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RELAÇÃO TÓXICA PODE OU NÃO VOLTAR A SER SAUDÁVEL?

Não há dúvidas que viver uma relação tóxica faz mal física e psicologicamente e deixa marcas das quais são muito difíceis de se apagar. Também é fato que as relações tóxicas podem muitas vezes se tornar abusivas e mesmo que nem todos os relacionamentos abusivos terminem de forma trágica, podem representar o alicerce para o início de todas as formas de violência em uma relação. Neste ponto vale toda a atenção – relacionamentos tóxicos podem facilmente se tornar abusivos, mas é importante entender que nem todas as relações tóxicas se tornam abusivas, mas com certeza todas as relações abusivas, são tóxicas.

A questão que acredito valer a reflexão é que nesse momento em que parece que tudo se tornou objeto e descartável ao mesmo tempo em que a individualidade se faz presente e não por menos as pessoas estão cada vez mais solitárias e psicologicamente doentes, muitas questões psíquicas tem sido tratada com um senso de igualdade onde muito da realidade tem se distorcido e o termo tão sério como “relações (ou relacionamento) tóxicas” acabou se tornando uma espécie de jargão que é usado frequentemente de maneira equivocada tão como para alguns tem servido como justificava de outros problemas psíquicos, pessoais e comportamentais, que deveriam ser examinado de outras maneiras, com mais objetivo, seriedade, aprofundamento, análise, compreensão, estudo, enfim, de maneira saudável para alcançar resultados muito melhores, preservando a integridade, o respeito e a qualidade das relações entre as pessoas.

Como primeiro ponto a destacar é que para muitos não está claro o que é uma relação abusiva e o que é uma relação tóxica e quais as suas diferenças. Também é preciso entender que não está relacionado a sexualidade humana o perfil de uma pessoa tóxica ou abusiva. A pessoa pode sofrer desse desvio ou transtorno psíquico e comportamental seja qual for a sua orientação sexual ou da identidade de gênero. No caso do relacionamento tóxico também pode ser percebido do ponto de vista de quem comete sua toxidade. Não necessariamente de quem sofre ou ambos podem estar sendo tóxicos um contra o outro e inicialmente sequer se dão conta.

 “Puxe de uma vez o espinho que está machucando o seu pé. Se estiver lhe machucando, tire-o agora mesmo. Não deixe o inflamar e tome cuidado para que nenhum pedaço dele continue dentro de você. Insista em continuar assim e chegará uma hora em que não conseguirá mais dar um único passo para seguir em frente com sua vida.”(Adaptado por Marcello de Souza)

Fato é que uma relação tóxica pode acontecer em qualquer lugar e com qualquer pessoa. Seja entre casais, trabalho, família, colegas; acontece de muitas maneiras – verbal ou não verbal – e tem como resultado fazer com que o outro se sinta apequenado, mal consigo mesmo.

Uma pessoa tóxica tem um perfil negacionista, tende a reclamar de tudo e de todos. Encontra problemas mesmo onde não deveria; julga, critica, reclama, tem ciúmes, ideias possessivas, agindo como um verdadeiro vampiro emocional, mas dificilmente se dá conta de suas ações.

Deixando outro para baixo, uma pessoa tóxica prejudica a autoestima, o reconhecimento dos próprios valores tão como a distorção da imagem que outro tem sobre si. Nessa relação a pessoa tóxica torna-se um entrave impeditivo da outra pessoa ser ela mesmo, afetando diretamente no crescimento pessoal e profissional. Seu impacto se dá tanto no campo da saúde física e mental, podendo fazer a pessoa desenvolver doenças psíquicas como o estresse, depressão, síndrome do pânico, fobias, ansiedade, dependência química, entre outros.

Pessoas tóxicas dificilmente percebe o quanto está fazendo mal para o outro; não é movido por intenção de ferir ou machucar e sim, é cego da própria realidade, sistematicamente é refém de suas sombras, seu próprio ego e narcisismo.

Já um relacionamento abusivo está para o abuso emocional. Sim, sabe o que faz e sente até prazer. É um grande conquistador, usa de artifícios persuasivos sendo agradável, educado e muito amável no começo de uma relação ou quando algo lhe interessa. Sabe trabalhar suas emoções e pode mudar seu comportamento de acordo com seus interesses. Assim que deixa a pessoa vulnerável e a conquista, começa a agir de maneira fria com a intenção de ter controle sobre ela, seja através da intimidação e ameaça, humilhação e ridicularizarão, mentiras, destruição de bens materiais, acusações, insultos, agressões morais, imposições, aliais intencionalmente tem o cuidado de ter controle das amizades e mesmo da relação familiares afim de impedir qualquer tipo de ajuda externa. Busca continuamente o domínio no campo psicológico e pode facilmente evoluir para o ataque físico. São frias, não sente remorsos nem piedade, muito menos tem empatia ou compaixão.

Pessoas abusivas deixam marcas por toda a vida além da ansiedade e depressão, normalmente pessoas que passaram por abusos carregam sintomas de ataques de pânico e transtorno de estresse pós-traumático relacionado a situações que relembram seu relacionamento abusivo.

Tanto os tóxicos como abusivos são fatores que devem de toda a maneira ter ajuda externa. É preciso deixar claro que toda e qualquer violência psicológica é tão grave quanto a física. Ser violentado psicologicamente não é sinal de “fraqueza” e sim ser vítima de pessoas que precisam urgentemente ser tratadas.

É difícil definir com exatidão quando um relacionamento está se tornando tóxico e passa a ser abusivo, porém, a indicativos que em uma relação devem ser levados em consideração, como a intensidade e reincidência de como as coisas acontecem, seja pelo  ciúme e possessividade, controle sob as decisões e ações, querer isolar o parceiro até mesmo do convívio com amigos e familiares, agressividade, desconforto ou mal estar, violência verbal e/ou fisicamente; da mesma que pressionar ou obrigar o parceiro a ter relações sexuais, que também é uma maneira de abuso.

É importante entender que há uma diferença clara entre tóxicos e abusivos. Para quem vive ou já viveu algo assim ou conhece alguém que passa por situações como essa, fica difícil saber quando a relação não passa de uma cilada. Seja por desvios comportamentais muito comum nas pessoas que são tóxicas ou transtorno de personalidade antissocial, como psicopatia ou sociopatia comum nas pessoas abusivas, todos são habilidosos quanto a conquista. O que diferencia os dois é o limite de impor o mal aos outros. No caso dos abusivos muitos deles têm dificuldades de se ajustar nas normas sociais e de comportamento, mas conseguem minimamente estabelecer vínculos e podem até sentir culpa em algumas situações. Como também há psicopatas que são incapazes de ter empatia, estabelecer uma relação saudável ou sentir remorso por alguma dor causada ao outro. Entretanto, entenda que ambos são excelentes manipuladores, podendo chegar a ser violentos e exploradores e facilmente capazes de destruir sua vida.

 Que o relacionamento tóxico não é algo bom, isso é evidente. Entretanto, o quanto ele está sendo prejudicial? O quanto realmente é tóxico?

 Feita todas essas considerações é preciso ainda deixar claro que uma pessoa pode agir de maneira tóxica através das suas piadas, no fuxico, nas críticas e julgamentos, no oportunismo, no excesso de ciúmes, no egoísmo, na prepotência, no narcisismo, nas cobranças, na mentira, na dependência, no estelionato financeiro ou afetivo, na chantagem, enfim, tudo aquilo que se torna desrespeitoso ao outro ao ponto e prejudica-lo física ou psicologicamente de alguma forma que o coloca para baixo sem perceber, enfraquecendo-a, podendo inclusive levar outro  a criar uma dependência cada vez maior na relação.

“Eu percebi que nosso relacionamento era ruim quando fiz as contas de quantas noites eu ia dormir chorando por causa de você. Eram quase todas.”(Desconhecido)

 A insistência de conviver com uma pessoa que “é” tóxica não é simples. Normalmente, pessoas tóxicas são resultado de uma história de vida complexa, principalmente durante a primeira década de vida. É verdade que todos nós apresentamos marcas físicas e mentais resultantes de vínculos e experiências acumulados desde o início da vida. Vivencias perturbadoras, conflitos, frustrações, perdas e traumas também deixam vestígios, causando carência ou empobrecimento de recursos emocionais, que se expressam por vias psíquicas e somáticas por toda a vida.

Não há uma vida perfeita e isso é fato! Todos carregam em suas histórias experiências alegradoras, mas muito mais as entristecedoras e são essas que quase sempre deixam significativas sequelas.

Nesse sentido, vale a pena sempre lembrar que nossa história não começa no início de uma relação de amizade ou de amor e não está naquele dia do primeiro encontro, da paixão ou do encantamento à primeira vista. Desde a concepção, durante a gestação, após nascimento e ao longo do desenvolvimento da vida, todos estão em contínuo aprendizado de movimentos e marcas de integração, organização, hierarquização e aceitação diante as vivencias corporais, relacionais, psíquicas e comportamentais. Todos em seu estado presente são resultados do desenvolvimento dado ao longo da vida em sua continuidade evolutiva de diferentes dimensões da experiência de cada um que integram a sua vida e que se expressa, por vias somáticas, psíquicas e comportamentais, normais ou mesmo patológicas.

Nessa trajetória todos enfrentam experiências alegradoras, entristecedoras, perturbadoras, conflitos, frustrações, perdas – algumas vezes traumáticas.

Em resposta a todas as experiências vivenciais está o comportamento, pensamentos, atitudes que impactam diretamente nos recursos representativos, relacionais e emocionais hoje, no seu estado de agora. A natureza, a qualidade, a consistência e a fluidez desse “eu” formado pela própria trajetória tem por princípio ser então representante dos meios das interações como ambiente e com as outras relações que fizeram parte da sua vida.

Por isso, diferente das novelas e dos filmes românticos, com o tempo em qualquer relação vai se descobrindo que a outra pessoa também é humana, nela está suas qualidades e também seus defeitos. Seu modo de ser, agir e pensar é muito diferente daquele que se construiu ilusoriamente no começo de toda e qualquer relação, isso porque o outro também traz para seu presente o resultado da sua própria história, que tem que lidar com a realidade da vida e todas as suas problemáticas. Mas não só isso.

Seja em uma relação de amizade, de trabalho ou de amor, quando se percebe com o tempo que o outro não é o que achava um dia ser, podemos reagir de muitas formas e é nesse momento que o histórico da nossa vida tão com o ambiente social e as relações familiares pesa muito, porque serão alicerce de como lidar com a realidade.

Junto com o relacionamento vem as problemáticas do dia a dia, que não para e nunca irá parar. Seja com o trabalho, família, amigos, meios sociais e econômicos, estresse, cobrança, dividas, trânsito, doenças, violência, há inúmeros acontecimentos que se dão a cada instante da vida e que não está sob nosso controle, além de todos eles, claro, também tem o acaso. Perceba, portanto, que viver é uma complexidade imensurável de acontecimentos que nos afetam da mesma forma que afetamos o “mundo” no qual pertencemos e são acontecimentos no quais muitos são impossíveis de imaginar tão como se estar plenamente preparado para lidar com eles.

É possível que aqueles que tiveram a sorte de vivenciar experiências durante a vida de maneira mais saudáveis, talvez por ter tido uma infância harmônica dentro de conjunto familiar equilibrado aonde suas necessidades como criança foram muito bem atendidas, saiba lidar melhor com a essa situação realista, aliais, podendo tirar da realidade proveitos para que junto com o outro construa algo muito maior. Claro que isso é apenas um exemplo, mas fato que nesse histórico de vida apresentado a mais chance da pessoa saber lidar melhor com a realidade. Agora, é também provável que aquele que teve uma infância problemática, não teve suas necessidades de criança atendidas, sofreu algum tipo de trauma, viveu junto a uma família desestrutura, possa agir com a realidade de outra forma, de maneira tóxica.

Perceba que o que se pretende aqui dizer não é considerar uma verdade esse comparativo, mas sim demostrar que somos hoje resultado das nossas experiências e muito do nosso comportamento se dá pela maneira na qual aprendemos a lidar com vida em função do momento de estar presente a realidade do agora.

Quando você diz que aceita alguém como essa pessoa é, você realmente aceita ou você tolera? Você aceita ou quer moldá-la? (Desconhecido)

Fato é que a maioria das pessoas podem agir de maneira tóxica, mas não necessariamente “ser” personas tóxicas. “Ser tóxico” e “estar tóxico”, são coisas muito diferentes. Estar tóxico não é um desvio comportamental e sim pode representar a imaturidade tão como o medo do “eu” frente a realidade presente da vida. Na verdade, normalmente são pessoas frágeis e que precisa se sobrepor para esconder suas próprias sombras. Não é à toa que usa múltiplas máscaras para se escudar da realidade alucinada por se sentir vulnerável. Como estratégia de defesa prefere apontar o dedo, intensificar o olhar nos defeitos do outro, se incomodar pelos detalhes e manias, reclamar de certos comportamentos, enxergar no outro o que mais lhe incomoda, recusar ver às qualidades e as virtudes do outro, ter sempre um tom de desprezo e ameaçador principalmente quanto a término e afastamento em uma relação, impor ideias e opiniões, não aceitar ouvir o outro, achar que sempre está certo e com isso dia a pós dia busca manter o controle na relação, tem dificuldades de pedir desculpas e muito mais para pedir perdão, muitos vivem em contínua e quase delirante busca do amor próprio, mas não consegue ter autocompaixão. Preferem a autoajuda do que o autoconhecimento. Continuamente demostram por suas palavras e atitudes como pessoas fortes, mas na verdade são inseguras, de baixa autoestima, que precisa viver sob a perspectiva do outro para provação.

Pessoas que estão tóxicas precisam muito de apoio, ajuda psicológica e de afeto para aprender a lidar com consigo mesmo em relação a realidade da vida, trazem consigo um conjunto de crenças e valores que os deixam inseguros, justamente pelo resultado das faltas de quando criança. Portanto, é importante entender que isso não necessariamente está relacionado a desvios comportamentais, nem fazem serem algo desprezíveis ou de má índole, sem qualidades, virtudes ou que lhe faltam princípios ou moral – diferente de uma pessoa que é tóxica.

É verdade que quem vive uma relação tóxica tem poucas condições de identificar qual o problema que realmente está acontecendo e às vezes está tão entretida na relação que pouco consegue realmente entender tudo a sua volta.

Nesse complexo tema a agravantes que podem intensificar as diferenças da realidade e que muitas vezes podemos estar condenando pessoas que tem muito mais qualidades do que defeitos e que nosso julgamento está sendo baseado na ilusão do perfeccionismo ou de uma idealização que nuca vai existir.

O grande problema hoje principalmente motivados por esse mundo ilusório das aparências, dos likes e do imperativo da felicidade, é que muitos passaram a acreditar que há receitas prontas para estereótipos relacionais, da mesma forma de como deve ser uma relação saudável e feliz, magicas e perfeitas se esquecendo de quem no seu íntimo são de verdade, esperando do outro muito mais do que pode ser – nesse sentido não há troca e sim interesses. Sem dizer que há também aqueles que acham que o outro é a solução dos seus problemas, tão como aqueles que querer fazer do outro o espelho de si mesmo. Tão como há ainda os que não entenderam que o que se vê no outro é o que querer ver e muito das críticas e julgamentos feitos fala muito mais de si mesmo do que do outro. Tudo isso é combustível para se estabelecer algo danoso, não porque é formado por relações onde se é tóxico, mas sim se está entorpecido pela toxidade entre a realidade da vida e a falta da autoconscientização.

De qualquer forma se tornou mais fácil se acovardar para a vida e acreditar fielmente que é mais fácil tratar o outro como objeto e colocar tudo na mesma caixa junto aos jargões imperativos, porque assim a responsabilidade por quem realmente somos e o que realmente representamos, deixa de existir. Fazer do outro como utensílio que tem sua utilidade e prazo de validade é um caminho muito mais fácil para fugir de si mesmo. E será que isso não é ser tóxico?

Fica muito difícil as pessoas entenderem que nada do que está externo a nós pode nos prejudicar. Não está no ambiente e nem nas pessoas o resultado de tudo aquilo que passa dentro de nós e sim na realidade criada introspectivamente por nós mesmos. Em outras palavras, não é o mundo externo que age sobre nós e sim em como internamente lidamos com as informações que mundo externo está nos enviando. A maneira a qual ele nos afeta é problema nosso, e isso está diretamente relacionado a nossa própria história de vida.

Por isso mesmo que não há uma se quer receita pronta capaz de qualificar toda e qualquer pessoa ou que existem gurus e manuais de autoajuda que realmente tem o poder de nos ajudar a encontrar a resposta certa para lidar com a vida e nossas relações.

“A única coisa que deve mover duas pessoas a continuarem juntas deve ser a livre vontade de estarem juntas.” (Desconhecido)

Quando se fala da psique e do comportamento humano, não se pode simplesmente equalizar por igualdades. Pode haver semelhança e mesmo assim elas estão muito distantes de qualquer conformidade. Todos são seres singulares em tudo, inclusive na maneira de lidar com o mundo. A realidade por nós criada não é a sua e nem a de ninguém nesse mundo e está justamente nessas diferenças a possibilidade encontrarmos o nosso melhor.  Em outras palavras, cada ser humano é único e existem muitas questões psicológicas e comportamentais que podem ser trabalhadas e que certamente é parte do desenvolvimento humano.

A aprendizagem não se dá no glamour da vida e sim na falta, na perda, no abandono, na desilusão, na decepção, etc. O ser humano precisa da tristeza, da dor e do sofrimento para se tornar uma pessoa melhor, mas acima de tudo precisamos nos autoconscientizar e entender que o outro não é nós e vice versa; por isso antes de destinar ao outro qualquer culpa, jogar-lhe pedras, culpar e sair por aí justificando muito de nós mesmos, precisamos saber olhar com mais sinceridade se realmente estamos vivendo um relacionamento tóxico porque é formado por pessoas que são toxicas ou estão tóxicas diante a tudo que está acontecendo a sua volta e isso faz toda a diferença entre uma relação tóxica poder voltar a ser saudável ou realmente dever ser o fim para o bem-estar de cada um.   

Ninguém nasce pronto e nem morre pronto, todos são seres perfectíveis, mas jamais perfeitos e esse é o milagre da vida. A certeza de que cada um pode ser melhor amanhã.

Vale também lembrar que todas as pessoas estão aptas em algum momento da sua vida estarem tóxicas. Não é sempre que se consegue manter o equilíbrio ou não cair nas próprias quimeras da vida. Isso é da natureza humana. Esse “eu real” que todos carregam dentro de si não é o “eu” do equilíbrio e racional. Também a dentro de cada um o “eu” – como designado na teoria psicanalítica com Id – aquele das pulsões, instintos, impulsos orgânicos e desejos inconscientes. Funciona segundo o princípio do prazer, ou seja, busca o que produz prazer e evita o que é aversivo. Esse “eu real” não faz planos, não espera, busca uma solução imediata para as tensões, não aceita frustrações e não conhece inibição. Ele não tem contato com a realidade. Busca satisfação na fantasia e pode ter o mesmo efeito de uma ação concreta para atingir um objetivo. O id desconhece juízo, lógica, valores, ética ou moral. É exigente, impulsivo, cego, irracional, antissocial e egoísta.

Nessa contemporaneidade onde as emoções e sentimentos estão a flor da pele, nem sempre se consegue controlar esse “eu real”. Por isso, uma boa avaliação, a busca por um bom especialista, fazer mudanças assertivas, tomar iniciativa para fazer diferente e encontrar novas possiblidades, dar um tempo significativo para possibilitar a autorreflexão e o autoconhecimento, são recomendações mínimas e válidas para aqueles relacionamentos que chegaram em situações insustentáveis.

Desde que não haja violência física, abusos morais ou físicos, ataques no qual coloque em risco a vida ou a integridade do outro (abuso é crime e exigem medidas muito mais extremas)  – afinal isso são atitudes de pessoas que são tóxicas e abusivas – é possível que as qualidades e virtudes justifiquem uma tentativa a mais para buscar ajuda e tentar fazer com que um relacionamento tóxico possa voltar a ser saudável.

Não se pode acreditar que é possível ser feliz procurando a infelicidade alheia. (Sêneca)

Espero que entenda que o que se pretende aqui demostrar é que não se está considerando pessoas que são tóxicas e sim pessoas que estão tóxicas. Nesse sentido, talvez os pontos apontados possam ajudar não só a identificar se seu relacionamento é tóxico por que é formado por pessoas que são tóxicas tão como também impedir que um dia ele se torne tóxico.

Por tudo isso, é preciso conscientizar-se que há uma diferença entre desistir de alguém e perceber que você merece algo melhor. Assim, antes de destruir uma relação em função desses imperativos, vale a reflexão de que pode haver caminhos muito mais saudáveis e enobrecedores do que simples descartar sonhos, vontades, desejos tão como o amor. Vale a insistência ou não essa dúvida pertence a você. Somente você saberá o que o outro têm de melhor digno de sua admiração, respeito e integridade. Na dúvida, procure um especialista de verdade!

Não se iluda com as receitas dos outros, busque nas suas próprias questões encontrar insights que pertencem realmente a você e na dúvida procure especialistas de verdade, que conhece e estuda esse assunto. Que realmente sabe do que está falando. Fica uma dica: Lembre-se que não falta desavisados no mercado que falam descabidamente sobre relacionamento e que tratam assuntos sérios como esse de maneira leviana e oportunista. Cuidado para não cair nas mãos de muitos desses no qual aproveitam da sua vulnerabilidade para justificar o problema pessoais deles tão como fuja de outros que estão prontos para lhe enganar e lucrar com isso.

Por fim, deixo uma reflexão muito bela que vale ser lida e lembrada para tudo escrito até aqui:

A vida é fruto da decisão de cada momento. Talvez seja por isso, que a ideia de plantio seja tão reveladora sobre a arte de viver.

Viver é plantar. É atitude de constante semeadura, de deixar cair na terra de nossa existência as mais diversas formas de sementes.

Cada escolha, por menor que seja, é uma forma de semente que lançamos sobre o canteiro que somos. Um dia, tudo o que agora silenciosamente plantamos, ou deixamos plantar em nós, será plantação que poderá ser vista de longe…

Para cada dia, o seu empenho. A sabedoria bíblica nos confirma isso, quando nos diz que “debaixo do céu há um tempo para cada coisa!”.

Hoje, neste tempo que é seu, o futuro está sendo plantado. As escolhas que você procura, os amigos que você cultiva, as leituras que você faz, os valores que você abraça, os amores que você ama, tudo será determinante para a colheita futura.

Felicidade talvez seja isso: alegria de recolher da terra que somos, frutos que sejam agradáveis aos olhos!

Infelicidade, talvez seja o contrário.

O que não podemos perder de vista é que a vida não é real fora do cultivo. Sempre é tempo de lançar sementes… Sempre é tempo de recolher frutos. Tudo ao mesmo tempo. Sementes de ontem, frutos de hoje, sementes de hoje, frutos de amanhã!

Por isso, não perca de vista o que você anda escolhendo para deixar cair na sua terra.

Cuidado com os semeadores que não lhe amam. Eles têm o poder de estragar o resultado de muitas coisas.

Cuidado com os semeadores que você não conhece. Há muita maldade escondida em sorrisos sedutores…

Cuidado com aqueles que deixam cair qualquer coisa sobre você, afinal, você merece muito mais que qualquer coisa.

Cuidado com os amores passageiros… eles costumam deixar marcas dolorosas que não passam…

Cuidado com os invasores do seu corpo… eles não costumam voltar para ajudar a consertar a desordem…

Cuidado com os olhares de quem não sabe lhe amar… eles costumam lhe fazer esquecer que você vale à pena…

Cuidado com as palavras mentirosas que esparramam por aí… elas costumam estragar o nosso referencial da verdade…

Cuidado com as vozes que insistem em lhe recordar os seus defeitos… elas costumam prejudicar a sua visão sobre si mesmo.

Não tenha medo de se olhar no espelho. É nessa cara safada que você tem, que Deus resolveu expressar mais uma vez, o amor que Ele tem pelo mundo.

Não desanime de você, ainda que a colheita de hoje não seja muito feliz.

Não coloque um ponto final nas suas esperanças. Ainda há muito o que fazer, ainda há muito o que plantar, e o que amar nessa vida.

Ao invés de ficar parado no que você fez de errado, olhe para frente, e veja o que ainda pode ser feito…

A vida ainda não terminou. E já dizia o poeta “que os sonhos não envelhecem…”.

Vai em frente. Sorriso no rosto e firmeza nas decisões….

(Padre Fabio de Melo)

Sobre o Autor:

Marcello de Souza, fundador da Coaching & Você, é apaixonado por assuntos referentes a gestão, liderança e fascinado pelo cotidiano e pelas mais diversas formas do desenvolvimento da inteligência comportamental humana. Estudioso, escritor, pesquisador e admirador da psicologia social, vive em busca constante do crescimento intelectual e comportamental humano.

Tem mais de 21 anos de experiência em empresas nacionais e multinacionais, atuando como agente, facilitador palestrante e consultor internacional. Tem vasto conhecimento em gestão e consultoria de equipes multidisciplinares, liderança e gestão de projetos de alto impacto, relacionamento e negócios. Coordenou times e clientes, atuando na implementação de novas ideias, simplificação de processos e identificação de áreas frágeis, bem como na antecipação de cenários com ações inovadoras de alto impacto além de desenvolver a excelência nas pessoas.

Seu trabalho seja como Coach, Mentor, Terapeuta, Palestrante e Treinador, seja em campo ou em seu consultório, utiliza dos mais alto níveis de conhecimento que envolve desde neurociências, psicologia social e comportamental como também ferramentas especializadas para análise a avaliação comportamentais, técnicas como Coaching, PNL, Hipnose, Constelação Sistêmica Organizacional e Familiar, Psicologia Transpessoal, Logoterapia, entre tantos outros fundamentos que foram alcançados em mais de 21 anos de experiência e pela busca contínua do conhecimento.

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Lembrando sempre que é fã e respeita a opinião do outro, aceita o diálogo para discussões contrárias, mesmo que a opinião do outro não consiga responder as ideias e pensamentos existentes nas reflexões, aqui, escritas.

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