A VERDADE POR DE TRÁS DA MENTIRA
CURIOSIDADE
PRIMEIRO DE ABRIL – O DIA DA MENTIRA
Existem diversas teorias que descrevem o dia da mentira. A mais sustentada é referenciada ao calendário gregoriano, aonde muitos acreditam que a comemoração do dia da mentira começou por volta do século 16, na França, quando a passagem do ano novo era comemorada durante uma semana, do dia 25 de março ao dia 1º de abril. Entretanto, o rei Carlos 9º decidiu mudar esta data e então determinou que o Ano Novo fosse celebrado de acordo com o calendário gregoriano que comemorava no dia 1º de janeiro. Na ocasião, muitos franceses resistiriam e demoraram para se adaptar à nova data, por isso a data ficou conhecido como dia das mentiras, ou ainda como o dia das petas, dia dos tolos (de abril) dia da gafe, ou dia dos bobos. Isso porque muitos daqueles que contraporão a mudar era ridicularizado com recebimento de presentes esquisitos ou eram convidados para festas que não existiam. Essas brincadeiras ficaram conhecidas como plaisanteries. Em países de língua inglesa o dia da mentira costuma ser conhecido como April Fools’ Day, “Dia dos Tolos (de abril)”; na Itália e na França é chamado respectivamente pesce d’aprile e poisson d’avril, literalmente “peixe de abril”.
Segundo o Wikipédia, no Brasil o primeiro de abril começou a ser difundido em Minas Gerais, onde circulou A Mentira, um periódico de vida efêmera, lançado no 1º de abril de 1828, com a notícia do falecimento de Dom Pedro, desmentida no dia seguinte. A Mentira saiu pela última vez a 14 de setembro de 1849, convocando todos os credores para um acerto de contas no dia 1º de abril do ano seguinte, dando como referência um local inexistente.
A IMPORTÂNCIA DA MENTIRA
Nossa comunicação representada pela linguagem corporal, às vezes pode falar tão alto quanto nossas palavras. As pessoas podem nos dizer verbalmente uma coisa, mas exibir sinais não verbais conflitantes. Às vezes, podemos perceber que por trás incongruência não verbais, o que há é uma mentira. para a maioria das pessoas, conscientemente dizer uma mentira cria algum grau de estresse. Esse estresse geralmente se situa na forma de um movimento do corpo. Isto é semelhante ao princípio que rege a um teste de polígrafo[1].
O ser humano tem um verdadeiro fascino em tentar descobrir se a outra pessoa está ou não mentindo. Isso na verdade faz parte da própria imagem que muitas vezes descreve em si mesmo, afinal, quem de nós nunca mentiu?
É verdade, isso seria impossível. De uma forma o outra, todos nós mentimos, e o mais interessante, é que não estamos sozinhos. Muitos seres vivos na natureza também são muito bons em mentir.
Parece ironia mas a verdade é que a mentira é uma necessidade social e comportamental que vai muito além do que a nossa moral. A mentira representa uma premência no qual foi responsável pela nossa própria sobrevivência. É algo tão instintivo no ser humano que uma criança desde muito novo, já percebe que a partir de algumas artimanhas mentirosas, como um choro falso, torna-se um gatilho para ter a atenção das pessoas a sua volta.
Conscientemente o ser humano desperta a perceber a importância da mentira por volta dos quatro anos. É justamente durante esta etapa que a criança começa a misturar suas fantasias com a utilidade de enriquecer suas histórias. Surge então a necessidade de narrar as inverdades que se misturam à riqueza imaginativa e fantasiosa das crianças, e assim, em alguns momentos, criam um mundo paralelo aonde resplandece o desenvolvimento criativo.
Quando adultos, mentimos muito mais — uma média de talvez 2,92 mentiras em 10 minutos, conforme apresenta um estudo recente publicado no Journal of Basic and Applied Psychology.
Mas se acalme, como já dito, não somos os únicos. De longe não somos os únicos a mentir na natureza. Estudos tem surpreendido cada vez mais sobre as descobertas destinadas a esse assunto. O vírus, por exemplo, é um grande exemplo de mentiroso. Sendo extremamente estratégico ao trapacear para invadir o sistema imunológico de seus hospedeiros. No reino animal não faltam exemplos, como é o caso dos primeiros estudos sobre o assunto apontados pelo naturalista inglês Henry W. Bates, por volta de 1880, quando apresentou suas descobertas referentes as estratégias que os animais se utilizam da mentira para sobreviver. Um exemplo que ficou muito conhecido, no qual ele publicou, foi o caso das borboletas que vivem próximo ao Rio Amazonas. Diante aos ataques dos pássaros que começaram a se alimentar de borboletas, as da espécie Pieridae logo iniciaram sua estratégia para sobreviver, para isso elas começaram a conviver e voar com outra espécie, da família Heliconiinae, que têm um sabor muito desagradável ao paladar dos pássaros. Não são a únicas espertinhas, hoje se conhecem inúmeras espécies que se utilizam da mesma técnica como anfíbios, peixes, insetos, vermes e, claro muitos dos mamíferos.
“Sem a mentira, a vida em sociedade entraria em colapso. Se você dúvida disso, basta imaginar o que seria a vida se você resolvesse dizer a todos os seus amigos o que realmente pensa de cada um deles”, está foi a frase do filósofo e psicólogo evolutivo David Livingstone Smith, diretor do Instituto de Ciência Cognitiva e Psicologia Evolutiva da Universidade da Nova Inglaterra, EUA. Ele reforça o tema afirmando que “Além disso, em muitos aspectos, mentir é um passaporte para o sucesso nos negócios, na política e na vida social. Indivíduos que não sabem mentir são párias sociais. ”
Diante a esse contexto, algumas das histórias relatadas por Richard W. Byrne no livro The Thinking Ape, são quase anedóticas. “O ato de mentir consiste em ler a mente dos outros e tentar manipulá-la. É como se você tivesse que entender as motivações do outro e usar esse entendimento em seu benefício. Para algumas pessoas, a habilidade de prever o comportamento dos outros é unicamente humana. Mas, pesquisas recentes afirmam que chimpanzés, gorilas, orangotangos e bonobos também são capazes disso. A habilidade que algumas espécies têm de adivinhar o que a outra busca e de antecipar suas reações favorece o engodo, a mentira e a dissimulação”, afirma Byrne.
A arte do disfarce atravessa toda a história da humanidade, desde os primeiros relatos escritos como as fascinantes histórias de Gilgamesh e Ulisses, datada de aproximadamente entre 2800-2500 A.C. A cultura humana representada pela arte é o maior exemplo de que as histórias compostas com a mais rica estrutura criativa sejam tão fascinantes pelo fato de que a mentira sempre compôs a imaginação do ser humano. Fato é que a mentira esta intrínseco em cada um de nós, sendo conciso com a própria composição de nossa mente humana, na formação de ideias e pensamentos, no desenrolar das próprias lembranças, nas descritas de nossas próprias histórias, e que muitas vezes de tão reais em nossa mente, tornam-se verdades aos nossos olhos. Como escreveu o escritor e humorista norte-americano Mark Twain no início do século XX: “Todos mentem… todo dia, toda hora, acordado, dormindo, em sonhos, nos momentos de alegria, nos momentos de tristeza. Ainda que a boca permaneça calada, as mãos, os pés, os olhos, a atitude transmite falsidade”. Mentir é o fundamento para a condição humana ser vivida dentro de um ambiente social.
Se ainda não entendeu porque mentimos com tanta facilidade é talvez porque ainda não refletiu sobre o assunto e percebeu que mentimos porque na verdade funciona. Em outras palavras, aquele que melhor mente também é aquele que melhor se dá bem, e aqui não quero dizer sob a visão do homem contemporâneo, na perspectiva material e de bens; imagine como era a vida dentro do processo evolutivo a 100 ou 200 mil anos atrás. Pense então na concepção da raça humana em tirar vantagens da mentira para a sobrevivência, sob a perspectiva das necessidades instintivas fundamentais do ser humano que é a reproduzir, se alimentar e sobreviver. Se então perguntar: Por que mentimos? Logo a resposta a essa pergunta é: Simples! Porque funciona! E funciona tão bem que sempre foi capaz de mover a máquina da evolução.
Agora, diante da perspectiva com ser humano é necessário entender que o ser humano é um ser necessariamente social. Não vive no isolamento. Nem mesmo somos capazes de sobreviver ao nascimento sem que haja outra pessoa para nos alimentar. Nossos extintos são muitos “pobres” diante aos desafios da vida para sermos capazes de viver no isolamento. Por isso, como ser humano, devemos sempre e nos enquadrar aos sistemas sociais. A concepção lógica de nosso cérebro responde sempre diante e a perspectiva adaptativa social e para sermos bem-sucedidos em relação a necessidade de sobrevivência é fato que a mentira irá nos ajuda.
Por isso o que há é uma complexidade da convivência social entre os humanos. A um jogo constante entre os humanos que, focado justamente no mecanismo psíquico de se dar melhor seja para facilitar as relações sociais, mesmo para manipular ou até mesmo conquistar algo que desejamos. Além do que não podemos deixar de considerar que realmente existe uma correlação entre popularidade social e habilidade de enganar.
É muito importante entender o conceito da mentira para o aprimoramento consciente da pessoa que somos e principalmente para o aperfeiçoamento de nosso comportamento moral, permitindo uma convivência ética melhor. Ao refletir sobre nossas atitudes diárias, quase sempre não percebemos, mas muitas vezes mentimos para nós mesmos com o intuito de justificar muitas de nossas próprias ações. Nosso cérebro tem um talento inato de justificar muitas de nossas atitudes obstruindo a lógica das coisas. Fato é que neurologicamente falando, fazemos de tudo para nos distanciar da dor e sofrimento, por isso sempre é mais fácil encontrar desculpas para nos afastar de nossas próprias responsabilidades e inconscientemente acabamos mentindo para nós mesmos.
OS SINAIS DA MENTIRA
Será que há bons mentirosos? Para responder essa pergunta primeiro temos que entender que nem todos sabem mentir bem como também são poucos aqueles que realmente conseguem sustentar uma mentira por muito tempo. Mentirosos que se sentem desconfortáveis e ficam nervosos com suas próprias atitudes, bom, esse realmente são péssimos com a mentira.
Quase sempre, todos nós somos traídos pela própria linguagem, seja verbal ou corporal. Apesar do cérebro humano possuir intrinsecamente artifícios de sobrevivência que são naturalmente sustentados para algumas mentiras, o próprio comportamento humano é capaz de apresentar verdadeiras armadilhas que entregam elas. Freud disse certa vez que: “Quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir, se convence que os mortais não podem ocultar nenhum segredo. Aquele que não fala com os lábios, fala com as pontas dos dedos: nós nos traímos por todos os poros. ”
Em outras palavras, quase sempre, ficamos ansiosos e nervosos quando mentimos. É comum encontrar aqueles que ao mentir, procuram romper o contato visual, por exemplo, mostrando que algo não está certo. Para aqueles que não dominam sua própria emoção, tornam-se reféns dos movimentos ideomotores e diante a sua crescente ansiedade ao mentir, suas ações passam a ser expressas seja no tom de voz, no avermelhamento do rosto, na transpiração, na coceira na ponta do nariz ou mesmo nos pequenos movimentos pelo corpo como nas pernas, nos pés, nas mãos, além das evidências nas expressões que revelam muito e quase nunca são passiveis de controlar. Justamente esta falta de controle pode nos trair.
E o inverso, funciona? A resposta é óbvia, não!
Podemos pecar e nos expor ao tentar forçar o controle sobre todos os sinais que uma mentira pode ser representada, direcionando energia para manter o controlar do tom da voz e lutar contra os movimentos ideomotores, evidentes quando estamos ansiosos, nesse caso, iremos deixar óbvio de não agir naturalmente e logo despertaremos a suspeita que algo de errado existe na situação. Portanto, seja qualquer um dos casos, prejudicaremos nosso próprio esforço para esconder a mentira e de qualquer forma seremos suspeitos de que há algo de errado acontecendo.
Agora, respondendo a questão inicial – Será que há bons mentirosos? A resposta é sim! Existe um outro extremo e o que há são os verdadeiros “artistas”, que através da sua habilidade emocional liquida, consegue se enquadrar de acordo com sua própria necessidade. Pessoas que conseguem convencê-los de que estão falando a verdade e muitas vezes nos persuadem e nos faz acreditar nas suas histórias mentirosas. Agem com uma forma muito particular, uma habilidade verbal e não verbal que realmente faz a diferença. Se utilizam de palavras certas e os maneirismos que tornam sua história convencedora. Através da sua frieza emocional, tem a capacidade de se manter emocionalmente equilibrado, agindo conscientemente de forma o qual mantem um verdadeiro sincronismo em seus movimentos ideomotores. Estes por sua vez, já são mais difícil de identificar. Isto porque muitas vezes, quase sempre partem de uma história verdadeira para nos convencer, e conseguem omitir e distorcer as informações no qual poderiam revelar sua mentira.
POR ONDE DEVO COMEÇAR PARA QUE EU POSSA IDENTIFICAR MOVIMENTOS CORPORAIS QUE POSSAM REVELAR UMA MENTIRA?
Embora a linguagem corporal revele principalmente emoções, eles também podem mostrar se uma pessoa está sendo mentirosa. A razão pela qual essas sugestões não verbais podem mostrar mentiras é porque quando uma pessoa conscientemente conta uma mentira, cria algum grau de estresse. Esse estresse geralmente se situa na forma de um movimento do corpo. Há sinais não-verbais reconhecíveis que podem indicar que uma pessoa está estressada e possivelmente não é verdadeira. Como a micro expressões. Elas são as expressões faciais involuntárias causadas por emoções. Essas pequenas expressões podem ocorrer tão rapidamente quanto 1/15 de segundo. Embora as pessoas possam fingir algumas expressões faciais, é muito difícil controlar micro expressões. Por isso é possível utiliza-las como indicativo se uma pessoa está sendo verdadeira ou mentirosa. Isso ficou muito conhecido com a série americana Lie To Me, que usava micro expressões como premissa para detectar a mentira.
Um simples caminho para observar a veracidade de uma pessoa através da linguagem corporal, pode ser começando pelos movimentos das mãos. Muitas vezes, quando uma pessoa diz uma mentira, uma de suas mãos vai em direção a própria boca. Este é geralmente um gesto automático de querer esconder as próprias palavras, como se dissesse algo que não quer dizer. Ele fica tentando esconder o que ele está dizendo, porque ele sabe que não é verdade. O interessante que a forma de fazer esse movimento com as mãos tem muito a ver com a idade das pessoas. Uma criança por exemplo, quando diz uma mentira, ela procura tampar por completo a boca. Quando um adolescente diz uma mentira, a mão pode vir para o rosto, mas geralmente não vai cobrir a boca. Em vez disso, ele pode esfregar suavemente a região dos lábios com os dedos. Já um adulto quando conta uma mentira, ele vai lutar contra essa resposta instintiva para cobrir a boca. Então, em vez disso ele geralmente tocará seu nariz ou outras partes próximas em vez de sua boca.
Um outro gesto que indica estresse e possível mentira é quando um indivíduo começa a ajustar sua roupa ou passa as mãos em seus cabelos. Isso é conhecido como grooming. Ele pode começar a querer mexer na camisa, ajustando-a ou brincar com os botões, mesmo que sua camisa não precise de nenhum ajuste. Seu cabelo pode ser perfeitamente penteado, mas ele passa os dedos pelos cabelos para garantir que eles estejam todos no lugar. Esse tipo de pessoa quer ter certeza de que ele está mostrando o melhor para você. Inconscientemente isso pode representar para ele parecer ficar bem, então suas respostas mentirosas irão parecer mais adequadas. Outro sinal comum é que muitas pessoas quando começam a dizer uma mentira começam a corar. Seu rosto ficará vermelho claro revelando que ele está desconfortável com a situação. Para aqueles indivíduos que são capazes de evitar esta vermelhidão, o estresse causado por dizer uma mentira é às vezes manifestado como uma sensação de formigamento na área facial e cervical. Isso fará com que a pessoa esfregue a parte de trás do pescoço. A pessoa pode até mesmo inconscientemente puxar a gola de sua camisa. Este gesto é uma tentativa de melhorar a refrigeração e circular o ar ao redor da área do pescoço para esfriar. As mãos também podem nos dizer se uma pessoa está sendo aberta, ou se ele está sendo fechado e omitindo informações.
Durante uma entrevista, se uma pessoa tem os braços cruzados em seu peito, isso é pode ser uma indicação de tensão. Ele não está relaxado e não está aberto ao que está sendo perguntado a ele. Ainda, o entrevistador pode estar concentrado na entrevista, buscando não perder detalhes das palavras ditas. Com isso o entrevistado fará um esforço consciente para não desviar o olhar. Este tipo de pessoa mentirosa às vezes comete o erro de manter o contato visual demais. Ele literalmente olhará para você enquanto fala com ele. Ele está fazendo o melhor esforço para convencê-lo de que ele está sendo verdadeiro no que está dizendo, e que você deve acreditar naquilo que ele fala. Uma pessoa honesta estará atenta, mas dificilmente ele vai encará-lo.
Mas não desanime, porque se você treinar, você é capaz de recuperar a capacidade de ouvir e observar e terá grande chance de identificar possíveis sinais mentirosos, sabendo efetivamente o que deve procurar, e logo, você poderá melhorar sua capacidade de detectar um mentiroso.
Então eu pergunto: Qual a razão do por que estamos mais susceptíveis a acreditar na mentira?
A resposta é simples: A razão principal pela qual acreditamos na mentira é porque, nesse mundo do imediatismo, quase nunca temos mais tempo para ouvirmos exatamente o que a pessoa está efetivamente dizendo e não damos mais foco na pessoa que está a nossa frente, não prestamos mais atenção naquilo que seu corpo quer nos falar.
Para interpretar com maior eficácia os movimentos não verbais, a primeira grande regra é estar presente e ser um ótimo observador. E a segunda grande regra que você precisa é identificar padrões nos movimentos normais do corpo com a pessoa ser entrevistada, estabelecer uma espécie de calibragem em sua linguagem corporal. Isso pode ser feito no início da entrevista, quando tem a chance de fazer perguntas certeiras para conseguir esse estado. Por exemplo: “Qual é o seu nome?” “Qual é o seu endereço?”, “Qual o seu número de telefone?.” Questões que não devem ser estressantes para a pessoa responder. A partir dessas respostas você já consegue identificar algumas características expressas em forma de movimentos ideomotores. Logo, seguro dos padrões, então começa a o processo de investigação, procurando fazer perguntas mais sensíveis, aonde você pode encontrar os movimentos anormais. Quando as mãos começam a se mover ou os olhos de repente desviam o olhar, isso pode ser um sinal de mentira. Estabelecer a calibragem a partir dos movimentos normais do corpo no início da entrevista é a chave para a leitura de sinais corporais.
MAS SERÁ QUE A LINGUAGEM CORPORAL É PASSÍVEL DE PRECISÃO QUANDO DEVIDAMENTE ANALISADA?
Bom, não é bem assim. Podemos citar com um exemplo comum que vemos muitas vezes por aí que é o ato de querer analisar entrevistas na tv. Isso porque ocorre um problema quando você não tem a chance de estabelecer a calibragem. Por exemplo, você pode ligar a televisão e assistir uma entrevista de uma pessoa suspeita. O problema que as pessoas se esquecem ou não consideram que muitas vezes, para construir a gravação desta entrevista foram utilizados horas entre preparos, regravações, mudanças, etc. No entanto, para a transmissão do programa pela televisão, a entrevista será editada para ter apenas uns quinze minutos, por exemplo. Os editores excluirão algumas das perguntas e respostas no qual consideram sem importância, outras vezes, tentam até torná-las mais interessantes focando a entrevista em determinadas direções. Com certeza aquilo que vai ser transmitido, serão as respostas que irão tratar do motivo em questão. Como o entrevistado exibe vários sinais não verbais, você não pode dizer que suas ações indicam que ele está sendo mentiroso.
Não existe como fazer uma análise pontual sem considerar todo o contexto. Você não sabe o que é normal para ele porque você não conseguiu assisti-lo durante a preparação da entrevista, o inicio dela, portanto não conseguiu fazer uma calibragem precisa de seus movimentos e ações.
Outro problema que há a análise da linguagem corporal é que a informação transmitida através de comunicação não verbal não é específica. Digamos que você estabeleça as normas para a pessoa que está entrevistando. Você pergunta a essa pessoa se ele realizou um determinado ato e ele nega seu feito. No entanto, ao fazer sua negação, ele executa alguns movimentos anormais de como o de esfregar a parte de trás do pescoço ou outros gestos um tanto suspeitos que indicam certa ansiedade. Isso significa que ele está mentindo?
O problema é que no fundo, você não sabe. Em vez de uma mentira esta sugestão não verbal pode significar que ele recebeu uma pergunta muito sensível, que pode estar relacionado a um histórico passado que não sabemos, relacionado por exemplo a seus pais, filhos, etc. Apesar de suas ações nervosas, ele poderia estar respondendo a pergunta com sinceridade. Não é possível termos a certeza sobre determinadas respostas não verbais sem conhecer todos os fatores que compõe o histórico de uma pessoa. É verdade, a linguagem não verbal pode nos dizer se uma pessoa está sob algum estresse, mas não pode ser precisa o suficiente para afirmarmos se a pessoa está mentindo. Já que o estresse nem sempre equivale à mentira. Em, outras palavras, devemos considerar os movimentos não verbais entretanto não podemos cometer o equívoco de julgá-lo já que ele pode estar sendo representado não por causa de uma mentira mas sim por se tratar de um conjunto de informações que compõe o histórico emocional na vida da pessoa, algo que efetivamente pode estar relacionado a uma experiência marcante, uma memória infeliz, uma situação constrangedora, entre tantas outras questões que compõe a vida e a mente humana.
Não podemos jamais deixar de considerar que nosso conjunto de memórias de longo prazo está sempre relacionada a uma sequência de informações emocionais que se correlacionam a outras memórias. O que há de fato é uma inter-relação entre elas e é isso que determina nossas fobias, medos, julgamentos, entre tantas outras crenças que estabelecemos durante a vida.
Além disso, há um problema maior que necessariamente se deve considerar. É preciso entender que toda relação que estabelecemos com o mundo é realizada através de nossos sentidos, e essas informações são interpretadas da forma a qual geram um conjunto de emoções e toda emoção por sua vez irá ser representado por movimentos ideomotores. Fato então que a formação de uma emoção é sempre acompanhada não de um ou outro sentido mais de um conjunto de sentidos, que são decodificados de acordo com os instintos e memórias. Por tanto as emoções são sempre compostas por um conjunto de informações que irá ser transformados em pensamentos e consequentemente representados pelo conjunto de sentimentos. O sentimento virá acompanhado com o próprio histórico da pessoa, ou seja, voltando ao caso da entrevista – a interpretação de uma pergunta para a pessoa que está sendo entrevistada, pode ser representada pelo evento ocorrido em conjunto com outros eventos passados, o que nos da sempre uma margem de dúvida no que a pessoa está efetivamente associando a questão, ao fato em si ou a outras lembranças. Afinal, aquilo que a pessoa está sendo acusada pode ser respondida com um determinado conjunto de movimentos referentes ao fato mas que também está inciso emoções passadas, que por algum motivo, para a pessoa faz sentido.
De fato, Alan S. Cowen e Dacher Keltner, PhD também da Universidade da Califórnia, conseguiram aprimorar os estudos das expressões emocional e identificaram 27 categorias distintas de emoções. Como o conjunto de sentidos são muito maiores do que se acreditava e que sentimos não somente um único sentido por vez, mas sim um complexo de sensações, nada poderia ser diferente senão as redefinições das expressões de emoções. Cowen e Keltner, dizem em seus estudos que somos capazes de vivenciar as seguintes emoções: admiração, adoração, apreciação estética, diversão, ansiedade, temor, estranheza, tédio, calma, confusão, desejo, nojo, dor empática, encantamento, inveja, excitação, medo, horror, interesse, alegria, nostalgia, romance, tristeza, satisfação, desejo sexual, simpatia e triunfo. Como toda emoção gera uma representação, nosso corpo irá demostrar essas emoções expressando através dos movimentos ideomotores.
Cowen e Keltner, perceberam que muitas das emoções são formadas por mais de um conjunto de sentidos, com isso também identificaram algumas mudanças em expressões que antes eram consideradas como emoção, como é o caso da raiva no qual eles explicam que muitas das reações são obscurecidas sobre qual realmente é a emoção no qual a pessoa sente, como a raiva que na verdade pode ser uma manifestação do medo. E isso pode ser exemplificado como no caso de uma perda de emprego ou de um relacionamento, aonde o medo de ficar só ou de não conseguir outro emprego sobrepõe a raiva. Na verdade, você passa a ter o sentimento da raiva, justamente por ter medo. Da mesma forma, uma pessoa pode estar com raiva de ter uma pergunta que ele ou ela não pode responder, porque essa pessoa teme parecer estúpida. Outras omissões notáveis desta lista são ódio e ressentimento, que podem ser compostas justamente pelo conjunto de outras emoções. Assediadores e fanáticos podem muitas vezes ser muito temerosos ou invejosos. “Tudo está interligado“, como explicado por Cowen “As experiências emocionais são muito mais ricas e mais matizadas do que se pensava anteriormente”, Cower ainda diz que “As emoções estão centradas em experiências subjetivas que as pessoas representam, em parte, com centenas, senão milhares, de termos semânticos”.
Com o avanço da ciência, a neurociência em conjunto com os estudos da psicologia, partindo de descobertas como as apresentadas, demostra que o ser humano é algo extremante complexo e que não há ainda um mapeamento cognitivo preciso que possibilite desvendar a outra pessoa somente através da sua linguagem verbal e não verbal, sejam pelas expressões, gestos, maneirismos e comportamentos. São muitas variáveis que se entrelaçam e que podem representar para a outro algo muito diferente do que representa para você. Muitas teorias sobre a capacidade de identificar um mentiroso por exemplo, percorreu o mundo com verdadeiros manuais capazes de “ler a mente” da pessoa. No entanto com essas novas descobertas e com novos estudos comportamentais o que se sabe hoje é que esses estereótipos raramente são verdadeiros.
Estudos importantes sobre o assunto estão cada vez mais sendo publicados, como o realizado por mais de dez anos junto a equipe da pesquisadora Bella M. DePaulo, também na Universidade da Califórnia, ou como pelo pesquisador Charles F. Bond da Universidade do Texas ou ainda Aldert Vrij da Universidade de Portsmouth, que estudaram sistematicamente os sintomas físicos que acompanham a mentira. Todos eles concluíram que praticamente todas as teorias sobre linguagem corporal relacionada a esse tema NÃO são tão factíveis assim.
AS PRINCIPAIS TÉCNICAS E FERRAMENTAS PARA DESCOBRIR UM MENTIROSO
Para buscar uma solução que confrontem o mundo violento em que estamos, atualmente as autoridades de investigações baseiam a análise da mentira dos investigados utilizando as mais modernas tecnologias. O polígrafo, por exemplo, desde seus primeiros modelos criado pelo psicólogo de Harvard William Mounton Marston, em 1913 e depois mais tarde em 1921, aprimorado ao que muito se assemelha até hoje pelo PhD em ciência forense e oficial de polícia John Larson, passou por um processo de melhoria desde sua criação e com o avanço tecnológico demostra hoje na maioria das agências de poligrafia, uma precisão de detectores de mentiras em média de 86%.
Seu princípio é que ele registra a pressão sanguínea de uma pessoa, taxa de respiração, pulso e transpiração (Para ser chamado de polígrafo mesmo hoje, o equipamento precisa monitorar pelo menos três sistemas diferentes do corpo – Entendeu???). O examinador de polígrafo iniciará o teste perguntando ao sujeito várias questões que ele deve ser capaz de responder com sinceridade. Isso ajuda o examinador de polígrafo a estabelecer a calibragem em um intervalo normal para o assunto. À medida que o examinador faz perguntas sobre a investigação, ele está procurando por qualquer alteração nos sinais vitais do analisado. Uma mudança significativa, como uma frequência cardíaca mais rápida ou um aumento na taxa de respiração, indica que o sujeito está mentindo.
Um outro instrumento muito utilizado é o VSA – Análise de estresse de voz. Uma máquina que mede as frequências da voz humana. O estresse provocado pela mentira causa tremores nas cordas vocais que alteram a voz da pessoa. Embora essas mudanças sejam impossíveis de ouvir com o ouvido humano, a VSA pode detectar esses tremores musculares. Quando a máquina percebe que a pessoa não está mais falando dentro dos índices normais, é uma indicação de que a pessoa está mentindo.
Instrumentos como o polígrafo e o VSA são ferramentas muito úteis e que fique claro, não são as únicas, porém são as mais conhecidas. No entanto, eles não são muito práticos e passíveis de utilização nas necessidades de análise diárias. Sem a ajuda de uma máquina, existem apenas três maneiras de determinar se alguém está mentindo. Isso pode ser feito por: Examinando e Autenticando a Declaração feita pela pessoa (Statement Analysis), observando a Linguagem Corporal e estudando a Caligrafia.
ENTÃO QUAL A MELHOR FORMA DE SE FAZER UMA ANÁLISE MAIS CRITERIOSA PARA IDENTIFICAR UM MENTIRA?
Como dito anteriormente, sem a ajuda da tecnologia, existem apenas três maneiras de determinar se alguém está mentindo. Isso pode ser feito por: Examinando e Autenticando a Declaração feita por uma pessoa (Statement Analysis), observando a Linguagem Corporal e estudando a Caligrafia.
Diante a essas três opções somente a Statement Analysis tem um alto índice de assertividade na análise, ultrapassando os 80% dos acertos, enquanto a linguagem corporal e análise da caligrafia esteja por volta dos 40% a 50%, conforme já demostrado em diversas pesquisas e estudos científicos que tratam esse assunto com seriedade no mundo.
A diferença da Statement Analysis ou também conhecida como análise de declarações (SA) é que ela parte do fundamento de que as pessoas sempre declararão aquilo que efetivamente querem dizer e sua declaração é sempre com base em todos os seus conhecimentos daquilo que vai falar. Portanto, sua declaração pode incluir informações que não pretendiam compartilhar. Fato que é quase impossível dar uma longa declaração mentirosa sem revelá-la. A Statement Analysis é uma técnica muito especifica no qual baseia-se na próprio vocabulário e idioma, especificamente na escolha e definição das palavras, posicionamento bem como as regras da gramática.
O QUE É STATEMENT ANALYSIS
Nós tendemos a falar sobre o que é importante para nós ou está mais recente em nossa memória. Nós revivemos nossas experiências sequencialmente em nossa mente e tendendo o assunto seguir uma consistência em uma ordem coerente. Os mentirosos mais comuns procuram omitir mais informações e não conseguem desenvolver uma fluidez, e quase sempre não declaram em uma sequência tão clara e objetiva. Mas isso não é tudo, a técnica traça uma análise sistemática peculiar na forma de analisar uma declaração.
Premissa básica para essa técnica é pedir para verbalizar! E quando não tiver certeza faça a pergunta da forma correta!
A Statement Analysis é hoje considerada a forma mais eficiente para se analisar a declaração de uma pessoa, depois dos equipamentos eletrônicos de precisão, com uma eficácia superior a 80% nos acertos na identificação mentiras e/ou omissões em uma declaração. A grande vantagem é que você não precisa estabelecer nenhuma norma. Na maioria das vezes você pode olhar para uma pergunta e uma resposta e determinar se a pessoa está respondendo à pergunta com veracidade. Você pode analisar uma declaração e obter informações adicionais importantes dela. Isso é tudo possível porque as pessoas querem dizer exatamente o que estão dizendo. Análise de declarações geralmente é muito específica porque as pessoas querem dizer exatamente o que dizem e quando se sabe utilizar das técnicas, torna-se possível entender efetivamente o que a pessoa está dizendo por trás das próprias palavras declaradas.
Essa técnica foi criada por Avinoam Sapir, uma antigo Tenente da polícia israelense, com base em muitos anos de experiência em interrogatório e assuntos ligados ao serviço secreto de Israel e somente nos últimos anos é que está se tornando teoricamente embasado com reconhecimento científico em todo mundo pelo seu alto índice de eficiência. Sendo utilizado pelas principais autoridades de investigações criminais em diversos países no mundo entre eles, Israel, EUA, Inglaterra, Espanha, França, entre outros. Sapir chama isso Análise de Conteúdo Científico ou SCAN, Scientific Content Analysis, que examina do Começo a Fim, Open-ended, declarações verbais, escritas e faladas onde é analisado tudo aquilo que compõe a declaração. O objetivo inicial de seus estudos foi destacar as áreas de um texto que exigem esclarecimentos como parte de uma estratégia de entrevista, com o aprimoramento da técnica, muitas questões são claramente identificadas na declaração e com eficácia é possível identificar as omissões e os pontos divergentes que possam caracterizar uma mentira.
Por exemplo, quando se desenvolve a habilidade de utiliza-la, percebe-se desde o começo que mentirosos já começam sua história pensando no que dizer. Isso não significa que eles estão querendo dize-la toda, mas sim que irão falar aquilo que entendem que podem falar e excluir outras partes da história.
As pessoas têm uma tendência a apenas dizer parte da história inteira. Desta forma, a pessoa não relaciona todos os detalhes que tenham vivenciado. Porque isso, muitas vezes, pode demorar muito e para um mentiroso nem sempre isso é bom. Então “editamos” todo o contexto, criando, omitindo, generalizando ou distorcendo em versões condensadas no qual é considerada importante incluir na declaração. Nós também fazemos isso em uma conversa. E é isso torna-se a Statement Analysis muito diferente de outras técnicas, pois ela leva em consideração apenas as palavras usadas pela a pessoa e o que há de sentido por trás de cada uma delas.
Statement Analysis pode ser aplicado em qualquer lugar que há uma “declaração aberta”, em que a resposta é qualquer coisa que o autor escolha dizer. A Statement Analysis trata apenas das atividades que ocorreram, em outras palavras não analisa aquilo que era intenção que pessoa tem em fazer, pelo contrário, é o que as pessoas disseram e que efetivamente fizeram. Por exemplo, “Eu não faria isso”, muitas vezes uma frase como essa pode ser tomada como uma negação, mas ao analisar, fica claro que não é uma negação da atividade passada. É uma declaração de intenção, informando-nos o que o sujeito não faria, no tempo futuro do pretérito. Isso não é o mesmo que dizer: “Não tenha feito … ” ou ” eu não fiz”.
Statement Analysis é uma ferramenta para ajudar a obter e avaliar informações. Não é algo que é passível de se fazer através de computador, por exemplo. Pois existem uma sequência de conhecimento para análise que é necessária uma avaliação mais atenta que envolve o universo da gramática utilizada, logo, se for utilizar um editor como o word por exemplo, para desenvolver uma declaração o próprio editor de texto poderia corrigir e maquiar o que a pessoa efetivamente está querendo dizer, tornando-a imprecisa. Se a declaração for feita pela própria mão do autor, por escrito, fica ainda melhor, e muito mais precisa. Portanto, a SA observa e analisa cada ponto de uma declaração, seja indicando: mentiras, omissões, meias verdades, pistas falsas e a verdade.
Lembre-se, as pessoas sempre irão dizer o que eles querem dizer e muito do que eles dizem será verdade, mas é verdade a partir de qual perspectiva? Sob essa análise, isso ficou conhecido como Lei Millers. A lei de Miller é parte de uma teoria da comunicação formulada por George Miller, professor de psicologia na Universidade Rockefeller, no Instituto Tecnológico de Massachusetts e na Universidade Harvard, onde ele foi presidente do Departamento de Psicologia. Ele atuou na área de pesquisa da Universidade de Oxford e como presidente da Associação Americana de Psicologia. Sua tese instrui-nos a suspender o julgamento sobre o que alguém está dizendo para que possamos primeiro entender sem julgar sua mensagem com nossa própria interpretação. Podemos aceitar que o que eles nos dizem é verdade, mas determinar o que é verdade? A regra declara: “Para entender o que outra pessoa está dizendo, você sempre deve supor que seja verdade e tente imaginar o que poderia ser verdade”.
O objetivo não é aceitar cegamente o que as pessoas dizem, mas fazer um melhor trabalho de ouvir para entender. Isso ajuda a evitar viés. “Imaginar o que poderia ser verdade” é outra maneira de dizer para que considere as consequências da verdade, e também fazer pensar em o que deve ser verdade para que a “verdade” do declarante faça sentido. Esta aceitação inicial da verdade é essencial para ajudar a evitar falsos interpretações. Quando iniciamos a entrevista com a convicção de que estamos querendo, essa tendência pode nos fazer ler falsamente “entre as linhas”, e acabamos por julgar de acordo com nossas emoções e sentimentos. Entre outras, existem duas importantes razões do porquê uma pessoa escolhe não mentir:
1) GASTAR ENERGIA: As pessoas escolhem não mentir porque seu próprio inconsciente sabe que aquilo irá gerar um estresse desnecessário. Uma mentira irá gerar um estresse em todo corpo, consequentemente sua linguagem verbal e não verbal irá revelar. Logo, A MENTIRA GASTA ENERGIA, como por exemplo:
• Aumento da pressão e batimento cardíaco.
• A pessoa começa a ficar inquieto.
• Se mexer na cadeira.
• O pescoço e outras áreas frágeis, começam a ficar mais vermelhas.
• A pessoa começa a passar a mão em seus cabelos.
• Quando fala, tem um olhar distante.
• Etc…
A pessoa irá se deparar com um terror emocional tendo a consciência que ela pode ser traída pela sua própria emoção. Assim, a maioria das pessoas preferem não falar uma mentira.
2) A PESSOA NUNCA SABE O QUE A OUTRA PESSOA SABE: Um dos maiores “MEDOS” de uma pessoa é justamente mostrar sua vulnerabilidade quanto ao próprio caráter.
Por isso é de substancial importância saber que uma declaração escrita ou falada é uma narrativa relativa a um evento vivenciado pelo autor. Todas as narrativas são analisadas de forma totalmente imparcial dos eventos, focando na reconstrução da realidade baseada na memória dos autores que representam algum significado para eles, que constantemente manipulam pontos, selecionando ou omitindo eventos e mudando-os, quando entendem ser necessários. Portanto, a narrativa é avaliada quanto à sua clareza e uso de palavras.
POR QUE STATEMENT ANALYSIS FUNCIONA?
Apesar das inconsistências, a riqueza linguística da língua portuguesa permite que uma pessoa se expresse de várias maneiras. Através do uso de sinônimos, gírias e um dialeto local, o que permite geralmente formar de diversas formas as frases que pretendem apresentar. O que a maioria das pessoas não percebe é que eles sempre farão sua declaração com base em todos os seus conhecimentos. Portanto, sua declaração pode incluir informações que não queriam revelar. Mesmo que eles sintam que estão compartilhando informações muito pequenas, as pessoas irão fornecer-lhe mais informações do que eles percebem. Para pessoas habitualmente mentirosas, pode ser difícil separar os fatos das mentiras que estão falando.
No entanto, em algum momento em sua declaração, a verdade irá surgir. Isso ocorre porque os verdadeiros sentimentos de uma pessoa influenciam a forma como ele frases sua declaração. Para o entrevistador, muitas informações podem ser obtidas examinando o idioma do sujeito. Statement Analysis é o processo de análise das palavras de uma pessoa para ver se a pessoa está sendo verdadeira ou não. Essas técnicas também revelarão informações adicionais dentro da declaração da pessoa. Portanto as técnicas de Statement Analysis são muito precisas por três razões fundamentais:
- Primeiro, a maioria das técnicas baseia-se em definições de palavras. Cada palavra tem um significado. Quando você combina isso com o fato de que as pessoas querem dizer exatamente o que dizem, torna-se possível determinar o que uma pessoa está lhe dizendo e se a pessoa está sendo verdadeira. Se uma pessoa diz: “Eu acredito que vou comprar um carro novo”, é exatamente o que ele quer dizer. Ele não disse que vai comprar um carro novo. Portanto, você não pode imaginá-lo comprando um carro novo. Se uma pessoa presa por um crime diz: “Eu vou declarar inocente”, teremos que questionar sua inocência. Uma pessoa inocente seria mais definitiva e diria: “Eu sou inocente”.
- Em segundo lugar, algumas das técnicas de Statement Analysis baseiam-se nas regras da gramática. Por exemplo, as regras de gramática definem como os artigos são usados em uma declaração. Os artigos indefinidos “um” e “uma” são usados para identificar alguém ou algo que é desconhecido. Uma vez que a pessoa ou coisa foi introduzida, é necessário usar o artigo definido “o, a”, por exemplo. Considere a seguinte declaração de um suposto roubo:
“Eu estava de pé no ponto de ônibus quando um homem se aproximou de mim e me perguntou sobre as horas. O homem então apontou a arma para mim e me disse para lhe dar minha carteira. ”
Você notou algo suspeito nessa declaração? Possivelmente não, isso porque se não prestar realmente a atenção no que ele diz, não será possível analisar os detalhes. Veja: Na primeira frase, a vítima se refere adequadamente ao atacante como “um homem“. Quando ainda o ladrão era desconhecido. Tendo identificado o atacante, então ele se refere corretamente a ele como “o homem” na segunda frase. Um problema surge quando ele se refere à arma como “a arma“. Como está é a primeira vez que ele menciona a arma, ele deveria ter chamado isso “uma arma”. Usando o artigo “a” nos diz que a vítima reconheceu a arma ou ele está inventando a história que foi o caso real nesta situação. Isso ocorreu porque ele estava pensando em colocar uma arma em sua história mentirosa, em sua mente ele já fez a introdução. Portanto, ele usa um artigo que parece certo para ele, mas viola as regras da gramática da qual ele mesmo utiliza.
- A terceira razão pela qual as técnicas de Análise de Declaração são muito precisas porque, quando se aplicam as técnicas, você não está interpretando o que a pessoa está dizendo – Ninguém pode ler a mente de outra pessoa – em vez disso, você está ouvindo exatamente o que está sendo dito. Ao prestar muita atenção a cada palavra falada ou escrita pelo sujeito, é possível determinar se o assunto está sendo verdadeiro ou não. A chave é saber o que e onde procurar em uma declaração.
Se você quiser detectar mentiras, preste muita atenção nas palavras que a pessoa está utilizando. Como as pessoas querem dizer exatamente o que dizem, as técnicas de Statement Analysis são muito precisas. Uma pessoa sempre descreverá sua declaração com base no seu conhecimento. Isso fará com que ele revele mais informações do que ele percebeu. Ao contar uma história mentirosa, a pessoa não terá uma memória para confiar. Isso pode fazer com que ele use os pronomes, os tempos verbais, os artigos, número de palavras e as referências do tempo, inconscientemente. Pode haver partes de sua declaração que estão fora de ordem porque ele não pode lembrar precisamente de coisas que realmente não aconteceram, ou um artigo errado por não ter o fato concreto na memória, pode também usar palavras desnecessárias ou em excesso para tentar reafirmar uma mentira bem como não pode não conseguir determinar o sincronismo do tempo por algo que diz não ser real . Lembre-se, ao analisar uma declaração, você NÃO está interpretando o que a pessoa disse. Em vez disso, você está analisando detalhamento o que a pessoa efetivamente colocou em palavras.
Homer Simpson (aquele do desenho) resume melhor quando ele diz: “É preciso dois para mentir; um para mentir e um para escutar. “ Se você não está ouvindo o que uma pessoa está dizendo, você pode estar permitindo que ele declare uma mentira. Analisar as palavras de uma pessoa com certeza, irá fornecer a melhor oportunidade para detectar mentiras.
EXEMPLOS – STATEMENT ANALYSIS
O que as pessoas realmente estão dizendo com estas frases?
Segue uma análise bem simples, apenas como exemplo os mais fáceis para compreender o uso do SA a partir de fatos reais. Aqui está sendo usado como base apenas algumas poucas técnicas de análise:
1º. Certo político sendo acusado de corrupção, declara: “ Pessoal, por favor, quero que entendam, eu estou aqui tentando ser o mais honesto possível! Eu quero ajudá-los”.
Análise: Está explicito que ele vai tentar ser honesto. Tentar não é o mesmo que serhonesto. Querer ajudar não é o mesmo que ajudar. Há óbvia omissão na frase.
2º. “Eu estou muito feliz com a minha vida privada, após todos estes anos servindo o país. Eu não tenho planos para concorrer por um cargo político. ”
Análise: Não ter planos não é o mesmo que não será futuramente. Não há uma negação. É evidente que o assunto permeia seus pensamentos para uma análise futura.
3º. Advogado falando em nome do seu cliente: “Ele não estava lá, então ele não pode dizer o que aconteceu entre os dois carros. ”
Análise.: Não poder dizer não é o mesmo que não ter nada para dizer ou desconhecer o que aconteceu. Emissão óbvia do acusado sustentada pelo advogado.
4º. Propaganda de um astrólogo na TV: “Veja como podem ser precisos a leitura das estrelas. ”
Análise: Poder ser preciso não é o mesmo que ser preciso. Logo, o resultado é duvidoso.
5º. Acusada de matar os próprios filhos, fazendo uma declaração na tv: “Eu gostaria de dizer para quem quer que tenha meus filhos, que eles por favor, eu quero dizer, por favor, tragam eles a casa para nós de onde eles pertencem. ”
Análise: No seu depoimento ela tinha reconhecido o sequestrador, descrevendo e informando que foi um único homem. Mas em sua declaração na tv ela contrária todo seu interrogatório. Mentira e Omissão.
6º. Entrevista concedida em um canal de tv por um marido no qual declarou sua esposa como desaparecida:
Repórter: Que tipo de esposa ela é?
Marido: Deus, a primeira palavra que vem em minha mente é, você, você sabe, maravilhosa. Eu digo nós cuidamos um do outro, muito bem. Ela era incrível. Ela éincrível.”
Análise: Aqui há vários sinais de incoerência e omissão. Por exemplo, argumentação, excesso, tempo verbal e incongruência gramatical.
Para auxiliá-lo veja, que entre outros, há um sinal bem óbvio para você que ainda não conhece todas as técnicas. Nesta entrevista a esposa ainda estava desaparecida, entretanto para referenciá-la, ele usa primeiro o tempo no presente, depois passado e depois presente. Quando usa era é como se ele já tivesse conhecimento do que ocorreu com ela. Perceba que logo em seguida ele busca corrigir o uso do verbo no presente. Incongruência verbal é um Erro comum quando a pessoa cria a história.
7º. Polícia: “Quando foi a última vez que você esteve naquele local?
Acusado: “Eu não sei. Eu realmente não poderia falar a você. Isto deve ter sido um par de meses.
Análise: Dificilmente uma pessoa irá depor algo que lhe prejudique, por isso ele usa a frase eu realmente não poderia falar a você, como uma forma evidente de omissão.
8º. Repórter faz uma entrevista com um famoso atleta que foi acusado de uso de esteroide: “Deixe me perguntar apenas uma questão geral. Você durante sua carreira de jogos usou esteroide?
Atleta: Eu nunca usei esteroide. Nunca performei utilizando esteroide. ”
Análise: Fato é que ele havia sido pego no teste antidoping dois dias antes desta entrevista. Entre outros pontos, veja que o repórter pergunta: Durante sua carreira….? Perceba quando ele responde ele está sugerindo o uso no passado, mas não está respondendo no tempo presente. Ele pode não ter usado em jogos no passado (durante toda a carreira), seja a um, dois, três meses ou anos atrás, o que não quer dizer que ele não usou no fato presente da acusação. Nunca é diferente de não. Veja: Eu nunca usei esteroides é diferente de eu não uso esteroides.
9º. A entrevista de um famoso presidente:
“Repórter: Você tem utilizado drogas ilegais?
Presidente: Eu nunca quebrei as leis em meu país. ”
Análise: Ele deixa claro que no seu país ele não quebrou a regra, porém evidentemente que ele não nega o uso em outros países. Como foi o caso.
10º Repórter pergunta ao acusado de um ato terrorista:
Você já construiu uma bomba?
Acusado: Eu nunca tive minha mão em uma. Eu costumava ver outras pessoas fazê-lo. Não vou entrar nisso.
Análise: Ele deixa claro que ele pessoalmente não mais que já viu pessoas fazerem, fato evidente que está omitindo informação. Estar acostumado é algo relevante ao fato de estar familiarizado com isso.
11º Resposta de uma esportista acusado de violência contra outra atleta:
“Eu não sei de nada. Não sei , com certeza, algo sobre o que está acontecendo. “
Análise: Com certeza, são palavras em excesso. Perceba que o que ele efetivamente está dizendo é que que ela apenas não sabe de todos os detalhes.
12º Sogra acusada de ser a mandante do assassinato da própria filha: “Eu tive esse caso com ele para proteger a minha filha”
Análise.: Distância relacional: Existe um distanciamento entre “eu”, “ele” e a “filha”. O que indica falta de proximidade ou intimidade. Neste caso “ele” é mais importante do que ela – Normalmente ocasionados por conflito.
13º Ainda da sogra acusada de ser a mandante do assassinato da própria filha:
Sogra: “Planejar a morte da minha filha?!. Jamais”
Análise: Responde com uma pergunta. “Jamais” não significa “Não”. Jamais é uma dúvida, não quer dizer nem “Não” e nem “Sim”. A omissão quanto ao planejamento da morte, e isso não isenta ela de ter participado, fato que aqui ela não está negando.
14º Entrevista com um certo ator que acusa um diretor de tv de ter acabado com a carreira dele.
Repórter: “O diretor apenas não gostou de você, ou vocês tiveram alguma desavença. Você pode contar o motivo? ”
Ator: “Nós tivemos uma desavença, que foi ali que eu vi que a minha carreira iria acabar. Eu fui pego por aqui por ele ó!… Chegando com o meu texto decorado.
Análise: Há uma divergência do tempo ocorrido: Primeiro você chega com o texto decorado, tem a desavença e depois você é agarrado – Indicação de estar criando uma história.
RESUMINDO
Portanto lembre-se que quanto maior o conhecimento que você desenvolver sobre as técnicas que hoje existem para se fazer uma boa análise mais preciso você será em suas avaliações. Por isso, mesmo que não seja tão preciso quanto a Statement Analysis, você também deve aproveitar o conhecimento da linguagem corporal, com certeza será muito útil para sua análise, com esse conhecimento você será muito mais preciso diante a compreensão daquilo que realmente a pessoa pode estar dizendo a você além de suas palavras. Pois afinal, ao realizar uma análise com base em um conjunto maior de informações, podemos ser capazes de desenvolver uma percepção mais sensível e do fato, sendo muito mais preciso.
Não se esqueça, é praticamente impossível dizer uma mentira e não a representar através da linguagem verbal e corporal. Sempre haverá algum sinal que pode reforçar e ajudar a você a saber o momento de interromper e fazer a pergunta certa sobre a dúvida que aquele contexto pode estar indicando.
Além disso a linguagem corporal pode trazer muitas outras informações que vão além somente da verdade ou mentira. Através dela é possível observar se a pessoa está a vontade, se sente confortável, se está apta a manter uma conversa. Também é possível identificar seu humor, sua disponibilidade, sua vontade, seus anseios, entre tantas outras informações que a técnica pode nos ajudar a encontrar.
Em todos estes anos estudando profundamente o comportamento humano, não me convenci e não encontrei nenhum estudo cientifico comprovado que ateste os resultados de análises da mentira através da caligrafia. Isso não quer dizer que não funciona, é mais uma ferramenta que pode ser utilizada para aprimorar a precisão e ajudar a esclarecer dúvidas.
Se você estiver analisando uma declaração escrita, vale a pena também identificar alguns traços importantes em sua caligrafia. Fato que é possível identificar na forma descrever alguns traços que podem ser importantes para serem observados, como: o capricho, ansiedade, nervosismo, medo entre outros pontos que são muito visíveis no formato de uma declaração e que podem nos auxiliar na conclusão de um fato. Como por exemplo, a representação das linhas que atravessam a página. Se elas são escritas retas e paralelas umas às outras ou uma linha flui para cima ou para baixo? As palavras que são escritas com forte pressão ou grande espaçamento entre as palavras. Há muitos sinais que podem sim representar alguma discrepância, bem como o próprio ato de riscar as palavras, utilizada como técnica da SA.
Diante ao meu ponto de vista, e ao pouco conhecimento que tenho sobre o assunto, dos três métodos que apresento, a análise da escrita, oferece poucos recursos concretos para detectar mentiras. No entanto, ao examinar uma declaração escrita, você ainda deve sim utilizar dessa técnica. Se uma pessoa está sendo mentirosa, suas palavras, ações e estilo de escrita poderão demostrar muito mais do que as próprias palavras.
Então lembre-se que é quase impossível para uma pessoa dizer uma mentira e não exibir algum tipo de sinal que o trairá. Portanto, sempre haverá sinais para o entrevistador atento ver. E agora, você já sabe, existem recursos suficientes para você se tornar um expert no assunto. Para isso basta se interessar, estudar muito e praticar sempre!!!
Para fechar, segue onze regras de ouro que deve sempre considerar diante uma análise:
1º. Efetivamente ouça o que a pessoa está dizendo.
2º. Acreditar no que a pessoa disse a você.
3º. Não interpretar o que a pessoa está dizendo. Ela está dizendo exatamente o que quer dizer.
4º. As pessoas dificilmente mentem. Acredite, as pessoas não querem falar uma mentira.
5º. Analise só o que está dizendo.
6º. Quando uma pessoa vai começar a mentir, talvez ela fale a você a verdade, mas não toda a verdade.
7º. As pessoas preferem omitir do que mentir.
8º. Tudo que a pessoa diz tem um significado.
9º. Há uma razão do porque a pessoa escolheu colocar certas informações na sua história.
10º. Há sempre um motivo e intenção na frase feita por uma pessoa.
11º. Há também uma intenção do caminho que a frase segue.
Caros amigos se quiserem saber mais ou fazer um dos meus treinamentos, entre em contato, terei todo o prazer em atendê-lo.
Obs.:
[1] Polígrafo: Também conhecido como detector de mentiras é um aparelho que mede e grava registros de diversas variáveis fisiológicas enquanto um interrogatório é realizado, utilizado para tentar identificar mentiras num relato.
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KANDEL, Eric R., SCHWARTZ, James H., JESSELL, Thomas M., HUDSPETH, A.J. Princípio de Neurociências. Artmed Editora. 2014
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7 Comentários
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