O maior problema do mundo é porque os ignorantes e os fanáticos estão muito seguros de si mesmos e as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas”. (Bertrand Arthur William Russel) Será que é um palpite, intuição, dúvida ou uma certeza? Será que você está certo? Não ache que este é um assunto sem importância, porque não é! Aliás, todos deveriam sempre se esforçar para entender um pouco mais “sobre você de você mesmo” e assim construir conscientemente ferramentas cognitivas para uma vida melhor. O que quero dizer é que buscar facilitar a vida é uma coisa, resumi-la pela superficialidade é outra e acredite, todos estão vivenciando um período incomum em que cada vez mais se tem a impressão que se está coletivamente sob o efeito Dunning-Kruger (Homenagem a dois professores de psicologia americanos, David Dunning e Justin Kruger, que investigaram o fenômeno). Talvez começando com a provocação dos estudos destes dois pesquisadores ajudem a abrir nossa mente para explicar do porque temos cada vez mais nos habituado a não dar muita atenção sobre como chegamos à determinada resposta, ou o que nos levou a acreditar em certos fatos sem haver qualquer indicio ou prova que esta ou aquela é a melhor alternativa ou decisão. Simplesmente acreditamos estar certos e outras vezes sem se preocupar em analisar ou buscar outras evidências, agimos. Todos nós tendemos a superestimar nossas habilidades – mas aqueles com menos conhecimentos são os que se consideram melhores que especialistas. Neste sentido veremos que há explicações psíquico neurológica por trás do fenômeno. Antes de tudo é precisamos deixar claro que diferente da realidade, muito das estratégias cognitivas presentes no ser humano, que faz até parecer que nossa mente está buscando sempre fazer o menor esforço possível para economizar energia, na verdade são apenas facilitadores. Agora, esta condição de levar uma vida superficial e rala, de sermos habituais, não tem nada a ver com a falácia que impera anos após anos de que o cérebro busca sempre criar sub-rotinas para facilitar a vida e economizar energia. Pensando ou não pensando, usando-o para revolver problemas, refletir, analisar, estudar, meditar, ler jogar, ou mesmo sair para um bar encher a cara, ficar dormindo até tarde ou ficar acordado olhado para uma tv, etc., não altera seu consumo de energia que praticamente é sempre o mesmo, ou seja, 20% de toda a energia consumida pelo corpo humano é destinado para o bom funcionamento cerebral. Para ser mais preciso e já sanarmos está questão saiba que o cérebro especificamente consome 5,6 miligramas de glicose por cada 100 gramas de tecido cerebral por minuto — tenha chuva ou faça sol, de dia ou de noite, ele gasta a mesma energia. No cérebro de um indivíduo adulto, a maior demanda por energia procede dos neurônios, que gosta mesmo é de glicose, porque, diferentemente das células comuns, que também obtêm energia de outras fontes, os neurônios dependem quase que exclusivamente dessa substância. Por isso, embora o cérebro represente menos de 2% do peso corporal, gasta seus 20% da energia total que o organismo fabrica onde sua fonte está então para a glicose — sendo ele o seu principal consumidor. Existem outras razões de tendermos a esta busca quase que incontrolável de querer cortas caminhos cognitivos, e isto está muito mais relacionado com o tipo de vida que vamos habituando a viver — relações humanas e ambiente. Em outras palavras, isso tem mais a ver com o sentimento e como ele implica naquilo que estamos escolhendo para nossa vida. Neste artigo de hoje é sobre isto que quero falar com vocês, do porque é tão difícil admitir que estamos errados. Levá-los a refletir sobre o quanto cada um de nós tem em si, neste momento, total lucidez do grau de confiança naquilo que percebemos ou pensamos e o quanto isto influi diretamente nas relações, opiniões, apostas e decisões tão como do porque quanto menos sabemos, mais achamos saber. Há muitos exemplos em que adotamos uma abordagem intuitiva ao pensamento sobre nossas ações, escolhas e decisões e isso pode se tornar uma grande armadilha cognitiva. O problema que cada vez mais as facilidades que vamos desenvolvendo no dia a dia tem ajudado a tornarmos dependentes do pensamento estreito, superficial, ralo, inconsistente e pior, ruidosos ao ponto de não conseguirmos ouvir nós mesmos e isto está presente e se estendendo para as crianças e consequentemente para dentro das escolas. Para entender do que estou falando, quero começar com a seguinte pergunta: Um corredor maratonista corre 10 Km em uma hora e vinte minutos. Quanto tempo este corredor precisa para correr 30 Km? Antes de analisarmos a resposta para esta pergunta, vamos refletir um pouco sobre o mundo a nossa volta. Se observarmos as redes sociais, é absurdo o quanto estamos sendo continuamente induzidos a deixar de dar atenção a concretude de fatos e análises mais críticas para levarmos uma vida pela superficialidade dos pensamentos imediatistas, veja a moda dos tais stories, shorts, tiktok, etc. ou então, mesmo aplicativos específicos para comunicação como whatsapp com o seu acelerador de áudios, por exemplo. Perceba que cada vez mais vivemos um mudo de imediatismo, acelerando tudo a nossa volta que se relaciona conosco; onde há um infinito de informações, mas que parece nos levar sempre para um vazio existencial sem fim — lembra daquela comédia estrelada por Adam Sandler e Kate Beckinsale, Click, onde um arquiteto casado e com filhos está cada vez mais frustrado por passar a maior parte de seu tempo trabalhando. Até que um dia, ele encontra um inventor excêntrico que lhe dá um controle remoto universal, com capacidade de acelerar o tempo. No início, ele usa o aparelho para acelerar qualquer momento tedioso, mas se dá conta de que está acelerando o tempo demais e deixando de viver preciosos momentos em família. A vida imitando a arte, não é mesmo! Não é à toa que o mundo está doente. Tenho estudado casos de crianças com menos de dez anos sofrendo de ansiedade, depressão, toc, angústia, tdah, obesidade, diabetes, etc. e atendido adultos que desenvolveram transtornos que não conseguem mais se autorreconhecer. Estamos tão acelerados que não damos mais o tempo necessário para comer, dormir, pensar, analisar, observar, saborear, sentir, refletir, ouvir, etc. Parece que tudo precisa ser resolvido em minutos. Transformamos a vida em um mundo de plena insatisfação. Tudo parece estar correndo. Temos continuamente a impressão que está faltando tempo. Pior, tempo que deveria ser primordial para a vida saudável e plena, como para estudar, ler, divertir, passear, hobbys, família, amigos, sono, praticar atividades físicas, namorar, etc. que estão cada vez mais escassos. A pouco estava lendo alguns estudos sobre a consequência disto na vida profissional— há bons artigos específicos sérios sobre o assunto que vale a pena pesquisar. Um deles por exemplo é sobre um estudo alarmante realizado na área do direito nos Estados Unidos e Canada, onde descreve o quanto a qualidade dos alunos formados e dos profissionais ativos desta área, sejam na composição das ações, do nível de argumentação e mesmo a capacidade de interpretação ou do básico de escrever uma petição, tem sido alterado significativamente impactando na habilidade de análise crítica e julgamento de advogados e juízes, distorcendo e prejudicado processos, justamente pela falta de foco e concentração, relacionado fundamentalmente a um pensamento acelerado e tendencioso, ligado ao vício e ruídos por causa do uso de aplicativos e redes sociais. Este assunto é bem abordado também no livro Ruído de Daniel Kahneman, Olivier Sibony e Cass R. Sunstein – fica a dica. Hoje atendo pessoas que desenvolveram a nomofobia que é uma doença relativamente recente, mas já muito presente, que surgiu pelas mudanças e avanços tecnológicos na sociedade. Alías, está cada vez mais crescente em países ocidentais, clínicas especializadas em desintoxicar os dependentes digitais. Pessoas que chegaram ao extremo de não conseguirem mais conviver com a família, colegas de trabalho e nem consigo mesmo. A intoxicação digital elevou o nível de aumento significativo de pânico, fúria, tristeza profunda, violência e suicídio — casos que estão relacionados ao vazio existencial tão como da incapacidade de lidar com o individualismo e imediatismo causado pela dependência digital. Você fica chocado com o depoimento de pessoas que sofrem desta dependência. Tenho realizado um profundo estudo cientifico sobre saúde mental em ambiente de trabalho. Com base nas ciências comportamentais, sociais e neurociências e fundamentado em inúmeros cases de pesquisas dos últimos vinte anos, posso afirmar que realmente é preocupante o que pode estar por vir. Por exemplo, a pouco tenho acompanhado alguns movimentos em prol de diminuir os dias de trabalho de cinco dias para quatro, considerando uma das soluções para aumentar o bem estar das pessoas. Diante aos argumentos e das teorias apresentadas que tive acesso, sinceramente não tenho certeza se há realmente benefícios nisto! Tenho muito receio destas fórmulas que surgem a partir da análise de problemas sem ter claro as causas. Será mesmo uma boa decisão? Qual a diferença? Será a saída para diminuir o adoecimento mental dos trabalhadores? Para mim, não! Pelo contrário. Mas, claro que este é um assunto para um artigo especifico (que ainda vou gravar e escrever), entretanto, para compor este, agora, quero apenas que reflita do que adianta, três, quatro, cinco dias de tal “descanso” se você não substituir estes dias por atividades saudáveis, por uma vida mais organizada, menos ruidosa, despoluída dos excessos de informações. Uma vida mais leve, mais centrada em você mesmo. Onde você se utiliza deste tempo para fazer coisas que não estejam em hipótese alguma relacionada com seu dia a dia comum, cotidiano. Tipo, aproveitar estes dias para coisas novas, ao lado de pessoas especiais, desfrutando dos prazeres da vida como ver uma peça de teatro, um bom show, viajar para lugar novos, dançar, meditar, enfim, atribuir coisas diferentes que geram prazer, fazendo aquilo que naturalmente faz bem para o “corpo e alma” de maneira no qual possa desintoxicar deste universo paralelo online. Agora, não adianta ter um dia a mais na semana para passar boa parte do tempo pensando sobre a sua atividade online anterior e antecipar a próxima sessão, preocupado com a vida alheia, ficar navegando pelas redes sociais, desleitar-se de um sofá em frente uma tv assistindo séries, jogando, etc. Fato é que estamos vivendo em um mundo de alucinados e paradoxal, onde não fazer nada e se desconectar deste universo paralelo digital tornou-se uma espécie sinônimo de doença. Não conseguimos mais diferenciar nossas decisões entre racionais ou fantasiosas. Do que é consciente ou alucinação. Não nos importamos mais se o fato é verdadeiro ou fakenews. Do que é ética e o que é moral. Se o que penso é algo meu ou de um outro que sigo na internet — estamos tendo dificuldades de reconhecer nossos próprios sonhos, gostos, prazeres, desejos, vontades, etc. Muitos de nós não sabem mais responder qual pensamento lhe pertence! Certa vez fui dar um workshop em uma universidade em Belo Horizonte sobre comportamento humano e um dos tópicos estava relacionada a uma palestra que eu havia assistido, ministrado por Antonio Damásio, com uma determinada especificidade da explicação sobre sentimentos — vem dos estudos mais atuais da neurociência. Neste momento uma pessoa da plateia me interrompeu dizendo quer eu estava errado. Fiquei intrigado e apesar da abordagem ter sido um tanto desrespeitoso, achei interessante alguém ali para discutir sobre o assunto. Então, claro, muito curioso fiz a pergunta que provavelmente qualquer facilitador faria: “Que legal, então por favor, sinta-se à vontade de dizer seu ponto de vista e mostrar para todos presentes o que está errado e qual é a opinião e domínio sobre o assunto, deixe-me aprender com você!” Ele, sem nenhum problema, respondeu: “Não, não tenho nenhuma opinião formada, mas tenho certeza que você está errado”. Confesso que minha emoção teve uma pequena alteração. Mas, ainda muito gentil, pedi a ele: “Por favor, me diga o que especificamente está errado. Qual parte? Vamos abrir aqui um pequeno espaço para eu entender suas ideias e no final vamos nos aprofundar, quem sabe eu não estou sendo … Continue lendo POR QUE SEMPRE ESTOU CERTO?
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