AUTOCONFIANÇA – SE NÃO TEM, PRECISA URGENTE TER!
“As pessoas que resolviam as coisas em geral tinham muita persistência e um pouco de sorte. Se a gente persistisse o bastante, a sorte em geral chegava. Mas a maioria das pessoas não podia esperar a sorte, por isso desistia.” (Charles Bukowski) Jean-Paul Sartre, filósofo francês contemporâneo, dizia que a angústia surge no exato momento em que o homem percebe a sua condenação irrevogável à liberdade. Em outras palavras, o homem está condenado a ser livre. Não haverá uma condição em que nós não teremos a chance de escolher. Sempre haverá uma opção de escolha, mesmo que a escolha seja não escolher. Fato é que a angustia está presente em nossa vida. Nela se faz presente as dúvidas que tomam nossa mente, que outras vezes parece cair sobre nossa cabeça, minando nossos melhores propósitos, gerando insegurança e outras vezes uma sensação horrível de vulnerabilidade. Esta percepção psicológica que se caracteriza pela sensação de impotência, falta de ar, pelo peito apertado, ansiedade, insegurança, falta de humor, e com ressentimentos aliados a alguma dor é na verdade um sensor que carregamos dentro de nós que está diretamente conectado com nossos sentimentos e que costuma ser acionado quando conscientes das escolhas que vamos fazendo. O que podemos fazer quando isso acontece? Claro que o caminho mais fácil que eu poderia aqui dizer a vocês é que de agora em diante nada de pensamentos negativos — você tem que ser otimista, acreditar em você mesmo, e sempre se imaginar com super poderes. A regra é otimismo! Bom! Quem já caiu nesta, sabe que não funciona e que tudo isto é uma grande baboseira, aliás, são ideias assim que nos ajuda a ficar cada vez mais “doentes da cabeça”. Não é novidade que depressão, ansiedade, TOC, raiva e sentimentos similares estão relacionados a este tipo de proposta. Muitos dos transtornos psíquicos surgem exatamente por causa não só da falta de lucidez da realidade, mas também das fantasias que somos induzidos a acreditar. A ideia que para uma vida ser boa basta pensar positivo é tão absurda como eu dizer hoje para vocês tomarem cloroquina para se imunizar da covid. Talvez por isso mesmo, que não há pesquisa que conteste o fato de que livros e filmes de autoajuda são campeões de venda na mesma velocidade que as pessoas sofrem mais de problemas psíquicos. Milhares de pessoas se entregaram a achar que existe caminho mais fácil para lidar com a realidade da vida, e por isso mesmo são vítimas dos encantos da Lei da Atração e chegam até a adaptar conceitos absurdamente ridículos e sem qualquer fundamento da tal imaginativa “física quântica” para facilitar a conquista da felicidade, do carro ou emprego dos sonhos. Não faltam pessoas para nos dizer que tudo é transcendente. Adoro palavras como energia, campo, entre outras tolices “quânticas”, entretanto, não é disto que vou falar, pelo contrário, quero voltar para a realidade e dialogar com vocês sobre Autoconfiança a partir de conceitos das ciências comportamentais e a neurociência. Voltando para a realidade. É verdade que acreditar em si mesmo nem sempre é fácil. Mas, talvez isto ajude muito a sabermos conviver com a angustia. Quem sabe, com isso aquele plano que está agora dentro de você seja realmente visto como algo bom: investir no projeto que tanto sonha, talvez expor sua posição sobre um assunto importante realmente seja interessante durante a próxima reunião, participar do desafio de uma significante competição esportiva ajude a aumentar sua autoestima ou simplesmente convidar aquela pessoa que tanto lhe chama a atenção para um agradável café. Tudo isto é hábil de escolhas! Agora, quando chega a hora de tomar a frente e colocar em prática, todos nós temos certo nível de dificuldade quanto a confiança necessária para decidir dar o passo decisivo. Então, repentinamente, as dúvidas nos atormentam e a angustia nos domina: Será que vale a pena arriscar assim? Estou realmente disposto? Posso fazer isso? O que acontece se der errado? E, em meio a variações de emoções e sentimentos que vai nos dominando está o medo, que quase sempre acende aquela luz vermelha em vez de nos motivar a aproveitar uma oportunidade, e muitas vezes, despreparados, facilmente acabamos deixando passar mais uma chance. Quero escrever sobre este tema justamente porque o que mais tem me chamado a atenção é o aumento de significativo de clientes que buscam meu trabalho tanto de coaching como terapia comportamental, justamente porque precisam das palavras encorajadoras vindas dos outros, já que muitas vezes estes parecem confiar mais na opinião de outros do que de si mesmo. Por quê? Mas, afinal, o que realmente significa “confiar em si mesmo”? Embora o termo, que é típico da psicologia, da literatura terapêutica e também da tal autoajuda, é muitas vezes usado como sinônimo de autoestima e de autoaceitação. Entretanto, é um equívoco estas relações. A autoconfiança refere-se sempre à competência pessoal e veremos a diante claramente sua importância e as diferenças com outras questões psíquicas como autoestima e de autoaceitação. Isto porque, por exemplo a autoestima está em como cada um descreve a maneira que vê em si mesmo o seu próprio valor. Em outras palavras, o quanto você aprecia e gosta de si mesmo. Está para a avaliação que a pessoa faz de si mesma expressando uma atitude de aprovação ou de aversão bem como a suas capacidades e valor, tanto para si como para o meio em que vive. Logo e em resumo, a autoestima não se refere necessariamente a habilidades, é na verdade o respeito que você tem por si mesmo, sua própria apreciação. A autoaceitação segue sob a mesma direção, tem mais a ver com a maneira que a pessoa se sente consigo mesmo. Está para o autorrespeito, com todas as suas virtudes e falhas. É sobre aceitar com respeito e valor quem você é hoje – e não quem você quer ser ou quem foi. Com a autoaceitação você pratica, ou deveria praticar, um cuidado consciente diário de si mesmo. E isso irá fortalecê-lo como um todo. Perceba que não é fácil diferenciar tais indagações e os psicólogos lidam com essas questões há décadas. Fato é que não é tão nítido separar a autoconfiança de outros termos que são frequentemente relacionados. Entretanto, é parte fundamental para quem busca uma boa saúde mental compreender o conceito de autoconfiança. Em resumo, refere principalmente à valorização em suas próprias habilidades como um todo. Quando se trata de habilidades individuais, normalmente pesquisadores tendem sempre em usar termos como autoeficácia ou autoconfiança específica. Por exemplo, uma pessoa pode ser eficiente em questões relacionadas a engenharia, mas ter baixo desempenho nas relações humanas — claro que sem desconsiderar que todos nós temos a capacidade de desenvolvermos habilidades onde não tínhamos, ou seja, a autoeficácia é algo possível de se desenvolver em uma área ou outra. DÚVIDAS SIM! A questão fundamental da autoconfiança está para a compreensão em que efetivamente podemos fazer algo significativo para aprimorarmos nossa capacidade de saber lidar com nossas angustias e assim, desenvolvermos mecanismos psíquicos que efetivamente nos auxilie a aumentar as chances de seguir em frente com confiança sem ajuda externa. Em outras palavras, como melhorar nosso senso de confiar em nossas capacidades, partindo dos nossos próprios sentimentos. Como fazer isto? Por mais pesquisas que fiz a respeito deste assunto para atender meus clientes ou mesmo para escrever este artigo, tenho que confessar que talvez, ninguém sabe ao certo a resposta exata. Mas, não desanime. Temos diversas pistas que podem auxiliar-nos a encontrar uma compreensão identitária capaz de explicar a partir do que há dentro de nós mesmos. Muito provavelmente, como a maioria dos outros comportamentos e características psicossociais, sabe-se que na formação da nossa mente a um grande impacto genético responsável pela constituição da personalidade de cada um e isto tem a ver com a nossa capacidade de confiar que começa a se apresentar na adolescência para a fase adulta. Quando vamos estudar o comportamento das crianças, facilmente é percebido que existem algumas que simplesmente fazem o que desejam, por conta própria. Outras já não tem tanta facilidade e quando adultos esta perspectiva se manifesta arduamente. O ambiente também desempenha um papel importante. A autoeficácia é determinada, entre outras coisas, pela experiência que vamos construindo pela vida. Os estudos comportamentais indicam que a dúvida sobre nossas habilidades tende a surgir da comparação com os outros. Isto se explica quando fazemos uma simples auto-observação das pessoas que fazem parte do nosso dia a dia. Perceba introspectivamente que há continuamente uma autossugestão de que sempre há alguém melhor que nós. Se você comparar suas próprias fraquezas com os pontos fortes de outras pessoas, sempre sentirá esta dúvida, não é mesmo! É normal pessoas que se comparam, em geral, terem sido objetos de comparações, feitas por adultos (afetivamente importantes para elas), em relação a outras crianças. As dúvidas, porém, não são ruins por si só – desde que não se perca o autocontrole. A verdade é que fazer rotineiramente questionamentos do próprio desempenho não é um problema, até ajuda a nos aprimorarmos, mas se colocar cronicamente em xeque prejudica a saúde mental, as relações humanas e o desempenho. Trazendo para a prática, quando eu faço uma análise criteriosa com meus clientes sobre suas capacidades, percebo que todos eles de vez em quando duvida de si mesmo, e isso não é um problema, como já dito é até saudável; ajuda a ressignificar crenças limitantes, como faz a pessoa ter mais lucidez da realidade em relação até mesmo sob o ego, narcisismo e vaidade. O problema que tenho acompanhado cada vez mais são casos de clientes que desconfiam cronicamente das próprias capacidades e isto tem afetado a sua saúde mental e, algumas vezes, suas relações e também seu desempenho profissional. Nos estudos que tenho pesquisado e acompanhado através dos processos comportamentais junto a meus clientes consegui encontrar uma relação muito estreita entre a autoestima e a autoconfiança. Em alguns casos por exemplo, peço a meu cliente que preencha um questionário no qual é solicitado a declarar que medida determinados adjetivos se aplicam a eles. Posteriormente, a ideia é saber deles o quão confiantes estavam em suas respostas. Com isso, percebi que aqueles com baixa autoestima se mostram menos confiante em sua própria capacidade de se autoavaliar. Mas nem sempre é assim. Também existem clientes que demostraram baixa autoestima, mas muita certeza das suas autoavaliações. (Isso pode ser desfavorável, mas me ajuda muito no processo tanto de coaching como terapia (TCC). Estas informações são essenciais para traçar estratégias de abordagem e ajudar o próprio cliente a se conhecer melhor). INFLUÊNCIAS EXTERNAS Para a psicologia comportamental é fato de que quanto mais acreditamos em nós mesmos e em nossas próprias habilidades haverá consequentemente maior impacto em nosso comportamento decisório e resiliente. Por exemplo, pode afetar a avaliação e a sugestão de lidar com nossa disponibilidade de tomar certas decisões mesmo que elas tenham se demostrado mais desafiadoras ou que possa estar relacionado a outras situações passadas no qual não obtivemos sucesso. Aqueles que são atormentados por dúvidas, sofrem com a angustia de decisão, e isto prejudica a qualidade ao procurar informações, baseando-se nas próprias crenças, buscando referencias muitas vezes em fontes pouco confiáveis, da mesma forma que hesitam em se comprometer. Fortalecendo os pensamentos contrafactuais. Veja, no dia a dia, deparamo-nos frequentemente com situações que requerem uma explicação, levando-nos a perguntar o como e o porquê de terem sucedido e desencadeando, assim, formamos processos de explicação causal que são base para nossas escolhas. De igual modo, muitos outros acontecimentos induzem, em vez de uma explicação causal, um pensamento acerca de como poderíamos ter evitado ou prevenido um dado desfecho, isto é, como as coisas poderiam ser alteradas se tivéssemos atuado de outra forma ou se algum aspecto da situação fosse apenas um pouco diferente. A este processo cognitivo chamamos pensamento contrafactual. As pessoas que não conseguem desenvolver a autoconfiança passam a ser vítima deste tipo de pensamento e as crenças limitantes vão estreitando sua capacidade analítica se apegando apenas em aquilo que alimente suas já instaladas crenças. Na verdade, é … Continue lendo AUTOCONFIANÇA – SE NÃO TEM, PRECISA URGENTE TER!
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