QUER SER UM SUPER LIDER, ENTÃO APRENDA O QUE É IMPORTANTE – PARTE 2
FOCO NAS RELAÇÕES
Talvez esta seja realmente o maior dos desafios da liderança hoje. As relações humanas tem sofrido diversas mudanças com o avanço da tecnologia, principalmente quando se trata de comunicação. Aquilo que era para ser um meio de se comunicar, tornou-se o fim em si mesmo, não por menos que ao mesmo tempo que tem gerado inúmeras facilidades, também é responsável por infindáveis dificuldades no sentido humanístico, na sua plenitude como ser social. Nada substitui o contato humano, e isso não é só porque os ruídos gerados pelos meios digitais impede de observar o outro em uma relação interpessoal por inteiro, mas também porque para o nosso cérebro faz toda a diferença manter uma conversa virtual ou presencial. Para a mente humana não é só uma questão de compreender o que um ou outro fala ou quer expressar através da comunicação verbal e não verbal, e sim uma questão envolve emoção e sentimento, e está diretamente relacionado com a fisiologia humana em suas relações. Mas, a questão não é somente esta, estudos psicossociais têm demostrado que o “ruído”, o excesso de informação gerado pela tecnologia e o distanciamento humano, tem afetado profundamente o estado emocional, tornando-nos mais apreensivos, estressados, individualistas, menos colaborativos, ausentes de presença plena, repetidor das verdades, do pronto e acabado enquanto a sua essência, perdendo-se no vazio da insensibilidade e na pura e rala análise de repetição sem a clareza das próprias reflexões, levando-nos a viver em “bolhas vazias de intelecto”.
Claro que tudo isto tem explicação dentro das neurociências e da própria psicologia já que também não faltam estudos científicos na psicologia social e comportamental para demostrar o quanto o mundo digital afeta as relações e o comportamento humano. Entretanto, se eu fosse discutir este assunto aqui, provavelmente terminaria em mais um livro, mas não é esta a intenção. Quero sim é explorar esta problemática, pós contemporânea, para possibilitar você líder ao menos saber por onde começar suas preocupações e observações quando o assunto é relação humana. Dar atenção naquilo que é o que mais importa, sob a perspectiva do ser humano, que é parte da sua própria existência – relações humanas.
Para isto, primeiro é preciso estar ciente de que o ser humano precisa do outro para ser e existir. Sem o outro não saberíamos se quer nos reconhecer. Do começo ao fim, está para o outro o sentido que vamos traçando da vida, que vamos construindo para nós mesmos, afinal como seria possível demostrar o quanto somos racionais, que estamos vivos, atuante, construindo o mundo e construindo-se nele sem que exista um outro, provavelmente cairíamos no marasmo sob pena de esvaziar-se a tal ponto de sentir-se um nada. Da mesma forma que também deve ficar claro que a vida não é como ela é, e sim como dá um de nós, introspectivamente, construímos ela.
Talvez isso ajude a explicar, ao menos em parte, tantos transtornos mentais neste mundo tão digitalizado, não é mesmo?
Além disso, todo líder deveria ter muito claro a sua cultura organizacional tão como a qualidade do ambiente de trabalho a partir da observação das relações humanas dentro do ambiente. Digo isto não só porque o comportamento das pessoas tem sempre muito a nos dizer, começando pela empatia, da capacidade que cada um proporcionada para o clima organizacional se construir e manter relações saudáveis como também alimentar necessidades básicas do ser, como se sentir pertencente, admirado, respeitado, desafiado, entre outras questões psíquicas que todos nós precisamos para nutrir nossa potência de ser. Por experiencia, quando estou junto a equipes liderados por profissionais humanizados, no qual costumo chamar de líderes vitaminados, é passível de perceber que estes liderados aprendem a não medir esforços em demostrar suas capacidades de concentrar-se efetivamente uns nos outros.
Este tipo de liderança chama a atenção justamente por causa das suas próprias ferramentas comportamentais que instiga e valoriza as visões variadas, o contato humano, cultivando uma harmonia sistêmica, cujas opiniões de sua equipe são valorizadas, mas não só isto, carregam o maior peso de sentir-se singularmente responsável por algo maior que a responsabilidade em entregar aquilo que está sendo pago. Sua persona está muito mais para o ser do que para o ter. Eles entendem o mais importante que é visão clara que é com a soma da relação entre todos os colaboradores que se resulta naquilo que a empresa tem como recurso para entregar para dentro e fora dos muros. Entretanto, assustadoramente, “espécies” cada vez mais raras, este líder vitaminado tem sido inibido dentro das empresas muitas vezes pelo próprio mal uso da tecnologia seja nas comunicações ou mesmo nas avaliações internas.
Não por menos, lideres vitaminados, tem sido “problema” para ser encontrado em muitas empresas que se esqueceram de seu maior ativo – seus colaboradores. Aliás, em tempos atuais, o que mais observo são líderes que não têm sensibilidade relacional. Estes são muito fáceis de detectar. Costumo chama-los de “sem noção”. Tipo aquele líder que, muitas vezes, até que é tecnicamente competente, mas abusa de algumas pessoas, acredita fielmente na meritocracia, pratica favoritismo. Não faltam exemplos de clientes no qual já atendi que quando questionado é rápido em transferir a culpa para outros, fica com raiva ou pensa que os outros são sempre o problema. Acredite, na grande parte das vezes ele não está tentando ser um idiota, é que são totalmente inconscientes de suas deficiências. Assim como não faltam exemplos de executivos, seja qual for a área, que não conseguem perceber mais que lideres vitaminados tendem sempre a emergir como líderes naturais, independentemente de sua classificação nos rankings organizacionais ou status hierárquicos ou sociais, normalmente surgem dentro da própria organização. Como então despertar estes líderes vitaminados nas empresas?
A tríade da autoconsciência nas relações
É muito comum as pessoas quererem atrelar relações humanas com empatia. Falamos sobre a empatia mais comumente como um único atributo e não é verdade que seja ela a solução para construir a ética nas relações. Ela é parte, mas não o todo. Quando ampliamos um olhar para os líderes vitaminados, percebe-se que estão concentrando sua “energia” para ao menos três pontos fundamentais nas relações humanas que em resumo, pode-se inicialmente dizer:
- Percepção Cognitiva: Capacidade de entender que assim como você o outro também tem sua perspectiva de vida, compreender que os outros possuem crenças, desejos e intenções que são distintas da sua.
- Percepção Emocional: Capacidade de reconhecer e sensibilizar com o sentimento de outra pessoa.
- Percepção Empática: Capacidade ligada ao altruísmo – amor e interesse pelo próximo – e à capacidade de ajudar sem interferir, julgar ou criticar.
Compreendendo melhor nossas percepções
Percepção Cognitiva: Uma das grandes questões que permeiam uma boa liderança está na sua capacidade de relacionar-se primeiro consigo mesmo – autoconsciência. Consciência de seus valores tão como da limitação, de conhecimento, das imperfeições ou mesmo da sua capacidade de resiliência como das suas fragilidades. Além, disto, são hábeis quanto a gestão da emoção e sentimento. Um líder vitaminado, tem como uma habilidade essencial estar aberto a aceitar a realidade como ela é para tomar decisões consciente do que de fato acontece dentro de si e em sua volta, por isso, frente a sua percepção consegue fazer gestão humana e com isso obtém o melhor desempenho de seus subordinados diretos. Em outras palavras, sabe compartilhar e distribuir responsabilidades. Ao contrário do que se poderia esperar de um líder a moda imperativa, exercita a empatia cognitiva porque trabalha e compartilha os sentimentos, em vez de senti-los singularmente. Um espírito curioso alimenta a percepção cognitiva. Lembro-me quando fui fazer um trabalho de coaching em uma empresa “humanizada”, e surpreendentemente ao ouvir os colaboradores era visível a preocupação de cada um do seu papel não sob a perspectiva de si mesmo, mas sim quanto ao resultado da empresa. Em contrapartida, os líderes tinham características muito singulares e a que mais destacava era o senso de vontade do saber. Eram lideres curiosos, querendo aprender sobre não só do que ocorria dentro e fora da sua equipe, mas do porquê.
Entenda então que a sensibilidade relacional está diretamente relacionada a percepção Cognitiva. Quando se tem maior controle sobre si mesmo os fatos ao redor são melhores gerenciados, isto porque estão mais aptos a lidar com normas implícitas e aprendem fácil a se adaptar aos ambientes expostos. A atenção as relações permitem agir com habilidade, não importa qual seja a situação, segue instintivamente o comportamento das pessoas o que facilita conter-se de maneiras que deixam os outros à vontade.
Para tudo isto existe uma explicação nas neurociências. A percepção cognitiva é uma reação fisiológica. Primeiro que as pessoas que estão mais atentas as relações humanas, dentro de um contexto social, exibem atividade mais forte e mais conexões entre o hipocampo e o córtex pré-frontal do que aquelas que simplesmente não conseguem fazer isso direito. Além disto, estudos da psicologia social demostra que estes circuitos podem ser acionados quando mapeamos as redes sociais em um grupo — uma habilidade que nos permite navegar as relações nessas redes. Pessoas que se destacam em influência organizacional não só podem sentir o fluxo de ligações pessoais, mas também nomear as pessoas cujas opiniões têm a maior influência, e assim se concentrar em atrair aqueles que vão persuadir os outros.
Também tem a ver com dois circuitos neurais importantes para lidar com as estratégias da vida, sendo o sistema de ativação reticular ascendente (SARA) é uma rede de neurônios originários do tegmento da ponte superior e do mesencéfalo e a própria insula, que processa estímulos emocionais e respostas fisiológicas. Estes circuitos interferem na nossa capacidade de conscientização (córtex e córtex pré frontal) que nos permitem analisar nossos próprios pensamentos e monitorar os sentimentos que fluem deles e através da sua interferência sob a área límbica nos permitem a saber lidar com à mente de outras pessoas quando optamos por dirigir a nossa atenção a elas.
Percepção Emocional: Quando estamos em um ambiente onde é possível observar uma pessoa dando atenção a outra, por exemplo oferecer uma ajuda para auxiliar a realizar uma tarefa para alguém, imediatamente compreendemos essa atitude. Da mesma forma, se presenciamos uma discussão agressiva, identificamos a expressão de raiva instantaneamente. Ao passo que no primeiro caso sentimos prazer e nosso comportamento é de admiração e aproximação, no segundo sentimos desprazer e nossa atitude é de repulsa e aversão. Essa capacidade emocional, que também é um gesto empático, ou seja, de reconhecimento da emoção alheia, é uma característica altamente adaptativa ligada à sobrevivência da espécie, que quando trabalhada tende sempre a gerar benefícios a todos. Esta capacidade de compreender a emoção das pessoas, entre as pessoas, ocorre devido à existência de um sistema neural específico denominado neurônios espelho. Não se trata de um processo dedutivo, mas da capacidade de análise ambiental imediata da experiência emocional do outro porque identificamos a mesma experiência em nós mesmos. Trata-se, portanto, de um processo de ressonância, que também está diretamente intrínseca a região cingular e límbica, envolvendo áreas como amígdala, o hipotálamo, o hipocampo e o córtex orbito frontal. Fato é que compreendemos a ação do outro de modo automático como se ele fosse nós mesmos:
“Nós compreendemos o outro porque temos dentro de nós a mesma experiência”. Merleau Ponty
Quanto maior a identificação da experiência em nós, maior a ativação neuronal. Fato é que precisamos entender nossos próprios sentimentos para entender os sentimentos dos outros. Esta ação neural é que nos permitem sentir rápido, sem pensar profundamente. Eles nos sintonizam ao despertar em nossos corpos os estados emocionais dos outros – “Eu literalmente sinto a sua dor” ao mesmo tempo que também “Eu literalmente sinto a sua alegria”. Alias, vale aqui uma ressalva que faz toda a diferença, a emoção e o sentimento contaminam! Sim, estar ao lado de pessoas tóxicas nos leva a construir pensamentos tóxicos e com o tempo, vamos nos tornando tóxicos. Cuidado! Emoções e sentimentos negativos nos tomam e se não estivermos preparados para lidar com eles acabando por nos tornar vítimas. O inverso também é verdadeiro, estar ao lado de pessoas vitaminadas, eleva nossa “moral” e faz sentirmos bem. Muitas vezes ambientes se tornam tóxicos devido a um ou outro e não porque a equipe inteira é tóxica. Um líder tem que saber reconhecer e lidar com isto, aliás, tem que estar plenamente aberto para avaliar a si mesmo ao ponto de ser capaz de uma autoanalise sobre sua própria toxicidade. Todos nós estamos aptos a sermos tóxicos ou estarmos tóxicos – saber diferenciar e reconhecer isto faz toda a diferença para toda e qualquer relação.
Percepção Empática: Capacidade ligada ao altruísmo – amor e interesse pelo próximo – e à capacidade de respeitar e ajudar, sem interferir, julgar ou criticar. Percepção empática também é um atributo empático. Quando desenvolvemos esta percepção tornamos mais abertos a perceber não apenas como as pessoas se sentem, mas o que elas precisam de você. Justamente o inverso das pessoas tóxicas. Um atributo a pessoas vitaminadas, que sabe diferenciar bondade de empatia. A bondade, distorce a verdadeira necessidade e aplicabilidade diante a razão de todo e qualquer líder. Já a percepção empática é um estado de conscientização onde você poderá perceber o limite e até aonde pode ir ao se empatizar com o outro, e assim não entrar em uma armadilha e prejudicar você, o outro, o negócio, os relacionamentos, influenciar negativamente sua equipe e deteriorar sua capacidade de liderança. Sim, empatia é a base de toda e qualquer relação e é essencial para liderar e gerir – sem ela, decisões desastrosas seriam tomadas, e os benefícios que acabamos de descrever, sacrificados -, agora deixar de reconhecer seus limites pode acometer o desempenho individual e organizacional e prejudicar você e o outro (convido a ler meu artigo no blog: O Mal Da Empatia).
Alcançar essa mistura de intuição e deliberação na dose certa tem grandes implicações. A percepção empática é justamente autocontrole sobre a empatia, que deve ser limitada ao ponto de não se tornam demasiado fortes ao ponto de nos fazer sofrer. Líderes que trazem em si esta característica de sempre estar de prontidão para ajudar outros, pode levar a uma fadiga da compaixão. É preciso ter claro o que é ajudar, senão acabamos assumindo responsabilidades que não nos pertence e isto pode criar sentimentos perturbadores de ansiedade sobre pessoas e circunstâncias que não podem ser controladas por você e muitas vezes por ninguém a não ser a própria pessoa. Ao mesmo tempo, é preciso também ter claro que aqueles que tentam se esquivar desta condição humanizada nas relações e tentam se esquivar para se protegem ao anular seus sentimentos não só perdem contato com a empatia como tendem a ser mais susceptíveis a descontroles emocionais. A percepção empática nos obriga a administrar nosso sofrimento pessoal sem alucinarmos em relação à dor dos outros.
A percepção empática se dá não só pela experiencia, mas através de exercícios contínuos de se conectar consigo mesmo, ou seja, estar presente, perceber o agora, sentir-se e estimulando a insula para forçar esta conexão consciente entre mente e corpo. Saiba que lidar com o sofrimento psicológico se dá em áreas especificas que tem a ver com experiencias passadas, e por isso mesmo que a preocupação empática e a compaixão levaram mais tempo para serem ativados. É necessário algum tempo para compreender as dimensões psicológicas e morais de uma situação. Quanto mais no automático estamos, menor nossa chance de cultivar formas mais sutis de empatia e compaixão o mesmo vale para os níveis de cortisol no sangue que prejudica a nossa lucidez sobre nossas ações.
Aqui vale a mesma contextualização neural como explicada na “percepção emocional”, ou seja, também tem a ver com a região límbica onde a resposta é gerada na amígdala pelo radar do cérebro que detecta perigo e no córtex pré-frontal. A amigdala é responsável por atribuir a emoção e ela pode optar pela liberação ou de cortisol, que é a química para lidar com o perigo, sequestrando nossa capacidade consciente de lidar com a situação (córtex pré-frontal) e colocando-nos em um estado de alerta contínuo, agindo plenamente de forma inconsciente; ou de oxitocina, a química das relações humanas e que gera o carinho e o amor. Isso significa que a percepção empática, como sentimento, tem que ser tratada não como antídoto para salvar o outro e sim como ferramenta de auxílio para apoiar no que for necessário, garantindo que o outro consiga lidar melhor com a situação. Em outras palavras, é importante entender que uma das características humanas e que intuitivamente experimentamos a angústia de outros como se fosse nossa. Mas para decidir se vamos atender às necessidades dessa pessoa, nós deliberadamente precisamos agir como suporte e auxilio, mas não como responsável em resolver o problema no qual não nos pertence.
LIDER VITAMINADO É UM LIDER ESTRATÉGICO
A grande vantagem de um líder vitaminado é sua habilidade quanto a estruturar estratégias, isso porque este perfil sempre está aberto a ouvir mais do que falar. Em outras palavras, ele explora a relações humanas no sentido de expor sua equipe a um processo que obriga a uma reflexão profunda. Como sua visão está para o resultado da empresa, motiva a sua equipe a um olhar organizacional, ético e político, o que vai implicar diretamente em como atuar também pensando no resultado final junto ao cliente. Sendo o cliente por natureza dinâmico, existe uma infinidade de caminhos que a empresa terá de analisar e escolher o que mais lhe interessa e é aí que este líder se sobressai, já que ele está continuamente aberto a dialogar, sem medo ou receio, com todos a nível vertical ou horizontal. Além disso, tende a ser suficientemente flexível para se adaptar a um mundo em constante evolução sem perder os seus objetivos estratégicos de vista. Sua atuação se resume em: Exploração de sua estratégia atual e a busca por novas estratégias!
Quando se vai analisar as imagens de uma pessoa quando está tomando decisões ou perseguiam uma vantagem ou trocavam de uma estratégia de exploração para uma de utilização revelam uma intensa ativação do SARA, um circuito neural específico envolvido para darmos foco e atenção ao que realmente importa. Este mesmo circuito auxilia a área pré-frontal encontrar recursos estratégicos para lidar com o objetivo focado. Não é de surpreender que a utilização de vantagens adquiridas requer concentração na tarefa do momento, enquanto a exploração exige uma consciência aberta para reconhecer novas possibilidades. Além disso, o SARA também ativa os circuitos do cérebro de antecipação e recompensa. Em outras palavras, é satisfatório trabalhar quando se tem objetivos estratégicos. Quando mudamos para a exploração de outras possiblidades, temos que fazer um esforço cognitivo deliberado para nos desconectarmos da rotina, a fim de transitar de forma ampla e buscar novos caminhos, o que gera um certo desconforto sentimental no início, mas que por fim quando a mente entende que se trata de algo objetivo, ele passa a sentir prazer em encarar novos desafios com potência para agir.
Sim! Existe fatores que impede ou inibi a ativação de circuitos neurais como SARA, podendo citar por exemplo: privar-se de um bom sono, o álcool, medo, o estresse ou mesmo a sobrecarga mental quando agimos de maneira multitarefa ou ficamos abertos a excessos de informações como os promovidos pelos meios digitais. Todas estas e tantas outras questões acabam liberando cortisol, que prejudica diretamente nossa capacidade cognitiva consciente. Para manter o foco externo que leva a clarear nossos pensamentos, facilitando a capacidade estratégica é preciso cuidar da spraticar exercícios físicos e mentais que viabilize nossa conexão com nós mesmos, como mindfulness, meditação, yoga, corrida, academia, etc. Estas atividades ajudam a “desintoxicar” a mente, e auxilia a fortalecer conexões neurais que auxiliam a gerenciar nossas emoções e sentimentos, ao mesmo tempo, são capazes de controlar nossa produção de cortisol.
Ativando o SARA
Vivemos um mundo de excessos de informação no qual chamo de ruído. Este ruído também é um grande estimulante de cortisol. O grande segredo é saber filtrar e dar atenção para aquilo que realmente importa e literalmente excluir os lixos digitais. A poucos dias atrás comecei um processo de coaching junto a um gerente operacional que tem um perfil muito vitaminado. Fiquei impressionado da sua desconexão quase que total das redes sociais, ao mesmo tempo da sua capacidade de estratégia e inovação. Ele, rigorosamente usa a internet para aquilo que vai somar a sua vida pessoal e profissional. Em uma das sessões ele confidenciou que por um tempo ele se viciou nos ruídos digitais o que levou a desenvolver um quadro de ansiedade no qual foi necessário a intervenção psiquiátrica com medicamentos. Digo isto porque em uma época em que quase todo mundo tem acesso à mesma informação, que muitas vezes é distorcida, manipulada ou “fake”, por isso mesmo que um novo valor surge, o líder “arruído”, que se esquiva dos ruídos digitais e em contra partida está sempre na busca de reunir ideias de formas inovadoras e fazer perguntas inteligentes que abrem potencial inexplorado.
Neurologicamente, pode-se resumir o quanto o cérebro é viciado em novas informações, por isso que em momentos antes de ter uma ideia criativa, o cérebro mostra um pico de ondas gama por um terço de um segundo, indicando a sincronia de células cerebrais distantes. Quanto mais neurônios são disparados em sincronia, maior o pico. O momento em que ele ocorre sugere que o que está acontecendo é a formação de uma nova rede neural — presumidamente, a criação de uma nova associação, por isso mesmo, é preciso que saiba que a criatividade surge como os vários modos de atenção que desempenham papéis fundamentais. Logo, a dica é: primeiro prepare a mente a coletar uma variedade de informações pertinentes e, então, alterne, desafiando suas crenças e “verdades”, concentre intensamente a atenção a estratégia ou ao problema e deixar a mentes divagar livremente. Este exercício se traduz a grosso modo em vigilância, a fazendo a mente ficar alerta para aquilo que interessa, o que faz com que o SARA crie um subsistema mental que busque por qualquer coisa relevante para o problema em questão, enquanto nos imergimos em todo tipo de ideia, atenção seletiva para o desafio criativo específico e consciência aberta, em que permitimos que nossas mentes façam associações livremente e que a solução surja espontaneamente.
Juntando tudo
Para aqueles que não querem acabar sendo só mais um líder a mensagem é clara: Um líder vitaminado é focado, preza pelas relações e o contato humano. Se concentra nas suas prioridades mais importantes e está plenamente sintonizado com a cultura corporativa. Estão em contato com seus sentimentos, exercitam continuamente sua autoconsciência, busca sempre estar cientes de como os outros os veem através de feedbacks e autofedbacks; é um ouvinte ativo, por isso mesmo está sempre atinado ao que os outros realmente precisam deles – podem eliminar distrações e também permitem que suas mentes divaguem amplamente, sem preconceitos.
Acha que é muito desafio? Não é não! Tudo é questão de exercitar a própria mente para aquilo que realmente importa!
Somos viciados em desafios. Então, praticamente pode-se se dizer que o segredo estar no que focamos e a partir disto reforçar nossas estratégias com a vida, seja ela pessoal ou profissional. Entenda o que é preciso não é tanto talento, mas dedicação e compromisso com si mesmo. Ressignificar através da vontade de estimular os circuitos de atenção do cérebro, assim como nós exercemos nossas habilidades profissionais e pessoais no dia a dia.
A ligação entre a ação e a excelência permanece muitas vezes escondidas dentro de nós, mas não se engane, estão lá desesperadas para surgir e agir. Saiba, tudo começa com objetivos, claro e definido, daí então a atenção surge como base das habilidades de liderança mais essenciais — a inteligência emocional, organizacional e estratégica. Saiba ainda que um líder vitaminado sempre está de olho no que acontece no mundo exterior como bons ouvintes e também bons questionadores. Eles são visionários que podem sentir as consequências mais distantes de decisões locais e imaginar como as escolhas que fazemos hoje vão repercutir no futuro. Estão abertos a maneiras surpreendentes em que dados aparentemente não relacionados podem informar seus principais interesses.
Se você agora, depois de ler este artigo, ainda me pedisse um conselho para se tornar um líder vitaminado, categoricamente indicaria para você se afastar agora das redes sociais e de tudo aquilo que sequestra sua atenção. O ataque constante de um universo de dados leva a discrepância moral, resultando em atalhos desleixados — a triagem do nosso e-mail só com uma leitura rápida das linhas de assunto, ignorar muitas mensagens no telefone e dar apenas uma passada de olhos em memorandos e relatórios. Não só os nossos hábitos de atenção nos tornam menos eficazes, mas também o volume de todas essas mensagens nos deixa muito pouco tempo para refletir sobre o que realmente importa e daquilo que efetivamente faz a diferença.
“A informação consome a atenção de seus destinatários” tão como “Assim, a riqueza de informações cria uma pobreza de atenção.” Herbert Simon escreveu estas frases em 1971. Então, use elas como um mantra até aprender a dominar sua atenção, lembrando sempre que a única pessoa que poderá estar no comando é você, seja na sua vida pessoal ou organizacional.
Cuidados que devem ser tomados na construção da carreira de um líder
Estudos da psicologia social e comportamental tem demostrado que à medida que as pessoas sobem na hierarquia e ganham poder, sua capacidade de perceber e manter conexões pessoais tende a sofrer uma espécie de atrito psíquico. Existem diversos estudos que apontam isto, por exemplo, Dacher Keltner, em Berkeley fez um estudo de encontros entre pessoas de status diferentes, e descobriu que os indivíduos de nível superior consistentemente concentram menos seu olhar em pessoas em escalões mais baixos e são mais propensos a interromper ou monopolizar a conversa. Fica aqui então uma dica cotidiana que já cansei de presenciar. Por exemplo, vamos usar uma mensagem no ambiente de trabalho entre A e B. Quanto mais tempo a pessoa A leva para responder à pessoa B, mais poder relativo à pessoa A entende ter. Mapeie tempos de resposta em toda a organização, e você terá um gráfico muito preciso da posição hierárquica. Um dos grandes problemas da comunicação dentro das empresas é justamente isto, ou seja, aquele que entende estar em uma posição hierárquica superior sempre tende a deixar e-mails sem resposta durante horas; já aqueles que são ambiciosos e quer crescer em sua carreira, sempre respondem em poucos minutos. Isso é tão previsível que um algoritmo para o medir — chamado detecção automatizada da hierarquia social — foi desenvolvido pela Universidade Columbia.
Por fim, então se você quer ser um líder vitaminado, não caia na sua própria armadilha cognitiva e mantenha o senso de igualdade entre todos. Não seja mais um que se vê na escala social para definir o padrão da quantidade de atenção que teve dar a seus liderados. Isso deve ser um alerta! O mundo gira muito rápido, na mesma velocidade que lideres precisam estar atentos para responder a situações competitivas rapidamente, ao recorrer a toda a gama de ideias e talentos dentro de uma organização. Não há erro maior para um líder negar as mudanças deliberadas na atenção, quando isto ocorre sua inclinação natural vai ignorar ideias inteligentes que vem de todos os lados.
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Marcello de Souza começou sua carreira em 1997 como líder e gestor de uma grande empresa no mercado de TI e Telecom. Desde então atuou frente a grandes projetos de estruturação, implantação e otimização das redes de telecomunicações no Brasil. Inquieto, desde 2008 vem buscando intensamente compreender a relação do comportamento humano com a liderança e a gestão. Dentro do universo do desenvolvimento comportamental, não mede esforços para sua busca contínua de conhecimento, com isso se tornou pesquisador, escritor, facilitador, treinador, consultor, mentor e palestrante além de atuar como coaching e terapeuta cognitivo comportamental. Como amante da psicologia comportamental, psicologia social e neurociências criou o seu canal do YouTube para compartilhar com mais pessoas a paixão pelo desenvolvimento cognitivo comportamental.
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4 Comentários
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