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AS DIFERENÇAS E OS NARCISISTAS

O fato de você não ser capaz de ver nas outras pessoas suas diferenças tende a levar à relação, seja ela qual for, ao fracasso. O ser humano por natureza, busca sempre encontrar em suas relações, pessoas no qual se aproxima nas semelhanças sejam pelo comportamento, pela forma de pensar, pelo conhecimento, enfim, cognitivamente está sempre dando muito mais oportunidades nas relações em permitir com que os afetos sejam ocasionados pelas semelhanças e não pelas diferenças, entretanto, está em reconhecer e aceitar as diferenças a maior possibilidade de uma relação permanecer. Em outras palavras, os semelhantes se aproximam, mas são os que aceitam as diferenças que permanecem juntos.

Mesmo que a outra pessoa possua traços semelhantes ela não é por inteiro igual e quando não se permite a consciência disto, se está fardado a fracassar nas relações. Os seres humanos por natureza são seres exclusivos. Desde a biologia humana e toda sua composição estrutural, são únicas. As experiências vividas são especificas para cada um, e não serão repetidas, assim também é o próprio pensamento e a própria relação com a vida. Todas as percepções da psique humana, sempre serão únicas e cada um interpreta a vida da sua forma, diante as experiências privadas de cada um. O mesmo são as sensações. Pode-se compartilhar de momentos felizes, momentos tristes, pode-se estar ao lado na alegria, como também estar juntos na dor e na tristeza, mas as emoções e sentimentos em todas as relações da vida pertencem unicamente a cada um e não é possível sentir na essência exatamente o que o outro está sentindo, pensando o que o outro está pensando e muito mesmos desejar o que outro deseja.

As relações são uma espécie de confirmação dos próprios interesses. De certa forma, espera-se que alguém possa confirmar a sua própria identidade. Entretanto, o outro nunca é capaz de fazê-lo, pelo contrário, despossuíndo as identidades. Em outras palavras, o outro não é apenas aquele que constitui e lhe garante o seu sistema individual de interesses e dos predicados que compõe a particularidade do seu ser, ele é aquele que desampara, pela condição que cada um deveria se apresentar como plurais, completos, e os desafetos ocorrem justamente por ser mais difícil aceitar que o outro só conseguirá ver as singularidades, em virtude de serem movidos e mesmo desprendidos pelo encontro de desejos e não da alteridade. Não apenas se move na busca de reconhecimento. Todos são movidos por aquilo que está fora de nós, que compõe o estado desejante que justifica, por outro lado, também por algo fora que reside em si mesmo na procura de autenticidade.

 Acredito que um dos maiores problemas dos desafetos hoje é a condição social presente, aonde cada vez mais as pessoas vivem na busca de seu reconhecimento identitário, como uma espécie de condição narcisista. Normatiza a obrigação de não aceitar o outro como imperfeito, já que, de forma imperativa, hoje o mundo se contempla de pessoas que superestimam o que são, desvalorizando sempre aquele que está a sua frente. Neste mundo contemporâneo, aonde as mascarás usadas por cada um representa seu valor, está cada vez mais raro aceitar as diferenças. O grande equívoco, é ambíguo aquilo que se pensa sobre o próprio narcisismo. A condição narcisista é a incapacidade de se reconhecer, uma característica básica de pessoas que tem limitação para administrar seu mundo emocional, já que na verdade, não é suficiente de aceitar a si mesmo como realmente é.

Sofrer pelas imperfeições e cobrar do outro as perfeições, é a ressonância afetuosa voraz nas relações, agente da angustia e sofrimento. Nesta condição, o que há é um vazio existencial, cada um passa então a vestir uma hipocrisia delirante e se ilude em tentar ser aquilo que acha que outro está esperando. A dificuldade do convívio hoje está em aceitar a condição que o verdadeiro sentido das relações sempre será no singular e nunca uma confirmação de quem você realmente é.

O verdadeiro encontro é uma privação dos sentidos daquilo que te obriga a modificar a maneira no qual você intercala a si mesmo, não são seus atributos e seus predicados. Em outras palavras, o que quero dizer é que não é apenas a necessidade da confirmação do seu eu no outro, mas sim, cada um sempre persevera na busca da reinvenção no outro. Não é apenas a auto-confirmação e sim ser capaz de ser aquilo que ainda não foi capaz de ser. Esta possibilidade só existe na admissão das diferenças. Este paradoxo é a própria angustia das diferenças que narcisistas não conseguem conviver.

Torna-se então o maior dos equívocos, a falta de se reconhecer. Por isto é mais fácil transformar os relacionamentos em espelhos. O que se espera ver no outro na realidade é muito de você mesmo, mas ao contrário do que se espera, reverterá naquilo que falta em você, e o que anseia na falta do outro, quase sempre, nada mais é do que a própria projeção. Portanto, não se iluda, com a crítica, o julgamento a desvalorização apontada ao outro, já que muitas vezes é aquilo que não aceita dentro de você. Em outras palavras, a condição narcisista, se escraviza nas mais profundas entranhas e se transforma na incapacidade de aceitar as diferenças transformando a relação em imposições, ameaças e obsessões, diante a um doloroso contexto da falta de autonomia emocional, dando a chance ao outro em fortalecer o próprio ego, que são quase sempre representados em atitudes controladoras, e tomadoras ao mesmo tempo.

A teoria da vida é mais simples que a prática. Aprender a conviver e se relacionar é o maior de todos os desafios, pois é um processo vivo, ético, que exige de cada um o amadurecimento diário e que ocorre a cada instante por toda a vida, e representa a virtude essencial de ser quem realmente se é. No fundo o que cada um quer é uma imagem que não seja somente a atual mas sim uma espécie de virtualidade sempre latente no interior do presente, isto é um dado absolutamente decisivo e importante, para que seja possível saber de uma maneira ou de outra, criticar os próprios afetos. A consciência de si mesmo é parte fundamental para definir a qualidade das relações, porque sua falta projetará uma vida social baseada na desconfiança, provações, medo, sempre enxergando o outro como incapaz quando não uma ameaça, um princípio paranoico, ligado a possibilidade da perseguição, da fronteira da identidade, da conservação daquilo que te faz sentido, daquilo que é próprio, que determina seu eu.

Seja pela intolerância social, um estado que representa a indiferença psicológica nas relações, ou mesmo pelo contexto comportamental, de um mundo cada vez mais individualista, talvez o que falta então é o estado pleno de consciência de você com a vida. Consciência de tudo daquilo que se quer, acredita, sabe e deseja. Quando consciente de si mesmo, você consegue viver o presente. No presente é possível se tornar autônomo, pensante, perceptível com a clareza das próprias escolhas, sabendo diferenciar as próprias virtudes e os próprios valores. Tem discernimento para os próprios erros, os próprios acertos, identificando as imperfeições e focando sempre na excelência para o convívio ético entre as pessoas. Com certeza, diante a está consciência, raramente sofrerá com os daquelas antipáticas, maldosas, narcisistas, e não irá cair diante a ataques, ofensas e desrespeitos dos apequenados.

Tomar consciência é, acima de tudo, um despertar da própria alma. É abrir os olhos para o próprio interior e perceber quem você realmente é, e, assim, poder dar o passo e iniciar a tão necessária transformação do próprio ser. Só então é capaz de tomar as próprias escolhas, sonhar os próprios sonhos, desejar os próprios desejos, ou melhor ser realmente você e não mais o outro. Assim, conseguirá curar, se desprender sem se machucar e, simplesmente, avançar em direção ao que você espera de si mesmo.

Quando você consegue estar por inteiro você se torna forte e então poderá oferecer ao outro a certeza que a sua paz, estabilidade, harmonia interna não pertence as forças externas, mas sim exclusivamente a você e ninguém poderá tirar isso porque aquilo que está intrínseco na sua consciência é formada pelos valores que jamais se perderão, permitindo percorrer a vida em um caminho de paz, na presença do presente que com certeza, torna-se mais harmônico para o reconhecer a própria felicidade.