SER HERÓI
Desde o início dos tempos, os seres humanos são fascinados com narrativas arquetípicas de mortais comuns que foram transformados ao confrontar a morte. Essas narrativas seguem padrões cíclicos que se iniciam e terminam no mundo comum do herói ou da heroína. A trama é sempre a mesma: a heroína é chamada para uma jornada desafiadora que a força a entrar em um mundo desconhecido, estranho e perigoso. Ao longo do caminho, ela recebe ajuda de algum tipo de mensageiro ou aliado. Encara todos os tipos de desafio: resolver enigmas insolúveis, escapar de armadilhas, evitar seduções, matar monstros ou tudo isso junto. Então, deve encarar um desafio tremente que termina em uma crise, em geral uma experiência de quase morte. A jornada é assustadora e terrível, e a heroína enfrenta solidão, dor, exaustão, doença e desespero. Se sobreviver, receberá um presente (incluindo o autoconhecimento maior) e voltará ao lar para oferecer o presente e sabedoria aos outros. Nesse processo, a heroína é transformada de mera mortal em um ser mais sábio e transcendente…
Todos podemos nos tornar heróis, mas nem todos reúnem coragem para enfrentar o desafio sozinhos. A jornada exige que se cave fundo, penetrando em território desconhecido e ameaçador, superando desafios tremendos. Mais ainda, exige que você descubra a verdade sobre si mesmo, o que lhe revela a verdade sobre todos: nós desejamos nos conectar com algo maior que nós mesmos, fazer parte disso, contribuir com isso de forma importante e única, defender o que é verdadeiro, bom e justo….
Para viver plenamente, é necessário um projeto de imortalidade. Precisamos de uma tarefa heroica para dar propósito às nossas vidas. A necessidade de importância é a energia que impulsiona empreitadas extraordinárias. Para suscitar o comprometimento interno de seus seguidores para tal empenho, você precisa se tornar um herói. E não será capaz de se tornar um herói até encarar seus próprios demônios.
Joseph Campbell