ARTIGOS (DE MINHA AUTORIA),  DESENVOLVIMENTO HUMANO,  GESTÃO,  LIDERANÇA,  PENSAMENTO SISTÊMICO,  PSICOLOGIA,  PSICOLOGIA SOCIAL

POR QUE SEMPRE ESTOU CERTO?

O maior problema do mundo é porque os ignorantes e os fanáticos estão muito seguros de si mesmos e as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas”.

(Bertrand Arthur William Russel)

Será que é um palpite, intuição, dúvida ou uma certeza? Será que você está certo?  Não ache que este é um assunto sem importância, porque não é! Aliás, todos deveriam sempre se esforçar para entender um pouco mais “sobre você de você mesmo” e assim construir conscientemente ferramentas cognitivas para uma vida melhor. O que quero dizer é que buscar facilitar a vida é uma coisa, resumi-la pela superficialidade é outra e acredite, todos estão vivenciando um período incomum em que cada vez mais se tem a impressão que se está coletivamente sob o efeito Dunning-Kruger (Homenagem a dois professores de psicologia americanos, David Dunning e Justin Kruger, que investigaram o fenômeno).

Talvez começando com a provocação dos estudos destes dois pesquisadores ajudem a abrir nossa mente para explicar do porque temos cada vez mais nos habituado a não dar muita atenção sobre como chegamos à determinada resposta, ou o que nos levou a acreditar em certos fatos sem haver qualquer indicio ou prova que esta ou aquela é a melhor alternativa ou decisão. Simplesmente acreditamos estar certos e outras vezes sem se preocupar em analisar ou buscar outras evidências, agimos. Todos nós tendemos a superestimar nossas habilidades – mas aqueles com menos conhecimentos são os que se consideram melhores que especialistas. Neste sentido veremos que há explicações psíquico neurológica por trás do fenômeno.

Antes de tudo é precisamos deixar claro que diferente da realidade, muito das estratégias cognitivas presentes no ser humano, que faz até parecer que nossa mente está buscando sempre fazer o menor esforço possível para economizar energia, na verdade são apenas facilitadores.  Agora, esta condição de levar uma vida superficial e rala, de sermos habituais, não tem nada a ver com a falácia que impera anos após anos de que o cérebro busca sempre criar sub-rotinas para facilitar a vida e economizar energia. Pensando ou não pensando, usando-o para revolver problemas, refletir, analisar, estudar, meditar, ler jogar, ou mesmo sair para um bar encher a cara, ficar dormindo até tarde ou ficar acordado olhado para uma tv, etc., não altera seu consumo de energia que praticamente é sempre o mesmo, ou seja, 20% de toda a energia consumida pelo corpo humano é destinado para o bom funcionamento cerebral. Para ser mais preciso e já sanarmos está questão saiba que o cérebro especificamente consome 5,6 miligramas de glicose por cada 100 gramas de tecido cerebral por minuto — tenha chuva ou faça sol, de dia ou de noite, ele gasta a mesma energia. No cérebro de um indivíduo adulto, a maior demanda por energia procede dos neurônios, que gosta mesmo é de glicose, porque, diferentemente das células comuns, que também obtêm energia de outras fontes, os neurônios dependem quase que exclusivamente dessa substância. Por isso, embora o cérebro represente menos de 2% do peso corporal, gasta seus 20% da energia total que o organismo fabrica onde sua fonte está então para a glicose — sendo ele o seu principal consumidor.

Existem outras razões de tendermos a esta busca quase que incontrolável de querer cortas caminhos cognitivos, e isto está muito mais relacionado com o tipo de vida que vamos habituando a viver — relações humanas e ambiente. Em outras palavras, isso tem mais a ver com o sentimento e como ele implica naquilo que estamos escolhendo para nossa vida. Neste artigo de hoje é sobre isto que quero falar com vocês, do porque é tão difícil admitir que estamos errados. Levá-los a refletir sobre o quanto cada um de nós tem em si, neste momento, total lucidez do grau de confiança naquilo que percebemos ou pensamos e o quanto isto influi diretamente nas relações, opiniões, apostas e decisões tão como do porque quanto menos sabemos, mais achamos saber.

 Há muitos exemplos em que adotamos uma abordagem intuitiva ao pensamento sobre nossas ações, escolhas e decisões e isso pode se tornar uma grande armadilha cognitiva. O problema que cada vez mais as facilidades que vamos desenvolvendo no dia a dia tem ajudado a tornarmos dependentes do pensamento estreito, superficial, ralo, inconsistente e pior, ruidosos ao ponto de não conseguirmos ouvir nós mesmos e isto está presente e se estendendo para as crianças e consequentemente para dentro das escolas.

Para entender do que estou falando, quero começar com a seguinte pergunta: Um corredor maratonista corre 10 Km em uma hora e vinte minutos. Quanto tempo este corredor precisa para correr 30 Km?

Antes de analisarmos a resposta para esta pergunta, vamos refletir um pouco sobre o mundo a nossa volta. Se observarmos as redes sociais, é absurdo o quanto estamos sendo continuamente induzidos a deixar de dar atenção a concretude de fatos e análises mais críticas para levarmos uma vida pela superficialidade dos pensamentos imediatistas, veja a moda dos tais stories, shorts, tiktok, etc. ou então, mesmo aplicativos específicos para comunicação como whatsapp com o seu acelerador de áudios, por exemplo. Perceba que cada vez mais vivemos um mudo de imediatismo, acelerando tudo a nossa volta que se relaciona conosco; onde há um infinito de informações, mas que parece nos levar sempre para um vazio existencial sem fim — lembra daquela comédia estrelada por Adam Sandler e Kate Beckinsale, Click, onde um arquiteto casado e com filhos está cada vez mais frustrado por passar a maior parte de seu tempo trabalhando. Até que um dia, ele encontra um inventor excêntrico que lhe dá um controle remoto universal, com capacidade de acelerar o tempo. No início, ele usa o aparelho para acelerar qualquer momento tedioso, mas se dá conta de que está acelerando o tempo demais e deixando de viver preciosos momentos em família. A vida imitando a arte, não é mesmo!

Não é à toa que o mundo está doente. Tenho estudado casos de crianças com menos de dez anos sofrendo de ansiedade, depressão, toc, angústia, tdah, obesidade, diabetes, etc. e atendido adultos que desenvolveram transtornos que não conseguem mais se autorreconhecer. Estamos tão acelerados que não damos mais o tempo necessário para comer, dormir, pensar, analisar, observar, saborear, sentir, refletir, ouvir, etc. Parece que tudo precisa ser resolvido em minutos. Transformamos a vida em um mundo de plena insatisfação. Tudo parece estar correndo. Temos continuamente a impressão que está faltando tempo. Pior, tempo que deveria ser primordial para a vida saudável e plena, como para estudar, ler, divertir, passear, hobbys, família, amigos, sono, praticar atividades físicas, namorar, etc. que estão cada vez mais escassos.

A pouco estava lendo alguns estudos sobre a consequência disto na vida profissional— há bons artigos específicos sérios sobre o assunto que vale a pena pesquisar. Um deles por exemplo é sobre um estudo alarmante realizado na área do direito nos Estados Unidos e Canada, onde descreve o quanto a qualidade dos alunos formados e dos profissionais ativos desta área, sejam na composição das ações, do nível de argumentação e mesmo a capacidade de interpretação ou do básico de escrever uma petição, tem sido alterado significativamente impactando na habilidade de análise crítica e julgamento de advogados e juízes, distorcendo e prejudicado processos, justamente pela falta de foco e concentração, relacionado fundamentalmente a um pensamento acelerado e tendencioso, ligado ao vício e ruídos por causa do uso de aplicativos e redes sociais. Este assunto é bem abordado também no livro Ruído de Daniel Kahneman, Olivier Sibony e Cass R. Sunstein – fica a dica.

Hoje atendo pessoas que desenvolveram a nomofobia que é uma doença relativamente recente, mas já muito presente, que surgiu pelas mudanças e avanços tecnológicos na sociedade. Alías, está cada vez mais crescente em países ocidentais, clínicas especializadas em desintoxicar os dependentes digitais. Pessoas que chegaram ao extremo de não conseguirem mais conviver com a família, colegas de trabalho e nem consigo mesmo. A intoxicação digital elevou o nível de aumento significativo de pânico, fúria, tristeza profunda, violência e suicídio — casos que estão relacionados ao vazio existencial tão como da incapacidade de lidar com o individualismo e imediatismo causado pela dependência digital. Você fica chocado com o depoimento de pessoas que sofrem desta dependência.

Tenho realizado um profundo estudo cientifico sobre saúde mental em ambiente de trabalho. Com base nas ciências comportamentais, sociais e neurociências e fundamentado em inúmeros cases de pesquisas dos últimos vinte anos, posso afirmar que realmente é preocupante o que pode estar por vir. Por exemplo, a pouco tenho acompanhado alguns movimentos em prol de diminuir os dias de trabalho de cinco dias para quatro, considerando uma das soluções para aumentar o bem estar das pessoas. Diante aos argumentos e das teorias apresentadas que tive acesso, sinceramente não tenho certeza se há realmente benefícios nisto! Tenho muito receio destas fórmulas que surgem a partir da análise de problemas sem ter claro as causas. Será mesmo uma boa decisão? Qual a diferença? Será a saída para diminuir o adoecimento mental dos trabalhadores? Para mim, não! Pelo contrário. Mas, claro que este é um assunto para um artigo especifico (que ainda vou gravar e escrever), entretanto, para compor este, agora, quero apenas que reflita do que adianta, três, quatro, cinco dias de tal “descanso” se você não substituir estes dias por atividades saudáveis, por uma vida mais organizada, menos ruidosa, despoluída dos excessos de informações. Uma vida mais leve, mais centrada em você mesmo. Onde você se utiliza deste tempo para fazer coisas que não estejam em hipótese alguma relacionada com seu dia a dia comum, cotidiano. Tipo, aproveitar estes dias para coisas novas, ao lado de pessoas especiais, desfrutando dos prazeres da vida como ver uma peça de teatro, um bom show, viajar para lugar novos, dançar, meditar, enfim, atribuir coisas diferentes que geram prazer, fazendo aquilo que naturalmente faz bem para o “corpo e alma” de maneira no qual possa desintoxicar deste universo paralelo online. Agora, não adianta ter um dia a mais na semana para passar boa parte do tempo pensando sobre a sua atividade online anterior e antecipar a próxima sessão, preocupado com a vida alheia, ficar navegando pelas redes sociais, desleitar-se de um sofá em frente uma tv assistindo séries, jogando, etc.  Fato é que estamos vivendo em um mundo de alucinados e paradoxal, onde não fazer nada e se desconectar deste universo paralelo digital tornou-se uma espécie sinônimo de doença. Não conseguimos mais diferenciar nossas decisões entre racionais ou fantasiosas. Do que é consciente ou alucinação. Não nos importamos mais se o fato é verdadeiro ou fakenews. Do que é ética e o que é moral. Se o que penso é algo meu ou de um outro que sigo na internet — estamos tendo dificuldades de reconhecer nossos próprios sonhos, gostos, prazeres, desejos, vontades, etc. Muitos de nós não sabem mais responder qual pensamento lhe pertence!

Certa vez fui dar um workshop em uma universidade em Belo Horizonte sobre comportamento humano e um dos tópicos estava relacionada a uma palestra que eu havia assistido, ministrado por Antonio Damásio, com uma determinada especificidade da explicação sobre sentimentos — vem dos estudos mais atuais da neurociência. Neste momento uma pessoa da plateia me interrompeu dizendo quer eu estava errado. Fiquei intrigado e apesar da abordagem ter sido um tanto desrespeitoso, achei interessante alguém ali para discutir sobre o assunto. Então, claro, muito curioso fiz a pergunta que provavelmente qualquer facilitador faria: “Que legal, então por favor, sinta-se à vontade de dizer seu ponto de vista e mostrar para todos presentes o que está errado e qual é a opinião e domínio sobre o assunto, deixe-me aprender com você!”  Ele, sem nenhum problema, respondeu: “Não, não tenho nenhuma opinião formada, mas tenho certeza que você está errado”. Confesso que minha emoção teve uma pequena alteração. Mas, ainda muito gentil, pedi a ele: “Por favor, me diga o que especificamente está errado. Qual parte? Vamos abrir aqui um pequeno espaço para eu entender suas ideias e no final vamos nos aprofundar, quem sabe eu não estou sendo claro o suficiente ou você tem mais domínio sobre o assunto e eu posso realmente aprender com você!” Ele então respondeu, em um tom muito alterado: “Tudo! Você não sabe nada, nem sabe o que está dizendo!” E, então levantou-se e saiu da palestra junto com uma colega. O interessante é que havia vários professores universitários de graduação e pós graduação que estavam presentes assistindo e no final alguns deles gentilmente vieram me pedir desculpas pelo ocorrido, entretanto, o que mais me chamou a atenção é que os professores categoricamente disseram que este mesmo comportamento tem acontecido corriqueiramente em sala de aula.

TEMOS CADA VEZ MAIS DIFICULDADE DE RESPONDERMOS QUESTÕES SIMPLES

“Ao acionar um interruptor, você conscientemente viu a lâmpada acender?”. Embora pareça fácil responder à pergunta, mais de um século de pesquisas foram necessárias para mostrar que o problema-chave por trás dessa pergunta é definir a consciência de tal forma que seja possível medi-la ao mesmo tempo que “captamos” seu caráter subjetivo. Nesta linha de pensamento hoje a psicologia comportamental e social se uniu a neurociências para entender o que está acontecendo com a sociedade a nível psíquico cognitivo para responder questões capazes de nos trazer lucidez maior para interpretar toda essa mudança sociocomportamental  (claro que não há espaço aqui para discutir todas perspectivas sobre este assunto, mas quero ao menos focar em ajudar compreender o que representa na prática um palpite, uma intuição, uma dúvida ou uma certeza e qual o custo potencial de pensar demais).

 Você pode não ter se dado conta ainda, mas é inegável que muitas de nossas percepções e ações se passam fora do alcance da consciência porque é assim que funcionamos, desde coisas simples como: se ajustamos a postura corporal durante uma conversa ou se passamos a confiar em uma outra pessoa ou então resolvemos apostar nosso dinheiro em determinadas ações achando que é o melhor investimento. Em geral não temos ideia – pelo menos não exatamente e mais precisamente – de por que ou de como fazemos essas escolhas. Para a maioria delas encontramos introspectivamente explicações tanto racionais quanto fantasiosas: “fico mais confortável nessa posição” ou “confio nesta pessoa porque temos muito em comum”, “comprar ações é mais fácil do que pesquisar outros tipos de investimento”, por exemplo.

Embora tendemos a acreditar que estamos mais certos do que errado e de imaginar que nossos pensamentos e explicações são racionais, lógicas e objetivas, essa não é bem a verdade, pelo contrário. Muitas de nossas ações cognitivas advêm do fato de que prestamos atenção seletivamente às informações que estão de acordo com nossas crenças, o que na psicologia chamamos de viés. Há registros de centenas de vieses cognitivos, mas o mais comum, sem dúvida, é o viés de confirmação, segundo o qual procuramos e aceitamos com mais facilidade informações que confirmam aquilo em que já acreditamos. Isso significa que temos menos chances de encontrar informações que vão contra o que acreditamos, quando então construímos pensamentos contrafactuais. Um teste desenvolvido em 2015 pelo New York Times, envergonhou muita gente famosa que acreditava estar imune ao viés de confirmação. Quando confrontados com uma informação que desbanca aquilo em que acreditamos — principalmente numa discussão acalorada —, entram em jogo as emoções para “proteger” nossas verdades. Surge então um outro problema, afinal quando estamos tomados por alguma emoção forte, fica mais difícil ainda a dialética da conversa, porque as pessoas não estão mais debatendo ideias, e sim crenças e isso fortalece a formação de verdades prévia sobre o assunto. Em outras palavras, em vista disso, nós tendemos sempre ignorar inconscientemente aquilo que não se alinha com o nosso modo de pensar. Isso acontece primeiro porque para o ser humano em geral há uma grande dificuldade em lidar com suas próprias crenças. Lembre-se sempre estamos buscando o prazer e evitar a dor e sofrimento. Quando estamos diante a um conflito de crenças, um sentimento negativo surge e a angustia floresce com isso nossa emoção se altera e isto gera uma reação de mal estar advindo de alguns hormônios que alteram nossos sentimentos, por sua vez nossos pensamentos.

A intuição não é diferente, em resumo, por sua vez é também, de certa forma um palpite, mas tem um apelo mais sentimental e dificilmente é passível de ser explicado conscientemente quando ela se faz presente. Entretanto hoje se sabe que a intuição é formada por memórias mais especificas sobre certas condições. Fato é que quando intuímos algo e aquilo acontece, tendemos a fortalecer uma crença já existente, quando não ocorre, tendemos sempre a descartar a informação, como se ela não existisse. Simplesmente porque além de literalmente guardarmos menos os fatos que contrariam nossas crenças, nós nem vamos atrás deles ou buscando tentar entender o que acontece, simplesmente descartamos a informação. Repetindo, para não ser esquecido, somos literalmente mais propensos a procurar informações desejáveis e mais disposto a acreditar e reforçar as crenças quando recebemos essas informações desejáveis. Agora, também é fato que os processos inconscientes, como a intuição, funcionam de maneira que sintetizam automática e rapidamente uma variedade de informações complexas, e isso em certas situações imediatistas oferece uma vantagem sobre o pensamento deliberado.

Por isso que quando uma pessoa vai nesses tais futurólogos (cartomante, astrólogos, tarólogos, etc.) facilmente são pegos pelas suas próprias falácias mentais. Basta um sujeito deste acertar uma declaração que mexa com suas emoções que ele já ganhou sua atenção. A partir daí como você já predispõe em acreditar, tudo que for dito vai caber de alguma forma na sua vida.

Do outro lado, é preciso também entender que a mente humana precisa trabalhar em grande parte do tempo no automático, senão seriamos incapazes de evoluir. O quero dizer é que por trás dessas questões e das justificativas que formamos, existem muitas outras que são parte do dia a dia e que necessariamente são passiveis que aconteçam a nível inconsciente para que nosso cérebro tenha a liberdade para focar sua consciência em tantas outras questões que ele entende ter mais valor para agregar ao nosso conhecimento e assim aprimorarmos nossa condição saber lidar com a vida. Sempre lembrando que todas as nossas decisões, são fundamentas em ganhos, onde o objetivo maior da mente é proporcionar prazer e evitar a dor e o sofrimento.

Dito isso, espero que fique claro que quanto mais acesso ao conhecimento, quanto mais experiencias vamos formando com a vida, em sua plena diversidade, maior é o conjunto de dados que inconscientemente vai ser trabalhado, da mesma forma que mais intuitivo aparentaremos ser. É claro que existem fatores que podem influenciar nossas decisões e direcionar nosso pensamento aos quais nem sempre prestamos muita atenção, como emoções, humor, cansaço, fome, estresse e crenças existentes. Mas isso não significa que somos regidos por nosso inconsciente — é possível ter consciência desses fatores. Às vezes, podemos até neutralizá-los colocando a atenção em nossos sentimentos e a partir daí perceber o que está ou não de fato fazendo sentir-nos bem. Com os sistemas cognitivos executivos sendo estimulados a pensar e permitindo-se aceitar os sentimentos da forma que estão sendo sinalizados, contribuímos para o amadurecimento de nosso comportamento. Como também, existem escolhas que realmente devem ser ao menos vistas como importantes e que carecem de significativa reflexão para lidarmos com as questões do dia a dia. O problema é que se você parar para pensar, e trazer para você uma autocritica sustentável, perceberá que grande parte dos erros que cometemos durante a vida foi traçada por nossas escolhas onde acreditávamos naquele momento estar plenamente não só consciente, mas também certos. Onde então está o erro?

POR QUE É TÃO DIFÍCIL ADMITIR QUE ESTAMOS ERRADOS?

Entretanto, não ache que a compreensão de tudo isto é tão simples. Sei que parece paradoxal o que vou dizer, mas mais adiante você entenderá a lógica de tudo isso. Falo isto porque à primeira vista, tais deliberações com a vida em que buscamos, sempre que possível, estabelecer um pensamento racional, tendemos a achar que isto é a melhor condição e pode sempre parecer benéfico: afinal de contas, se estou conscientemente analisando uma questão, isto deveria ser menos propenso a erros ou preconceitos. Mas, se examinarmos de perto, parece que nem sempre é esse o caso.

Teimosia, falta de empatia, polarização, entre outras questões cognitivas —  com a presente sensação da “falta de tempo”, nós estamos cada vez mais tendencioso a encontrar justificativas para usa-las quando tentam nos convencer que estamos errados, mesmo quando todos os fatos apontam que a outra pessoa está certa. E quando alguém finalmente muda de ideia — seja ao se convencer de que a Terra não é plana, de que o distanciamento social é sim uma medida eficaz contra o novo coronavírus e não a cloroquina ou de que determinado post calunioso nas redes sociais é uma agressão e infâmia — é difícil ver alguém assumindo seus erros. Fato é que não adianta aumentar sua preocupação de querer buscar estar consciente das suas ações sem que haja conhecimento em você suficiente para saber lidar com a questão; ou então de que adianta todo empenho se você insistir em basear-se de informações que confirmem suas crenças e opiniões e descarta aquelas que não o fazem. Esse comportamento também afeta os dados de que você se lembra e a credibilidade que você dá às informações que pesquisa. Para analisar sua decisão a partir de fatos concretos ou de referências que efetivamente possa levar você a ter uma visão melhor das escolhas que estão prestes a serem tomadas é preciso maturidade emocional.

O problema começa porque devido à limitação de conhecimento, não percebemos que estamos errados. Saiba que nosso cérebro reage à chegada de novas informações, se não praticarmos a desassociação de nossas crenças, ou seja, se não aprendermos a duvidar de nossas certezas, ele não vai gravar tão bem aquelas que vão contra ao que acreditamos — principalmente quando são negativas. Quando se analisa as mudanças de atividade cerebrais quando recebemos uma informação nova, é possível observar que informações que contrariam nossas certezas (crenças) são menos “graváveis”. Isso ocorre principalmente observando as regiões frontais, mas elas estão conectadas também a regiões subcorticais que estão envolvidas com emoção, motivação, memória etc. E o problema não para por aí, porque além dos fatores neurais há também as questões psíquicas.

Estudos clínicos têm demostrado que quanto menor a autoaceitação, autoestima e autoconfiança, mais dificuldades a pessoa tem em ressignificar suas crenças, lidar com a diferenças ou estar aberto para algo novo. Na realidade, as crenças servem de sombra para a pessoa. O problema das sombras é que no final, essa estratégia de intimidação intelectual é uma máscara para esconder uma profunda insegurança pessoal. É em si um ato covarde. Em outras palavras, uma espécie de defesa para lidar com subjetividade da sua realidade criada com o mundo limitado a si mesmo. Isto ocorre porque a mente de uma pessoa que não consegue valorizar a si mesmo tem dificuldades em lidar com as diferenças. Normalmente insistir na ignorância é resultado do medo, da vulnerabilidade e insegurança. A mente humana não é como uma folha em branco, mas sim um conjunto formado de ideias e conhecimentos adquiridos ao longo da vida, neste sentido vale ressaltar aos pais que a infância é parte responsável da evolução cognitiva durante a vida.

Depende da autoaceitação, autoestima e autoconfiança, a maneira como cada um processa as informações e como alimenta a sua dissonância cognitiva. Por isso mesmo que a ideia que ter somente consciência é a solução é um equívoco muito grande. Quando ocorre uma dissonância a pessoa entra em um conflito íntimo e esforça-se para estabelecer um estado de consonância ou consistência consigo e o ambiente em que está inserido.  Assim, esta pessoa passa a acreditar que se expor por exemplo com a sua falta de conhecimento o torna uma pessoa vulnerável, apequenada, alvo de críticas e descréditos. Assim, vai insistir que as coisas só podem ser certas da sua forma, que é dono da verdade, que sabe mais que todo mundo e despreza o conhecimento alheio, mesmo ciente de que não é verdade — o verdadeiro sabe-tudo. Então, qual a diferença? A questão é que sempre haverá uma tendência da mente humana de interpretar informações seletivamente, influenciando a forma como compreendermos os dados, e a maneira como os lembramos e até mesmo a forma a qual fazemos retenção de lembranças.

Uma das características marcantes nos estudos comportamentais sobre pessoas que conseguem ser mais conscientes das suas decisões de forma a qual permita-se sempre que possível ou necessário a duvidar das suas certezas e com isso buscar outras fontes para seu embasamento ser feito de maneira clara, objetiva e fundamentada, está para o sentimento. Sim, um estudo recente sobre pessoas que sabem lidar bem com as diferenças, divergências e com erros demostraram também ter mais facilidade de reconhecer e aceitar seus próprios sentimentos o que fazem ser mais sensíveis nas suas relações, tendo um senso mais realista e empático da vida. Fato é que pessoas bem resolvidas, que tem a autoaceitação, autoestima e autoconfiança elevados são capazes de estarem abertas a novas oportunidades e, se cometer um erro, reconhece o seu erro, porque sabe que, para crescer e progredir, é necessário deixar muitas certezas e dar valor para as dúvidas.

Um estudo realizado com mais de três mil adultos demostrou que há uma relação estreita entre autoestima e conhecimento. Pessoas com autoestima elevado quando são questionadas com indagações que não dominam ou estão incertos, sentem-se à vontade em expor sua falta de domínio sobre o assunto ao mesmo tempo exala a necessidade de saber, o que motiva sua busca contínua pelo conhecimento, explorando, descobrindo e aprendendo. Na verdade, quando a autoaceitação, autoestima e autoconfiança estão em equilíbrio, não há motivos para ter medo de constantes atualizações ou de deixar de lado as certezas para se abrir à incerteza.

COMO ALIMENTAR A IGNORÂNCIA

Se você quer se tornar uma pessoa vazia, triste e solitária, alimente seu ego e seja um sabe-tudo. Brincadeiras à parte, há vários estudos que relacionam o perfil de uma pessoa sabe-tudo com a falta de afeto durante a infância e adolescência. Esta característica é sim um desvio de conduta no qual muitas vezes está relacionado a questões psicológicas que precisam ser tratadas. A um número de significativo de pessoas que presume saber de mais que sofrem de transtornos, ocasionados por questões vindas dentro do contexto familiar, pela falta das necessidades básicas serem atendidas quando criança, como não ser amado, admirado, respeitado, valorizado, reconhecido, etc.  Este perfil tem a ver com um esvaziamento da essência do ser, normalmente junto estão traços de egocêntricos, vaidade, individualista e além de sociopatia. São adeptos a desinformação. Tem dificuldades em manter relacionamentos duradouros sadios, normalmente são apáticos e se alimentam de informações ralas e superficiais. São provocadores, mal educados e arrogantes. Não sabe lidar com as divergências e diferenças. No fundo usam de todos as estratégias para proteger-se de si mesmo e das suas subjetivas vulnerabilidades.

Uma das características deste tipo de perfil está nas atitudes arrogantes, prepotentes, que presume saber demais e, portanto, diz explicar tudo, em qualquer momento ou lugar, beirando a insolência, e acaba frequentemente ofendendo, abatendo ou desorientando aqueles que o escutam. Inúmeros estudos buscaram desenvolver critérios para analisar o grau alucinação que pessoas que acham que sabe-tudo vivem e qual o perfil que diferencia de outros que realmente dominam certos conhecimentos. Neste sentido estudos comportamentais analisaram questões para determinar se os sabe-tudo sabem realmente mais do que outras e se essa crença de superioridade lhes permite aplicar melhores estratégias de aprendizagem que lhes permitam aprofundar o conhecimento. Em outras palavras, eles queriam saber se essa arrogância intelectual nasceu do conhecimento e trouxe-lhes algum benefício. E a resposta é não. Este perfil tem dificuldade de ir a fundo em busca do saber da mesma forma que normalmente perdem mais do que ganham por insistirem com este perfil. Por isto tem dificuldades de manter relações saudáveis. Eles descobriram também que algumas pessoas, mesmo quando não dominavam o assunto, afirmavam saber mais do que outras e insistiam no viés da confirmação, ou seja, em buscar informações para confirmar sua visão mesmo que distorcida ou parcial, ignorando os dados que demostravam sua falta de conhecimento sobre o assunto. Em outras palavras, essa atitude arrogante intelectualmente não vem do conhecimento, mas sim da sua ausência dele. Nunca se esqueçam desta frase: Quanto menos sabemos, mais nos apegamos às nossas crenças!

Agora, de outro lado, normalmente, pessoas que dominam o assunto não sentem a necessidade de ficar colocando-o em prova. Por isso, pessoas com alto grau de conhecimento, tem um certo apresso em ouvir mais do que falar tão como ser introspectivo. Além disso, foi percebido no resultado dos estudos que pessoas que tem domínio sobre determinados assuntos, também tem mais consciência dos seus limites. Já os sabe-tudo não se dá conta da sua ignorância, alimentado por suas crenças nunca se torna consciente da sua própria incompetência. Acredita que é uma especialista e sempre superestima suas habilidades com orgulho reluzente: Sou Foda!

O QUE FAZER

Para finalizar este artigo quero dizer que não esqueci da pergunta: “Um corredor maratonista corre 10 Km em uma hora e vinte minutos. Quanto tempo este corredor precisa para correr 30 Km?” – Você já tem a resposta?  Foi fácil ou difícil? Sinceramente falando, você se empenhou em realmente encontrá-la? Então, pense mais um pouco que no finalzinho eu digo a você qual é a resposta.

Espero que você tenha chegado aqui entendendo que esta vida imediatista, ruidosa, fundamentada em um universo digital repleto de informações vazias, tendenciosas, falaciosas e manipuladoras são grandes armadilhas para tornarmos vítimas de nossa própria ignorância. Da mesma forma que simplesmente querer ter consciência das escolhas que fazemos, envolvidos numa introspecção tão cuidadosa, podem chegar a razões que levam a ser simplesmente que lhes parecessem facilitar as mais salientes e simples – as mais fáceis de recordar ou de acessíveis – aqueles que eram mais práticas de lembrar ou de pôr em palavras. No entanto, estas razões podem não ser os fatores mais importantes nos seus julgamentos. Como resultado, temos, de fato, que prestar a atenção e se certificar que temos conhecimento suficiente para fazermos uma análise crítica, baseando-se muito mais na dúvida, em perguntas favoráveis e contrarias as nossas ideias para não sermos confundidos pelas razões tendenciosas que estão a ser dada e isto pode levar-nos a ganhar muito mais justamente por nos capacitarmos de julgamentos mais precisos, observando vários lados da mesma questão — pensamento sistêmico.

Espero também que tenha fica claro que contrariando muitas crenças, resultados semelhantes foram obtidos numa série de estudos relacionados, logo, parece haver fortes indícios para concluir que, por vezes, o pensamento consciente exagerado pode levar a graves problemas cognitivos. Se não estivermos preparados com conhecimento suficiente para lidar com a situação ele vai nos conduzir a graves questões psíquicas, alimentando nossas crenças, desvirtuando-nos da realidade, favorecendo o sentimento de inabilidade, imperícia e incapacidade, que vai impactar em nossa autoestima, autoaceitação e autovalorização. Sim, tentando pensar de forma sistemática e racional sobre questões relevantes é importante; muitas vezes, um elevado nível de esforço nesta atividade conduz a melhores decisões e o esforço nesta atividade com certeza gera melhores decisões e julgamentos mais precisos do que o pensamento desinformado. Mas, para isto é preciso se preparar! Estar aberto a uma busca contínua pelo conhecimento. Olhar para opiniões contrárias, ouvir especialistas de todos lados, dar atenção para os que concordam e muito mais para os que divergem. A inteligência se dá pelas diferenças, da mesma que forma que devemos sim, aceitarmo-nos como humanos — imperfeitos, mas perfectíveis!

Para isto, pratique sua inteligência! Quando se defrontar com informação que contradiz seu ponto de vista, busque em você a conscientização de que tudo na vida é passível de ser possível. Não há verdades absolutamente verdadeiras, tudo são possibilidades. Neste sentido devemos buscar um ponto de equilíbrio e refletir sobre as crenças que nos dominam iniciando por um pensamento autocrítico. Sempre digo: “todas às vezes que tiver certeza que está certo, provavelmente você está errado!” Por isso, duvide! A pratica da dúvida nos eleva de patamar, porque aprendemos a fazer muito mais perguntas do que ter respostas. Obviamente, esse modo de lidar com a realidade vai alimentar cada vez mais seu senso de superioridade intelectual, além de fazê-los ganhar oportunidades de ampliar conhecimentos integrando outros pontos de vista — sabedoria!  Em outras palavras, as pessoas que aceitam seus limites, jamais irão ficar prisioneiros de seu falacioso sistema de conhecimento e crenças, que assumem como uma verdade absoluta, e se recusam a valorizar outras ideias que não combinam com as deles, tornando-se dia a dia pessoas entristecidas! Limitadas! Vazias! Pequenas!

Outro exercício que indico a todos é   ter consciência dos vieses comportamentais para tentar evitá-los ou, pelo menos, lembrar que todos encaramos os fatos de um ponto de vista bastante pessoal. Se você estiver vivendo um mundo imediatista, ruidoso ou mesmo tem questões pessoais psicológicas para trabalhar como baixa autoestima, falta de autoconfiança ou dificuldades de se dar valor, cuidado, você tem um grande potencial para se tornar vítima de você mesmo e consequentemente dos oportunistas de plantão.

Além disso, preste a atenção do mundo que está escolhendo viver. Você pode neste momento estar vivendo em um mundo que não existe. Um mundo irreal, fantasioso e autodestrutivo.  Não acredita, então preste a atenção nos seus vieses! Eles sempre vão empurrar você para um dos maiores males da internet — necessariamente vai levar você para bolhas. Debater dentro de bolhas, vendo suas opiniões amplificadas por discursos semelhantes, imaginando que estamos consumindo conteúdo “novo” ao mesmo sanando questões abertas como ter a sensação de que estamos sendo reconhecido, amado, valorizado, respeitado, admirado, etc. Isto é uma falácia! Quanto mais se permitir viver em bolhas, mais dificuldades vai ter não só para sair, mas também para lidar com a realidade da vida. A sociedade vem dialogando cada vez menos, acho que é uma tendência geral. Cada vez menos pensando no bem comum. Há sempre uma primazia da opinião individual, de pequenos grupos, nunca pensando numa perspectiva mais sistemática, social e globalizante. Cuidado por que o fim disto pode ser uma depressão profunda, um esvaziando do ser quase sempre irrecuperável. Além da perda permanente de lucidez e o isolamento social. Vale também lembrar de Zygmunt Bauman que diz que as redes sociais amplificam nossa necessidade de expor opiniões online e o maior problema que por de trás destas opiniões estão robôs manipulando as informações para roubar a sua inteligência. Não à toa que isso acaba contaminando os processos cognitivos de muitos que eventualmente nem tinham uma opinião formada sobre o tema, mas é tamanho o bombardeio de mensagens e notícias, que muitas vezes supera a nossa capacidade de ter um filtro crítico sobre essas informações. Em consequência, todo mundo sente a necessidade de opinar — mesmo sem conhecer um assunto a fundo — e, como já vimos antes, ecoando vozes semelhantes às suas, de simples espectadores, passamos a ser importantes vítimas deste sistema.

Acho também importante dizer que quando as opiniões são dadas por pessoas dominadas pelas suas crenças, afetivas, refratárias a dados, não adianta discutir. Para psicologia isso é análogo a uma pessoa que está delirando. Delírio é grosseiramente uma ideia irremovível, é uma convicção muito profunda (Todas as bolhas levam ao delírio). Comum em pessoas que prezam pela ignorância. Fator necessário presente aos acovardados. Tanto na psicologia quanto para os neurocientistas, reabrir um diálogo e diminuir a polarização é um trabalho social conjunto, pois não há tipos exatos de personalidades mais suscetíveis à teimosia e à dificuldade em admitir erros. A verdade que todos nós estamos aptos a nos tornamos exatamente iguais quanto os que criticamos. Não é uma escolha, e sim um conjunto de fatores ambientais que levam uma pessoa a desenvolver questões para seguir um caminho delirante. Talvez a maior arma que temos para nos protegermos é fazer a nossa parte e, ativamente, procurar informações contrárias àquilo que acreditamos. E estar aberto ao diálogo! Saber ouvir mais que falar; duvidar; perguntar; estudar; pesquisar; ler; fato é que não adianta querer cortar caminho para o saber.

Dito isso, os defensores do “empurrão” nos levam a acreditar que somos mais facilmente influenciados do que pensamos — e do que realmente somos. Isto não é verdade. O ser humano por natureza é viciado em conhecimento. Ele sente prazer em aprender, o problema está nas escolhas da onde está vindo este conhecimento. Não adianta achar que viver sempre correndo atrás do tempo permitirá ao mesmo tempo tomar consciência das próprias escolhas. É preciso desacelerar. Dar valor para si mesmo. Saber controlar o tempo e não o tempo controlar você. Um aspecto fundamental de nossas experiências psicológicas de que somos os agentes de mudança, seja em circunstâncias pessoais (como ter uma família) ou externas (como as mudanças climáticas antropogênicas). No geral, preferimos aceitar a liberdade de escolha em todos os tipos de contextos, mesmo quando percebemos que isso está sob a ameaça de mecanismos que nos manipulam inconscientemente. O problema que também nos adaptamos com certa facilidade, entretanto, volto aqui a reforçar que para saber a qualidade de vida que está agora vivendo, o quanto ela está sendo produtiva e agregando valor para sua vida, basta parar, silenciar-se e dar a si a oportunidade de ouvir seus próprios sentimentos.

Ainda acreditamos estrategicamente que temos menos diligência, controle e responsabilidade em determinadas áreas, com base no quanto elas nos são importantes. Por exemplo, muitas vezes preferimos perder tempo discutindo assuntos fúteis, vazios, incapaz de agregar algo bom para a vida. Então, podemos argumentar que nossa escolha infeliz para nossa alimentação ou não fazer exercício físico se resumiu pela falta de tempo que temos. No entanto, estamos menos inclinados a aceitar que fomos nós que escolhemos perder tempo com a inutilidade de uma determinada maneira pelo poder das empresas digitais como as responsáveis pelas redes sociais. Que tipo de valor estamos dando para a vida?

Quero também aqui chamar a atenção de descobertas científicas em psicologia e neurociência que ganham manchetes sensacionalistas muitas vezes divulgando a ideia de que somos fundamentalmente regidos por nosso inconsciente. Não é verdade! Existem evidência científica mais robusta e que você pode colocar em prática que indica que somos também governados pelo pensamento consciente que pode influenciar no inconsciente. Podemos ter a sensação de que nem sempre estamos totalmente cientes de por que fazemos o que fazemos. Isso pode ser porque nem sempre estamos prestando atenção aos nossos pensamentos e motivações internas. Mas isso não é equivalente a nosso inconsciente reger todas as nossas decisões. Temos capacidade de escolher e quanto mais praticarmos isto, melhor iremos desempenhar nossa realidade. Por exemplo, comece com um exercício simples, quando algo der errado, escreva em sua agenda o porquê acha que deu errado. Descreva todas as circunstâncias que levou a dar errado e por fim, diante a elas, descreva o que era preciso mudar para dar certo.  Fundamenta-se, pesquise se for necessário. Leia e encontre atributos que indicam a possibilidade de dar errado. Provoque você mesmo com várias ideias conflitantes. Acredite, podemos aprender e mudar as coisas para melhor depende de aceitarmos que é preciso analisar várias frente de pensamento, um certo nível de controle e responsabilidade. Nos casos em que as coisas dão certo, acreditar que podemos repetir ou aprimorar ainda mais nossas conquistas depende de aceitarmos que temos um papel a desempenhar nelas, permitindo-se também fazer o mesmo exercício só que agora o contrário. A ideia deste simples exercício é ampliar seu sendo critico, sua visão sistêmica, sua amplitude de olhar para as coisas além das suas crenças. Crenças, assim como memorias, não se apagam, mas são passiveis sempre de serem ressignificadas. Basta você realmente querer!

Caracas, já estava esquecendo! Não foi por acaso, afinal toda a resposta que você encontrou é apenas uma possiblidade. Se você entendeu este artigo, deve agora estar ciente que faltam tantas questões para serem respondidas possibilitando encontrar uma estimativa de tempo, que qualquer coisa é um chute! Entendeu, ou preciso desenhar?