva e nos conectar em um nível mais humano e significativo. Nesse sentido, o autoconhecimento emerge como uma âncora crucial para lidar com as complexidades das emoções e relações humanas, lembrando-nos da importância de olhar para dentro de nós mesmos para melhor compreender e interagir com o mundo ao nosso redor.
E A Raiva?
Normalmente a raiva é gerada quando escolhemos a segunda opção: sempre que estamos com raiva, estamos julgando alguém como culpado — escolhemos brincar de Deus julgando ou culpando a outra pessoa por estar errada ou merecer uma punição. Acredite, em grande parte das vezes, essa é a causa da raiva. Mesmo que de início não tenhamos consciência disso, a causa da raiva está localizada em nosso próprio pensamento.
Assim, não é o comportamento das outras pessoas que determina nossos sentimentos, mas sim muitas vezes estão nossas próprias necessidades que causam essas reações intensas. Afinal, a realidade da vida é construída dentro de nós, moldada por nossa percepção única, nossas experiências passadas e nossos anseios mais profundos. Cada emoção, cada pensamento, é uma peça do intrincado quebra-cabeça que compõe cada passo de nossa própria jornada interior para a construção do instante seguinte.
Quando estamos conectados a nossas necessidades, sejam elas de encorajamento, de ter um propósito útil ou de solidão, estamos em contato com nossa energia vital. Podemos ter sentimentos fortes, mas nunca ficamos com raiva. A raiva é o resultado de pensamentos alienantes da vida que estão dissociados de nossas necessidades. Ela indica que acionamos nossa cabeça para analisar e julgar alguém, em vez de nos concentrarmos em quais de nossas necessidades não estão sendo atendidas.
Vamos voltar a terceira opção. A terceira opção descrita é fazer brilhar a luz da consciência sobre nossos próprios sentimentos e necessidades. Em vez de usarmos nosso raciocínio para fazer uma análise mental do que alguém fez de errado, optamos por nos conectarmos à vida que está dentro de nós. Essa energia vital é mais palpável e acessível quando nos concentramos no que precisamos a cada momento. Por exemplo, se alguém chega atrasado para um compromisso e consideramos isto como um sinal de que a pessoa não se importa conosco, podemos sentir magoados. Se, em vez disso, nossa necessidade é passar o tempo de forma útil e construtiva, podemos sentir frustrados. Mas, se, por outro lado, precisamos mesmo é de meia hora de solidão calma, podemos sentir gratos pelo atraso da pessoa e ficar satisfeitos com isso, tudo depende de onde você coloca sua atenção.
Além dessa terceira opção, de nos concentrarmos em nossas próprias necessidades e sentimentos, podemos escolher a qualquer momento fazer brilhar a luz da consciência nos sentimentos e necessidades da outra pessoa. Quando escolhemos a quarta opção, também nunca sentimos raiva. Não estamos reprimindo a raiva; estamos vendo como a raiva simplesmente não acontece a cada momento em que estamos plenamente presentes com os sentimentos e necessidades da outra pessoa.
Toda Raiva Tem Um Âmago Que Serve À Vida
Quando julgamos os outros, contribuímos para a violência. “Mas”, você me perguntará, “não há circunstâncias nas quais a raiva é justificável? Não é necessário ter ‘justa indignação’ ante a poluição descuidada e irrefletida do ambiente, por exemplo?” Minha resposta é uma jornada através das camadas da reflexão. Acredito firmemente que sempre que apoio em qualquer grau a consciência de que há coisas tais como “ações descuidadas”, “ações conscienciosas”, “pessoas gananciosas”, “pessoas tóxicas” ou mesmo “pessoas éticas”, estou contribuindo para construir cada vez mais as relações tóxicas. Em outras palavras, em vez de nos perdermos em intermináveis debates sobre o que é justo ou injusto, o que é correto ou incorreto, o que é certo ou errado, podemos escolher uma abordagem mais profunda.
Acredito que a chave está em olhar para dentro, para o âmago da nossa própria raiva e julgamento. Reconhecer que essas emoções são reflexos de necessidades não atendidas, anseios não expressos e uma busca incessante por sentido. Em vez de concordarmos ou discordarmos a respeito do que querer sempre julgar as outras pessoas, onde muitas vezes o que há é muito de nós nestes julgamentos, oculto em personas que tentamos usar para driblar a realidade de quem realmente somos, podemos ousar mergulhar nas profundezas do nosso ser.
Aceitar que somos imperfeitos, que também erramos, sentimos raiva e nem sempre agimos da maneira mais elevada, é um passo para a autenticidade. É um convite à vulnerabilidade, a nos expormos sem máscaras, a reconhecermos nossos próprios desafios internos. Afinal, nossas emoções são como um espelho que reflete nossos desejos, nossas dores, nossos sonhos. Elas são um chamado para que possamos nos conectar com nossas necessidades genuínas. Em outras palavras, cada um de nós possui sua própria singularidade e valor, e o maior erro está em querer comparar nosso próprio valor com o dos outros. Isso nos lembra da importância de reconhecer a diversidade e respeitar as diferenças entre as pessoas, evitando julgamentos baseados em superioridade ou inferioridade. Em essência, deveríamos cultivar uma atitude de igualdade, empatia e aceitação em relação aos outros.
A jornada rumo à compreensão plena requer uma busca constante. É um processo de aprofundar-se em nosso mundo interior, de confrontar nossos próprios demônios e descobrir nossos anjos escondidos. Não é um caminho fácil, pois exige autoconsciência, humildade e a disposição de enfrentar nossas sombras. Mas, ao nos permitirmos explorar nossas próprias profundezas, podemos começar a entender que a raiva, o julgamento e até mesmo a busca por justiça muitas vezes nos direcionam para necessidades intrínsecas de compreensão, pertencimento e equilíbrio.
Ao nos envolvermos nesse processo de autoexploração, estamos, de fato, servindo à vida. Estamos indo além das aparências superficiais, das reações automáticas e das respostas impulsivas. Estamos abrindo espaço para uma compreensão mais profunda, para um diálogo interno que nos conduz a uma transformação real. E nesse processo, descobrimos que nossa raiva tem um âmago que, se escutado atentamente, nos guia em direção à empatia, ao entendimento mútuo e à construção de relações mais autênticas e conectadas.
Use A Raiva Como Um Chamado De Despertar
A emoção da raiva pode ser um sinal importante para alertar sobre nossas necessidades e valores subjacentes. Em vez de reprimir ou expressar de maneira destrutiva, a ideia é que essa abordagem encoraje a explorar a raiva como uma oportunidade para autoconhecimento e crescimento pessoal. Quando sentimos raiva, isso indica que algo em nossas necessidades, valores ou percepções está sendo desafiado ou não atendido. Essa perspectiva deveria ao menos convidar a pausar e refletir sobre o motivo dessa raiva surgir e qual necessidade não está sendo satisfeita.
Ao fazer isso, podemos adquirir uma compreensão mais profunda de nós mesmos, de nossos pontos sensíveis e do que valorizamos. Em vez de agir impulsivamente com base na raiva, essa abordagem nos encoraja a canalizar essa energia para entender e abordar as questões subjacentes.
Claro que usar a raiva como um chamado de despertar não significa justificar comportamentos agressivos ou prejudiciais. Em vez disso, trata-se de adotar uma abordagem consciente para lidar com a raiva, reconhecendo-a como uma ferramenta para crescimento pessoal, compreensão e comunicação mais saudável com os outros.
Fato é que vejo toda raiva como resultado de pensamentos alienantes da vida e causadores de inúmeros desentendimentos que poderiam ser resolvidos. Volto a dizer: No âmago de toda raiva está uma necessidade que não está sendo atendida. Assim, a raiva pode ser valiosa se a utilizarmos como um despertador para nos acordar — para percebermos que temos uma necessidade que não está sendo atendida, e que estamos pensando de maneira tal que torna improvável que ela venha a ser atendida.
Para expressarmos plenamente a raiva, precisamos ter plena consciência dessa nossa necessidade. Além disso, é preciso ter energia para fazer que essa necessidade seja atendida. A raiva, porém, nos rouba energia ao direcioná-la para punir as pessoas, em vez de atender a nossas necessidades. Em vez de entrarmos em “justa indignação”, recomendo que nos conectemos com empatia a nossas próprias necessidades ou às dos outros.
Isso pode exigir uma grande prática, em que repetidas vezes devemos substituir conscientemente a frase “Estou com raiva porque …” por “Estou com raiva porque estou precisando de…”.
A Empatia Em Vez Da Raiva
Não se engane, a raiva nos rouba energia ao dirigi-la para ações punitivas uma vez que julgar outra pessoa diminui a probabilidade de que nossas necessidades venham a ser atendidas. A decisão sobre onde concentrar minha atenção naquele momento é o que de fato importa. Se for julgar alguém como um mentiroso, uma pessoa pequena, tóxica ou cretina, isso vai levar numa direção. Se interpretar que ele não lhe respeita o bastante para lhe dizer a verdade, isso teria apontado também para outra direção. Entretanto, se entrar em empatia com esta pessoa naquele momento, ou expressar sem máscaras o que está sentindo, tem a chance de aumentar muito a probabilidade de ter suas necessidades atendidas. Isso ocorre porque a empatia nos permite não apenas compreender nossos próprios sentimentos e necessidades, mas também reconhecer que os outros têm suas próprias emoções e motivações. Em outras palavras, ao praticar a empatia, estamos abrindo um espaço para uma comunicação mais profunda e autêntica.
Ao expressar sem máscaras o que se está sentindo, há uma permissão de compartilhar a própria vulnerabilidade, criando uma oportunidade para um diálogo mais honesto e construtivo. Isso não apenas aumenta a probabilidade de que as próprias necessidades sejam compreendidas e atendidas, mas também abre a porta para uma possível compreensão das necessidades e perspectivas da outra pessoa.
É importante perceber que, muitas vezes, as reações de raiva podem ser automáticas e impulsivas. No entanto, ao escolher conscientemente praticar a empatia e se envolver em um processo de autorreflexão, estamos capacitando a nós mesmos para transcender essas reações automáticas e agir de maneira mais alinhada com nossos valores e objetivos de comunicação eficaz. A verdade que essa abordagem nos permite não apenas resolver conflitos de maneira mais construtiva, mas também construir relacionamentos mais saudáveis e significativos. Neste sentido temos quatro opções quando estamos em uma conversa difícil:
1. Culpar a nós mesmos.
2. Culpar os outros.
3. Perceber nossos próprios sentimentos e necessidades.
4. Perceber os sentimentos e necessidades dos outros.
A maneira pela qual expressamos nossa escolha — acaba se revelando útil nessa situação — não tanto pelo que se disse, mas pelo que se faz. Em vez de julgar, que sempre é o caminho mais fácil, tentar escutar os próprios sentimentos, por exemplo: ele estava com medo, e sua necessidade era se proteger contra uma punição. Perceba que ao entrar em empatia com o outro, há a chance de fazer uma conexão emocional a partir da qual poderá ambos ter as necessidades atendidas. Entretanto, se tiver abordado do ponto de vista de que ele é tóxico — mesmo que não tivesse expressado isso de viva voz —, seria menos provável que ele se sentisse seguro ao expressar a verdade sobre o que acontecera. Neste sentido, você teria então se tornado parte do processo: pela própria atitude de julgar outra pessoa, estaria contribuindo para criar uma profecia que acarretaria a própria concretização.
Por que as pessoas iriam querer dizer a verdade, sabendo que seriam julgadas e punidas ao fazê-lo?
Para mim os julgamentos dos outros contribuem para criar profecias que acarretam a própria concretização. Gostaria de sugerir que, quando nossa cabeça está cheia de julgamentos e críticas de que os outros são maus, gananciosos, irresponsáveis, mentirosos, corruptos, tóxicos, narcisistas que valorizam a si mesmo mais do que qualquer outra coisa ou se comportam de maneira que não deveriam, poucos deles estarão interessados em nossas necessidades.
Se desejamos resolver uma questão que ficou em aberto, um fato que trouxe muita mágoa ou mesmo um desafeto dizendo “Sabe, você é um verdadeiro idiota e não tem o direito de agir desta maneira”, reduzimos drasticamente nossas chances de ter nossas necessidades atendidas.
É raro o ser humano que consegue se concentrar em nossas necessidades quando as expressamos por meio de imagens de quanto ele está errado. É claro que podemos ter sucesso em utilizar tais julgamentos para intimidar as pessoas, de modo que atendam a nossas necessidades mais primarias como o próprio ego. Se elas se sentirem amedrontadas, culpadas ou envergonhadas a ponto de mudar suas atitudes, podemos vir a acreditar que é possível “ganhar” dizendo às pessoas o que há de errado com elas.
Numa perspectiva mais ampla, porém, percebo que, cada vez que nossas necessidades são atendidas dessa maneira, não apenas perdemos, mas contribuímos de forma muito tangível para as relações serem cada vez mais toxicas. Podemos ter resolvido um problema imediato, mas teremos criado outro e pior aprenderemos a lidar com as outras pessoas de maneira muito equivocada e no final quem sabe tudo isto não se vira contra nós mesmos.
Áreas Onde Precisamos Autoexplorar
Quanto mais as pessoas ouvirem culpa e julgamentos, mais procurarão maneiras de evitá-los ou de se vingar daqueles que as julgam. A resposta mais óbvia é que não podemos ter respeito pelos outros sem ter empatia por eles. Sem a empatia, nossa comunicação com os outros estará baseada em julgamentos que os culpam e que os tornam responsáveis pelo que nós mesmos estamos sentindo. Sem a empatia, dificilmente poderemos cuidar da vida que há em nós ou fora de nós.
Olhar para dentro de nós é uma jornada crucial para aprimorar nossa compreensão do mundo ao nosso redor. O autoconhecimento é uma lente que nos permite ver as projeções de nossos próprios sentimentos, crenças e julgamentos sobre os outros.
Quando projetamos negatividade em alguém, muitas vezes estamos espelhando aspectos não resolvidos em nós mesmos. Nossas reações emocionais intensas podem indicar áreas onde precisamos explorar e sanar. A percepção de que o que vemos nos outros muitas vezes reflete aspectos não resolvidos em nós mesmos é um convite poderoso para investigarmos mais profundamente.
Compreender nossos próprios valores, intenções, morais e ética é uma jornada contínua que nos conecta com a verdadeira essência do nosso ser. Ao enxergarmos as motivações por trás de nossas ações, podemos ser mais compassivos em relação a nós mesmos e aos outros. Esse processo de autoexame nos ajuda a discernir se nossas reações a situações externas estão enraizadas em questões internas não resolvidas. Ele também nos permite reconhecer quando estamos sendo guiados por valores autênticos ou quando estamos sendo influenciados por expectativas externas.
O autoconhecimento sob a perspectiva de se conhecer na plenitude dos próprios limites, não é apenas um exercício introspectivo; é uma ferramenta essencial para melhorar nossa comunicação e relacionamentos. Quando nos sintonizamos com nossos próprios pensamentos, sentimentos e crenças, somos mais capazes de reconhecer os momentos em que estamos projetando nossas próprias questões nos outros. Isso nos capacita a adotar uma abordagem mais empática e compassiva em nossas interações, cultivando relacionamentos mais saudáveis e genuínos.
Portanto, a jornada para entender o que está dentro de nós é um passo fundamental para transformar nossas relações e nossa própria experiência de vida. Ao abraçar o autoconhecimento, abrimos espaço para uma maior compreensão, aceitação e conexão – tanto com nós mesmos quanto com os outros. Com essa base sólida de compreensão interna, somos capazes de enfrentar os desafios das relações de maneira mais consciente, genuína e amorosa.
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OBRIGADO POR LER E ASSISTIR MARCELLO DE SOUZA EM MAIS UMA PUBLICAÇÃO EXCLUSIVA SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO
Olá, Sou Marcello de Souza! Comecei minha carreira em 1997 como líder e gestor de uma grande empresa no mercado de TI e Telecom. Desde então atuou frente a grandes projetos de estruturação, implantação e otimização das redes de telecomunicações no Brasil. Inquieto e apaixonado pela psicologia comportamental e social. Em 2008 resolvi me aprofundar no universo da mente humana.
Desde então, tornei-me profissional apaixonado por desvendar os segredos do comportamento humano e catalisar mudanças positivas em indivíduos e organizações. Doutor em Psicologia Social, com mais de 25 anos de experiência em Desenvolvimento Cognitivo Comportamental & Humano Organizacional. Com uma ampla carreira, destaco minha atuação como:
• Master Coach Sênior & Trainer: Oriento meus clientes em busca de metas e desenvolvimento pessoal e profissional, proporcionando resultados extraordinários.
• Chief Happiness Officer (CHO): Promovo uma cultura organizacional de felicidade e bem-estar, impulsionando a produtividade e o engajamento dos colaboradores.
• Expert em Linguagem & Desenvolvimento Comportamental: Potencializo habilidades de comunicação e autoconhecimento, capacitando indivíduos a enfrentar desafios com resiliência.
• Terapeuta Cognitivo Comportamental: Utilizo terapia cognitivo comportamental de ponta para auxiliar na superação de obstáculos e no alcance de uma mente equilibrada.
• Palestrante, Professor, Escritor e Pesquisador: Compartilho conhecimento e insights valiosos em eventos, treinamentos e publicações para inspirar mudanças positivas.
• Consultor & Mentor: Minha experiência em liderança e gestão de projetos permite identificar oportunidades de crescimento e propor estratégias personalizadas.
Minha sólida formação acadêmica inclui quatro pós-graduações e doutorado em Psicologia Social, bem como certificações internacionais em Gerenciamento, Liderança e Desenvolvimento Cognitivo Comportamental. Minhas contribuições na área são amplamente reconhecidas em centenas de aulas, treinamentos, palestras e artigos publicados.
Coautor do livro “O Segredo do Coaching” e autor do “O Mapa Não É o Território, o Território É Você” e “A Sociedade da Dieta” (1º de uma trilogia sobre o comportamento humano na contemporaneidade – 09/2023).
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2 Comentários
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