ALGO PENSA EM NÓS
A razão da vida está na busca pela felicidade, mesmo para aquele que busca conhecer-se e cultiva uma virtuosa solidão. Essa felicidade a que se expõe, assemelha-se aos próprios desejos, tendo por diferença a incessante desilusão de não desejar mais aquilo que já alcançou, ainda que também tenha seus sacrifícios, suas feridas e seus trabalhos e a árdua luta. Apesar disso, o desejo em si não é o sentido absoluto, visto que a própria busca pelos desejos é por fim prazeroso, porque a busca impregna-se de vontade daquilo que visa. Viver é estar em movimento, na busca de desejos que contentem a alma. Motivo para construirmos propósitos e dar assim maior essência aos nossos próprios sentimentos.
A percepção da essência de quem realmente somos está em acordo com a lucidez que temos diante as deliberações sobre nossos desejos. Desejos nos dá sentido e alimenta nossos propósitos. A compreensão intrínseca de nossos desejos é refletida nas próprias escolhas. O homem possui natural desejo que o impulsiona para a vida e os valores definem as escolhas e com ela o caminho que condiz com quem somos, e que delineia o sentido para qual seguir. Da mesma forma que dá sentido ao que pensamos.
” A consciência é uma garrafa vazia no oceano de afetos em um maremoto”.(Nietzsche)
Todo pensamento tem como componente as próprias sensações. O que pensamos está a serviço do que sentimos. Não é possível haver razão ao interpretar os pensamentos sem entender o que sentimos, como também, não se pode fugir de os sentimentos sem primeiro vivenciar as próprias emoções. A vida é essencialmente um conjunto de relações, composta por este turbilhão de sensações que impulsionam nossas emoções, que hora nos alegra e hora nos entristece. Afetos.
Os afetos soberanamente determinaram que acontecessem. Sendo assim então, todas as ações são regidas pelas sensações e pensamentos e todos pensamentos são produzidos pelas sensações. Viver é emoção, viver é sensação, viver é estar em relação. A vida é um conjunto de relações. Quando você responde como vai a vida na verdade você está falando das próprias relações com o mundo. A vida é a representação que estancia na exata medida que nos relacionamos. Vida é a exata intensidade com a qual nos relacionamos, vida é na exata qualidade com o que nos relacionamos. As relações também são escolhas. As escolhas da vida fragmentam na qualidade das relações que cada um de nós mantemos de forma peculiar de pertencimento com o mundo.
“O que é bom? – Tudo o que aumenta no homem o sentimento de potência, a vontade de potência, a própria potência. O que é ruim? Tudo o que nasce da fraqueza. O que é a felicidade? O sentimento de que a potência cresce, de que uma resistência foi vencida. Não o contentamento, mas mais potência. Não a paz finalmente, mas a guerra; não a virtude, mas a excelência. ” (Nietzsche)
A vida é um esforço constante de pertencimento. Não reconhecer o pertencimento impede de identificar nossos próprios valores. A incapacidade de reconhecer nossos próprios valores inibi compreender o próprio sentido de propósito. A falta de propósito faz da vida uma viagem sem graça, fútil aonde os sonhos se perdem no despejo infinito da tristeza, impotente de ser quem somos. Aprisionados, dependentes, suscetível a vivenciar a opinião do outro. Acovardando-se a aquelas que mais nos convém e nos acolhe, sem construir uma razão.
A razão é a tradução introspectiva daquilo que os afetos soberanamente determinaram que acontecessem. Sendo assim então, todas as ações são regidas pelas sensações e pensamentos e todos pensamentos são produzidos pelas sensações do corpo, portanto, evitar a exposição e a contrariedade perante as relações, faz de nós, submisso a própria insegurança que não nos faz livre, mas entristecidos, escravos da própria covardia de não sermos quem somos. Em outras palavras, fato é que quando não há razão, não perfaz convicção sobre nosso papel no mundo, quem realmente somos, sobre nossos propósitos e o valor de nossos desejos, passamos então a ser marionetes nas mãos daqueles que acenam dando a falsa sensação de completar a vida com o fracasso que temos com nós mesmos, seja pela falta de segurança, controle, autoestima e tudo aquilo que contempla a razão emocional de simplesmente existir.
É fato também que todas as coisas que passam pelo pensamento, tem valor subjetivo, como a parte mais superficial da psique humana. Então, mesmo que não possamos ser plenamente senhor de nós mesmos, que façamos com está pequena parte, nosso contentamento e que isto seja construído com nossa razão e, que seja suficiente para libertar de todos os laços que nos prendem aos outros, e assim viver as nossas autenticas escolhas. Somente nós estamos autorizados de ser especialista de nós mesmo, porque ninguém nos conhece melhor do que nós. Ninguém pode escolher por nós. O outro não é quem somos e quem tem que descobrir o melhor jeito de viver não é o outro. O que somos somente nos constitui como ser e, se preserva como singular, quando conservarmos nossas escolhas, constituindo a nossa individualidade, se esforçando sistematicamente pela razão. Em todo este processo, as virtudes se complementam com o desejo tornando-se central, é o ser se afirmando como indivíduo, transitando do auto conservação para o aprimoramento, perfeição, excelência, ou ainda, da tristeza para alegria, do passivo para o ativo, enfim, atingindo, mesmo que em alguns instantes, a condição de ser feliz.
“O futuro não é um lugar para onde estamos indo, mas o lugar que estamos criando. O caminho para ele não é encontrado, mas construído, e o ato de fazê-lo muda tanto o realizador quando o destino. ” (John Schaar – Sociólogo)
Quem sabe então se a função metafórica da alma não seja representar o traço divino que há em nós. Talvez, o ser plenamente virtuoso seja aquele em que cada parte da alma realiza na medida justa (sem falta nem excesso) a função que lhe cabe, representado pela própria razão. O domínio da razão resulta na virtude da austeridade; o domínio da razão representa a virtude da coragem ou da prudência. A razão é a virtude própria da parte racional que se complementa somente com a experiência de viver. É o conhecimento, por assim dizer. Por outro lado, talvez seja plausível dizer que nossas hesitações estão presentes nos momentos em que as partes da alma não conseguem realizar suas funções próprias, ou as realizam desmesuradamente, o que ocorre, muitas vezes, quando há um conflito entre a alucinação e a razão.
Nem sempre podemos ter razão. Em outras palavras o que fazemos para o mundo é a reação intrínseca do que o mundo faz sobre nós e nossa consciência é muito ínfima diante nossa presença no mundo. Isso, portanto é imensurável. Entender todas as razões é entender quem somos, porque somos e como somos, e isto só é possível quando resgatamos todos os efeitos de ação do mundo sobre nós, algo muito distante da possibilidade. Por isto, muitas vezes alucinamos. Reconhecer da onde vem ou do que está relacionado, só existe na plenitude do presente, no agora e torna-se improvável compreendê-la com um todo, já que o mundo está sempre em um processo ininterrupto de mudanças. Mudanças que geram ganho. Porque são estas mudanças que nos traz o sentido maior de viver. São elas que impulsionam a necessidade de sermos mais.
Se não somos capazes de sermos resplandecentes com o todo, que seja então dos fragmentos. Quanto mais consciente maior será a chance de experimentar a vida na plenitude e isto é possibilitar vivenciar cada experiência como único. São as experiências que determinam o valor da própria condição de viver. As alegrias e as tristezas vão acontecendo conforme os sabores da vida. Existem momentos que entristecem e outros que alegram. Momentos que sentimos o impulso de seguir em frente e, em outro, desejamos que aquele momento nunca acabe. Aprender a experienciar cada momento nos faz mais genuínos de quem somos.
Se nós somos as nossas relações, então na perfeição seremos competentes o suficiente para resistir ao mundo que impõe suas consequências sobre a vida, afinal, como imperfeitos, tudo depende da perspectiva que cada um vê o mundo e vivência as relações presentes a partir das próprias concepções que são únicas e exclusivas. Que ao menos a experiência de viver deixe como ensinamento a humildade de perceber que o mundo se apresenta sobre a perspectiva única e exclusiva em cada um. Estamos no mundo dentro de uma interpretação de sentidos, no qual lutamos constantemente para continuar lúcidos.
No fundo tudo que está por trás de nossa vida é um encontro desesperador para alcançar a alegria e evitar a tristeza, mas nem sempre e tão simples. O homem passa vida na luta e cada momento é um momento, cada experiência e uma experiência. Se não agir assim, acabamos tornando a história formatada em crenças limitantes que impedirá a lucidez para experimentar a própria vida. Encontrar no mundo detalhes que sejam alegradores. É difícil se alegrar no mundo como ele é, por isto da importância de reconciliar sempre o real na alegria e na tristeza e não no temor e esperança. Focar no agora, se encantar com cada momento. O real não é o obvio, nem fastidioso, mas sim é profundamente determinante para a vida, pois ele não vai se repetir. Saber então viver é se encantar com mudo pelo que ele é no instante em que se está.
Todo o ser humano possui uma essência dentro de um grau de realidade. Essa realidade existe de fato, somente na lucidez de se estar no agora. Essa lucidez, esse grau de realidade pode ser chamado de intensidade. A essência do homem é então o seu grau de intensidade. Essa intensidade pode aumentar ou diminuir, mas jamais, pode deixar de existir. É verdade que a alienação é muito mais fácil. Amar o futuro quando se deseja o que não tem, torna-se tudo mais simples, mas também uma jornada sem fim. Então, que tal amar o real na hora que ele surgiu, senti-lo não de forma deslocada, mas consciente do agora para que as subjetividades de nossas intuições estejam na sincronia do mundo e faça parte de um propósito maior de viver. Aqueles que alcançam a razão, agem por conta própria, e aqueles que chegam a intuição alcançam o estado pleno de ser. Talvez então, todo o sentido é o meio de se chegar a razão do viver. Podendo então entender que ser é a vida em comunhão com as possibilidades que nos pertence. Ser, é a responsabilidade por nossa própria vida, pela liberdade que temos para escolher nosso próprio caminho em um estado presente. Não é temporal e nem está nos outros, nas forças externas que o sentido se dá, mas na voz interior, na introspecção consigo mesmo em cada instante da vida. Nas escolhas que fazemos e que tanto nos angustia. Escolhas que representa valores de quem realmente somos. Valores que são singulares, porque somos singularmente desejante em um mundo plural.
A verdade é: Algo pensa em cada um de nós e, isso sim, é fundamental para entender!
Sobre o Autor:
Marcello de Souza, fundador da Coaching & Você, é apaixonado por assuntos referentes a gestão, liderança e fascinado pelo cotidiano e pelas mais diversas formas do desenvolvimento do comportamento humano. Estudioso, escritor, pesquisador e admirador da psicologia social, vive em busca constante do crescimento intelectual e comportamental humano.
Tem mais de 19 anos de experiência em empresas nacionais e multinacionais, atuando como gestor, facilitador palestrante e consultor internacional. Tem vasto conhecimento em gestão e consultoria de equipes multidisciplinares, liderança e gestão de projetos de alto impacto, relacionamento e negócios. Coordenou times e clientes, atuando na implementação de novas ideias, simplificação de processos e identificação de áreas frágeis, bem como na antecipação de cenários com ações inovadoras de alto impacto além de desenvolver a excelência nas pessoas.
Seu trabalho, seja em campo ou em seu consultório, aborda além das técnicas a excelência nas questões emocionais e comportamentais que permitem a plena realização pessoal e profissional da equipe e cliente, ampliando a eficiência, alcançando resultados surpreendentes.
Na busca constante da sua capacitação e conhecimento, vem conquistanfo as principais certificações internacionais na área de Gestão de Projetos e Desenvolvimento Comportamental Humano, como: PMP, Prince2, Scrum Master, Green IT Citizen, ITIL, Advanced Coaching Senior ( BCI), Advanced Leader Coach Training, Trainer em PNL, Master Coaching, Master Analista Corporal e Comportamental, Master Behavioral Analyst, Lean It, Hipnoterapia Avançada, Constelação Sistêmica, Business and Executive Coaching, Neurocoaching, etc. Cursou ainda MBA Executivo em Gestão de Talentos Humanos e Coaching Executivo, MBA em Gestão de Projetos, Pós-Graduação em Gestão de Pessoas com Coaching e Pós-Graduação em Psicologia Positiva com Coaching. Atualmente é doutorando em Psicologia Social na UK – Universidad John F. Kennedy.
Em sua carreira teve o privilégio de ser treinado por: Amit Goswami, Robert Dilts, Richard Moss, Shayne Tracy, Bernd Isert, Cornélia Benesch, Michael Hall, Judith DeLozier e Jeffrey Zeig.
É fã e respeita a opinião do outro, aceita o diálogo para discussões contrárias, mesmo que a opinião do outro não consiga responder as ideias e pensamentos existentes nas reflexões, aqui, escritas.
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