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A INFLUÊNCIA DA LINGUAGEM VERBAL E CORPORAL EM NOSSAS RELAÇÕES

A mente humana realmente é tão extraordinária que a neurociência vem surpreendendo cada vez mais os pesquisadores. Diversos estudos atuais sobre este tema têm demostrado o quanto somos cada vez mais susceptíveis ao meio no qual estamos presentes e o quanto ele nos induz em nossas reações ao tomar certas decisões. Com estas descobertas, hoje podemos começar efetivamente a entender como nossa percepção pode mudar de acordo com o momento. A neurociência hoje já tem mapeado as diferentes reações que nossos corpos mantem em nossas relações com o mundo. Como por exemplo com aqueles que respeitamos, admirando-os bem como a maneira defensiva com aqueles que subestimamos e mudamos a forma de expressar, pensar e reagir com aqueles amamos. A jornalista cientifica, doutora em Psicologia Social, Siri Carpenter, a pouco apresentou um artigo no qual descreve importantes referências sobre estas novas descobertas, no qual relaciona o comportamento diante a diversas situações. Carpenter diz que um número cada vez maior de pesquisas indica que essas alusões refletem um fato central do nosso mecanismo do pensamento: a mente usa o corpo para dar sentido a conceitos. Sensações e ações aparentemente triviais, como imitar um sorriso ou uma careta, segurar objetos lisos ou ásperos, menear a cabeça ou erguer os polegares, podem influenciar processos psicológicos complexos, como julgamento social, linguagem, percepção visual e até reflexão sobre noções pouco concretas, como a de tempo. Claro tudo isso tem a ver com a maneira que nos relacionamos com o mundo através de nossos sentidos. 

QUANTOS SENTIDOS POSSUÍMOS PARA NOS RELACIONAR COM O MUNDO

Com quantos sentidos nos relacionamos com o mundo? Essa é uma daquelas perguntas capciosas que nos obriga a pensar muito antes de responder até porque precisamos antes definir de qual mundo estamos falando, nosso mundo interno ou o mundo externo.  Com o avanço da neurociência, muitas descobertas sobre nossas relações com a vida estão sendo redefinidas. Quando falamos de emoções estamos falando de nossas relações com o mundo através de nossos sentidos. Sentidos esses que hoje a neurociência demonstra ser muito mais que cinco, diferente do que muitos acreditavam. Os nossos sentidos são mais complexos e a ideia de que temos apenas cinco se tornou obsoleta com a ciência moderna. Desde de Aristóteles, na Grécia antiga, que muitos consideram que o ser humano e muitos dos animais, possuíam apenas esses cinco sentidos – visão, audição, tato, olfato, paladar, e que esses eram responsáveis por nosso encontro com o mundo. Mas com o tempo isso foi se demostrando cada vez mais absurdo. A tempos que os cientistas não compartilham em absoluto dessa definição, na verdade o que se vem debatendo hoje não são os cinco sentidos, mas sim a complexidade de sentidos que os seres humanos possuem comparadas com as sensações de se relacionar com a vida.

Muito além dos cinco sentidos, possuímos também sentidos que conceda a perceber a nós mesmos e a relação com nosso próprio corpo. Permita-se fazer uma viagem dentro de você e começara a identificar sentidos que talvez não tivesse ainda percebido, como o equilíbrio, movimento, a pressão, a fome, percepção da dor, do calor, do frio, do tempo, e muitos outros. Comece a viajar nesse mundo interno e vão manifestar sentidos que nos informam situações que antes passavam despercebidas.

Ainda se tem dúvidas de quantos sentidos efetivamente temos, isso porque tudo depende da forma que percebemos o mundo, seja ele o mundo extrínseco ou intrínseco. A ciência cognitiva demostra hoje que é possível identificar entre 22 a 33 sentidos em média em cada ser humano, mas esse número ainda é incerto. 

Somos verdadeiras máquinas de perceber e sentir as coisas na vida e por isso não se tem ao certo um número preciso de sentidos. Muitos estudos estão admitindo, inclusive, que esses sentidos podem até mesmo variar entre os seres humanos.

MAS O QUE É A COGNIÇÃO?

Podemos dizer que cognição é a forma como o cérebro percebe, aprende, recorda e pensa sobre toda informação recebidas através dos sentidos. Nossa cognição não é somente um processo formado por um conjunto traços que compõe os sistemas envolvidos na aprendizagem como memória, atenção, concentração, linguagem, leitura, escrita, cálculo e pensamento. Ela engloba percepções, avaliações, crenças e esquemas, atitudes, lembranças, objetivos, padrões e valores, expectativas e atribuições. Trata-se de um conjunto de virtudes complexas de percepção, processamento da informação e estratégias de solução dos problemas e habilidades interpessoais.

Por isso compreender nossos sentidos também é compreender o caminho de nossa cognição através das emoções. As emoções passam então a estar intrinsecamente relacionados a aquisição de conhecimento e consequentemente, a nossa melhor adaptação a vida, dentro de um processo pelo qual o ser humano interage com outros seres humanos de forma inteligente e com o meio em que vive, sem perder a identidade existencial. 

A consciência dos sentidos no ser humano redirecionou os estudos sobre o comportamento humano. Falar em nossos sentidos sugeri obrigatoriamente a falar em emoções o que reflete diretamente na forma no qual nos comunicamos.

Os sentidos são os meios através dos quais os seres vivos percebem e reconhecem outros organismos e as características do mundo em que se encontram, portanto são as traduções das relações com o mundo físico para a mente, sendo tudo aquilo que é percebido pelo nosso sistema nervoso central a partir do estímulo de células capazes de converter sinais químicos ou físicos em elétricos que percorrem os neurônios e chegam até os diversos sistemas de percepção em nosso cérebro, sendo maleáveis, complexos e estimulantes. Responsáveis por formar nossas percepções influenciando na concepção de nossos pensamentos e sentimentos, e na forma no qual nos expressamos para o mundo a nossa volta.

O psicólogo Arthur Glenberg, da Universidade Estadual do Arizona, em sua opinião, como essa perspectiva pode mudar as maneiras de pensar e aprender, ele diz que “A ideia de que a mente esteja ancorada nas ações corporais e no ambiente fornece um modo muito interessante para tentarmos entender como funcionam as pessoas, o comportamento social e emocional e os processos cognitivos. Munido desse novo conceito de como o pensamento opera, agora é possível compreender nossos sentimentos, opiniões e ações ao olhar além de nossa mente até nosso organismo e o mundo que nos cerca sob uma nova ótica”.

QUAL A IMPORTÂNCIA DOS SENTIDOS EM NOSSA COMUNICAÇÃO?

Fato é que a mente se entrelaça no organismo como um todo, para obter informações. Afinal, o corpo é a base funcional da vida e que nos conecta com o mundo através das nossas relações. Todos os conhecimentos são obtidos pelos sentidos e são representados pela a forma no qual nos relacionamos. Claro que isso reflete diretamente na forma no qual nos comunicamos.

Quando nos comunicamos, geralmente o fazemos através da linguagem verbal, manifestando nossos pensamentos e sentimentos. No entanto, a verbalização apenas compõe cerca de metade do processo de comunicação. Nós também transmitimos nossos pensamentos e sentimentos conscientes e inconscientemente através da linguagem corporal, não verbal.

A comunicação através da linguagem corporal inclui a postura, expressões faciais, contato com os olhos, movimentos das mãos, movimentos das pernas entre outros. Seus sinais não verbais expressam seu estado emocional. Sua postura, seja de pé ou sentada, pode indicar se você está confiante, relaxado, aborrecido ou à defensiva. As expressões faciais podem mostrar se você está feliz, surpreso, com medo ou enojado sem nunca dizer uma palavra. Seus olhos podem revelar várias coisas, incluindo se você está feliz, preocupado, tenso ou assustado. Os movimentos das mãos e das pernas podem comunicar nervosismo, indecisão ou defesa.

A revista Mente e Cérebro publicou em sua edição especial Nº 60, o artigo Linguagem do Corpo, nele está inscrito que “qualquer pessoa que alguma vez na vida tenha suado numa entrevista de emprego ou fechado os punhos de raiva sabe que vivenciar uma experiência emocional é um acontecimento psicológico. Esse fenômeno se reflete nas expressões que usamos para descrever sentimentos: o coração acelerou, o estômago contraiu, pulei de alegria, fiquei louco por você. “Os estados emocionais estão associados à tendência de ação; as pessoas não dizem, por exemplo: ‘Fiquei tão furioso que eu apenas… permaneci sentado ali…’”, diz a psicóloga Paula Niedenthal, da Universidade de Wisconsin-Madison. Além dos sistemas fisiológicos que regulam a frequência cardíaca, o suor e os movimentos corporais, o início das emoções envolve a ativação de pelo menos alguns dos 20 e tantos músculos faciais que controlam a expressão emocional. Esse fato faz surgir a questão de como essa fisiologia periférica atinge o pensamento: será que a mera mudança da configuração dos músculos do rosto influencia a forma como a pessoa se sente? […] Em um estudo, ela e seus colegas usaram a eletromiografia para medir a atividade muscular do rosto e descobriram que a leitura de palavras com conotação emocional, enquanto consideravam seu significado, impulsionava a mesma atividade muscular sutil que as pessoas demonstram ao experimentar os sentimentos. Vocábulos que tipicamente evocam repugnância, como “vômito” e “podre”, estimularam atividade aumentada nos músculos faciais envolvidos no ato de dobrar o lábio superior, enrugar o nariz e franzir a testa. Aqueles com conotação positiva, como “alegria” e “satisfação”, estimularam músculos responsáveis por elevar as bochechas e apertar os olhos num sorriso.

Veja que interessante, a ciência e os estudos comportamentais vêm demostrando cada vez mais a certeza de que corpo e mente são inter-relacionados de forma tão concisa que demostra que o pensamento gera involuntariamente movimentos ideomotores e o inverso também é real, em outras palavras, os movimentos voluntários, conscientes, ideomotores também poderão interferir na formação dos pensamentos, consequentemente, nos sentimentos. Em um experimento realizado pelo neurologista Bernhard Haslinger e seus colegas da Universidade de Tecnologia de Munique, demonstra está afirmação. Em seu artigo, publicado nesta mesma revista, ele descreve que para verificar tal hipótese eles deram injeção de botox na testa dos participantes, paralisando temporariamente o músculo responsável pelo franzir de testa. O tratamento cessou a atividade na amígdala, um centro essencial da emoção, enquanto os voluntários tentavam fazer mímica de expressões de infelicidade. Isso sugere que impedir a atividade muscular de alguma forma confunde os circuitos neurais necessários para processar completamente uma emoção. Um estudo de 2010 conduzido por Glenberg e o então estudante de pós-graduação David Havas, da Universidade de Wisconsin-Madison, confirma essa conclusão, demonstrando que as pessoas que passaram pelo tratamento com botox nas linhas da testa foram mais lentas diante de frases sobre tristeza e ira, mas o mesmo não ocorreu com as afirmações referentes a alegria.

NOSSOS INSTINTOS

Mas lembre-se, claro que antes de chegarmos em quem somos hoje, foram necessários centenas e milhares de anos evolutivos. É fundamental entender que para tornarmos quem somos, passamos um longo processo. Temos sempre que lembrar que antes de nós humanos desenvolvermos as habilidades da linguagem verbal, muito da comunicação ocorriam exclusivamente pela linguagem corporal, e quase sempre eram feitas pelas expressões e gestos. Carregamos geneticamente os instintos desta habilidade, o problema que quando introduzimos a fala na comunicação, passamos a dar mais atenção nas palavras do que nos movimentos e por isso, muitas vezes podemos não saber mais traduzir certos sinais e movimentos.

Muitas vezes até somos capazes de percebemos, por intuição instintiva, de que alguma coisa está sendo ocultada ou a pessoa a nossa frente não está sendo franca ou mesmo que estamos expostos a riscos, porém não conseguimos mais traduzi-la cognitivamente. Fato é que com um mundo onde todo mundo tem pressa e que cada vez mais estamos nos distanciando de nossos relacionamos interpessoais e das interações fisicamente presenciais, estamos perdendo a prática, tornando cada vez mais difícil reconhecer e decifrar a linguagem corporal.

Os instintos emocionais do ser humano geram certos padrões básicos previsíveis na forma que nos comunicamos em nossa linguagem verbal e corporal, sejam através do tom de voz, velocidade das palavras, das expressões, gestos, maneirismos, comportamentos, enfim, que estão inter-relacionados com acontecimentos sentidos no momento ambiente inserido. Mas não se engane, não é tão simples assim achar que somos capazes de interpretar todos os sinais verbais e corporais.

O que se sabe hoje é que isso não significa que é passível determinar com exatidão o que significa essa ou aquela reação expressa pelo corpo, como forma de comunicação, mas é possível identificar certos padrões emocionais que ajudam a esclarecer um caminho para ser explorado favorecendo a certa razoabilidade de leitura. Isso porque reagimos primeiro ao mundo através da emoção que por sua vez é a representação de um conjunto de sentidos. Sendo assim, há mais de um sentido somada a emoção e consequentemente interfere na reação instintiva do corpo, através da linguagem verbal e corporal, que sofre à influência da sugestão emocional sobre sua forma de expressar, involuntárias e inconscientes.

Com isso a mesma linguagem manifestada por um conjunto de movimentos pode representar mais de um significado. Por exemplo, imagine uma pessoa que está inserida em uma entrevista de emprego que se apresenta muito nervosa – Quando alguém fica nervoso, o estressor tende a começar inconscientemente a criar energia que deve ser usada. Esse excesso de energia será exibido inconscientemente como comportamentos de pacificação. Os comportamentos pacificadores são específicos para cada indivíduo. Alguns podem girar os cabelos, pressionar os lábios, esfregar o pescoço ou as coxas e até os dedos, o nariz ou a ponta do nariz, ficar avermelhado, fazer gestos mais rápidos, entre outros. Isso pode ser normal, especialmente no início de uma entrevista, pois o nervosismo é natural. Por isso é fato que o entrevistador tem que ter a consciência que as atividades pacificadoras devem começar a diminuir à medida que você constrói o relacionamento.

É importante entender que diante a situação exemplificada tem que ficar claro que somente é possível fazer uma avaliação para uma análise razoável do significado da linguagem verbal e corporal se entendermos os vários níveis de comunicação bem como das emoções de todos os envolvidos, inclusive a nossa. Fazer aquilo, que dificilmente lembramos de fazer, que é dar especial atenção ao todo e não a um ponto ou outro. Temos que analisar o conjunto harmônico da linguagem verbal e corporal, seja o tom, os gestos, as palavras, entre outros que se somarão para criar a mensagem completa.

Mas não é só isso. É a somatória de nossos sentidos e as emoções envolvidas no momento presente formarão os pensamentos de cada indivíduo, logo, saber ouvir as palavras escolhidas e a forma que as relacionam também são determinantes. Portanto, não se pode julgar e avaliar simplesmente por uma ou outra palavra falada, um gesto ou outro, alguns maneirismos ou comportamentos pontuais. Se fizer isto você estará cometendo um grande equívoco e poderá julgar algo que não é verdade.

Lembre-se, o ser humano não é capaz de ler pensamentos, para tanto, a inteligência das relações está em saber ouvir, observar e saber o que, como e quando se expressar. 

“Saber se comunicar aprimorando a linguagem verbal e corporal é fator decisivo no resultado de uma conversa, seja ela qual for. ”

POR QUE ENTÃO DEVEMOS APRIMORAR NOSSA LINGUAGEM VERBAL E CORPORAL?

Veja, diante ao escrito até aqui, é importante entender que isso não significa que é impossível aprender e desenvolver um aprimoramento nas habilidades cognitivas que permitam você perfeiçoar seu comportamento através da sua linguagem verbal e corporal para se tornar mais empático, mais seguro, persuasivo e mais preciso, gerando um sentimento adequado naquele que você pretende atingir. Existem diversos movimentos ideomotores, expressões corporais e comportamentais que estão relacionadas a nossos instintos e que diante a elas reagimos inconscientemente. E isso não é exclusivo do homem, está presente, de certa forma, em praticamente todos os animais.

Reafirmo então que conscientemente podemos e devemos aprimorar nossa maneira de nos relacionar e comunicar, através da linguagem verbal e corporal, a partir de técnicas desenvolvidas para representar com mais exatidão as mensagens que pretendemos passar. Podemos sim desenvolver meios de nos comunicar dentro de uma linguagem que permite ajudar a ampliar a resultante no qual buscamos em um relacionamento, seja ele qual for, isso faz parte do desenvolvimento de nossa Inteligência Relacional. Mas o inverso disso, ou seja, tentar “ler” a pessoa somente através de expressões, gestos, maneirismos e comportamentos podem nos conduzir a certos julgamentos muito equivocados.

ALÉM DA NOSSA LINGUAGEM VERBAL E CORPORAL

Perceba que com os novos estudos sobre as expressões emocionais, há muito mais do que um único sentido por detrás de cada emoção. Por isso, temos sempre que considerar todo o contexto e não as partes, analisar o sincronismo harmônico da linguagem verbal e corporal, entre o que se pretende transmitir e a forma que está sendo transmitido e principalmente saber a ouvir e aprender a analisar aquilo que está efetivamente sendo falado através das palavras. Todos os estudos atuais sobre análise de comportamento na comunicação estão direcionados na relação direta da forma e das palavras expressadas. Estudos atuais demostram que é muito mais importante e assertivo saber ouvir na essência a outra pessoa do que interpretar o que ela está pensando através da linguagem corporal.

Isso pode soar um tanto estranho para muitos, o problema é que com a modernidade perdemos a habilidade de ouvir. Um estudo da Universidade do Missouri indica que muitos de nós passamos de 70 a 80% de nossas horas acordados relacionando-se de alguma forma através da comunicação. Desse tempo, gastamos cerca de 9% de escrita, 16% de leitura, 30% falando e 45% ouvindo. Ironicamente, já sabemos que a maioria de nós somos péssimos ouvintes. Há vários motivos para isso de acordo com o estudo. Embora a escuta seja a habilidade de comunicação que usamos mais, é também a habilidade em que temos menos desenvolvidos. Desde criança somos muito mais submetidos a desenvolver outras habilidades de comunicação – escrita, leitura e fala. Na verdade, muito poucas pessoas tiveram algum treinamento formal prolongado na escuta. Outra razão para poucas habilidades de escuta é que podemos pensar mais rápido do que alguém pode falar. A maioria de nós tem a capacidade de falar em média 125 palavras por minuto. No entanto, temos a capacidade mental de entender alguém falando em 400 a 500 palavras por minuto. Esta diferença significa que, quando ouvimos, estamos em média usando apenas 25% da nossa capacidade.

A análise do comportamento é muita mais precisa ao investigar as ideias e pensamentos através das palavras. É importante entender isso porque muitas pessoas acabam se agarrando a teorias que não são mais válidas e que podem prejudicar outras pessoas através de uma análise equivocada daquilo que você acaba achando que é certo. Por exemplo, você pode deixar de aprovar um excelente candidato a um emprego por causa de uma análise equivocada da linguagem corporal ensinadas por um destes “gurus” que vendem estes tipos de “promessas”.

Por fim, o objetivo aqui é demostrar que surgem a cada momento novos estudos sobre a Neurociência e que deixa mais claro que não há uma receita pronta para tentar normatizar as pessoas com regras e conceitos no qual descrevem o comportamento humano. Muitas das teorias sobre emoções estão obsoletas e merecem ser revistas.

Também quero aqui realçar que é indiscutível que o aperfeiçoamento da comunicação está diretamente relacionado a emoção, e que aprimorar e saber usar a linguagem verbal e corporal a seu favor, amplia a capacidade de se relacionar e, mais que isso, propiciar a desenvolver a eficácia de ouvir para compreender o que a pessoa realmente está dizendo através das palavras. Isso permitirá ser muito mais assertivo na interpretação do que a pessoa realmente está dizendo a você. Espero que compreendam que os estados emocionais que estão inter-relacionados aos estados de espirito, à atividade cerebral e aos sinais expressivos e podem levar a um melhor convívio relacional social.

Tenha sempre em mente que saber se comunicar é uma das maiores virtudes do ser humano. Vivemos em grupos e initerruptamente nos relacionamos com a vida. Somos seres relacionais e como enfatizado aqui, nossas relações só podem o ocorrer através de nossos sentidos e são eles que motivam nossas emoções que são expressar através da linguagem verbal e corporal.

Só saberemos nos relacionar e nos comunicar com maestria com qualquer pessoa nesse mundo quando soubermos compreender quem realmente somos, perceber a nós mesmo antes de querer entender o outro. De saber nos controlar dentro de um equilíbrio psíquico do ser, aí sim, efetivamente poderemos conduzir a plenitude de viver a vida em harmonia com outro ser, sendo sempre consonantes e jamais dissonantes. Esse reconhecimento de nós mesmo é aquilo que hoje chamamos de Inteligência Relacional, que nada mais é do que a nossa capacidade de primeiro saber lidar consigo mesmo e depois saber lidar com os outros.

Reconhecer quem nós somos e ter maturidade nas interações ao perceber como nos relacionamos, na permissão de compreender a capacidade de identificar nossos defeitos, qualidades, limitações, bem como a percepção não de como achamos que as pessoas nos veem, mas sim ter a consciência de como realmente as pessoas nos veem. Já o controle sobre nossas emoções foi a muito tempo definida por aquilo que chamamos de Inteligência Emocional, que resumidamente pode-se dizer que é a gama de aptidões, competências e habilidades não cognitivas que influenciam a nossa capacidade de lidar com as demandas e pressões do ambiente. As relações com o mundo são intrinsicamente associadas em como trabalhamos nossas emoções. Bruce Y. Lee, escritor da Revista Forbes diz “que muito de nosso sucesso com a vida está relacionado na capacidade de compreender parte do que as pessoas estão realmente sentindo. É surpreendente a frequência com que uma única concessão ou ação poderia ter evitado tantos conflitos e desperdiçado o tempo, o esforço e os recursos”. Em geral, as pessoas podem ser muito ruins ao reconhecer as emoções de si e de outros, o que, por sua vez, leva a muitos mal-entendidos e erros. De certa forma, a vida e as interações profissionais e pessoais seriam muito mais fáceis se todos tivessem a capacidade de compreender precisamente as emoções, que podem representar nosso sucesso ou fracasso perante a vida. 

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