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POR QUE É TÃO BOM ESTAR CERTO

Se existe uma dificuldade que nossa mente tem é de perceber que as nossas certezas são apenas possibilidades a partir de combinação de memórias fundamentas principalmente por experiencias passadas que alimentam nossas crenças. Entretanto, não falta pessoas que levam a vida presumindo que está com a razão o tempo todo, sobre quase tudo, aliais, em tempos atuais nunca surgiram tantos ditos especialistas: seja nas convicções políticas e intelectuais, crenças morais e religiosas, assunto específicos e outros comportamentais, avaliação e julgamento das outras pessoas, como também não faltam pessoas que tem lembranças de um passado imaginativo que juram que são verídicas. Por trás desse funcionamento está a ideia – obviamente equivocada – de que estamos perto da onisciência.

Isto não acontece atoa. Há toda uma estrutura cognitiva presente no ser humano que justifica tal característica e ela está diretamente relacionada com o prazer. Sim, o fato de entendermos que estamos certos gera uma sensação de empoderamento e com essa sensação há um alivio sentimental que gera prazer. Ao contrário de outros aprazimentos da vida – sorvete de chocolate e beijos apaixonados por exemplo –, a satisfação que sentimentos quando entendemos estar certos não parece estar diretamente vinculada a nenhum processo bioquímico especifico é algo mais complexo que está relacionado a um nível de consciência que envolvem áreas especializada na emoção e na construção dos sentimentos. Veja, por exemplo por mais que agrados ou deleites nos atraiam, perceba que não somos atraídos a beijar qualquer pessoa nem mesmo comer qualquer coisa. Agora, estar certo é algo que sempre nos motiva seja qual for a circunstância no qual fazemos presentes.  

Provavelmente você nunca se atentou ao fato, entretanto convido-o a pensar um pouco sobre o assunto e logo perceberá que estar certo vem sempre acompanhado de uma sensação inegável quase que transcendental, ou seja, sem explicação. Apesar de parecer algo insignificante compreender isso faz toda a diferença para tornar nossa vida mais lucida tão como ajuda a ter mais clareza tão como tem a ver com bem estar e com a saúde mental.

Não acredita, então pense em quantas vezes conseguimos vibrar (ainda que de maneira discreta) por nossos acertos até em relação a coisas negativas ou mesmo desagradáveis. O que leva a agir muitas vezes de maneira teimosa e a cometer erros que vai desde o palpite que o time de futebol vai perder, que o caminho na estrada está errado ou mesmo perder até apostas insensatas na Bolsa de Valores. Pior, as vezes sem perceber passamos a culpar outras de feitos que não necessariamente há evidências que possam justificar tal apontamento, pela simples questão de crenças que são parte das estruturas formadas por experiências passadas que achamos serem suficientes para afirmar que nós somos donos da razão. Sim, também somos atormentados pela dúvida – uma ansiedade que, em si, reflete a urgência do desejo dominante de não errar que por si incomoda e que de alguma forma gera uma sensação de vulnerabilidade. Neurologicamente falando o contentamento indiscriminado de estarmos certos equivale ao sentimento de que, na realidade, estamos certos.

Este assunto é tão importante para ser refletido que como a absoluta maioria das experiencias prazerosas, a condição de estarmos certos não nos pertence quase o tempo todo, e em muitas ocasiões somos nós que perdemos com isso, além de claramente estar limitando a vida de outras oportunidades e aprendizados que são muito mais representativos para a vida como um todo. Ser dono das certezas e convictos que não erramos, torna nossas experiências apequenadas e faz da vida somente algo trivial que está muito longe do que seria o ideal da própria razão de viver. É preciso entender que essa sensação vem à tona – quando argumentamos ou tentamos não só convencer alguém, mas também quando fazemos previsões ou apostas, longe de fatos concretos que possam servir como embasamento; tudo isso gerado como fundo para alimentar nossas próprias questões pessoais, seja a nível narcísico, egóico ou vaidoso. Na maioria das vezes, porém, é apenas um pano de fundo psicológico que tem muito a ver com um perfil de personalidade no qual precisa ser melhor analisado que tem a ver desde desvio de personalidade até questões pessoais como sombras.

  Nem Tudo É Negativo

Mas, antes de falarmos sobre isso é preciso também levar em consideração que os momentos de certeza e teimosia representou as marcas não só do apogeu humano como de inúmeras descobertas que partiram de pessoas que acreditavam fielmente naquilo que pensavam. Como não nos surpreender com a discussão da existência dos átomos – pressuposta pelos pensadores da antiguidade milhares de anos antes do surgimento da química moderna, as propriedades de cura da aspirina – reconhecidas desde pelo menos 3000 a.C, o que diria Nikolas Tesla, Torakusu Yamaha, Konosuke Matsushita, Akio Moritaou mesmo o computador portátil, carro, cinema falado, rádio, tv, telefone e tantos outros inventores e invenções que se tornaram impar na história humana justamente porque partiram de pessoas que realmente acreditavam nas suas certezas e são fonte de inúmeras facilidades para  a de todos.

De fato, a ideia de estarmos certos gera um senso de sermos espertos, competentes, dignos de confiança e de estar especialmente em sintonia com o ambiente. Ainda, o mais importante: mantêm-nos vivos. Individual e coletivamente, nossa existência depende de nossa habilidade de chegar a conclusões precisas sobre o mundo a nossa volta. Em suma, a experiência de estarmos com a razão é sim imperativa para a sobrevivência, gratificante para o ego e, acima de tudo, e uma das satisfações mais simplórias e intensas da vida.

  De Outro Lado Precisamos Aprender A Reconhecer Nossos Erros

Se há um conjunto de reações neuro biopsicológica que gera prazer quando entendemos estar certos que por sua vez nos alegra e com o tempo vamos cada vez mais nos habituando a considerar isso nosso estado natural, como nos sentimos quando nossas convicções se demostram claramente estar erradas? Esta é uma questão complexa e que precisa muita atenção. Primeiramente é curioso saber que tendemos a encarar como algo raro, anormal e desordenado – uma anormalidade inexplicável na ordem que compreendemos o rumo natural das coisas. Em segundo lugar, errar faz com que nos sintamos apequenados, impotentes, tolos e envergonhados – e, não raro, um único equívoco nos leva a uma série de autorrecriminações e dúvidas sobre nossa capacidade nas mais diversas áreas. Não importa a idade, sentimo-nos como quando criança que recebeu seu trabalho escolar cheia de correções vermelhas e puxões de orelha.

O fato de estarmos errados faz com que sentimentos negativos aflorem dentro de nós; identificamos um peso no peito, em contrapartida uma segunda ordem cognitiva surge para tentar justificar tal erro e a raiva quase sempre acompanha esta justificativa; há um conjunto de sentimentos que vai se aflorando dentro de nós. Quando estamos bem e em harmonia, pode ser que na melhor das hipóteses, consideramos a situação um incomodo; na pior, um pesadelo, mas em ambos os casos vivenciamos nossos erros como desanimadores e embaraçosos e outras vezes como um confronto.

E isso e apenas o começo. Há um arquétipo no qual vincula o erro a ignorância, indolência, psicopatologia e até degeneração moral. Esse conjunto de associações foi sintetizado pelo cientista cognitivo italiano Massimo Piattelli Palmarini. Ele traz na sua teorização sobre o assunto a ideia de que os erros normalmente são devido a (entre outras coisas) “desatenção, distração, falta de interesse, narcisismo, egoísmo, despreparo, genuína estupidez, timidez, desequilíbrio emocional, preconceitos ideológicos, raciais, sociais ou chauvinistas, assim como em razão de instintos agressivos ou de prevaricação tão como transtornos mentais como sociopatia e psicopatia”.

Este tipo de perfil que busca continuamente demostrar que sempre está certo representa as falhas que seriam prova dos mais graves “defeitos cognitivos comportamentais”. Mas o fato interessante disto é que, entre todas as coisas sobre as quais estamos equivocados, há algo que pode muito bem ser fator principal: O paradoxo do erro, que em outras palavras, significa que estamos enganados acerca do que significa estar errado. Longe de ser um sinal de inferioridade intelectual, essa capacidade e crucial para a cognição humana. Não tendo qualquer relação como um defeito moral, ela e indissociável de algumas das qualidades mais honradas: empatia, otimismo, imaginação, convicção, aprendizado, virtude, vulnerabilidade e coragem. Também não é um sinal de indiferença ou intolerância, o erro e parte vital da aprendizagem e da possibilidade de mudança. Representa cognitivamente o mais alto nível do aprendizado. Graças ao erro, podemos revisar nosso entendimento de nós mesmos e corrigir nossas ideias a respeito do mundo bem como compreender nossa imperfectibilidade – um ser imperfeito em busca continua pela perfeição. Sem o erro não há possibilidade do pensamento sistêmico. Além disso o erro enobrece o caráter e parte das virtudes humanas.

 “Vivemos numa sociedade que não nos ensina a aceitar – e menos ainda acolher – nossos equívocos. Pelo contrário, o mais frequente é que desde crianças as pessoas desenvolvam caminhos mentais para justificá-los e fugir da responsabilização.”

  O fato de errar nos faz sermos pessoas melhores. Dada essa centralidade para nosso desenvolvimento intelectual e emocional, os equívocos da vida não deveria ser motivo de constrangimento ou visto como aberração. Ao contrário. Como escreveu Benjamin Franklin, “quem faz pode cometer falhas, mas a maior de todas as falhas é não fazer nada.” Afinal, por mais desorientadores, difíceis ou humilhantes que nossos erros possam representar, e, em última instância, o erro – e não o acerto, representa a experiência de estarmos com a razão imperativa de querer imensamente sobreviver. Em outras palavras, antecedente ao erro está a tentativa de acertar.

É preciso lembrar que vivemos numa cultura paradoxal, que despreza qualquer tipo de engano e, ao mesmo tempo, insiste que ele e fundamental em nossa vida. Reconhecemos esse caráter essencial na exata maneira como falamos sobre nós mesmos – e por isso que, quando cometemos erros, cinicamente damos de ombros e em desmazelo dizemos que somos humanos.

Cogito, ergo sum é uma frase de autoria do filósofo e matemático francês René Descartes (1596-1650). Em geral, é traduzida para o português como “penso, logo existo”; mas que na realidade sua intenção na Discurso sobre o Método (1637) era dizer: “duvido, logo sou”. Neste mesmo sentido, 1.200 anos Santo Agostinho escreveu “fallor ergo sum”: “erro, logo existo”.  Veja que na história humana a discussão sobre a nossa própria capacidade de enxergar a vida e as certeza sempre foram confrontados com a incapacidade de reconhecer que erramos mais que acertamos, e isso não apenas faz parte de estar vivo, mas, de certo modo, e prova disso. O erro não se refere somente ao que fazemos. Num sentido mais profundo, e quem somos. Para muitos e em muitos momentos da história a possibilidade de erro seria como a mortalidade, outra característica que está implícita na palavra “humano”: todos erramos – mesmo sem querer. O mesmo acontece com a experiencia da morte. Consequentemente, isso é parte da nossa concepção sistêmica não por menos que quando erros acontecem, e típico reagirmos como se não tivessem acontecido: nós os negamos, nos mantemos na defensiva, os ignoramos, os abrandamos ou colocamos a culpa nos outros. De qualquer forma a justificativa se faz sempre presente. A relutância em admitir que estamos errados não e apenas uma falha individual. Como parte da cultura ocidental, desde os gregos, desenvolvemos poucas ferramentas para abordarmos nossa propensão aos equívocos infortúnios da vida.

Por isso, se neste exato momento estiver refletindo sobre o assunto, não se sinta culpado. Fomos treinados a não aceitar, ocultar, inventar, justificar e mesmo mentir sobre nossos erros. Praticamente todas as tradições religiosas incluem um ritual para penitencia e purificação quando agimos errado. Até mesmo o sistema de justiça criminal, com todas as suas falhas, tem algumas raízes numa valorização do arrependimento e da transformação. Mas, cuidado justamente esse processo que é parte da nossa história ao mesmo tempo pode ser muito impactante e depressivo no andar das coisas na vida. Se não atentarmos sobre nossas certezas, pode ser que quando, cairmos frente a realidade de como as coisas são, muito diferente das nossas verdades, e nos dermos conta do que perdemos diversas oportunidades na vida por nossas convicções contidas em nossas crenças e que realmente estávamos enganados a respeito, pode ser tarde demais e nisso está desde as crenças políticas, ou das ideias que cultivava sobre si mesmo, sobre a pessoa amada ou mesmo do trabalho. No arrependimento não encontrara recursos óbvios, prontamente disponíveis para ajudá-lo a lidar com essa situação.

Realmente há algo que acontece dentro de nós que muitas vezes impede de dizer “eu estava errado”. Aliás, uma questão espantosa, considerando-se a simplicidade da frase, mas que se aprendêssemos a utiliza-la e reconhecer seu valor, poderia propiciar muito mais alegria do que dor.

Em vez disso, o que dominamos são duas alternativas para admitir nossos erros, que servem para destacar como somos péssimos em faze-lo. Quantas vezes você se pegou dizendo: “Bom, eu errei, mas…..” – uma falácia que tentamos entrepor  entre o erro e o acerto com justificativas de por que, no fim das contas, não estava tão errado assim. Outra ridiculamente comum, que está muito presente na boca de pessoas de caráter duvido, como na política é dizer: “Erros foram cometidos”. Perceba a má fé de passar para a terceira pessoa, de maneira tão concisa, fazendo uso da língua para se afugentar da culpa.

Além disso, carregamos o péssimo hábito, que vem desde os princípios familiares em sentir prazer quando nos superamos em reconhecer as falhas alheias. Há uma sensação incrível quando se consegue apontar que outra pessoa está errada. Sim, o ser humano tem por si um senso narcísico e maldoso. Uma vaidade incrível quando se coloca em comparação ao outro e isso leva a atitudes egóicas e não é à toa que frases como “Eu te disse…”. Perceba o quanto isso é presente em nosso dia a dia, agora tente resgatar a sensação que esta frase trás (às vezes até caráter odioso) derivado de um desejo de deixar claro que não só você estava certo, mas também estava certo quanto a estar certo. O que faz sentir-se superior. Dono da verdade!

Coisas de seres humanos, satisfação diante dos erros dos outros. Parece absurdo dizer isso e não é muito simpático, embora certamente seja bastante humano. A intenção destas provocações e justamente trazer a lucidez do que está em jogo quando estamos nos relacionando com o mundo. São questões como essas que precisam ser sempre reavaliadas. Questões comportamentais que interfere na qualidade de toda e qualquer relacionamento. Esse tipo de modo como nos colocamos frente as nossas relações é o que faz ela prosperar ou não, ser tóxica ou saudável.  A intenção de carregar dentro de nós este senso de superioridade aludida a ideia de infalíveis dificulta os relacionamentos – entre conhecidos, colegas, amigos, parentes, cônjuges e nações. Essa dificuldade de lidar com o erro também se reflete de modo precário em nosso entendimento sobre possibilidades da vida. Volto aqui a afirmar, quanto mais vivemos fundamentados em nossas crenças, menos vivemos a vida.

Para entender isso, vamos usar a própria história. Erros dramáticos da já foram impostos para humanidade: a crença na Terra plana, a teoria do Universo geocêntrico, a constante cosmológica, a fusão a frio. Entretanto, foi preciso pessoas discordarem, revisarem, repensarem, resignarem, para que correções sejam feitas, e mesmo as correções por vezes se mostram, erradas também. Certezas, verdades, são questões muito subjetivas, afinal aos olhos de quem estamos certos ou errados. O ponto principal é: pelo fato de até mesmo as teorias cientificas aparentemente irrefutáveis de tempos passados terem depois se mostrado equivocadas, temos de presumir que as hipóteses de hoje também se revelarão erradas algum dia.

Na mesma velocidade que tendemos a justificar as coisas, também fazemos com as nossas lembranças – desde política, economia, tecnologia, direito, religião, medicina, criação dos filhos, educação, saúde, entre tantos outros tópicos presentes durante nossa vida – tender sempre a transformar fatos ocorridos em alusões para florear nossos argumentos.  As verdades de uma geração se tornam com tanta frequência as inverdades da geração seguinte que poderíamos ter um verdadeiro paradoxo da indução pessimista da história de todas as coisas.

Deveríamos aprender a resignar crenças, a dar atenção ao momento e descobrir que muito do que entendemos ter certeza deva ser abandonado no momento seguinte. Os sentidos enganosos, o intelecto limitado, as lembranças falhas, o véu das emoções, a pressão dos compromissos e a complexidade do mundo conspiram para assegurar que erraremos repetidamente e precisamos aprender continuamente a lidar com isso.

A vida só existe na experiencia, vivencia, oportunidade, relação, do que qualquer outra coisa. Fato é que existem tantas coisas na vida que são impossíveis de provar que temos razão, mas tendemos a acreditar que as pessoas que discordam de nós estão erradas. Por mais arbitraria que seja essa lista, será que vale a pena insistir nela? Fazer inimizades, prejudicar relações, deixar de experimentar algo novo, conhecer lugares nunca esperados.  

 Quando nos damos conta de que erramos, não estamos mais enganados – reconhecer a crença como falsa é parar de acreditar nela. Assim, na prática, só podemos usar o verbo no passado “estava errado!”

Por fim, vale aqui compreender que a frase “eu estou errado” descreve uma impossibilidade lógica. Aqui vale a atenção de todos nós, o erro só acontece no passado, e só reconhecemos ele no presente. Esta é mais uma razão para darmos conta da nossa responsabilidade com a vida, seja a nossa como a dos outros. Não existe a experiencia de errar. Podemos nos dar conta de que erramos, e claro. Na verdade, há uma espantosa diferença entre as duas vivencias. O reconhecimento de nossos erros pode ser chocante, confuso, engraçado, embaraçoso, traumático, agradável, esclarecedor e transformador – às vezes para o bem, entretanto, também pode ser fatal. Por definição, não pode haver nenhum sentimento particular associado simplesmente ao ato de errar.  Na realidade, só é possível errar quando estamos alheios ao erro. Esse é o problema da cegueira que carregamos incondicionalmente com a vida em relação ao engano – só nos damos conta dele a posteriori e ele. Nunca se esqueça que quaisquer inverdades em que cada um acredite neste momento são, agora, necessariamente invisíveis para nós.

Da mesma forma que o mais interessante da vida é que são as questões insolúveis que despertam nosso mais passional senso de crença de que estamos certos e de que o outro está errado. Logo, qualquer definição de erro que definimos como tal é o bastante para alimentar nosso senso crítico da maneira como conversamos sobre ele quando não há um marco óbvio para estar com a razão e mesmo havendo há espaço suficiente dentro de nós para argumentações duvidosas.

Por isso, quero trazer como reflexão que logo que permitimos entrar em um estado de vulnerabilidade e reconhecer nossas imprecisões e como nos darmos conta de que estamos errados, deixamos de estar enganados – reconhecer a crença como falsa é parar de acreditar nela. Isso é um ato claro e objetivo de resignação. Assim, só podemos dizer “Eu estava errado”. Curiosamente isso não vem da minha cabeça, é o princípio da incerteza de Heisenberg para o erro: podemos estar errados, ou podemos saber disso, mas não é plausível fazer ambas as coisas ao mesmo tempo.

Convido você a buscar perceber sua cegueira em relação ao erro e o quanto temos dificuldade de imaginar que podemos estar errados. E fácil atribuir essa dificuldade a vários fatores psicológicos – arrogância, insegurança, entre outros –, e estes claramente desempenham papel importante. Mas outra questão mais estrutural também pode estar no equivoco de um paradoxo psíquico que sentir-se errado, faz sentido concluirmos que estamos certos. Por isso temos tanta dificuldade de cultivar o pensamento crítico sobre quem somos e como nos comportamos.

Saiba que a vida por si é de fato desorientadora, e as pessoas, que nela fazem parte trás para si suas histórias e suas próprias razões e realidade de vida. Entretanto, nunca se esqueça que final ninguém a não ser nós mesmos podemos escolher nossas crenças. É verdade que tendemos a nos acomodar, e por isso acabamos: acostumados a discordar dos outros e, de repente, vemo-nos em desacordo conosco. O erro, nesse momento, e menos um problema intelectual do que emocional e existencial – uma crise não em relação ao que sabemos, mas sobre quem somos. Isso surge quando nos indagamos: “O que eu estava pensando?”, “Como pude ter feito isso?” Quando essas questões dominam nossa mente é porque neste momento passamos a dar oportunidade para aprender com a vida. Mesmo que o erro venha de um abismo entre o singular e plural, entre fatos, palavras e coisas, entre o presente e o passado e nossa intenção futura – seja qual for e em todos os casos, entre nossa própria mente e o resto do mundo o que importa é que de uma maneira possamos aprender com eles. Acredite, na maior parte, passamos a vida ignorando despreocupadamente esse abismo. Quem sabe encará-lo de frente não seja a diferença entre uma vida morna  e sem graça e uma vida alegradora que vale de fato a pena viver! 

Sobre o Autor:

Marcello de Souza, fundador da Coaching & Você, é apaixonado por assuntos referentes a gestão, liderança e fascinado pelo cotidiano e pelas mais diversas formas do desenvolvimento do comportamento humano. É terapeuta cognitivo comportamental e coaching. Também estudioso, escritor, pesquisador e psicólogo social, vive em busca constante do crescimento intelectual e comportamental humano.

Tem mais de 25 anos de experiência em empresas nacionais e multinacionais, atuando como agente, treinador, facilitador, palestrante e consultor internacional. Tem vasto conhecimento em gestão e consultoria de equipes multidisciplinares, liderança e gestão de projetos de alto impacto, relacionamento e negócios. Coordenou times e clientes, atuando na implementação de novas ideias, simplificação de processos e identificação de áreas frágeis, bem como na antecipação de cenários com ações inovadoras de alto impacto além de desenvolver a excelência nas pessoas.

Seu trabalho, seja em campo ou em seu consultório, aborda além das técnicas a excelência nas questões emocionais e comportamentais que permitem a plena realização pessoal e profissional da equipe e cliente, ampliando a eficiência, alcançando resultados surpreendentes.

É fã e respeita a opinião do outro, aceita o diálogo para discussões contrárias, mesmo que a opinião do outro não consiga responder as ideias e pensamentos existentes nas reflexões, aqui, escritas.

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