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Como Fazer Resoluções de Mudança na Vida e Realmente Cumpri-las

“O que a mente do homem pode conceber e acreditar, ela pode alcançar.” – Napoleon Hill

Todo começo de ano, somos bombardeados com promessas de mudanças: emagrecer, aprender algo novo, melhorar a vida profissional ou até realizar um sonho antigo. Essas resoluções são empolgantes, mas, infelizmente, a grande maioria das pessoas não consegue sustentá-las por mais de alguns meses. Se você já se viu abandonando suas metas de Ano Novo ou outras promessas de transformação, provavelmente já se perguntou: por que isso acontece? E, mais importante, como fazer essas resoluções realmente funcionarem?

A chave para o sucesso está no entendimento de que as mudanças não são apenas sobre força de vontade. A verdadeira transformação está na motivação subjacente que impulsiona a mudança.

A Psicologia da Mudança

A psicologia das mudanças pessoais pode ser complexa, mas é iluminada pela teoria da autodeterminação, proposta pelo psicólogo Edward Deci e Richard Ryan. Esta teoria sugere que nossa motivação se divide em dois tipos principais: motivação extrínseca (externa) e motivação intrínseca (interna).

A motivação extrínseca ocorre quando buscamos mudanças por pressão social ou pela expectativa de uma recompensa externa. Esse tipo de motivação tem sido associado a uma menor taxa de sucesso. Estudos mostram que, quando a motivação para realizar uma mudança vem de fora, como a pressão de amigos ou tendências de redes sociais, a probabilidade de desistir é significativamente maior.

Por outro lado, a motivação intrínseca surge quando a mudança está alinhada com nossos valores e crenças pessoais, o que a torna mais sustentável. Pesquisas científicas revelam que, quando o motivo de uma mudança está profundamente enraizado em nossos valores pessoais, é mais provável que persistamos, mesmo diante dos desafios.

Por que é tão difícil manter as resoluções de mudança?

Segundo uma pesquisa publicada no Journal of Clinical Psychology, mais de 80% das pessoas que fazem resoluções de Ano Novo abandonam-nas antes de atingir seus objetivos. O que separa os que alcançam as metas daqueles que desistem é a qualidade da motivação. Quando a mudança é vista como algo imposto ou superficial, a motivação se esgota rapidamente. No entanto, quando ela é baseada em algo profundo e autêntico, como o desejo de melhorar a saúde para viver mais e melhor, ou alcançar uma meta de carreira com um propósito claro, a persistência tende a aumentar.

Aqui, a teoria da autodeterminação nos ensina que, para mudanças duradouras, devemos nos concentrar em encontrar um motivo interno, algo que seja pessoalmente significativo. É essa razão que vai impulsionar a continuidade, mesmo quando a energia inicial se esgota.

Mude pelo Seu Propósito

No processo de mudança, é vital perguntar a si mesmo: por que eu quero fazer isso? Esse “porquê” precisa ser mais do que uma resolução vaga ou uma mera tentativa de agradar aos outros. Ele deve ser um motivo profundamente conectado ao seu propósito de vida.

Pesquisas de psicólogos, como Angela Duckworth, que estuda a grit (perseverança e paixão para alcançar objetivos de longo prazo), indicam que metas relacionadas a um propósito maior são muito mais eficazes. Duckworth argumenta que a habilidade de “perseverar” em uma mudança, mesmo diante das dificuldades, está diretamente relacionada à paixão por esse objetivo e à clareza do propósito que o motiva.

A Autonomia e a Mente Aberta
Mas a motivação não é a única chave para a mudança. A teoria da autodeterminação também destaca a importância da autonomia. Para que a mudança seja bem-sucedida, ela deve ser voluntária e estar alinhada ao que acreditamos ser importante. Obrigações externas ou metas impostas por outras pessoas, por mais bem-intencionadas que sejam, frequentemente geram frustração e sabotagem.

Por exemplo, podemos sentir uma pressão para mudar a carreira por expectativas externas, mas o verdadeiro sucesso surge quando essa mudança é algo que nós mesmos desejamos, e não apenas uma adaptação à pressão social ou familiar.

Estudos sobre comportamento humano, como os realizados por Albert Bandura e sua teoria do autoeficácia, reforçam que a sensação de controle sobre nossas escolhas e ações é um fator fundamental para o sucesso a longo prazo. A pesquisa indica que, quando sentimos que a mudança é nossa decisão, e que temos controle sobre o processo, somos mais propensos a persistir e alcançar nossas metas.

Como Implementar Mudanças Duradouras?
Quando você decide mudar, tenha em mente que o sucesso não depende apenas de estratégias externas, mas da construção de uma base sólida de motivos internos e pessoais. Seja consciente sobre seu “porquê”, sempre alinhando suas metas a algo que seja intrinsecamente importante para você. Além disso, crie um ambiente que favoreça suas escolhas, rodeando-se de pessoas que compartilhem seus valores e objetivos.

O foco deve estar em metas autônomas – aquelas que refletem quem você é e o que você realmente deseja, e não o que os outros esperam de você. Isso pode ser alcançado ao entender que a jornada de transformação está tão, ou mais, importante que o destino final.

O Que Você Está Realmente Buscando?
A mudança duradoura exige mais do que apenas desejo. Ela exige um compromisso contínuo com o seu eu mais profundo. Ao alinhar sua motivação com seus valores mais autênticos, e se comprometer com um objetivo que tenha significado real, você cria uma base sólida para transformar suas resoluções em resultados reais e duradouros.

Por fim, lembre-se: a verdadeira mudança não acontece por pressão externa ou por modismos passageiros. Ela nasce da compreensão de que você está, a cada dia, se aproximando de quem você quer ser, e não de quem os outros desejam que você seja.

Referências:
Deci, E. L., & Ryan, R. M. (1985). Intrinsic motivation and self-determination in human behavior. Springer Science & Business Media.
Duckworth, A. (2016). Grit: O poder da paixão e da perseverança. Editora Objetiva.
Bandura, A. (1997). Self-efficacy: The exercise of control. Freeman.
Journal of Clinical Psychology (2016). “Why New Year’s Resolutions Fail: A Study on the Psychology of Change.”

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