O PARADOXO DA CRISE PROFISSIONAL DA MEIA IDADE
De repente um sentimento de insatisfação nos domina, parece que as coisas não vão bem e muitas questões da nossa história pessoal e profissional começam a passar pela nossa cabeça. Dúvidas sobre as decisões passadas e atitudes comportamentais nas relações contaminam a nossa razão e faltam argumentos para compreender como chegamos até aqui. Nosso passado é colocado em xeque. Quando menos se espera, o arrependimento toma conta. Equívocos, infortúnios e fracassos, parece que não faltam decepções e desilusões para serem relembradas. Por que? Por que? Por que?
Quais são as desculpas cabíveis para justificar as próprias escolhas?
Sim! Pode ser que você ainda não tenha experimentado a crise profissional da meia idade, mas acredite, ela existe sim e se faz presente neste momento para milhares de pessoas. Não há como, em algum momento seremos defrontados por ela. Mas, diferente do que muitos pensam, a crise da meia-idade é uma parte importante da vida e talvez seja o momento no qual somos obrigados a olhar para nós mesmos e perguntar: Quais as razões das minhas escolhas? Claro, que muitas questões profissionais tendem a se misturar com os pessoais de uma maneira a qual domina nossos pensamentos e quase sempre a agonia se dá em forma de lamentações do que poderia ter sido – se tivesse escolhido outros caminhos.
“O que você fez, fez por quê?”, “O que você não fez, não fez por quê?”, “O que você fez e não deveria ter feito, por que o fez?”, “O que você não fez e deveria ter feito, por que não o fez?”. (Cortella, M. S)
Deveríamos ver este momento como algo extraordinário. Momento impar da vida em que podemos dar a chance de reconhecer as personas no qual viemos assumindo em nossa jornada e qual o sentido desta vida que estamos escolhendo viver.
Não mais pelo excesso de tempo, mas agora pela falta dele
Claro que parte de todas as questões que fazemos da vida, está o tempo! Fato é que em algum momento achávamos ter muito tempo, mas conforme vamos consumindo-o percebemos que não há mais tanto tempo assim! Justamente quando nos damos conta do valor do tempo, que questões passam a surgir na nossa mente e necessariamente em algum momento isso criará este confronto interno.
Nos atendimentos com meus clientes no qual tive como experiencia ao longo da minha vida profissional, é muito interessante que para a maioria o que mais angustia é que o problema não está tanto no pensar em como mudar de rumo agora, mas o desejo de poder mudar o passado. E este talvez seja um grande equívoco que com o tempo passamos a carregar contra as experiencias da vida. Por que não dizer que talvez represente uma injustiça que fazemos com nós mesmos.
Uma das grandes questões que precisamos trazer a consciência é diferenciar entre o que deveríamos e o que de fato fizemos, aliais, todas as vezes que contemplarmos nosso passado com o gerundismo é porque estamos no campo da alucinação. No sentido de que toda nossa vida é baseada em escolhas e sempre que tomamos uma escolha, é porque naquele momento entendemos ser a melhor, aquela que acreditamos ter ganhos. Ela foi tomada a partir de um conjunto complexo fatores singulares que envolvem desde as limitações de conhecimento, sentimento, emoção e principalmente o contexto de tudo isso. Não vivemos a vida apostando para perder, muito pelo contrário; da mesma forma que, nossas escolhas sempre são baseadas naquilo que importa e se naquele momento não fizemos outras é porque na realidade não havia de fato uma opção tão óbvia como achamos existir um tempo depois – isso é a alucinação.
Não somos capazes de reconhecer aquilo que não conhecemos. Por isso que todas as vezes que olhamos para o passado temos uma equivocada sensação que ele poderia ser diferente. É muito fácil olhar para o passado e critica-lo sobre os olhos do presente. Difícil mesmo, é viver o presente para construir um alicerce seguro para futuro, que logo será presente como também em algum momento se tornará passado que de tão perfeito não haverá espaço para alucinar sobre. Será que isso é possível? Não! Quando esse futuro se tornar passado você já é outra pessoa, já tem outros conhecimentos, experiencias, sentimentos, emoções, pensamentos, desejos, vontades, ambições, sonhos, crenças, enfim uma parte significativa de você já é uma outra persona, mesmo que a parte restante represente você mesmo. O que quero dizer é que o que importa está no agora. Nem o passado e nem o futuro se materialização. O tempo passado não existe mais, e o tempo futuro ainda nem existiu. Por isso mesmo que é necessário que a vida se desvincule da alienação, da ausência de pertencimento na linha do tempo.
Na realidade é passível de entender a crise profissional da meia-idade como um momento claro aclamando por mudanças. Um alerta cognitivo que está gritando a nossos ouvidos, de que precisamos ir além, transformar, criar, inovar, fazer diferente! Isso na psicologia é facilmente explicado já que nenhum de nós, por natureza, quer apenas fazer coisas, tencionamos no fundo ter uma postura autoral em relação às coisas que fazemos, queremos que nossas realizações tenham de fato valor, seja reconhecido e que disso faça o motivo de admiração e pertencimento. O problema que tendemos confundir o momento presente com o passado e assim habituamos o pensamento no passado como algo sem valor e essa crença é que faz da crise da meia-idade um inferno astral.
Não é bem assim, afinal, e aqui reforçando o pensamento, cada instante da vida teve escolha e se teve escolha havia valor e por isso, se houvesse a possibilidade de desenhar uma linha do tempo, logo perceberá que quase toda nossa história se conecta com o instante seguinte, que leva a um nova experiencia, um conhecimento até chegar a um campo de possibilidades no qual tomamos (ou deveríamos tomar) consciência agora – somos os únicos responsáveis por tudo aquilo que vamos fazer daqui em diante.
Já aquilo que na linha do tempo não conecta com o instante seguinte está fora do nosso controle. Talvez por isto que Epicteto enfatiza que a vida por si tem seus anseios que muitas vezes são moldados pelas alegorias magmáticas da natureza. Nos ensinando que é verdade que de fato não somos capazes de ter todo o controle sobre ela, mas que podemos deter o controle ao menos, de parte dela, e é esta parte que nos faz ser melhor do que somos. Para este sábio, se podemos ter controle de uma parte, façamos então desta parte algo especial. Que sejamos donos de nossas próprias escolhas, dando sentido a própria razão do viver.
A vida não é somente movida pelo acaso como também nem sempre está sobre nosso controle. Então, que o controle seja reflexo das nossas virtudes, das nossas ações, de que seja moldada a partir da nossa capacidade única do ser humano. Sem se acovardar. Em outras palavras, o que Epicteto tenta nos mostrar é que o real é aqui e agora, por isto este momento tem que ser o melhor, então faça dele especial, único, inesquecível. A vida tem que se valer pelo instante real como ela é. O futuro não pode ser uma justificativa, mas sim um presente. Viver o agora é o que traz alegria, ganho de potência, reconcilia com o real do que somos capazes de realmente ser.
Por isso mesmo que nossa história só pode ser contada quando a vida acaba. Antes disso estamos em um pleno processo de transformação, seja pelo resultado de nossas escolhas ou em como lidamos com o acaso. Somos seres imperfeitos e ao mesmo tempo perfectíveis onde a vida é vivida nos detalhes, não nas abstrações. Contra a nebulosa verdade de que costumeiramente com a idade poderia ter tido uma carreira mais bem-sucedida, podemos reconhecer fatos concretos que demonstram como nossa carreira atual está muito além do que poderia imaginar. Assim como há uma necessidade intrínseca de querer sempre estar se comparando ao outro, existe afeição por detalhes – as interações e conquistas que não teríamos vivenciado se a nossa vida tivesse sido outra. Por traz de cada detalhe é que está nosso conhecimento e o que faz nossa singularidade de ser, o que nos faz sermos todos singularmente especiais.
Quando se pensa que deveríamos ter sido médicos, filósofo, musico, etc., na verdade estamos criando aquilo que na psicologia comportamental se chama de pensamento estreito – como o pensamento de se arrepender de escolhas na vida. Na verdade, ele surge quando inconscientemente percebemos que somos muito mais capazes do aparentamos ser, como se estivéssemos ignorando a consistência de todo o valor que formamos por diferentes momentos com as experiencias vividas. Como se os detalhes que contam perante o grande mosaico de vidas vividas entrassem em conflito com aquelas que ainda não foram experimentados, mas estão pulsando pelo desejo e pela vontade. Como se a mente e o corpo estivessem suplicando a reconciliação entre o agora e o que realmente importa para a vida daqui em diante. A meia-idade é o momento de retrospectiva, não para lamentar e sim para ser ratificado sem arrependimento, tomando o controle da ação para aquilo que precisa ser feito agora. Como se representasse o arrependimento que fomenta a tendência de avaliar a própria vida para ser definitivamente silenciado pela atenção profunda dedicada a si mesmo agora, pelos relacionamentos e atividades que se preza e que dependem da coragem de seguir a partir de novas escolhas.
O Fastio Motivado
Talvez o melhor caminho não esteja em querer aceitar aquilo que não fomos capazes de mudar, e sim de agora ter um novo propósito – aquilo que é possível e desafiador a colocar adiante. Uma vida com propósito é uma vida que você precisa entender os motivos por fazer o que faz e os motivos por não fazer o que não faz. Claro que hoje os desejos mudaram e as ambições também, e a principal fonte de mal-estar quando chegamos a determinado ponto da vida tem muito mais a ver com a um sentimento vazio pela falta de importância, valorização e reconhecimento daquilo que fazemos perante a maneira no qual enxergamos a vida, principalmente quando o propósito não está claro. Um vazio na sequência de projetos que surgiam a nossa frente no qual muitos deles fizemos por fazer, seguindo um fluxo inconsciente. A perspectiva de fazer uma coisa depois da outra, mas sem ter claro do por que se está fazendo até que finalmente em algum momento você será cobrado por você mesmo. Surgi então a necessidade de encontrar este EU.
Quando a vida nos coloca em confronto com as necessidades de sobrevivência, sem perceber passamos a viver cada vez mais em uma rotina no modo automático, robótico, e isso nos aliena, perdemos muito de nós mesmos. A natureza autoral da importância daquilo que fazemos se perde, a sensação de que somos realizadores se vai embora. Fazer de modo automático tira de nós esta dimensão realizadora. Não somos preparados para estar consciente das razões pelas quais fazemos aquilo que fazemos. Por isso, que muitos de nós em algum momento somos conflitados por nós mesmos já que há uma necessidade de buscar um propósito na vida. Sentir realizado, ter uma percepção autoral, ser valorizado e reconhecido, no final é isso que importa.
Fazer Algo Que É Válido Pode Parecer Vazio?
Uma primeira explicação vincula-se à noção de valor melhorativo (ameliorative value) – o valor de resolver um problema ou responder a uma necessidade, mesmo quando essa necessidade não é uma coisa que você gostaria de confrontar, mas muito do que fazemos é assim. Continuamente nos esforçamos sem critérios claros a agir e reagir, levando a mediar conflitos desnecessários seja com o conjugue, filhos, entre colegas, na organização junto a equipe ou mesmo nas responsabilidades do trabalho. Certificar-nos de que tudo está de acordo com as normas – embora necessário, o melhoramento traz satisfação limitada. Se o melhor que conseguimos é consertar falhas, atingir metas ou evitar que as coisas deem errado, então é preciso entender que agindo assim perdemos a sensibilidade do que é positivamente bom.
Agora, Por Que A Preocupação De Trabalhar Tão Arduamente?
Uma das razões para a crise profissional na meia-idade é o fato de muito de nosso tempo no trabalho ser gasta apagando incêndios e evitando resultados ruins e não desenvolvendo projetos que apresentem valor existencial, que fazem a vida valer a pena. A solução é achar tempo para atividades com as quais faça sentir-se bem, seja no escritório – por exemplo, começando um projeto que lhe é importante e que você vem adiando há tempos – ou fora dele, revivendo um de seus hobbies favoritos ou desenvolvendo um novo. Esse conselho pode parecer superficial, mas tem força. Dançar ou tirar fotos são provavelmente menos importantes do que seu trabalho, mas atividades existenciais proporcionam valores que não aparecem no aprimoramento profissional. É preciso achar tempo para tais prazeres na vida além daqueles que fazem parte da nossa rotina laboral.
Também é preciso considerar que existe uma segunda possibilidade para a sensação de vazio profissional que vai além da necessidade de valor existencial. Quando olhamos sistemicamente para a natureza dos projetos e para o quanto nos dedicamos a eles – seja corrigir trabalhos, fechar acordos, construir prédios ou criar produtos -, podemos identificar uma falha estrutural. O objetivo de um projeto reside em sua própria conclusão. Quando destinamos o foco para aquilo que importa por exemplo, a atenção está voltada para um objetivo que ainda não foi alcançado e que, uma vez alcançado, será uma boa lembrança.
Nos acostumamos a olhar para vida como se ela se resumisse entre o futuro ou o passado; não surpreende que o presente continuamente pareça vazio, sem valor. Pior ainda: se um projeto é significativo para você, há motivação pelo sentimento antecipado de uma realização, mas o sentimento de vazio domina e com o tempo ele destrói a razão. Isso ajuda a explicar o quanto na meia-idade profissional vamos perdendo o interesse em querer encarar outros desafios, tendendo a reforçar hábitos que façam com que se permaneça em uma zona de conforto, ao mesmo tempo em que a crise da meia-idade toma conta de nossas emoções e sentimentos. Iniciando assim um processo depressivo. Aquela sensação de apequenamento e de estar perdido começa então fazer parte do nosso dia a dia. A insatisfação transcende-nos e nada mais a nossa volta faz sentido. A insegurança se soma com o medo. O que pretendo dizer é que trabalhar em um projeto, você ou fracassa – o que não é bom – ou tem sucesso e, assim, acaba com o poder que ele tem para nortear sua vida. Uma forma de crise profissional na meia-idade surge do investimento excessivo em projetos, da valorização da próxima conquista, e depois da seguinte. Isso leva a basear-se a vida apenas no resultado e não na caminhada. Perceba que o quero dizer é que uma vida assim tende sempre a dar chance para que ela se repita e não para o que é novo, transcendente, paradoxal.
Viver no presente! Claro que este é “mantra do pós modernismo” presente neste mundo liquido da autoajuda, mas não é o que pretendo aqui discutir, e sim que precisamos aprender a parar, respirar e olhar para as escolhas que estamos tomando na vida, dando a chance de sentir o que estamos fazendo de fato com ela.
Qual Sentido, A Direção, O Propósito?
Para entender então aquilo que importa, podemos começar a distinguir os dois tipos de atividades com as quais nos envolvemos e que representa este direcionamento que precisamos trazer ao presente continuamente para observar a vida na sua plena ação. Para isso, podemos usar o verbo télico e atélico. Télico é um termo que tem sua origem na palavra grega télos, que significa “fim” ou “objetivo”. Aquele que indica uma situação que necessariamente chega a um fim, ou seja, uma situação que marcha para um clímax ou ponto terminal natural, isto é, visam atingir determinado fim e cessam quando esse fim é atingido. Essas atividades visam sua própria aniquilação. Em outras palavras são situações na vida que tem por objetivo, começo e fim. Claro que sempre que conseguimos atingir um objetivo há um momento de satisfação, mas, depois disso, é hora de passar para o próximo projeto. E assim em diante que vamos construindo uma realidade daquilo que dá certo ou não, criando um conjunto de crenças limitantes a partir do resultado e tudo que dá certo tendemos a querer repetir, isso chama-se motivação viciada. Veja por exemplo de atividades télicas como desenhar uma planta de uma casa para o cliente, fazer bons slides para a apresentação da empresa, negociar com o cliente para o fechamento de um contrato, participar de um projeto como desenvolvedor, e assim em diante, vamos realizando atividades que tem começo e fim. Claro que mesmo nas atividades télicas, podemos fazer a diferença e essa diferença é ainda mais viciante, como por exemplo a diferença entre participar de um projeto e fazer dele um projeto inovador; trabalhar na sua empresa e fazer sua empresa superar as expectativas; ganhar um prêmio por desempenho e ser um sucesso em uma atividade no qual se dedica plenamente.
Agora, para os projetos atélicos isto é, sem um fim em si mesmas é visivelmente aquilo que fazemos pela vontade, está atribuída a nossa razão. Tem a ver com valor, prazer e sentido. Não importa só o resultado e sim a percepção daquilo que se está atribuindo a atenção, que faz a diferença. Por exemplo, existe diferença entre descansar e ter um hobby; entre amamentar um filho e educa-lo; ser uma pessoa ativa e praticar atividades físicas; dar oportunidade para seu filho ir para faculdade e educa-lo para ser um grande profissional; realizar um projeto e liderar equipes para grandes desafios.
Ao se envolver em atividades atélicas, somos movidos pela vontade e não só pelo desejo motivacional. Nem tampouco elas evocam o vazio de um projeto, cuja satisfação ocorre sempre no futuro ou no passado. Atividades atélicas são realizadas inteiramente no presente.
No trabalho, claro, envolvemo-nos tanto em atividades télicas como atélicas. Por exemplo, estar a frente de um projeto – télica, agora receber um feedback positivo dos colegas de trabalho – atélica.
É fundamental entendermos essa diferença justamente porque a vida profissional também é vivenciar o processo, a caminha, os desafios: ao trabalhar na busca por aquele projeto, você está fomentando a estratégia de crescimento de sua organização; ao participar daquela feira, atraindo clientes, sempre na busca de outros fins além de um único resultado. Assim, estamos continuamente tendo como opção: pode se concentrar tanto na atividade como aprendendo continuamente com o que está em andamento – no projeto ou no processo. Ao ajustar essa orientação para passar a ser menos voltado para projeto e mais para o propósito da sua dedicação, é possível derrotar o sentimento de vazio em relação ao presente sem mudar o que você faz ou a eficiência com que você executa seu trabalho.
Por isso também é importante ressaltar que na caracterização feita aqui, o termo andamento é usado para indicar uma situação em qualquer ponto de seu desenvolvimento, isto é, em qualquer ponto de TEMPO pelo qual ela dura, o que equivale a dizer em qualquer ponto do segmento de tempo. Temos uma situação estática quando as fases da situação são idênticas e uma situação dinâmica quando as fases da situação são diferentes, havendo, portanto, mudança de uma para outra fase. Essa oposição pode levar a algumas indecisões sadias, pois poderão aparecer situações estáticas em que ocorram mudanças, embora estas mudanças não sejam necessárias. Na situação dinâmica as mudanças são necessárias e obrigatórias. Desse modo, podemos dizer que na situação estática não há “input” constante de energia, é algo que está para a repetição de ações que tende a levar a este vazio existencial, enquanto na situação dinâmica há um “input” constante de energia por esforço interior (agentivo) ou exterior (não agentivo). O começo e o fim da situação estática são dinâmicos já que envolvem mudança, isto é, diferença entre as duas fases, mas é linear, não gera desafio e dificilmente está relacionado a um proposito maior que realmente tem a ver com seus mais nobres anseios; diferente de tudo aquilo que é dinâmico, que muda, é sistêmico, que há entisico o conhecimento, a estratégia, o desafio, o aprendizado contínuo com a vida.
Logo, que não fique dúvidas que o mal-estar sentido com as crises da meia-idade é um sinal de que é preciso realizar uma mudança de rumo e não apenas no modo como nos sentimos ou pensamos! Pode ser que esteja insatisfeito profissionalmente porque o trabalho não é adequado aos talentos, porque os interesses mudaram ou porque as perspectivas de conseguir uma promoção são pequenas. Mas a insatisfação também pode estar relacionada a arrependimentos ou à nulidade dos projetos – e problemas desse tipo não seriam solucionados com um novo emprego. Sentir-se na meia-idade não é motivo para achar que oportunidades foram perdidas, que escolhas foram mal sucedidas ou muito menos, motivo para se sentir apequenado e que não há tempo para fazer diferente, muito pelo contrário, crise profissional na meia-idade representa o momento exato que a missão foi cumprida e agora é preciso encarar novos desafios para algo muito maior, que tem a ver com os mais nobres anseios, aquele que precisa de fato representar quem somos agora. Não tente apagar o passado nem mesmo negá-lo, e sim olhar para ele como um livro no qual tem muitos histórias e ensinamentos para mostrar o que realmente importa e o que não importa mais para a vida que podemos escolher neste exato momento. Por isso, ache momentos para realizar atividades existenciais. E valorize o processo, dando a ele o sentido de propósito. Entenda que a afeição é um contraponto ao arrependimento.
Outras dicas Para Combater A Crise Da Meia Idade
Todas as questões que permeiam na crise de meia idade— pensamento estreito sobre o passado e o futuro, sobre os objetivos e sobre as opções— são considerados “motivados” quando induzidos por uma forte necessidade psicológica, como um grande vínculo emocional. As crenças formadas no caminhar de nossa história são particularmente difíceis de superar. Você sabe disso se já gastou incontáveis horas e recursos no desenvolvimento de uma ideia, para tentar explicar por que você chegou até aqui e não aonde acha que poderia chegar. Um julgamento infundado e cheio de alucinações. Você deveria deixar isso para trás, mas seu desejo de evitar uma perda maior agora é tão grande que distorce sua percepção da sua própria história. Por isso, você precisa sentir um impulso irresistível de seguir em frente — para provar que pode ser muito mais do que é, de alguma forma, melhor.
Nossas crenças equivocadas em nosso próprio eu, julga confiança por duas razões: damos peso demais às informações que temos (passado) e, como não conhecemos o que não podemos ver, temos dificuldade em imaginar outras formas de enquadrar o problema ou de trabalhar em busca de uma solução para lidar com ele. Mas podemos prevenir de alguns conflitos internos— como a tendência de perseguir obstinadamente o obvio — usando um “gatilho” que nos redirecione para um caminho mais desafiador que por vez venha nos representar agora. É isso que muitos guias de expedição fazem quando levam clientes para escalar o Monte Everest:
Eles anunciam um prazo. Se o grupo não conseguir chegar ao cume dentro desse prazo, tem de voltar ao acampamento — e, dependendo das condições climáticas, pode ter de desistir totalmente da expedição. Numa perspectiva racional, os meses de treinamento e preparação equivalem a custos irrecuperáveis e devem ser desconsiderados e que aqui representa tudo que já passou (passado). Quando removido da situação, quase todos concordariam que ignorar o prazo para retornar seria muito arriscado e colocaria vidas em jogo. No entanto, a aversão à perda é uma poderosa força psicológica. Sem um gatilho, muitos escaladores insistem em seguir em frente —não querem desistir de seu sonho de conquistar a montanha. Sua tendência de agir movidos pela emoção é ainda mais forte porque inconscientemente o pensamento é prejudicado pelos baixos níveis de oxigênio em grandes altitudes. À medida que escalam, sua capacidade de tomar decisões diminui — e sua necessidade de um gatilho aumenta.
Trazendo para a proposta deste artigo, os gatilhos podem tornar as pessoas menos vulneráveis ao “compreender o poder de se sentir presente” — a tendência de se concentrar nas preferências imediatas e ignorar objetivos e consequências de longo prazo. Por exemplo, se você disser publicamente quando irá em busca do coaching que seu chefe lhe recomenda (e que você vem adiando, embora saiba que seria útil), sua propensão a fazer realmente isso aumentará.
Crie uns gatilhos precisos (defina uma data), para que seja mais difícil ignorá-los, e comunique-o às pessoas a quem deve prestar contas. Outro uso importante dos gatilhos ocorre em situações de desmotivação causada pela crise da meia idade, nas quais o tempo e o esforço já investidos na vida podem parecer uma perda se não for compreendido do quanto eles representam para daqui em diante. Muitas vezes tentamos evitar essa perda aumentando nossos compromissos. O problema é que as preferências mudam frequentemente no curso da vida (por exemplo, novas experiencias que surgem podem justificar esses compromissos). Por isso, nesse tipo de situação, considere o estabelecimento de um ponto de decisão — um tipo de gatilho mais brando, porque desencadeia uma análise, em vez de uma determinada ação. Se o preço das escolhas subir para além do valor que você definiu como ponto de decisão, faça uma pausa e reavalie seus objetivos e suas opções. Os pontos de decisão proporcionam maior flexibilidade do que os gatilhos “rígidos”, mas, como permitem vários cursos de ação, eles também aumentam seu risco de tomar decisões baseadas na emoção e na visão de curto prazo.
Embora o pensamento estreito possa nos assolar a qualquer momento, somos particularmente suscetíveis a ele quando enfrentamos decisões que se tomam uma só vez, porque nesse caso não podemos aprender com a experiência. Por isso, táticas que ampliem nossa perspectiva sobre futuros possíveis, objetivos e opções são particularmente valiosas nessas situações. Algumas ferramentas, como as listas de verificação daquilo que realmente importa, podem melhorar a aptidão para decidir porque reduzem a carga sobre nossas cobranças e dar a chance para seguir novos ares muito mais concisos com nossas vontades com a chegada da meia idade. Outras, os gatilhos, servem para garantir que nos concentremos em um evento crítico quando ele ocorre.
Lembre-se que como regra geral, aprenda ao menos antecipar três futuros possíveis, estabelecer três objetivos-chave e gerar três opções viáveis para cada cenário que queira explorar. Sempre podemos fazer mais, é claro, mas essa abordagem geral evitará que nos sintamos desnorteados diante de infinitas possibilidades — o que pode ser tão debilitante quanto enxergar muito poucas. Até as pessoas que se consideram mais equilibradas manifestam ansiedade em seus julgamentos e escolhas. É imprudente pensar que podemos vencê-los pela pura e simples vontade. Mas podemos superar nossas próprias perspectivas se dermos em nós mesmos um empurrão na direção certa na hora que a crise profissional da meia-idade vier nos incomodar com suas cobranças pela mudança. Não se esqueça, quando atribuímos um significado muito grande ou muito pequeno as experiencias que vivemos, estamos fadados a perder o rumo em nossa tomada de decisão.
O segredo está em dar razão de sermos quem somos. De reconhecer que o que somos é fruto de nossas próprias escolhas. Contemplada com ações justas e verdadeiras, de acordo com nosso melhor, nossos valores e princípios, podendo cada um explorar o que a natureza nos presenteou por sermos livre e exclusivamente únicos. Epicteto não nos deixa dúvidas que nunca é tarde demais ou cedo demais para fazer o melhor que se pode fazer. E que se agirmos sempre na busca da excelência, estaremos mais preparados para o acaso, sem correr o risco de sermos derrotados pela própria razão do viver! Que deixemos de ser minoria, que mesmo sabendo que na vida existem crises, decepções, equívocos e o acaso, que isto não se transforme em frustrações ou justificativas. Viver é continuar lutando, superando, movimentando para ir de encontro aos próprios ideais e que assim, possamos vivenciar pela eternidade os segundos tão raros que é de ser feliz!
Sobre o Autor:
Marcello de Souza, fundador da Coaching & Você, é apaixonado por assuntos referentes a gestão, liderança e fascinado pelo cotidiano e pelas mais diversas formas do desenvolvimento do comportamento humano. É terapeuta cognitivo comportamental e coaching. Também estudioso, palestrante, mentor, facilitador, professor, escritor, pesquisador e psicólogo social, vive em busca constante do crescimento intelectual e comportamental humano.
Tem mais de 25 anos de experiência em empresas nacionais e multinacionais, atuando como agente, treinador, facilitador, palestrante e consultor internacional. Tem vasto conhecimento em gestão e consultoria de equipes multidisciplinares, liderança e gestão de projetos de alto impacto, relacionamento e negócios. Coordenou times e clientes, atuando na implementação de novas ideias, simplificação de processos e identificação de áreas frágeis, bem como na antecipação de cenários com ações inovadoras de alto impacto além de desenvolver a excelência nas pessoas.
Seu trabalho, seja em campo ou em seu consultório, aborda além das técnicas a excelência nas questões emocionais e comportamentais que permitem a plena realização pessoal e profissional da equipe e cliente, ampliando a eficiência, alcançando resultados surpreendentes.
É fã e respeita a opinião do outro, aceita o diálogo para discussões contrárias, mesmo que a opinião do outro não consiga responder as ideias e pensamentos existentes nas reflexões, aqui, escritas.
Contato:
E-mail: contato@coachingevoce.com.br
Um comentário
Almeta Eavenson
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