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SE O ARREPENDIMENTO MATASSE!
O psicanalista francês Jacques Lacan no seminário livro 7, escrito em 1959, diz que a mais doloroso das culpas não é evocada por uma transgressão, mas sim por termos deixado de lado aquilo que realmente desejávamos. Este pensamento é mérito de uma profunda reflexão principalmente em um mundo de tantos ruídos como este à nossa volta, onde está cada vez difícil conseguir ouvir nós mesmos e ao que parece, o arrependimento tem se tornado tão presente.
Lamentar por oportunidades perdidas é parte da nossa evolução cognitiva, na realidade é um dispositivo intrínseco ao ser humano que tem grande importância para o crescimento pessoal. Também é verdade que nem sempre é fácil lidar com ele! Não faltarão vezes na vida em que o arrependimento de ter tomado certas atitudes de alguma forma aja contra nossos sentimentos mais profundos, com nossa própria saúde e bem estar, físico e mental, e que ainda pode de alguma forma se agravar para transtornos mentais e nos deprimir.
Arrependimento não é fracasso! Claro que quando criamos uma expectativa que não é atendido, há sofrimento, e ele pode ser realmente intenso, mas não é algo que tende a permanecer ao longo do tempo — a não ser nas memórias para servir de aprendizado e assim irmos aprimorando as estratégias com a realidade na vida. Já o arrependimento tem uma outra conotação psíquica mais profunda. Estudos demostram que quando perdemos oportunidades desde aquela simples escolha de fazer ou não, isto tende a se relacionar com outras inúmeras questões na vida mais adiante. Isso não acontece por acaso. O arrependimento está diretamente relacionado não só com as emoções, mas principalmente com o sentimento que se forma dentro de nós e que tende a permanecer. Diferentemente do remorso, em que a pessoa que o sofre não se sensibilizou verdadeiramente do mal que possa ter causado a outros, muitas vezes de maneira egoísta, pensando apenas no próprio bem; o arrependido se relaciona com crenças, com a autocritica e o autojulgamento, tem a ver com valores, virtudes, princípios e moral; tão como com autoestima, autovalorização e autoconceito seja das atitudes tomadas ou da falta delas. Não por menos que muitos carregam ele por toda a vida. Como se aquela questão arrependida do passado se tornasse um grande gatilho para tantas outras decisões futuras. Fato é que o arrependimento pode inibir ou mesmo restringir outras escolhas importantes que possam surgir durante a vida.
“Que jogue um chocolate Teuscher aquele que não tem arrependimentos!”
Se você está agora pensando: Não, não me arrependendo de nada! Talvez deva procurar urgente um bom profissional da cabeça! Não tem como, todos nós carregamos arrependimentos. É parte da natureza humana e isto tem motivo de sobra.
Brincadeiras à parte, o arrependimento não está só na perda de um bem material ou na discussão que termina em separação de um relacionamento a dois, tem a ver com tudo aquilo que é parte da vida e do dia a dia, desde julgamentos e críticas injustas e apequenadas contra pessoas que não mereciam, atos impulsivos e desconexos com a realidade, palavras agressivas ou do silencio quando deveria ter falado, inibições ou timidez inexplicáveis, falta de sinceridade, excesso de orgulho, de vaidade, de egoísmo, de narcisismo, de não ter ouvido mais que reclamado, de não ter aproveitado a vida mais que trabalhado, de não ter amado quem merecia seu amor, tem a ver com falta de esforço quando deveria ter se esforçado, com a falta de estudo quando deveria ter estudado, da procrastinação quando deveria ter sido proativo, e por aí vai uma lista quase que infinita de ações de nosso dia a dia que acontecem, ora de maneira intencional, ora de forma automática, mas que acaba gerando resultados contrários, prejudicando uma relação, amizade, trabalho, casamento, negocio, crescimento profissional e pessoal, oportunidades de trabalho, enfim, fato é que provavelmente antes do último suspiro muitos deles ainda passarão por nossa cabeça.
Clinicamente dizendo, há fundamentalmente quatro principais arrependimentos, o primeiro é aquele que fazemos algo que não deu certo, tem a ver com escolhas erradas, que depois dos resultados não ter sido o esperado, passamos a achar que as decisões não deveriam ter sido tomadas; há aquele que se identifica de imediato a chance perdida por não ter feito nada, sendo que havia oportunidade para fazer. Há os que se dão pela emoção, justamente escolhas emotivas sem pensar, movidos pela situação e momento e por fim, aqueles que se formam quando acabamos agindo erroneamente puramente pelo prazer, não pela razão.
Qual a utilidade, na prática, do arrependimento?
Dentro do comportamento humano o arrependimento tem grande importância. Ele é como um termômetro da vida. Em outras palavras, sua função, entre outras, é deixar claro que seja da ação, quanto à ausência dela, ou mesmo da forma como foi feita e que subjetivamente, não deveria ter ocorrido da maneira que ocorreu. Tudo isto ajuda-nos a aprender, evocando sentimentos negativos como a angustia, a dor e o sofrimento. Neste mesmo sentido é preciso ter claro que não há maneira melhor do ser humano aprender que não seja pela consciência através dos sentimentos do que não deu certo. Todo sentimento negativo tem por si a potencialidade de criar novas memorias referenciais para auxiliar-nos a amadurecer com a vida, para que no futuro sejamos mais prudentes, sem que nos lancemos de novo em uma condição e aventuras sem ter claro a intenção, a ação (ou não) e o possível resultado da ação (ou não). Em resumo, sua mais importante função é antecipar uma possível realidade para as escolhas no instante seguinte da vida. De maneira a qual possamos ampliar a visão sobre nós mesmos e o mundo que vamos construído instante a instante para nossa volta.
“As coisas não são como são, e sim são como pensamos que são.”
Não por menos que o arrependimento vem acompanhado da tristeza, às vezes raiva, vergonha ou preocupação e cognitivamente ele passa a ser um crivo de avaliações mais precisas dos fatos, para que outras oportunidades possam ser melhor trabalhadas — aqui se enquadra também o remorso, relembrando que de fato é o arrependimento por ações que prejudicaram alguém. De toda forma, é um pesar em relação ao que vivemos que nem sempre é como queríamos, sendo uma atividade mental importante e inevitável, mas seus efeitos, quando mal compreendidos, podem ser muito prejudiciais.
Pesquisas hoje demostram que de fato, nossos arrependimentos são estreitamente ligados a nossos atos, entretanto, quanto menos dependente da fatalidade ou de circunstâncias exteriores a um acontecimento, menos nos arrependemos dele. Aqui vale chamar a atenção, porque esta relação é o que ajuda a identificar pessoas apáticas das empáticas, egoístas, das altruístas, modestas e realistas, das narcisistas. Sim, sabe por quê? Normalmente pessoas que tem traços de personalidades voltado para si mesmo, sempre tentam se esquivar da situação, para isto normalmente usam do artificio de olhar para situação como vítimas, como algo e circunstâncias exteriores a um acontecimento. Desvinculando-se do protagonismo. Se você fizer uma breve analise das pessoas a sua volta, perceberá que há pessoas que sofrem com o arrependimento, e outras que não se arrependem, são aquelas que sempre estão certas e que sempre acham que há um culpado, desde que não seja ele. Normalmente são pessoas tristes e vazias!
Agora, há condições no qual o próprio acaso pode ser uma fonte de arrependimentos que se formam a partir da perspectiva de acontecimentos marcantes, sem a pessoa estar diretamente envolvida com o acontecimento. Por exemplo, vou contar aqui um caso real. Em 17 de julho de 2007 um colega estava indo para o aeroporto Internacional de Porto Alegre para pegar um voo para São Paulo, onde teria uma reunião no dia seguinte. Na correria e já atrasado ele estaciona seu carro, sai correndo para tentar dar tempo e quando chega no guichê ele descobre que a carteira tinha ficado dentro do seu carro, no “porta trecos” que fica na porta. Eis que este voo era TAM 3054 e acabaria, minutos depois, com a morte de todos a bordo. Esta situação o remeteu, antes de saber do que viria por acontecer, a muita raiva de si mesmo de não ter se preparado adequadamente para aquele compromisso, mas em seguida, menos de duas horas depois se transformou em comoção e uma sensação plena de tristeza no qual para ele toda aquela raiva estaria levando-o para a morte. Segundo ele: “Se não tivesse esquecido a carteira não estaria agora falando sobre este terrível acidente”. Lembro-me dele dizendo da raiva que acompanha o arrependimento que sentia por ter perdido a cabeça quando se deu conta que não estava com a carteira! Apesar da fatalidade e da história ser trágica, quero que entenda que mesmo ele não ter sido vítima ele criou dentro dele uma dor tão grande que precisou de ajuda para saber lidar com aquela situação de arrependimento.
Agora, vamos para um outro exemplo. Imagina que seu filho vem oferecer a você um cupom de um bingo que a escola está realizando para conseguir verbas para reformá-la e ampliar a área esportiva. O prêmio é um carro zero quilometro de um valor bem significante. Então, você compra um bilhete e oferece-os também para seus amigos. Um dos seus amigos também compra, e quando você vai entregar o bilhete comprado, ele pede para você trocar, pois seu número da sorte tem que ter vinte e seis no final. Você fica intrigado com aquilo, e um desejo incontrolável de você ficar com este bilhete lhe toma, mas não compra, e por fim pede para seu filho um outro bilhete com final vinte e seis e troca para seu amigo. Por fim, o número do primeiro bilhete que deu para seu amigo acaba sendo sorteado e nem você ou ele ficam com o prêmio. Observe que do ponto de vista estritamente financeiro, ambos tiveram a mesma infelicidade, agora, quando exercícios com este são levados para análises na prática, voluntários questionados sobre qual dos dois deveria sentir mais arrependimento, o resultado é indiscutível! Para você, qual dos dois personagens deve ter se arrependido mais, o pai do aluno que não ficou com o bilhete ou o colega do pai que trocou o bilhete?
Em 92% das pessoas ouvidas estimaram que o amigo provavelmente tinha arrependimentos mais pungentes: sua má inspiração ditou-lhe um comportamento alienado. Teria sido melhor se nada tivesse feito. Já o arrependimento do pai do aluno, vítima da própria inação, parece menos penoso às pessoas convidadas a se identificar com os personagens dessa história. Quando se vai para o ambiente clinico para tratar pessoas que estão sobre forte estresse por causa de arrependimento esta lógica é válida. As pessoas sofrem pelo feito quando não deveria fazer. Em outras palavras, diversos estudos indicam que, em geral, de forma “imediata” tendemos a nos arrepender significativamente do que fizemos e não deveria ter feito. Isto se dá principalmente quando o foco se está somente para o resultado da intenção.
A mente humana é muito mais complexa!
Além do arrependimento surgir muitas vezes quando fazemos o que não deveríamos ter feito, estudos vindos da psicologia social e comportamental tem demostrado que somos fortemente influenciados também a sofrer quando tomamos decisões que só enxerga o prazer imediato sem considerar as consequências futuras. Neste sentido, a condenação é repentina e não se dá a curto prazo: normalmente a longo prazo (depois de um ano, aproximadamente), quando muitas vezes surge o arrependimento através de considerações contrarias a aquela decisão passada que nos pareceu sábia e que foram tomadas por impulso da emoção. Isto porque o prazer altera as emoções, e as decisões que são tomadas emocionalmente ou quando estamos fragilizados pelos sentimentos, levam mais tempo para serem percebidas as consequências das escolhas feitas naquele momento. O que quero dizer é que, como já escrevi por diversas vezes, nossa mente tem muita dificuldade de fazer uma autocritica. Quando sentimos pressionados tendemos normalmente a buscas encontrar justificativas contrarias (convido a ler o artigo “Por que estou sempre certo!”). Isto é válido também para quando as coisas não saem como acreditávamos que saísse e o que prevalece é o arrependimento por ter perdido uma chance de ter agido conscientemente não por impulso. Normalmente quando este tipo de “fantasma do passado” volta a nos atormentar é porque provavelmente nossa mente está acendendo um sinal de alerta sobre questões psíquicas que precisam ser trabalhadas e resolvidas, para que elas não passem a influenciar decisões futuras a partir de crenças limitantes que estão sendo criadas a partir disto. Não podemos nos esquecer que talvez a maior intenção do arrependimento é justamente demostrar para nós mesmos o quanto nossos impulsos são míopes — que conseguem muitas vezes ver apenas a satisfação imediata. Um olhar das coisas a curto prazo, e que muitas vezes levam a grandes equívocos.
Espero que até aqui, entenda que na verdade o arrependimento está para sinais claros que precisamos aprender a lidar melhor com nós mesmos, principalmente quando a questões emocionais e sentimentais. Aqui vale lembrar como alerta! Quando a emoção passa a fazer parte de uma escolha normalmente deixamos de escolher o que queremos ou o que importa, e focamos no resultado da escolha sem medir as consequências. A emoção quando alterada sempre irá sequestrar a área executiva do córtex pré-frontal e assim prejudicar a capacidade analítica da razão — o arrependimento emocional quase sempre é o resultado disto. De imediato podemos até ficar satisfeitos, mas com o passar do tempo lamentamos não ter agido como gostaríamos e da maneira que deveria ser pensada. O problema neste caso é que qualquer questão levantada sobre aquele momento passado é fundamentalmente uma alienação.
Segundo os pesquisadores, o que acontece é que, a longo prazo, os atos passados são integrados numa visão mais ampla e, nesse conjunto, muitas vezes acabamos por lamentar as experiências que não se deram como esperávamos que seria. Trata-se de uma sensação desagradável, associada a numerosas emoções negativas: ressentimento, culpa, autocensura, baixa autoestima, vulnerabilidade, etc. Nesse sentido, o arrependimento não é somente sobre o passado, mas também um sofrimento com o presente que se transformam em crenças que irão impactar o futuro. Vale também ressaltar que muitas vezes é através do arrependimento que acabamos por criar memorias falsas como justificativa para tentar lidar com este sentimento. Isso ajuda a nos distanciar cada vez mais da realidade. O nome disto é compensação psicológica, que pode ofuscar das consequências negativas de nossos atos, nos impelindo à concentração nos aspectos positivos da situação; essa percepção pode ser bastante útil, desde que resulte de um trabalho psíquico de elaboração profundo e não de uma simples negação da realidade como mera justificativa pessoal.
Pior do que se arrepender do que fez é não fazer
Isto e fato! Em muitos casos é isso que os estudos tem demostrado. Deixar de fazer é mais angustiante, isto porque alguns mecanismos de autodefesa tendem a amplificar o sofrimento do arrependimento causada pela inação. Assim, se as consequências de uma ação são passiveis para sofrer de arrependimento, as de uma inação são infinitamente piores. A falta de não tomarmos a frente e escolhermos o que fazer tende com o tempo a alienar as pessoas de culpas e de autojulgamentos. Por exemplo, você já se pegou imaginando cenas decorrentes do que teria acontecido “SE” tivéssemos sido mais obstinados, mais seguros, mais ambiciosos, mais corajoso, mais decisivo, mais claro, mais persistente, etc. E isso vai aumentando, pois com o tempo tendemos a superestimar nossa capacidade de agir favoravelmente, uma vez que as dificuldades ligadas a uma situação passada se distanciam e vamos agregando outras informações que não necessariamente são reais. Assim, como o contexto preciso foi distorcido, não conseguimos mais explicar a própria condição de não fazer, que nos parece indesculpável: “Como não tomei a decisão que estava tão claro para mim? Não posso me perdoar…”.
No caso dos arrependimentos por pela falta da ação, o campo das possibilidades não realizadas cresce à medida que a vida passa. Crenças vão se acumulando e desse modo, não espanta que o arrependimento na linha do tempo seja sinal de tristeza para muitas pessoas. Na verdade, a ideia de que só podemos nos arrepender daquilo de que nos lembramos é para mim uma frase acovardada de muitas das lembranças desagradáveis que deveríamos ter é de fato a coragem de olhar de frente dando a ela o valor necessário e assim dar fim a uma história que precisa ser encerrada.
Acho que já deu para entender que temos sempre a tendência imediata de gerar arrependimento das coisas que fizemos (quando deram errado, claro!). Agora, a longo prazo, tendemos a sofrer mais de intenções não concretizadas. Além disso, parece que o perfil emocional desses dois tipos de arrependimento é distinto: arrependimentos por ações, a curto prazo, são mais intensos que aqueles provocados por inação. Em outras palavras, quando nos arrependemos do que fizemos, normalmente associamos a sentimentos como cólera, vergonha, culpa, frustração, etc., e arrependimentos por inação são mais ligados a sentimentos mais intensos, como melancólico, saudoso, desenganado, depressivo, angustiante, ansioso, acovardado, etc. No primeiro caso, lamentamos uma realidade e no segundo, uma possiblidade.
POR QUE SOFREMOS MAIS PELO QUE NÃO FIZEMOS?
Muitas explicações para entender porque sofremos mais pelo que não fizemos são passiveis de serem analisadas. Somos seres criativos e criamos a realidade a todo instante. Então, antes de tudo, o arrependimento também tem muito a ver com o momento que estamos vivendo no presente. Se estamos bem, se nossos sentimentos estão positivos, diversos fenômenos atenuam o tormento dos arrependimentos ligados aos atos: que aliais, pode nos ajudar a resolver as coisas, por exemplo, desculpar-se e reconciliar-se depois de uma briga. Agora se estamos mal, dificilmente conseguimos sair de um loop de pensamentos de autocritica. Para isto, é preciso quebrar estes pensamentos com ações desafiadoras contra ele. Senão corremos o risco de continuar a se arrepender, seja do passado ou da condição presente e com certeza isso vai de alguma forma prejudicar certas decisões no futuro. Não faltará considerações psíquicas de compensação psicológica para ofuscar a realidade de consequências negativas de nossos atos. Por exemplo, quando estamos fragilizados, notadamente impelimos a nos concentrar nos aspectos positivos da situação e não nos lamentáveis que hora ou outra gera arrependimento, por exemplo: “Não me casei com uma pessoa legal, mas meus filhos são maravilhosos” — justificativa não faltará! Da mesma forma que o arrependimento virá quando perceber que na verdade você é muito mais que justificativas.
O que fazer?
Saber lidar com o arrependimento tem muito a ver com características psicológicas e traços de personalidade, mas também com a qualidade dos seus sentimentos no estado presente. Sim, é fato que características psicológicas e traços de personalidade influem na forma como lidamos com nossas percepções quanto as escolhas; mas há também o fator principal que é permitirmos aprender com a vida. Ter a lucidez de que todos os instantes da vida são inéditos e que nada jamais voltara a ser como era, e tudo que está no passado lá ficará, por mais que se queira sofrer por ele. Por isso, que para as pessoas que costumam estar mais focada no presente, os arrependimentos geralmente têm menor importância que um fracasso.
Fato é que resolvi escrever este artigo sobre arrependimento não somente para explica-lo, a intenção é fazer você compreender que esses sentimentos representam uma atividade mental importante e inevitável no ser humano, que é útil, mas cujos efeitos quando não vistos com sua devida importância, podem também ser muito prejudiciais. Quando atendo pessoas que desenvolveram algum tipo de crença, fobia ou transtorno que impede de fazer as coisas normais da vida, como sair, conhecer pessoas novas, assumir responsabilidades, desafiar-se para a vida, no fundo o que sobra são arrependimentos, que se não renunciados da situação, devido a suas questões introspectivas, com o tempo correm sérios riscos de dar origem a um estado depressivo muito mais grave. O sofrimento ocasionado por arrependimentos não se relaciona apenas às pessoas com problemas psiquiátricos. Cada um está sujeito a tais sofrimentos em graus variáveis, mas certos traços de personalidade os favorecem. De qualquer forma, arrependimento é algo que precisa ser levado a sério e tratado da mesma maneira. Hoje não faltam recursos e técnicas comportamentais que auxiliam a trabalhar os fatores que o agravam, fazendo do arrependimento algo do passado, onde deve sempre ficar e assim, em um processo de ressignificação, tornar as atitudes presentes como enfrentamento da realidade que se faz
Sim! É fato que determinados perfis de personalidade parecem mais expostos aos riscos de um arrependimento excessivo que outros. Por exemplo, pessoas que têm o hábito de cultivar uma visão positiva da existência têm menos arrependimentos, mesmo em relação a acontecimentos desfavoráveis, afinal na vida tudo são possiblidades. Outros trabalhos mostraram como pessoas perfeccionistas, que buscam sempre atingir o melhor resultado e fazer as melhores escolhas possíveis, são geralmente menos satisfeitas, pois estão mais expostas ao arrependimento que aquelas que se contentam com uma “escolha possível. “Aqueles que melhor lidam com as ambiguidades e eventuais frustrações, em geral, são os que aprendem, no cotidiano, a renunciar ao ideal e a apreciar resultados modestos”, – Essa atitude privilegia a busca pelo equilíbrio e pela melhor relação entre custo e benefício.
Outro perfil que sofre com o arrependimento são pessoas que tendem a procrastinar. Para muitas pessoas que têm vontade de agir, mas frequentemente desistem com medo do fracasso, ou para aquelas que tendem a transferir tudo para o dia seguinte, o hábito de se sujeitar a situações desagradáveis, ou pior, de renunciar a agir, é fator de frustração e arrependimento. Esta atitude é problemática, já que, mais de uma vez, foi demonstrado que a falta de ação tende a prender a pessoa a sua própria bolha. Aliais, um dos grandes problemas dos procrastinadores é justamente se adequarem ao que chamo de marcadores temporais, que em outras palavras é colocar sempre justificativa nas coisas, por exemplo, a pessoa quer ir na academia para conquistar um corpo atrativo, então ele começa e passa um dia, uma semana, um mês e ele não vê o resultado que tinha imaginado que aconteceria. Frente a uma desilusão alienante (já que imaginava que as coisas acontecem de um dia para o outro), com o tempo ele vai substituindo aquele momento para outra atividade que ele mesmo elege ser mais importante e logo se diz não ter mais tempo para a academia. O problema todo foi que sua expectativa de resultado esperado é totalmente impossível se não houver esforço e dedicação além de tantos outros fatores externos como alimentação. Neste sentido, muitos deixam de fazer as coisas que deveriam fazer por crença limitante, falta de informação ou orientação adequada, e então, se usa do arrependimento como ferramenta para se lamentar, como uma espécie de justificativa injustificável, ou seja, o arrependimento tira dele o papel de protagonista para ser a vítima. Ora, uma vez que os arrependimentos ligados à inação parecem infinitos, e que a inação leva a mais inação, nada vai tirar ele deste ciclo vicioso a não ser a ajuda de um especialista.
Fato é que, na dúvida, aja. Mas essa conclusão não deve ser levada ao pé da letra. Ao contrário, deve ser adaptada e personalizada de acordo com a realidade. Para pessoas que agem com facilidade, os arrependimentos têm menor importância em um fracasso ligado à ação que em um insucesso ligado à inação. Com pessoas indecisas dá-se o contrário: o arrependimento por um fracasso ligado à ação é mais doloroso.
Decididamente, parece difícil não se arrepender de nada. Além do mais, talvez isso nem seja desejável. Entre dezenas de pesquisas realizadas sobre “os maiores arrependimentos da vida” até hoje, a maioria constatou que é impossível não se arrepender de absolutamente nada, pois cada escolha é uma escolha, diante tantas outras e isto é parte da vida. Em vez de visar o domínio total das escolhas ideais (o que é impossível) ou evitá-las totalmente (o que é ineficaz), parece melhor aprendermos a lidar de maneira gentil com a gente mesmo, saber tratar o arrependimento como aprendizado tão como alerta para tudo aquilo que precisa ou não ser resolvido e dado um basta.
O arrependimento tem papel importante na capacidade de adaptação ao meio e no equilíbrio psíquico. Eles nos ensinam a fazer um balanço de nossos atos e a tirar deles lições para o futuro. Mas, lembre-se! Não há outra escolha, para libertar-se do medo do fracasso e do arrependimento antecipado, o mais eficiente não é renunciará ação, mas aumentar a tolerância com as derrotas e se habituar a analisar a situação.
Há na história, uma máxima frase de Ésquilo, dramaturgo da Grécia Antiga que diz: Sofrendo, aprenderás! Não há duvida que esta para a dor e sofrimento nossa maior escola para aprendermos a lidar com a vida e promover nossas virtudes da mesma forma que sempre existira certas condições e situações no qual serão maiores que nós mesmos. Não por menos, se pensarmos bem, o que marca a vida é a imperfectibilidade, fragilidade, vulnerabilidade a finitude e claro a própria morte. Da mesma forma que se levarmos em conta a vida como ela é, dificilmente conseguimos de fato enxergar a felicidade. Para isto, é preciso a experiencia, as reflexões, as histórias vividas e outras sonhadas tão como as desejadas. Está para a vivência prestada a trajetória da vida o ensinamento para podermos aprimorar instante a instante a condução dela – a arte de viver.
“Definir e resumir o mundo é água que escoa pelos nossos dedos” (Albert Camus)
É verdade que muitas vezes temos dificuldades de olharmos para nossa própria trajetória e ver todas as realizações que se deram tão como aprendemos desde criança a darmos valor para as coisas negativas da vida se esquecendo também de tudo que foi útil que trouxe ganhos e que nos fizeram chegar até aqui para sermos quem somos. Talvez a ideia de arrependimento viva este ciclo de remoer o que já foi e esta é uma questão fundamental porque esta nela o sentido da vida. Precisamos nos dar conta da necessidade que temos de transformar nossos arrependimentos que são irredutíveis em algo ordenado e constituído pela razão. O arrependimento não consegue nos esgotar de sentimento, mas ele pode ser responsável por reconstruir nosso modo de ver o mundo no qual estamos construindo para nós mesmos.
Logo, arrepender-se é reaprender a olhar o mundo através das nossas imperfeições. Esta é a razão que nos ensina sobre os próprios limites! Que nos faz lembrar que temos um prazo de existência e este prazo ninguém sabe qual é vivendo uma vida que não está em parte ou grande parte sobre nosso controle. Somos estrangeiros da própria vida! Uma vida “infamiliar”, como diria Freud. Está para a própria experiencia do arrependimento que permitirá mergulhar em nós, mesmo desprovido de sentido. Se pensar bem, será ele mesmo que nos afastará de traçar uma vida infeliz! Tudo é questão de ótica!
Ao assumirmos o arrependimento como parte importante da vida é justamente quando nos libertamos para buscar o possível de fazer melhor, de sermos pessoas melhores! Para a vida ser bem vida é preciso se esgotar, esgotando tudo que nos de sempre a chance de aprender. É mergulhar no possível e saber lidar com aquilo que já foi impossível. Mergulhar na existência pela ação dada pela razão. Coragem, viver um mundo sem apelo. Ter a coragem de encarar a realidade da própria existência nas suas mais complexas nuances, olhando de frente ao que deu certo e ao que deu errado, para que o arrependimento seja parte do aprender e não mais do sofrer. Sobretudo, aprender a enxergar os ensinamentos que eles trazem, para transformar as situações de arrependimento em uma verdadeira escola da vida vivida para a vida que ainda à por vir.
“Oh minh’alma, não aspira a vida imortal, mas esgota o campo do possível!” (Píndaro)
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