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CONFLITOS – COMO MINIMIZÁ-LOS EM SUA EMPRESA

É muito comum nas empresas as pessoas relutarem a enxergar e compreender os conflitos internos, seja com um colega de trabalho, alguém da equipe, um outro setor, departamento ou ainda com o próprio chefe. Claro, isso acontece em qualquer local e até é normal e muitas vezes faz bem para o desenvolvimento de todos.  Agora, isso pode se tornar problema principalmente quando os envolvidos preferem se calar e fingir que tudo está bem e nada é feito para sanar tais desentendimentos, tornando aquilo que poderia ser positivo, enobrecedor, resolvido de uma forma inteligente e consciente em uma verdadeira armadilha.  As alucinações se afloram e o que poderia ser uma simples discussão de divergências de ideia se transforma em um maremoto de intrigas pessoais.

Sei que muitos irão dizer que nem todos os conflitos são negativos, e que quase sempre são necessários. Realmente é verdade, está nos conflitos o embate do equilíbrio harmônico. Parece divergente isso, mas é real. Está nas diferenças o encontro de uma melhor solução, a busca ética do aprimoramento da comunhão que vá em direção ao bem maior de todos. Com ele, todos ganham. Os conflitos são a forma da expressão máxima da liberdade de opiniões, trocas de ideias, encontro de meios criativos e inovadores. É um estimulo a integração entre as pessoas. No conflito há o despertar de problemas que antes não foram encontrados e que representa, muitas vezes, a solução mais eficaz de minimizar contrariedades futuras.

E quando o conflito deixa de ser positivo?

O problema está justamente quando não há consciência consonante dos fatos, ou que não se tenha uma gestão eficiente que possam gerenciar estes desencontros conflitantes, e aquilo que poderia ser o alicerce para o desenvolvimento nobre da harmonia se transforma em uma desastrosa batalha, alimentando críticas, julgamentos, potencializando o desrespeito entre todos.

É verdade, podem ser inúmeras razões capazes de influenciar a ruptura do equilíbrio harmônico, muitos deles são causados pelas próprias forças externas do próprio ambiente, que agem initerruptamente sobre nós, e que, quase sempre, só se torna visível quando a tragédia já aconteceu. Combustível para isso não falta, é o caso por exemplo de quando os papéis de cada um não estão muito claros dentro das organizações, politicas individualistas, falta de estrutura, escassez de recursos, inexistência ou inadequação das diretrizes éticas.

Outro grande motivador para esta desarmonia são as mudanças, principalmente quando são impostas a força. Sim, mudanças! Pode não parecer, mas muitos dos conflitos no qual tive que trabalhar foram por causa de mudanças. Mudanças pode representar o alicerce básico para a desarmonia entre as pessoas. Isso porque todas mudanças, quando antes não amestrada, geram medo. Lógico que mudanças bem-feitas, planejadas e orientadas, tem muito mais chance de sucesso e quase sempre geram ganhos, mas mesmo assim, acabam por influenciar os conflitos, afinal é verdade que em todo ganho, sempre há perdas. E nem todos querem perder algo. Mudanças exige sair da zona conforto, quebrar paradigmas, desfazer de hábitos, buscar novas maneiras de pensar e agir, se movimentar, reaprender, reeducar, e por aí vai. Muitas mudanças podem representar a exposição de fragilidades, limites e muitas vezes deixam as pessoas vulneráveis e equivocadamente, a vulnerabilidade quando não amadurecida, pode gerar a angustia e o medo. 

Conflitos quase sempre são provocados pela desarmonia de 3 forças que agem sobre nós. Estamos sempre sendo influenciados basicamente por três forças que estão diretamente relacionados ao nosso comportamento. Sendo as Forças internas, que são fatores que residem tanto em nossa mente quanto em nosso coração, e existem pela própria natureza do ser humano; forças de nossos relacionamentos que caracterizam nossos relacionamentos e interações com os outros; e forças externas, que são fatores que caracterizam o contexto no qual operamos e tomamos decisões. A falta de consciência e constante cegueira dessas forças, desajusta seu equilíbrio e afeta nossas relações, perdemos a capacidade de perceber quem somos, da onde estamos e para onde vamos.  Fato é que reconhecer estas forças não é algo simples, exige muito de nós mesmos, principalmente de sermos capazes de compreender que para encontrar seu equilíbrio há evidente necessidade marcante de entender que somos vulneráveis a vida.

Logo, o conjunto destas forças agem diretamente em nossa conduta no dia a dia, estabelecendo um vínculo conciso na matriz de nossos comportamentos relacionais dentro do binômio de emoções e sentimentos, reagindo a pontos pessoais, como: autoestima, crenças limitantes, medo, sinceridade, mentira, autoridade, liberdade, confiança, competição, ambição, ganância, ansiedade, frustração, saúde, problemas pessoais, estresses, entre tantos outros.

Existe uma relação única entre o equilíbrio dessas forças e todos os conflitos.  Na falta representa o maior responsável de todos os desentendimentos entre as relações, bem como também seu aprimoramento resolveria quase todos eles, e isso se dá o nome de Comunicação. 

Minha longa vivencia em liderança e projetos, tem indiscutivelmente demostrado que em quase todos trabalhos que realizo como consultor na gestão de conflitos está relacionado a comunicação ou melhor, a falta dela.

Uma coisa aprendi em todos estes anos é que se alguém quer destruir nossa reputação e credibilidade, destruir relações e ainda ter vantagem sobre nós, tudo que ele precisa é gerar um desequilíbrio emocional, é nos manter nervosos o suficiente para perdermos o controle na forma de nos Comunicar. Não é à toa que estamos vivendo um momento tão desarmonioso, reverso e estressante. Fato é que, não poderia ser por menos, em mundo cada vez mais imediatista, estamos tão no automático e individualistas que presenciamos nossa incapacidade de saber se relacionar com as pessoas, pior, nos habituamos em não ouvir mais o outro e muito menos o que nós mesmos estamos dizendo.

Então fica a questão: Se estamos perdendo a habilidade em se comunicar, como então iremos nos relacionar dentro das organizações?

Não é diferente dentro das empresas. Em quase todos os casos, conflitos internos vão se sustentando e ampliando pelo simples fato das pessoas não saberem mais se comunicar. O comportamento humano é intrinsecamente relativo com o ambiente no qual está inserido, regidos pelas 3 forças já descritas, que são representados e se desenvolve justamente na forma no qual nos relacionamos, em constante intercambio de afetos.  Da mesma forma que afetamos as pessoas também somos afetados, em uma troca constante de emoções e sentimentos partilhados. Em outras palavras, nos comunicamos ininterruptamente, ou melhor, deixamos de nos comunicar somente quando morremos. E a comunicação é feita sistematicamente através da linguagem, resultante de nossos afetos. Está na linguagem a maneira no qual expressamos todos nossos sentimentos e nossas emoções, consciente e inconscientemente. A falta de clareza e do uso consciente da linguagem, constantemente leva a outra pessoa a interpretá-la de formas equivocadas, e aí, a partir das emoções geradas, surge os sentimentos e com eles os atritos, que quase sempre são totalmente desnecessários.

Em resumo, o aprimoramento do comportamento humano se deve a primazia da forma no qual cada um de nós se relaciona, portanto, se comunicam, diante a clareza em nossas interpretações da linguagem. Na sua falta, automaticamente minimizamos as capacidades cognitivas passando a interpretar as emoções e sentimentos através de nossas crenças e experiências passadas, formadores de nossos modelos mentais: omitindo, distorcendo, construindo e generalizando, em toda e qualquer relação. É importante entender esses modelos mentais, que poder ser resumidamente representados como:

                    Omissão: Selecionando e filtrando a experiência, bloqueando algumas partes. Quando estamos diante a algo que não compreendemos ou não queremos compreender, nosso cérebro simplifica a formação de pensamento, dando um significado justificável de acordo com nossas experiências.

·                    Distorção: Deturpando a experiência, enxergando nela diferentes significados. Vivenciamos cada momento de nossa vida de acordo com o que faz sentido para nós a partir de nossas experiências, pelo qual somos capazes de manobrar e ajustar nossas representações internas, distorcendo e mudando a realidade.

·                    Construção: Criando alguma coisa que não está lá. A construção é a capacidade de nossa mente filtrar uma informação e gerar uma nova realidade para ela, laborando sobre elementos simulados internos. Na pratica estamos distorcendo o fato, criando uma outra perspectiva, alterando a realidade, sendo totalmente subjetivo com nossa conveniência. Podemos então denominar isto como uma alucinação.

·                    Generalização: Uma experiência passa a representar todo um grupo de experiência. Através do processo de generalização que nossa mente entra no processo automático, absorvendo hábitos, e tornando-se resistentes a mudanças. Seu objetivo é facilitar e agilizar o dia a dia, permitindo agregar conhecimento a partir daqueles já existentes. Nossas crenças, fobias, medos, são exemplos formadas por generalizações inconscientes das experiências que tornaram uma verdade para nós, mas que não necessariamente seja verdade para os outros.

Somos seres diferentes, únicos, exclusivos. Pensamos, criamos, desejamos, agimos, refletimos, […] de forma singular a cada pessoa. Ao mesmo tempo, estamos constantemente Omitindo, Distorcendo, Construindo e Generalizando.  Agora multiplique isso a um mundo representado pelo estresse, pelo imediatismo, pelas cobranças, pelos problemas socioeconômicos, violência, e tudo aquilo que torna nosso mundo repleto de frenesi que interagem a todo o momento. Não nos dá tempo de sermos nós mesmos. Se não soubermos nos relacionar, começando com nós mesmos, e não aprimorarmos a capacidade de saber se comunicar, realmente não há outra forma a não ser agir aos instintos mais primitivos e tudo terminar em constantes batalhas.

É preferível ser cortado com uma espada do que com conviver com o insulto de alguém que eu um dia admirei. “ Marcello de Souza, Coaching & Você

Como então minimizar e evitar que conflitos se tornem uma tragédia relacional?

Fato é que não existem critérios universais que possam responder a todo e qualquer conflito. Portanto, que fique claro que não há uma única possibilidade na vida de existir manuais que possam interpretar a exclusividade de cada um de nós. Certo de entender isso então somos capazes de perceber que somos seres desejantes, desejos exclusivos de cada um. Vivemos na busca constante de nossos desejos, são eles nossos motivadores a vida. Desse modo, inicia-se daí os confrontos existenciais, causados pelos cobiça, interesses, ego e motivações de diferentes perspectivas sobre algo.

Diante a tudo que falamos até aqui, vamos discutir hoje cinco passos que entendo serem importantes desenvolver para que efetivamente se possa minimizar conflitos negativos e melhorar a qualidade de nossas relações, gerando harmonia e ampliando a produtividade de cada um:

Primeiro passo importante é justamente a compreensão que temos que ter a consciência que não há espaço no mundo para suprir todos as opiniões, vontades e desejos. Por isso a importância, antes de tudo, compreender e dissimilar a Ética nas Relações. Afinal, a referência da vida está em nós mesmos, em como nos apresentamos e na maneira no qual nos relacionamos. A vida está nas relações como condição primaria de como viver melhor. 

O que há por trás de cada manifestação, quais são os verdadeiros motivos. Se não soubermos lidar com isso, claramente se transfora em algo muito mais sério e desnecessário, e quase sempre começam pelo simples fato de nenhum dos lados saberem inicialmente ouvir a si mesmo e muito menos o que outro está dizendo. Afinal a comunicação, não é saber falar, se expressar, dominar a linguagem verbal e não verbal, mas também é ouvir, aliais ouvir mais que falar. E não é ouvir somente o outro e sim desenvolver a habilidade de ouvir a si mesmo, a voz interior, no silêncio profundo para se auto compreender.

Entenda a importância disto. As relações entre as pessoas por si geram expectativas. Está na forma como nos comportamos a definição do que o outro pode esperar de nós. É diante a nosso próprio comportamento que definimos quem somos, bem como representa nossas escolhas do que somos capazes de fazer e não fazer. Em outras palavras, estamos em constante relação com o mundo, nos comunicando initerruptamente. Portanto a Ética das Relações é justamente compreender a responsabilidade de como nos apresentamos ao mundo, onde observamos e somos observados, agindo e reagindo, informando ao mundo os limites e a extensão da nossa própria moral.

Fato é que nossas manifestações relacionais são a base que autorizam que todos construam em si uma ideia do conjunto dos princípios que fazem parte de nós e que irão ser representados em nossa conduta e que pode esperar uma certa coerência pratica no seguir de nossa relação.

A consciência de como nos apresentamos ao mundo, a percepção de como nos manifestamos diante nossas relações permite ao outro decidir se deve ou não manter este elo entre nós, não pela ética, mas sim pelos fatores morais de cada um que podem ou não serem condizentes.

Agindo desta forma, temos grandes chances de que seremos correspondidos com maior harmonia já que a primeira condição da liberdade é justamente estarmos abertos para definirmos nossas condutas e comunicar nossos próprios critérios de moralidade. Já na obrigação, no fim da liberdade de podermos expressar quem somos, perderíamos a chance de nos apresentar quem realmente somos e tornaríamos vítimas dos próprios critérios impostos pelo desequilíbrio das forças que agem sobre nós. Fato é que se não houver a liberdade nas relações, também não haverá a moral.

Existe um outro ponto importante que devemos sempre considerar na Ética das Relações.Toda e qualquer relação deve sempre ter por princípio um objetivo, e que seja claro e transparente, dando a cada um a liberdade de escolha. Na ética das relações é preciso compreender que está na moral de cada um as escolhas, a consciência do fardo constante que temos que carregar, afinal de contas em todas as escolhas que tomamos na vida temos que ter a compreensão vital de que deixaremos tantas outras não vividas, mas que foram desejadas e preteridas.

Todas as relações envolvem os afetos, e o mundo nos afeta ininterruptamente, nos transformando. Também é fato que o inverso também é verdade, afinal, afetamos o mundo e ele nunca é igual ao instante anterior. Por isso, a vida e nossas relações exige de nós uma constante atualização por que sempre haverá novas cláusulas deste contrato moral que estabelecemos para nós.

“A causa da raiva está em nosso pensamento — em ideias de culpa e julgamento. “ Rosenberg, Marshall B..

Segundo passo importante é desenvolver a habilidade de ministrar o Distanciamento Psicológico. É saber que em quase todas as vezes que estamos diante a algum tipo de discussão, entranhado em algum tipo de conflito, perdemos facilmente equilíbrio das forças que agem sobre nós e com isso deixamos de controlar nossas emoções. Arraigado em nossas emoções estão os pensamentos e sentimentos. Na falta da clareza, basta uma interpretação equivocada da mensagem que logo transformamos em desarmonia. Quando legitimamente estamos com raiva, passamos então a querer extrapola-la através da linguagem. Este problema aumenta naqueles que passaram muito tempo asfixiados por este sentimento, suportando-a silenciosamente a ataques e agressões comportamentais dos outros. Quando a pessoa se encontra nessa situação, pouco ou quase nunca conseguirá se libertar desta pressão, sendo retroalimentado até por pequenos detalhes que em muitas circunstâncias não tem qualquer relevância a ele mesmo. Tornando aquela angustia parte de todos os problemas pessoais.

Para podermos trabalhar com essa situação temos que aprender a perceber o que efetivamente está acontecendo.  Quanto maior for o foco apontado na situação em que esteja diretamente envolvido, maior será a possiblidade de não conseguir avaliar da melhor forma, perdendo a chance de alcançar uma boa decisão. Mas isso não é fácil. Não é simples sair do status quo e mudar a forma de ver e enxergar um mesmo problema.

A melhor solução para este momento está na pratica constante do Distanciamento Psicológico. Em outras palavras, é necessário mudar a forma de observar. As vezes saber controlar a distância do problema pode permitir gerar novas perspectivas. Ficando menos autocentrado. Não reagindo puramente com a emoção, e sim trazer a consciência o que aquilo representa para nós sobre outras perspectivas e o porquê aquilo necessariamente tem tanto significado. Temos aqui, inicialmente lembrar que o comportamento dos outros pode sim incitar nossos sentimentos, mas quase nunca é o motivo e a razão.

Por detrás de todo nosso sentimento está a percepção do mundo através dos nossos olhos, em outras palavras, nos relacionamos com o mundo de acordo com nossas experiências vividas, em nossos modelos mentais individuais de cada um, conforme já descritos anteriormente. Aquilo que tem um sentido para uma pessoa pode ter outro completamente diferente para nós. Somos seres únicos assim como nossos pensamentos e a percepção do mundo. Portanto muitas vezes, reagimos a aquilo que no fundo reconhecemos em nós mesmo como uma vulnerabilidade no qual não aceitamos por causa do medo e de nossas próprias crenças limitantes, motivando nossas próprias culpas. Não se engane, aquilo que sentimos se resulta das nossas próprias escolhas, representa exatamente a forma o qual desejamos receber o que é expresso pelo outro.

Terceiro passo importante e fundamental é sabermos trabalhar a Autocritica sobre nós mesmos. Temos que antes de tudo compreender o que efetivamente está estimulando aquele sentimento ruim dentro de nós daquilo que efetivamente é causador do conflito emergente, saber diferenciar o que estimula e o que ocasiona. Se fizermos uma Autocrítica sobre nós mesmos e de muitos dos conflitos no qual fizemos parte, torna-se passível de se perceber o quanto dissimulamos. O quanto de nós procurou culpar o outro de nossos próprios sentimentos. Nos iludimos o tempo todo e sempre esquecemos que não está no outro a culpa de quem somos e muito menos de nossas próprias ações. Nesta cegueira, muitas vezes agimos inconscientemente, sem perceber, sendo opressivo e outras, tentamos dominar para que de alguma forma possamos esconder nossas próprias fraquezas.  

O psicólogo Marshall B. Rosenberg, diz em seu livro que “[…] sempre que estamos em uma discussão, tornando-a conflitante, passamos a reagir emocionalmente, a perda de controle, a falta de consciência, traz na situação a irracionalidade, com isto A raiva é gerada quando escolhemos a segunda opção: sempre que estamos com raiva, estamos julgando alguém culpado — escolhemos brincar de Deus julgando ou culpando a outra pessoa por estar errada ou merecer uma punição. Eu gostaria de sugerir que essa é a causa da raiva. Mesmo que de início não tenhamos consciência disso, a causa da raiva está localizada em nosso próprio pensamento. ”

Quarto passo importante e fundamental é desenvolver a sensibilidade de sermos capazes de aceitar e praticar a nossa Vulnerabilidade. Isso porque quando aberto a vulnerabilidade dificilmente não conseguiremos atingir um estado Empático em nossas relações. Nestas situações raras estaremos conectados verdadeiramente com o outro. Ao permitir a nossa vulnerabilidade também estamos permitindo nossa transparência com a vida. Tomamos permissíveis em reconhecer os próprios valores e os valores dos outros. Estando abertas a experimentar o novo. Capazes de tirar nossas camadas herdadas pela própria história, de nosso próprio ego, para se tornar mais livre, abertas a se expor, se expressando de uma forma autêntica e franca, aceitando o acaso como parte da vida. Sem julgar, sem criticar. Mantendo dentro de si um propósito maior, a vontade de viver a vida e não esperar um dia para viver. Reconhecendo que estamos longe de sermos perfeitos, mas ter a consciência que são perfectíveis, e passar a viver na busca constante da excelência. 

Isso porque ao nos relacionarmos com os outros, a Empatia é parte de nossa Vulnerabilidade e ocorre somente quando conseguimos nos livrar de todas as ideias preconcebidas e julgamentos a respeito. Ela exige de nós uma reação que não pode ser preparada de antemão, aqui a vulnerabilidade faz sentido. Ela não requer nada do que já passou; ela requer presença, responsabilidade; ela requer nós no agora. Então, estamos prontos para perceber que sempre há uma mensagem importante por trás de uma atitude grosseira, uma conversa agressiva ou intimidante. Somente os Empáticos tem a sensibilidade de perceber que em outras palavras, aquele que ataca, agride e ofende o outro, no fundo está falando do espaço da própria dor. Muito daquilo que incomoda, irrita, revela muito sobre nós mesmos e muito pouco sobre o outro. Rosenberg diz que quase sempre, “no fundo de todas essas mensagens que permitimos que nos intimidem estão simples indivíduos com necessidades insatisfeitas pedindo que contribuamos para seu bem-estar. “

Por tanto o Poder da Vulnerabilidade representa uma das virtudes mais importantes que podemos ampliar e desenvolver, ela está diretamente relacionada ao comportamento social. Refletindo na qualidade no qual nos relacionamos, impactando diretamente em nosso bem-estar, no nosso sucesso de nossa vida pessoal e profissional. Ela é o alicerce imprescindível para a habilidade tão necessário diante a nossas atitudes frente aos conflitos que constantemente somos expostos em nosso dia a dia.

Quinto passo importante e fundamental está na capacidade de desenvolver a arte da Persuasão. A persuasão representa muito mais do que induzir as pessoas aos seus desejos, pelo contrário, ela é capaz de gerar a conformidade voluntária. Você não pode ordenar apenas porque você desempenha um determinado papel de autoridade. Você deve fazer acontecer. Os grandes comunicadores compreendem isso, e diante a este conhecimento conseguem fazer a diferença. Eles de alguma forma levam as pessoas a fazer não só o que querem que façam, mas que façam com que elas desejem fazê-lo. Podemos dizer que existem dois pontos fundamentais para desenvolver a arte da Persuasão e com isso alcançar a conformidade voluntária:

 O primeiro ponto importante em um processo de Persuasão e o mais importante, é viver na presença. Em outras palavras, é estar presente de fato em toda e qualquer relação. Aqui na verdade é o resumo de tudo aquilo que falamos até agora, afinal a maneira como você se apresenta, associa, movimenta, gesticula, fala, até a maneira como demostra suas emoções através expressões. Isso porque a mente e o corpo são um só, e aquilo que você pensa é aquilo que você expressa, e a forma na qual expressa será a forma que irá pensar. Somente quando estamos no presente é que percebemos efetivamente a mensagem que estamos de fato transmitindo. Eu ensino isso em meus treinamentos sobre a importância da presença profissional, como eles representam e como eles entram em suas relações. E isso faz as pessoas transformarem a forma de convivência com outras pessoas, ou seja, você tem que adequar linguagem verbal e não verbal para se expressar corretamente, existe uma expressão melhor para conseguir acalmar alguém, uma outra expressão para demostrar estar interessado, uma outra expressão para demostrar preocupado e outra quando alguém está tentando intimidá-lo. Todos nós usamos dezenas de expressões todos os dias. Qual você usará quando determinar o sucesso que você está em gerar uma conformidade voluntária?

Um grande exemplo de habilidade em saber se expressar de acordo com suas necessidades sem perder sua autenticidade é o camaleão. O camaleão é uma boa representação de um comunicador efetivo devido à sua capacidade de se adaptar ao ambiente.

Assim como o camaleão muda de cores para misturar, você deve saber se expressar de forma congruente as situações no qual se encontra. O camaleão sobrevive porque se adapta. Cada um de nós sobreviveremos a partir da nossa capacidade de persuasão, por isso a necessidade da adaptação, e esta capacidade está internamente relacionada ao nosso controle emocional presente. Afinal tem que a ver congruência que reforce e gere confiança entre o que você está dizendo com as expressões e a atitude que se encaixa na situação. Isso quase nunca é ensinado.

Quando você entra em uma empresa e pergunta para o gestor qual considera ser melhor ação como primeira atitude diante a uma crise de relação entre seus colaboradores eles costumam me dizer que é o diálogo. Não é verdade. É a nossa presença como um todo, é saber ouvir primeiro, por inteiro, sem julgamento, sem verdades, sem críticas, estar aberto para observar o que há por trás de cada palavra dita. Você deve olhar todas as partes que compõe o todo. Estabelecer a harmonia, se adaptar ao momento, expressando com autenticidade, para gerar Rapport e com isso a Empatia, alcançando então a conformidade voluntária.

O segundo ponto importante em um processo de Persuasão está na verbalização, ou melhor, nas palavras certas para a pessoa certa no momento certo. Nossas palavras têm o poder de criar e o poder de destruir.  Pois os problemas muitas vezes não estão nas discordâncias e diferenças de opinião, mas sim na palavra utilizada, na forma no qual elas são apresentadas, compreendidas e o que no fundo aquilo que realmente representam para nós. Especificamente um dos maiores segredos para uma relação é a clareza, ajudar as pessoas a ver o que nós quereremos que eles vejam.

“A palavra é livre, a ação muda, a obediência cega. ” Friedrich Schiller

Lembre-se disto: Podemos até acreditar que iremos esquecer uma discussão, um desentendimento, um conflito, mas pergunte a uma outra pessoa 10 ou 20 anos depois, se ela se lembra das nossas palavras desagradáveis, dos nossos ataques verbais. Teremos uma grande chance de ouvir um SIM, que ele lembra de cada palavra que dissemos.As pessoas nunca esquecem da ofensa verbal. Ela se aprofunda, aliena e se prolonga mais do que qualquer outro tipo de ofensa.

É fácil compreender isso, basta nós buscarmos em nossa memória os tempos de infância quando fomos humilhados por professores, amigos ou colegas. Você esqueceu deles? Então, porque seria diferente em um ambiente de trabalho.

As palavras são reflexo de nossa moral. Das emoções, dos pensamentos e sentimentos e têm um poder enorme, tanto para desenvolver um encontro sadio, harmônica e feliz quanto para ferir e destruir as relações. Na maior parte das vezes, não medimos realmente o impacto que uma palavra pode ter. Verbalizamos muitas vezes sem estar presentes, ficando no automático e não ouvimos o que nós falamos. Com isso não percebemos o que dizemos e muito menos as consequências geradas a partir de uma palavra errada ou mal interpretada. Com as palavras, podemos machucar uma pessoa, agredi-la, ferir e ofender, afetando, assim, os relacionamentos, o bem-estar e convivência harmônico das relações. E isso pode se agravar quando nos encontramos sob pressão. A maioria de nós não se comunica habilmente sob pressão, mas a carreira de todos nós depende disso. Para isso é necessário desenvolver a Inteligência Emocional, ter controle e saber respirar o suficiente para que os pensamentos não sofram influência do desequilíbrio das forças que constantemente estão agindo sobre nós.

 “O que você vai dizer, antes de dizer a outra pessoa, diga a você mesmo.” Sêneca

Por fim, existem muitas maneiras que podemos explorar positivamente os conflitos. Aqui apresentei apenas algumas reflexões que permite entender que os conflitos podem ser gerenciados e representar a competência e potenciais de cada um, o melhor que cada um pode ter dentro de si. Muitas vezes ambientes harmônicos podem ser reflexo de pessoas medíocres, que quase sempre se acomodam e criam uma falsa atmosfera de equilíbrio e produtividade. Está no entendimento dos conflitos entre as partes envolvidas a possibilidade do surgimento de grandes oportunidades de crescimento e maturidade. Mas também é verdade que muitos dos impeditivos para controlar o estado de desarmonia e minimizar de uma forma sustentável no qual não prejudique a comunicação e se tenha controle sobre os conflitos, é mudar a mentalidade das próprias empresas, principalmente as que olham apenas para seus gráficos e suas planilhas, na eminência que dentro da empresa o que importa são somente os lucros, as metas, as vendas, enfim, fazer gestão somente por resultados financeiros. No dia a dia, essa tensão constante de resultados se sobrepõe sobre a prioridade maior que é a qualidade e a responsabilidade de lidar com pessoas.

Por isso, não podemos esquecer, na vida somos todos singulares. E não é apenas as questões materiais que possam representar nossos triunfos e nosso poder. Temos que compreender que a comunicação tem que ser de direito de todos, de que as pessoas têm legitimidades diferentes para falar. O problema que nem sempre é assim, cada pessoa está diferentemente autorizada para se manifestar. Perdendo grande chance de transformar os negócios em algo muito maior.

O que se encontra hoje em qualquer espaço é que existem aquelas pessoas que antes de falar já são aplaudidos, porque o que é aplaudido não é necessariamente o conteúdo da pessoa e o que ele irá falar. O valor social do discurso não está no que é dito, mas não posição social ocupada por quem fala. E é por isso que alguns pode falar qualquer coisa enquanto outros, se encontram na zona da rejeição, não são permitidos por não estarem em condições sociais adequadas para serem ouvidos, esses participam do grande contrato social como espectadores. E quase sempre são vítimas do sistema e sofrem duras penas com os conflitos porque quase nunca são ouvidos.

Saber gerenciar conflitos vai muito além do poder, status e das papagaiadas corporativas. Não basta deixar falar, não basta deixar manifestar, não está na camiseta da empresa, nas festas de confraternizações, nos eventos de autoajuda e motivacionais. Não basta colocar placas informando que todos são um time e todos pertencem a uma união.

Para solucionar conflitos internos de forma nobre, não basta todas as iniciativas típicas da comunicação organizacional, para fazer crer numa família porque mesmo uma família é um espaço altamente estruturado e hierarquizado com tétricos desníveis sociais para qualquer manifestação, dentro de qualquer família há conflitos nos quais muitos são devastadores. Enquanto cada gestor não assumir seu papel e sua responsabilidade na qualidade do clima organizacional, saindo da sua zona de conforto e tomando a frente nas relações, permitindo estabelecer uma cultura de ética nas relações, através da comunicação efetiva, aberta e respeitosa, incentivando o princípio moral de cada um, continuaremos nos encontros desarmônicos, conflitantes e sabotadores, aonde muitas vezes o silêncio e medo podem ser assolador.

No meio de metas e objetivos do negócio, cuidar das pessoas não deve ser uma sobrecarga. Pelo contrário, quanto melhor a qualidade do ambiente, através de novas diretrizes éticas e práticas, irá diminuir essas barreiras e facilitar ainda mais a gestão e amplitude da competência de cada um. Uma gestão eficaz só se consolidará quando o gestor incentivar as relações e passar seu maior tempo junto com sua equipe se comunicando e incentivando isso e não executando as atividades do dia a dia, como quase todos ainda fazem.

REFERÊNCIAS DE PESQUISA

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