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QUANDO É PRECISO PARAR DE DELIBERAR E SIMPLESMENTE TOMAR A DECISÃO

Você teve ideias, reduziu o número de opções, e olhou as informações disponíveis. Você já fez as perguntas certas para nortear a escolha. Ainda assim, por alguma razão, não conseguiu decidir. Por que a demora?

Se você já passou por isso ou conhece um líder ou executivo acostumado a isso, postergar decisões pode ser problemático e extremamente danoso. Esperar muito para tomar uma decisão pode desacelerar os negócios, frustrar os colaboradores e perder grandes oportunidades. Qual é o momento para simplesmente tomar a decisão em vez de coletar mais informações ou levar mais tempo para deliberar?

Para saber se uma decisão demanda mais tempo ou simplesmente deve ser tomada, você precisa fazer uma “análise das meta-decisões” ou, de maneira mais simplificada, você tem que decidir como decidir. Para tal, é preciso pensar no seu grau de importância, de urgência e se é possível utilizar algumas abordagens de tomada de decisão organizacionais para torná-la mais precisa e provavelmente correta.

Pense na importância da sua decisão

O único fator mais importante para determinar quanto tempo uma decisão levará para ser tomada, é a sua importância. Aquelas cujas consequências são menos importantes, não devem demorar muito. Portanto, o primeiro passo para decidir como decidir, deve ser você se perguntar – ou perguntar a outras pessoas, caso não confie na sua própria opinião:  Que diferença essa decisão fará? Caso não faça muita diferença na sua vida ou no seu negócio, simplesmente tome a decisão e siga em frente. Assim, você poderá dedicar seu tempo escasso e sua inteligência para tomar as decisões que, de fato, têm relevância.

Para aquelas que são mais importantes, existem dois bons motivos para ampliar um pouco o processo de tomada de decisão. Um deles é refletir, e o outro é coletar informações e analisá-las. A reflexão – especialmente quando o tomador da decisão envolve o subconsciente – pode ser uma boa maneira de determinar quais fatores são mais importantes para uma decisão complexa. Alguns observadores recomendam amadurecer as ideias após rever os pontos principais acerca da decisão, embora também haja outras maneiras de envolver o subconsciente. Descansar, jogar um jogo, meditar ou até mesmo tomar um chuveiro, podem ser uma solução.  De qualquer forma, refletir sobre a decisão não demandará muito tempo extra; um dia ou uma noite deve ser o suficiente.

O outro bom motivo para esperar antes de tomar uma decisão é coletar informações e analisá-las. Há muito tempo, existem provas, por todas as esferas de uma decisão, de que as decisões fundamentadas em dados e análises são mais precisas do que aquelas tomadas com base na intuição humana. Entretanto, leva-se muito tempo para coletar informações, e mais tempo ainda para analisá-las. No entanto, se a decisão for importante e as informações estiverem disponíveis em algum lugar, talvez valha a pena utilizar uma abordagem de tomada de decisão norteada por dados – especialmente se ela for retomada várias vezes.

Estabeleça com que frequência a mesma decisão será tomada

Se a decisão a ser tomada for recorrente e frequente, este é um ponto igualmente importante a se considerar na velocidade da tomada de decisão. Caso ela seja frequente – como por exemplo, estabelecer preços, reorganizar o inventário ou decidir acerca de contratações – pode ser uma boa ideia investir numa metodologia analítica. As decisões recorrentes normalmente tendem a gerar dados; a captura de informações para a decisão e os resultados dela possibilitam a elaboração de um modelo que os otimize. A primeira vez que uma decisão recorrente é analiticamente estudada, coletar e analisar as informações a fim de elaborar um modelo será muito mais demorado. No entanto, vale a pena usar esse tempo de imediato, já que em todas as outras vezes semelhantes, elas serão mais rápidas e com alto nível de precisão.

As decisões que são importantes e raras são normalmente estratégicas, tais como “Devemos alterar o modelo de negócios?” ou “Devemos comprar nosso maior concorrente?” Talvez seja possível obter informações referentes a esses tipos de decisões, mas provavelmente não será o suficiente para elaborar um modelo analítico. Tais decisões requerem mais tempo, mas depois de terem sido avaliadas sob diferentes perspectivas, elas provavelmente não irão melhorar com o tempo. Esperar muito para tomar uma decisão pode significar que você deixou passar a oportunidade.

Considere a compra de opções

Se uma decisão estratégica envolve muitas incertezas e você não consegue tomá-la mesmo depois de deliberar, uma maneira de facilitar o processo é comprar uma opção com a qual você poderá aprender um pouco mais.

As opções são bem conhecidas em investimentos, onde comprar uma opção concede ao investidor o direito de comprar um ativo sob um preço específico no futuro. Na tomada de decisão, isso significa dar um pequeno passo para o aprendizado antes de tomar uma decisão que pode impactar significativamente seu pessoal ou a empresa. Em vez de comprar uma empresa, por exemplo, comprar uma opção pode significar a criação de uma parceria ou o investimento de uma pequena quantia na empresa menor do que o valor necessário para a sua compra. Comprar opções como um método para a tomada de decisão pode tanto facilitar como acelerar o processo para decisões importantes, e pode-se chegar, provavelmente, a um resultado melhor, caso o tomador de decisão se beneficie das oportunidades de aprendizado que a opção propicia. Não se esqueça, porém, que comprar uma opção não deve ser uma desculpa para evitar ou protelar uma atitude de relevância que a sua empresa precisa tomar.

Estabeleça um prazo para a sua decisão

Por fim, em caso de dificuldade para fazer alguma escolha, estabeleça um prazo para   decidir. É possível avaliar esse prazo rapidamente quando a decisão estiver à sua frente ou depois de fazer a deliberação. Este é um dos componentes mais importantes da sua análise das meta-decisões, pois o prazo para uma decisão irá canalizar muitos outros aspectos de sua abordagem.  Ele estipula, por exemplo, a possibilidade de utilização de informações e análises, se você deve envolver mais pessoas, se você tem como estudar os problemas a fundo, e até se você pode amadurecer a decisão até o dia seguinte.

Muitas das maneiras de melhorar o prazo para a tomada de decisões que mencionei propõem um processo organizacional para a tomada de decisão,  mais do que  depender de abordagens ou ideias de pessoas para cada decisão. Mesmo que uma organização possa se empolgar com decisões burocráticas, em geral é melhor não deixar as decisões importantes nas mãos de outros – nem mesmo do CEO. A boa tomada de decisão somente acontece por meio de abordagens eficazes, análises ex post facto e reflexões sobre maneiras de aprimoramento. Estipular um prazo para decisões e monitorar quanto tempo levam, também são coisas que as organizações fazem melhor do que as pessoas.

Sim, às vezes é importante tomar aquela decisão, mas não à custa de um raciocínio sistemático sobre a melhor maneira de agir. Ao seguir esses passos e decidir estrategicamente como decidir, você conseguirá sair da indecisão e, finalmente, seguir em frente.


Thomas H. Davenport é professor emérito de Administração e Tecnologia da Informação na Babson College, pesquisador de Iniciativa para a Economia Digital da MIT e consultor sênior na Deloitte AnalyticsDavenport é autor de mais de 12 livros sobre gestão, e os mais recentes são o Only Humans Need Apply: Winners and Losers in the Age of Smart Machines e The AI Advantage.

Fonte: < https://hbrbr.uol.com.br/tomar-a-decisao/ >

3 Comentários

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