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O QUE GANHAMOS AO REAVALIAR NOSSAS EMOÇÕES

A emoção se torna essencial na hora de analisar criteriosamente a realidade presente entre o ambiente e as pessoas, além de ser responsável por nossa espontaneidade diante a nossas ações. Ela é fundamental para nossas relações, seja no mundo pessoal ou corporativo. Fato é que experimentamos, ao longo do dia, inúmeras emoções, que vão e vem sem nos darmos conta disso e isto é um fator natural e necessário de sermos quem somos. Não há deliberações sem nos envolvermos emocionalmente. Na verdade, talvez realmente seja mais prudente permitir que ela se exteriorize de modo a qual ainda possa possibilitar sua compreensão e dominá-la e não a ocultar, reprimindo-a. Senão, não há como, mais cedo ou mais tarde, em algum momento, essa emoção reprimidas virão à tona. Quanto antes houver uma atitude consciente para lidar com ela, haverá vantagem de proporcionar mais recursos para trabalhá-la.

É indiscutível que maioria das decisões equivocadas em nossas vidas são tomadas de maneira impulsiva, motivadas pela emoção e que outrora, não foram resultantes de escolhas erradas por falta de lógica ou deliberação ineficiente, mas emocionalmente instintivas. Foram erros que poderiam ser evitados em situações em que faltou maturidade emocional e inabilidade de saber controlar as emoções negativas. Não diferente, os hábitos limitadores também estão, de alguma forma, relacionados com a incapacidade de lidar com emoções e isto é o grande combustível para agravar estados como ansiedade, constrangimento e medo. Não é por acaso que pessoas que não conseguem compreender suas ações emocionais e não buscam uma reavaliação maior sobre elas, são mais procrastinadores pela falta de confiança que vai se concretizando dentro de si. O fato de algumas vezes reagirmos de forma ofensiva também tem a ver com a insegurança.

Do outro lado, estudo recente tem demonstrado que no mundo corporativo há um excesso de cobrança junto a seus gestores e poucas ferramentas eficientes são disponibilizadas para estabelecer este autocontrole emocional, e, claro, nem sempre é fácil manter o domínio de nossas reações. Como acontece com a maioria das características humanas, somos seres singulares e por isto há grandes diferenças individuais no que se refere à capacidade de monitorar os próprios comportamentos para não deixar que os excessos tomem conta de nós.

O problema é que no mundo atual a regra é bem clara, quem tem bom domínio de si mesmo é em geral mais respeitado por outros do que pessoas consideradas imprevisíveis e temperamentais – o que certamente traz inúmeras vantagens. Apesar de a autonomia emocional ser tão importante para o convívio e a qualidade de nossas relações é preciso haver lucidez em nossas condutas para buscar o equilíbrio e não os excessos.

Ter excessivamente autocontrole também pode gerar outras problemáticas comportamentais. Pode se esbarrar desde o campo da influência para o da manipulação ou ainda em distúrbios pessoais e profissionais mais profundos, como a falta de argumentos congruentes e a irrealidade do próprio posicionamento social e profissional. Quem excede o autocontrole, quase sempre são muito positivistas, mais justificadores e tem menos foco produtivo, daí surge então o problema de costumarem a interpretar seu equilíbrio emocional de maneira indolente, como se eles não tivessem de se esforçar para ter outras competências técnicas, reflexivas e, principalmente de raciocínio lógico. Ainda, tem o problema ilusório do autocontrole sobre as outras pessoas, o que distancia as relações por não ter mais espaço para as diferenças emocionais, que são descartadas, sem dar a chance de reconhecer a importância que existente com a diversidade entre as pessoas e da falta de independência proposta pela própria necessidade de ser humano. Não podemos esquecer que está na independência a condição especifica de evolução ao se diferenciar do outro, o que não quer dizer distanciar do outro. Independência é a condição humana para estar livre de tomar suas próprias decisões. É compreender que você não é um objeto e muito menos um ser singular e que existe um mundo que rege sobre você. Portanto, a distância é causa de sofrimento, mas a diferenciação não, já que ela parte da sua própria construção como ser. E isto é simples de entender, já que os excessos para o autocontrole, diminui o engajamento, minimizam a sociabilidade e isto tem a ver com a falta de capacidade permissiva do coletivo, de ações colaborativas, da independência e da inabilidade de aprender a pensar sistemicamente, dentro ou fora de objetivos comuns.

Aumentar o engajamento dos funcionários é um dos maiores desafios das empresas nos dias de hoje. Segundo os resultados apresentados por uma pesquisa realizada em 2017 pelo Instituto Gallup, diz que somente 15% dos empregados em 155 países estavam efetivamente de alguma vinculados à empresa no qual trabalham, ou seja, pessoas que se sentiam entusiasmadas com trabalho, carregando em si o sentimento de empreendedor, capazes de impulsionar a inovação e dar vida para a organização seguir adiante. Outro levantamento do mesmo instituto, intitulado “Como o envolvimento dos funcionários impulsiona o crescimento”, com 49 indústrias em 34 países, salienta como resultado, algo que realmente deve-se refletir: profissionais motivados rendem 25% mais do que seus pares sem estímulo para o trabalho. Por isto, não se pode enganar, esta força incentivadora, o sentimento de fazer mais, é movida pela emoção. Provavelmente o maior avanço na carreira de um líder eficaz não foi de natureza tecnocrática e profissional, mas sim, emocional. 

Fica então a questão: Como então, construir um equilíbrio sustentável no qual possamos desenvolver habilidades para um domínio maior sobre nós mesmos sem nos excedermos ao controle de nossas emoções?

Evitar os problemas emocionais da equipe, só aumenta o risco de sua manifestação de forma impulsiva. É preciso criar condições para extrapolar e dar vazão às emoções. O que mais tem chamado a atenção dentro das pesquisas comportamentais nas empresas é que, quando os colaboradores não se sentem ouvidos, livres para se expor, eles costumam guardar seus sentimentos até o momento em que, frustrados e abatidos emocionalmente, explodem.

Trabalhar com seres humanos, é trabalhar com as emoções. Ignorá-las, sufocá-las ou repreendê-las, não vai resolver as questões a médio e longo prazo, pelo contrário. Questões emocionais devem ser reveladas e debatidas e esta tem sido a melhor forma de se construir com mais apreço um ambiente que patrocine a diversidade, minimize os conflitos e aonde as pessoas sejam autênticas. A constante prática de reavaliação das próprias ações, favorece esta construção. Refletir nossas ações diante as situações emocionais podem tornar a ser uma grande estratégia de aprimoramento pessoal e talvez o caminho mais eficiente para conscientizar e criar mecanismos internos para ter maior controle em situações mais intensas emocionais. Nos reconhecendo como responsáveis por nossas próprias ações, sem justificá-las e sem nos culparmos, ou culparmos qualquer outra pessoa. O fato de sermos capazes de reconhecer que podemos decidir, estaremos ganhando tranquilidade e não sofremos com as cobranças por estar conectado com nós mesmos.

É paradoxal, mas estudos atuais têm demostrado que reavaliar emoções contrárias, sem julgamentos, se correlaciona negativamente com sensações desfavoráveis e transtorno de humor. Em outras palavras, quando percebemos e reconhecemos emoções negativas, elas têm menos poder para causar sofrimento. A empatia adquirida com essa consciência através da reavaliação de nossas ações emocionais nos ajuda a ter relacionamentos profissionais mais produtivos, evitando frustrações contínuas. Mas não só isto, este mecanismo é um poderoso artificio para o autoconhecimento e a atribuição de sentidos ao que vivemos. Estas ações, por sua vez, influem diretamente sobre a forma como nos apropriamos das experiências, sendo fundamentais e indispensáveis, pois traz o amadurecimento necessário que possibilitam avaliarmos os estímulos do ambiente de maneira cada vez mais rápida; prepara-nos e motiva-nos para novas avaliações de nossas ações. É uma forma introspectiva de crescimento pessoal. Quando praticada em grupos controlados tem ainda melhor resultado. Há uma cooperação coletiva que indicam aos outros as próprias intenções e ajudam no controle das relações sociais. O hábito de reavaliarmos nossas atitudes emocionais é um grande passo para estabelecermos uma melhor relação de controle sobre nós mesmos. Líderes que tem desenvolvido o costume de dar todos ouvidos para as alegrias e tristezas, expectativas e frustrações de seus colaboradores além do escritório, tem construído um ambiente muito mais participativo. Esta condição favorece a lucidez diante responsabilidade emocional.

Lembre-se que não é possível mudar uma emoção que não reconhecemos e como as emoções vêm estruturadas com uma tácita atribuição de afeto e que de fato relaciona-se ao externo que precede sempre a emoção, é fácil assumir que o fato a provocou. A questão é que no momento em que somos comedidos pelas forças externas, tornarmos vítimas da emoção e partilhar isto, traz mais consciência sobre as influências externas e as nossas reações. Talvez, seja então daí que parte a presunção de que reavaliar fatos pode parecer difícil, Estudos comportamentais vêm demostrando que tudo depende da prática. É uma ferramenta altamente eficiente na qual nos ocasiona maturidade emocional, tornando-se possível mudar a referência comportamental ao observá-la. Por exemplo, se pensarmos nas problemáticas, no qual somos constantemente expostos no trabalho, como um desafio, e não como uma ameaça, ajudará a nos concentrarmos nas atividades que estamos fazendo e assim, desenvolver lucidez nas etapas que devem percorrer para ter êxito. A capacidade de reconhecer, refletir, e avaliar, possibilita moldar as próprias emoções e isto é a principal habilidade para formar laços mais profundos na forma de observar as relações. Oportuna ampliar o âmbito de influências e fortalece a competência de transformar possibilidades em realidade. 

O sucesso ou o fracasso pessoal e profissional está sempre concernente em como nos relacionamos com o mundo. As emoções são parte predominante do ser humano e são fragmentos do que somos. Somos nossas crenças, somos nossas relações, somos nossas emoções. Se você trabalha com seres humanos, tem de lidar com emoções. Ignorá-las, sufocá-las ou invalidá-las apenas adiará o inevitável. É uma das principais razões pelas quais as pessoas assumem um comportamento passivo-agressivo. As emoções encontrarão um jeito de vir à tona.

Diferente do autocontrole, a reavaliação não se resume apenas em perceber as emoções, mas com ela as nossas crenças, e o quanto nos distancia da realidade. O ato de reavaliarmos nossas ações emocionais nos dá a oportunidade de perceber o quanto nossas crenças são realmente legitimas. A legitimidade nos da forma para consolidarmos à consciência, das maneiras introspectivas sem excessos. Sendo assim, há o sentido maior de autocontrole, senso de responsabilidade e o aprimoramento da própria autoestima. O simples fato de praticarmos o feito de reavaliações emocionais, permite-nos aceitar como imperfeitos e vulneráveis, mas, não só isto, nos oferece, acima de tudo, noção da realidade com o mundo o qual pertencemos.

No mundo corporativo é comum encontrar empresas que possuem gestores que excedem o autocontrole e com isto condicionam seus líderes e colaboradores a se esquecerem de outros fatores fundamentais que influenciam a conduta das pessoas no ambiente. Há um conjunto de crenças limitantes que são construídas na cultura da própria empresa e que se não houver lucidez emocional dos seus integrantes, acabam ficando cegos diante a uma realidade muito diferente do idealismo ilusório e isto é o mais prejudicial em um ambiente que prega imperativos comportamentais como o autocontrole emocional.

A verdade é que as emoções favorecem a convivência, a interação e a ação e dizem muito do que somos e pensamos. Conhecer o que sentimos e como reagimos é fundamental para aprender a conviver melhor com esse turbilhão de emoções que nos invadem a todo momento. Razão e emoção. Cérebro e coração. Os desafios de um líder eficaz exigem novas compreensões. Não se trata de usar ora um, ora outro, mas sim de combiná-los. Este é o maior desafio da caminhada. Emoções dirigem a vida, é nela que experimentamos as sensações. É importante reconhecê-las, mesmo que pareçam um obstáculo.

Para que haja harmonia na vida é fundamental encontrar equilíbrio emocional e para isto, primeiro precisamos reconhecer como ela afeta nossa vida e sem praticar a condição de permissão para avaliá-la, não seremos capazes de se conscientizar de nossos afetos com o mundo!

E você, tem tempo e coragem para voltar a uma mesma questão várias vezes? E para decisões baseadas em erros? Você é capaz de praticar a reavaliação emocional?

Lembre-se que incentivar os funcionários a demonstrarem suas emoções talvez represente a melhor forma de se construir uma equipe altamente eficaz.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DE INSPIRAÇÃO

MANECHINI, G. O que as empresas ganham ao incentivar os funcionários a demonstrarem suas emoções. Disponível em: < https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2019/05/o-que-empresas-ganham-ao-incentivar-os-funcionarios-demonstrarem-suas-emocoes.html>. Acesso em: 25 de maio, 2019.

SAARNI, Carolyn. The Development of Emotional Competence. Guilford series on social and emotional development. New York, NY. Guilford Press, 1999.

SEPPÄLÄ, E. The Happiness Track. São Francisco, EUA. Editora HarperOne. 2016.

SEPPÄLÄ, E. BRADLEY, C. Como lidar com a inteligência emocional de maneira positiva para a sua equipe. São Paulo: 2019. Disponível em: < https://hbrbr.uol.com.br/inteligencia-emocional-equipe/>. Acesso em: 25 de junho, 2019.

SOUZA, M. A equivocada relação da felicidade nas empresas. São Paulo, 2018. http://www.marcellodesouza.com.br/a-equivocada-relacao-da-felicidade-nas-empresas/>. Acessado em: 30/11/2018.

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Sobre o Autor:

Marcello de Souza, fundador da Coaching & Você, é apaixonado por assuntos referentes a gestão, liderança e fascinado pelo cotidiano e pelas mais diversas formas do desenvolvimento do comportamento humano. Estudioso, escritor, pesquisador e admirador da psicologia social, vive em busca constante do crescimento intelectual e comportamental humano.

Tem mais de 19 anos de experiência em empresas nacionais e multinacionais, atuando como gestor, facilitador palestrante e consultor internacional. Tem vasto conhecimento em gestão e consultoria de equipes multidisciplinares, liderança e gestão de projetos de alto impacto, relacionamento e negócios. Coordenou times e clientes, atuando na implementação de novas ideias, simplificação de processos e identificação de áreas frágeis, bem como na antecipação de cenários com ações inovadoras de alto impacto além de desenvolver a excelência nas pessoas.

Seu trabalho, seja em campo ou em seu consultório, aborda além das técnicas a excelência nas questões emocionais e comportamentais que permitem a plena realização pessoal e profissional da equipe e cliente, ampliando a eficiência, alcançando resultados surpreendentes.

Na busca constante da sua capacitação e conhecimento, vem conquistanfo as principais certificações internacionais na área de Gestão de Projetos e Desenvolvimento Comportamental Humano, como: PMP, Prince2, Scrum Master, Green IT Citizen, ITIL, Advanced Coaching Senior ( BCI), Advanced Leader Coach Training, Trainer em PNL, Master Coaching, Master Analista Corporal e Comportamental, Master Behavioral Analyst, Lean It, Hipnoterapia Avançada, Constelação Sistêmica, Business and Executive Coaching, Neurocoaching, etc. Cursou ainda MBA Executivo em Gestão de Talentos Humanos e Coaching Executivo, MBA em Gestão de Projetos, Pós-Graduação em Gestão de Pessoas com Coaching e Pós-Graduação em Psicologia Positiva com Coaching. Atualmente é doutorando em Psicologia Social na UK – Universidad John F. Kennedy.

Em sua carreira teve o privilégio de ser treinado por: Amit Goswami, Robert Dilts, Richard Moss, Shayne Tracy, Bernd Isert, Cornélia Benesch, Michael Hall, Judith DeLozier e Jeffrey Zeig.

É fã e respeita a opinião do outro, aceita o diálogo para discussões contrárias, mesmo que a opinião do outro não consiga responder as ideias e pensamentos existentes nas reflexões, aqui, escritas.

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