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AS VERDADES SÃO PARADOXAIS

O ser humano não é um ser perfeito, mas é perfectível assim como as relações humanas. A concepção do ser humano está entranhada na condição de se refazer, ininterruptamente, da forma diferente do que já fomos. Através dos registros que acumulamos no viver de nossa história, com as experiências da vida é que torna possível valorizá-la. Históricos diferentes, opiniões diferentes, vivencias diferentes, vão continuamente concebendo a nós mesmos a conjuntura de sermos mais a cada instante, melhor do que ontem, do que a um minuto atrás e do que agora.

Cada experiência vivida trás para vida uma condição a mais de pensar e agir, representa os afetos que estão sempre relacionados ao nosso próprio pensamento. A construção dos nossos pensamentos torna a vida singular, única e exclusiva por que ele também não se repetirá, por isto nada do que vivemos pode se transformar em um determinismo. O milagre da vida é a condição de que sempre poderemos fazer outras escolhas.

São as escolhas que representarão a imagem de quem somos. Somos aquilo que escolhemos para nós. E todas as escolhas são decisões exclusivamente de nossa responsabilidade. Desta não tem como escapar! Nossas vontades e desejos, determinam a essência e precisam quais as razões naturais de todas elas. Está na disposição de existência a questão que perpassa a nossa capacidade de julgar, e a questão que perpassa a nossa condição de agir são variáveis decisivas de nossa consciência humana.

Por isto que a ausência do saber, da compreensão ou do desentendimento de algo não nos tornam apenas espectadores da vida. A simples insipiência de uma situação ou uma recusa diante a ação como pensamento não quer dizer que somos ausentes de responsabilidade. Somos continuamente ser.

Se somos continuamente ser, estamos sempre sofrendo transformações e com elas modificando nossa forma de perceber o mundo no qual vivemos através dos nossos sentidos. Este exercício é continuo e não ter a consciência das transformações não nos tornam cegos, mas prisioneiro da ignorância por escolha própria. A ignorância nos traz a falsa sensação de plenitude e que geram as certezas de quem somos. Nossas certezas são sempre o melhor caminho para fazermos cometer equívocos no qual em muitos deles não teremos uma segunda chance de reparar. São as convicções que, quase sempre, nos levam ao fracasso.

O que se faz o outro também está aberto a fazer para você, e é este o sentido de pensarmos diante a nossa responsabilidade pessoal.

O que nos faz exclusivos no mundo é justamente a capacidade que temos para pensar. Reconhecer os próprios limites é parte do pensar. É através dos pensamentos que conseguimos transformar a existência em consciência e este caminho é o que nos possibilita encontrar possiblidades para não cair na tentação de viver a vida abstraindo da realidade com convicções, certezas que nos direcionam aos achismos, porque este é o caminho mais simples para seguir. Interpretar sem conhecer é o mesmo que alucinar e sofrer.

Não prover da consciência, torna-se um risco, diante as inverdades momentâneas ou convenientes que nos torneiam a todos instantes. O exercício do pensar é algo que devemos fazer constantemente e é a única estratégia do ser humano. É a forma poder reconhecer a própria existência. A estratégia do pensamento é a única maneira pela qual nos oferece como condição seguir com escolhas minimamente razoáveis, mas que então, conscientes se tornam as melhores possiblidades para cada instante de vida. E a razão de sermos capazes de pensar é a condição única de encontrar valor para nosso caminho. Isto porque viver também é estar apto de julgar as próprias ação. E o exercício de julgar a própria ação é que determina o caminho a seguir.

No mito da caverna, Platão questiona a nossa capacidade de perceber o que é realidade e o que é ilusão, ou melhor, alucinações por nós mesmo criadas com nossas verdades. Nele, Platão relata de prisioneiros que estão aprisionados em uma caverna que passam o dia olhando para a sombra em uma parede e acreditam que aquilo é o mundo de verdade. Quando enfim um deles consegue sair deste aprisionamento encontra do lado de fora o mundo de fato e descobre que se guiaram o tempo por aquilo que e irreal, que não é verdadeiro. Será que há alguma razão para acreditar existe um mundo ilusório e o mundo real? Como empreender a vida com a verdade se corremos sempre o risco de nos iludir por falsas interpretações?

 Se há um risco eminente que pode nos fazer acreditar nas ilusões criando legitimas alucinações, fica sempre a questão: Aonde então devemos nos fundamentar?

As verdades são de fato paradoxais. A representação que damos a cada passo em nossa vida pode seguir pelos entrelaces interpretativos de acordo com aquilo que nos faz sentido agora, o que não quer dizer que fará o mesmo sentido amanhã e nem que tenha a mesma representatividade para outra pessoa. Tudo é questão de possiblidades e opiniões. Se há um caminho a seguir com a vida ela só pode ser esclarecida quando deixamos as verdades de lado e passamos a pensar. O pensamento gera reflexão.

O hábito pró ativo de reflexão nos leva a questionar.  É preciso manter a capacidade de questionar a si e aos outros e a tudo que nos relacionamos na vida. Isto é uma questão de liberdade, e isto e um exercício de vida. Referenciar a vida e a tudo que compõe nossas relações é a condição de construir contrastes que nos permeiam refletir sobre o melhor caminho, não mais por conveniência, mas por sensatez. Inquerir, perguntar e perguntar, questionar, não aceitando a primeira, a segunda ou a terceira resposta. Neste exercício o pensamento é que vai tomar o nosso lugar no mundo possível, porque estamos construindo uma rede de sentidos. Sendo protagonista da própria história. Deixando para trás a nostalgia de não ter feito melhor. A pró-atividade nas ações com a vida nos permite o conviver social.

Uma pessoa com consciência crítica está mais próxima de encontrar razões para seguir. A ignorância não é uma benção, é um modo escravo de se viver! Compreender isto, é saber para que, porque e quando mudar. É identificar com maior nitidez outras possiblidades que fazem parte do nosso dia seja qual for o ambiente, seja qual for a situação e o grupo no qual pertencemos. Há uma necessidade constante de redefinir sempre nossa condição com ser.  Para que nas relações consigamos ter nossa redenção e sair do nosso mundo para alcançar outros muito além, e tornando-nos cada vez melhores, mais do que já somos! É preciso criar o hábito de pensar!

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