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TEMPO E O DINHEIRO

Da mesma forma que a pós contemporaneidade nos trouxe inúmeras facilidades para viver e encontrar um bem-estar melhor ela também, de certa forma, ocasionou uma pressão maior sobre como devemos viver, seja no trabalho, nas obrigações sociais, nas tarefas diárias; talvez por isso, conseguir ser consciente nas decisões que envolvem as relações, tempo e nossa felicidade são dificilmente refletidas. Na verdade, a contemporaneidade, muitas vezes tornou isto quase impossível. Qual é então a referência do tempo em nossa vida. Quantas vezes paramos realmente para pensar que o tempo é finito e que tudo que passou não volta. Não há como atrasar o relógio da vida e muito menos materializar algo que já foi, não é verdade!

O ser humano pela própria natureza, vai mudando seus valores diante a sua linha de tempo com a vida, aquilo que era desejante deixa de ser com as relações e consequentemente com as experiências que vão acontecendo, isto porque as prioridades também mudam, os afetos também mudam, e por isto mesmo que a medida que o tempo passa, as finalidades passam também por transformações representativas  e a consciência de que objetivamente dispomos de menos tempo de vida, faz com que naturalmente começamos a buscar inconscientemente outros alicerces de sobrevivência e, a privilegiar o tempo em vez do dinheiro nas  decisões e a focar em outras experiências muito mais introspectivas.

O problema é quando nos damos conta do valor do tempo na vida. Quanto mais tarde darmos a atenção a isto, maior pode ser o sentimento de frustração e arrependimento bem como, mais rápido é a sensação de o que o tempo está passando e com isto, consequentemente, a percepção do envelhecimento. Envelhecer, não necessariamente tem a ver com o tempo cronológico, mas sim com a ideia que temos dele, que diretamente está concatenado com a perspectiva que temos sobre a própria vida, que é representada pela sensação de incapacidade que se manifesta pela diminuição ou perda do papel desempenhado, na esfera familiar, na social e na profissional. Esta percepção acarreta uma profunda alteração ao estilo e ritmo de vida, devido à perda do sentido maior que é o discernimento de utilidade, e isto impacta diretamente na vida profissional e pessoal, junto da família e da sociedade, por sentir-se em desigualdade diante aos outros. Em outras palavras, a impressão de perda de tempo tem mais a ver as com ações escusas que não agregam um sentido e que de alguma não a proporciona experiências que possibilite dar mais valor a própria vida, e isto acelera a percepção introspectiva de velhice. Velhice não é questão de idade, mas do sentimento de ineficácia, e o paradigma disto é que esta inocuidade não necessariamente tem a ver com quantidade de atividades diárias, mas com a eficiência de utilizar o tempo diante a jornada perante as nossas próprias deliberações.

O fato é que a relação do tempo em nossa vida tem seu fator de importância modificada na medida que vamos amadurecendo e, com nossas experiências vividas, esta busca de encontrar um equilíbrio conciso com o tempo representa para muitos um bem-estar melhor, mas que nem sempre se tornou possível. Afinal, o resultado dos instantes vividos não depende exclusivamente somente de nossa determinação. Neste sentido há uma força igualmente desconecta com nossas próprias aspirações, aquilo que chamamos de ACASO. Talvez por isto, não importa qual o resultado de nossos esforços, é condição humana que ao passar da vida há de fato um sentimento de aprisionamento com o tempo, aquilo que muitas vezes acreditamos que pode nos trazer a felicidade – sejam as lutas e conquistas bem como as tentativas e mesmo os fracassos – não faz. Prova disso, foi um estudo desenvolvido pela enfermeira australiana Bronnie Ware, que passou vários anos trabalhando com doentes terminais, pessoas já em suas últimas 12 semanas de vida. Com a experiência e as histórias acumuladas, ela publicou em seu livro os 5 maiores arrependimentos das pessoas antes de morrer. E, ao contrário do que pode imaginar neste resumo, nessa listagem não constam as vontades materiais de ter tido mais dinheiro ou bens capitais, como também não está o desejo por aventuras radicais ou a vontade não realizada de ter viajado para lugares paradisíacos. O antagonismo é que os principais arrependimentos são fruto de ações muito simples na vida, mas que a contemporaneidade de alguma forma, dificultou realizá-lo. Esta condição imediatista somado ao excesso de informação de alguma forma estabelece rotinas e normas que tornam eminente nossa vida a pressa e necessidade de estar sempre fazendo algo que muitas vezes, nem se sabe porque, mas que ao não fazer, traz um sentimento de culpa e inutilidade, algo como angustia de não ser produtivo.  Em contrapartida, quanto mais próximo do fim de nosso tempo com a vida, mais o sentimento de arrependimento vai nos tomando por não ter feito algo realmente autêntico de nossos próprios anseios. Segundo a autora, o arrependimento mais comum entre as pessoas no final da vida está justamente relacionado com a lucidez da velocidade de que o tempo passou e ao olhar para trás e perceber que muitos sonhos não se realizaram pelas próprias escolhas que fizeram, vem à tona a sensação frustrante com a própria vida vivida. Nessa hora, acabam percebendo que passaram boa parte do tempo no piloto automático, deixando a vida ser levada ao mesmo tempo que buscavam se preocupar com a opinião de pessoas praticamente desconhecidas ou seguindo roteiros previamente traçados para não decepcionar as outras pessoas, sejam familiares, amigos ou mesmo pessoas que nem fizeram parte da vida cotidiana.

O instituto Gallup Organization realizou uma pesquisa com 2,5 milhões de americanos, que teve como resultado o impressionante percentual de que 80% dos pesquisados não tinha tempo para executar todas as suas tarefas diárias. Isto é importante refletir e que alarma a qualidade de vida que estamos escolhendo viver. Ajuda a compreender um pouco mais do porque estamos em uma crescente condição de adoecimento psicossocial. No sentido mais amplo, pode-se afirmar que há um desastre social e cultural coletivo diante a mais importante relação humana, que é justamente o ato do tempo em união a razão de viver. A falta de tempo é tratada hoje como um fator determinante entre se sentir útil ou não e está presente em todos as esferas relacionais, sejam econômicas ou sociais e que geram consequências graves e que tem diretamente a ver com a saúde e como resultado, com a qualidade de vida. E é isto que se trata segundo maior arrependimento descrito por Ware. Segundo ela, esse relato veio de todos os seus pacientes homens, que reclamaram ter perdido um precioso tempo que poderia ter sido passado com suas esposas, não tendo, consequentemente, visto seus filhos crescerem. Uma questão de simplificar a razão de viver.

Quando estamos falando da falta de tempo, por conseguinte, estamos relacionando o nosso índice de felicidade com os problemas diários além daqueles que compromete a eficiência com o trabalho e nossa saúde e bem-estar. A sensação de ausência de tempo está sem desvios, concerne a inúmeras enfermidades pós moderna, como a ansiedade, estresse, depressão, pânico, fobias, medos, irritabilidade constante, compulsão alimentar, insônia, entre tantos outros fatores que vão se agravando e transformando em transtornos funcionais físicos decorrer dessa fase da vida, e esses transtornos físicos podem ser infartos, diabetes, complicações respiratórias, problemas gastrointestinais, doenças de pele, entre tantos outros que ainda pode levar em questões como o surgimento de vícios em bebidas alcoólicas, drogas, tabagismo, entre outros. As pesquisas atuais sobre bem-estar e felicidade mostra que pessoas que sofrem com a falta de tempo tem tendência a diminuir sua autoestima, são menos alegres, pouco ou nada sorriem, cuida menos da aparência, pratica menos atividade física, se alimentam mal e consequentemente, tendem a serem menos saudáveis. Além disso, demonstram baixa produtividade no trabalho e maior probabilidade de ter problemas conjugais e de se divorciar. O efeito gerado pela falta de tempo tem mais efeitos negativos do que estar desempregado, por exemplo. 

Quando vamos para o mundo corporativo, a falta de tempo representa número alarmantes. Em nível mais amplo, a falta de tempo implica um custo direto de bilhões de dólares na produtividade das empresas todos os anos. Os problemas psicológicos derivados destas questões, representam a principal causa de afastamento no trabalho e os custos multiplicam várias vezes esse número. Os órgãos de saúde pública a consideram um dos principais fatores do aumento de doenças secundárias. Os pesquisadores calculam que os custos da assistência de saúde causados pelo estresse do tempo chegam a US$48 bilhões por ano, só nos Estados Unidos. O estresse do tempo está entre os principais motivadores de todas as problemáticas psicossocial. Transtornos psicossociais é algo extremamente sério e que gera prejuízos em toda a cadeia econômica. No relatório Adoecimento mental e trabalho: a concessão de benefícios por incapacidade relacionados a transtornos mentais entre 2012 a 2016, publicado em abril de 2017, o Ministério da Saúde coloca essas enfermidades como a 3ª maior causa de afastamento do trabalho no país. Cerca de 9% dos auxílios-doença e aposentadorias por invalidez são gerados por transtornos mentais e comportamentais, perdendo apenas para lesões/envenenamentos (31%) e doenças do sistema osteomuscular (19%). Além disso, o estudo também mostrou que a depressão é a principal causa de pagamento de auxílio-doença não ligado a acidentes, com 31% dos casos. Os transtornos de ansiedade vêm logo em seguida, com 18%. Outro dado que preocupa é o de auxílios pagos relacionados ao trabalho. As reações ao estresse grave, transtornos de adaptação e episódios depressivos causaram 79% dos afastamentos no período de 2012 a 2016. Na Europa, o problema é ainda maior. A OIT coloca o estresse na 2ª posição entre os problemas de saúde mais comuns relacionados ao trabalho. São cerca de 40 milhões de pessoas afetadas. Segundo a Organização, entre 50% e 60% dos dias de trabalho perdidos estariam ligados a esta condição.

O grande paradoxo disto é que grande parte das pessoas pesquisadas que acreditam não ter tempo suficiente para seus afazeres diários são também aqueles que disponibilizam em ter mais tempo livre, em outras palavras, a concepção da falta de tempo não necessariamente é de fato não ter tempo por estar necessariamente ocupado fazendo algo útil e produtivo, mas sim questão de se sentir presente. Então, qual é a referência que faz com que tenhamos este sentimento de falta de tempo ao mesmo tempo que ele pode estar tão disponível se soubermos utilizá-lo de forma estratégica e consciente?

Um grande denominador comum em todas as pessoas pesquisadas e que de alguma forma reclamam da falta de tempo está relacionada com o dinheiro, ou melhor, com o continuo delírio entre ganhar dinheiro e ser “mais” feliz. 

É claro que escolhas que envolvem decisões diretamente relacionadas ao tempo ou dinheiro não são decisões fácil. Por exemplo, imagine aquela situação em que lhe oferecem mais dinheiro para seu trabalho, em contrapartida dobra o número de horas trabalhadas. Até aí tudo bem, parece lógico a questão, o problema é quando o número de horas trabalhadas começa a tirar de você finais de semana, noites de sono, momentos de paz, lazer, amigos, família ou mesmo aproveitar uma viagem de férias de forma leve e tranquilo. Quanto vale isto?

Por experiência própria, lembro-me quando tive que fazer esta escolha e às 40 horas semanais se transformaram e eternas horas extras. Quando percebi já era em um workaholic, logo em seguida tornei-me uma pessoa tomada por uma ansiedade incontrolável, e um pouquinho mais tarde já estava afundado em uma desesperada síndrome do pânico que me levou a depressão.   Quanto isto custou para mim, para minha a vida e para a vida daqueles que estavam ao meu lado?

Se escolhermos um emprego que nos fará ganhar muito dinheiro, mas nos obriga a trabalhar muito mais, nossa relação com a vida poderá sofrer a longo prazo. Tudo é questão de consciência das escolhas, ou talvez, da falta dela! É interessante compreender que as pesquisas comportamentais vêm demostrando ao longo das últimas décadas que o ápice emocional conquistado pela busca incansável pelo poder ou de acumulo de bem e capitais sofre cada vez mais mudanças ao longo da vida produtiva, e que o nível de felicidade vai reduzindo com o tempo caso não haja uma relação de equilíbrio entre o tempo e o dinheiro. É fato que a sinergia construída no início de toda e qualquer conquista profissional é realmente empolgante e em todo começo é algo irradiante, mas, se não houver um planejamento claro e objetivo da relação do dinheiro com o tempo, a médio e longo prazo, efeitos negativos podem desequilibrar a condição física e psíquica e isto tende a se tornar um fardo cada vez maior e acumulativo, levando não só a fadiga, mas ao adoecimento psíquico e físico.   Não é à toa que hoje vivemos uma pandemia depressiva em um mundo mentalmente doente.

Uma outra questão importante relaciona-se aos fatores imperativos de consumo nas últimas décadas que trouxe a ideia de que a mesma velocidade que consumimos, representa a intensidade que estamos felizes com a própria vida. Esta ideia de que dinheiro representa felicidade e está condicionado ao bem-estar pessoal e social foi vinculado fortemente na modernidade e com a pós modernidade este conceito tem sido imperativo e cada vez mais reforçado com a mídias e redes sociais. Quando se vai realizar uma perícia mais precisa sobre esta ilusória proposta, percebe-se que não é bem assim. As pessoas pesquisadas demostram que seus esforços em conquistas financeiras não as tornaram mais felizes, pelo contrário, o índice de crescimento de consumo está na verdade relacionado com as doenças psicossociais.

Os estudos são claros na relação entre o aumento das doenças psicossociais e o estilo de vida social e profissional e que tem prevalecido ainda mais na nossa sociedade. Produtividade cada vez mais elevada, salários incompatíveis, alta carga horária, excesso de horas extras, ambientes inadequados de trabalho e assédio moral são as causas principais do adoecimento das pessoas, ao somarmos ao imperativo inerentes ao sistema socioeconômico em que vivemos, que visa a necessidade de TER acima do bem-estar em SER, isto se transforma em uma verdadeira bomba relógio. O que se percebe na contemporaneidade é que por maiores que sejam as conquistas profissionais, elas nunca são suficientes para libertar realmente a necessidade de consumo subjetiva e isto já representa um colapso psíquico.

Diante a extensos estudos uma explicação mais óbvia para as pessoas que reclamam da falta de tempo atualmente é que se dizem simplesmente passar mais horas trabalhando e executando tarefas de rotina, entretanto isto não tem tanto fundamento assim, algumas das melhores pesquisas sobre registros de controle do tempo indicam que, nos Estados Unidos, por exemplo, o tempo livre dos homens aumentou de seis a nove horas por semana nos últimos 50 anos, e o tempo livre das mulheres aumentou de quatro a oito horas por semana. A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) descreve em seu levantamento que em 1950 os trabalhadores americanos trabalhavam, em média, 38 horas por semana e, em 2017, 34 horas por semana. Em outras palavras, a realidade pesquisa aponta que todo o índice pesquisado sobre a angustia sofrida pela falta de tempo tem muito mais sentido com o acumulo de dinheiro e insegurança financeira, do que a excessos autoritários.

Nos países de primeiro mundo, aonde há uma enorme diversidade cultural, os estudos que tratam este assunto são fundamentalmente importantes para serem analisadas. Por exemplo, na Austrália, aonde mais de 30.000 mil pessoas foram ouvidas observou-se que o nível de estresse com o tempo era maior nas pessoas de renda mais alta. A principal observação é que quanto maior o poder aquisitivo, mais elas demostravam se sentirem pressionadas pelo tempo. Um antagonismo considerável já que, teoricamente mais dinheiro significa maior possibilidade de comprar o tempo, ou seja, terceirizar atividades secundarias diárias, como: limpeza, transporte, alimentação, etc. e poder focar naquelas que realmente traz algum tipo de satisfação e prazer. Não é que as pessoas não pensem em formas de economizar tempo, praticamente todos eles conseguiram apresentar listas de tarefas tediosas pelas quais eles preferiam pagar para não ter de fazer, a questão é que mesmo cientes disto, foram poucos o que responderam gastar efetivamente seu dinheiro para delegar as tarefas. Não é também que as pessoas não pensem em nada melhor para fazer: a maioria dos participantes conseguiu listar várias atividades, como ter tempo para se dedicar a um hobby, porém somente alguns compraram tempo para praticá-los. Isso até faz sentido se for analisar a teoria da comodidade, aonde se estuda o tempo em relação ao dinheiro e felicidade. Segundo ela, todo recurso julgado valioso é considerado também escasso. Talvez seja isto então que demostra a realidade de que quanto mais se é remunerado pelo tempo, mais precioso ele é, e com mais apegado é o sentimento da perda dele seja qual for a quantidade de minuto referido. Mas não é somente isto!

A questão do dinheiro se tornou tão relevante diante ao comportamento humano que sua relação com o tempo, não necessariamente é real. O simples fato de se sentir desprovido financeiramente, independente do acumulo de bens já alcançado, gera uma ansiedade em relação ao tempo. Grande parte das pessoas hoje preferem se dedicar a conquistar mais dinheiro do que aproveitar mais o tempo com atividades prazerosas pelo o que já tem ou que de fato, represente sentido a razão de viver, seja com projetos introspectivos ou relacionais. Não por menos que um outro arrependimento apontado por Bronnie está diretamente direcionado as relações humanas. Bronnie aponta o arrependimento relatado e extremamente profundo daqueles de quem não deu às amizades o tempo e o esforço que mereciam.

Apesar da relação inversa entre riqueza e abundância de tempo, muitos continuam lutando para ganhar mais dinheiro, não medindo esforços para isto. A enfermeira relata que muitos não perceberam, até o momento final, que a felicidade era uma escolha. Por estarem presos a pressões socioeconômicas, dando mais atenção ao conforto de velhos padrões e hábitos, esses pacientes acabaram se afastando de mudanças que possivelmente os deixariam mais felizes e isto é de fato que o principal desafio na contemporaneidade. Reduzir a falta de tempo e a infelicidade não é questão financeira, mas psicológica. Isto vem do imperativo social aonde a crença equivocada proposta é de que a riqueza torna a vida melhor.

O mais interessante é que ao analisar a vida daqueles que preferiram utilizar o dinheiro para tentar comprar o tempo, demostraram ao longo de toda a pesquisa, um equilíbrio emocional muito mais positivo.  Em outras palavras, os resultados encontrados nas pessoas dispostas a abrir mão de dinheiro em troca de tempo livre – por exemplo, trabalhando menos horas ou pagando a terceiros para executarem as tarefas de que não gostavam, vivenciam relacionamentos sociais muito mais satisfatórios e carreiras mais promissoras, além de serem mais eficientes, alegres, divertidas e, em geral, mais felizes.

Fato é que é preciso aprender a ter equilíbrio entre o dinheiro e o tempo, quando as pessoas ganham o suficiente para atender às suas necessidades básicas tem que entender que mais dinheiro não é garantia de uma vida mais feliz. A questão da vida está no fato de ter consciência daquilo que efetivamente faz sentido, que tem a ver com desejos, propósitos e com os instantes no qual estamos realmente presente com nós mesmos. Ações motoras, automáticas pela busca incessante diante a perspectiva de outro sobre nós mesmos, não só banaliza a razão do viver como também deixa de ter sentido e nos entristece.

Nossas escolhas não necessariamente refletem a realidade de nossas próprias razões, muitas vezes nos alimentamos de angustias diante a perspectiva constante do outro, neste sentido, torna-se mais fácil compreender que muito do que fazemos, conquistamos e alcançamos durante a vida deixa de ter sentido justamente por não necessariamente nos pertencer, já que as escolhas foram imperativas e não introspectivas. Quando ocultamos nossos próprios desejos, e vamos em buscas de nossos próprios sonhos, nos deixamos a mercê do acaso diante a vida. Tornamos marionetes na mão daqueles que por interesse, nos conduzem. Nos tornamos desonestos com nós mesmos. Entre tantas outras, a consequência disto é o que Bronnie aponta no livro como o arrependimento diante a incapacidade que nos transfiguramos em não ter tido coragem em expressar nossos verdadeiros sentimos, expor quem realmente somos, o que realmente pensamos. Não poderia ser diferente. Quantas pessoas guardam os próprios sentimentos com medo de desarmonizar a suas relações diante a uma alucinada ideia de vulnerabilidade, por terem vergonha, medo, receio ou simplesmente dificuldade em se aceitar. O irônico — e triste — dessa história é que muitas dessas pessoas acabam desenvolvendo doenças justamente devido a essa amargura e ao ressentimento que constantemente carregam consigo.  Talvez, por isto é mais fácil encontrar felicidade naquelas pessoas que se permitem se apresentarem como imperfeitas, que permitem ser quem realmente são, de demostrar alegria pela harmonia que tem com a vida, em não ser escravo da opinião alheia. Esta harmonia aproxima qualquer um da excelência em suas ações. Faz o que faz por que faz sentido – de fato se sentem mais felizes, e o privilégio do dinheiro torna-se condição resultante da sua dedicação ao que realmente deseja e aí então o tempo, tem mais valor da mesma forma que é mais aproveitado.

Estar de bem com a vida, não é estar de bem com o gerente do banco. Nossas escolhas são fruto de uma questão de priorizar o tempo e ter a certeza de como isto faz a diferença ao viver a vida. O tempo tem a ver com nossas relações com o mundo. São as relações que representam não só quem somos, mas como estamos. Tempo é socialização, não é à toa que pessoas que valorizam mais o tempo também se relacionam melhor com as pessoas, e só isto já é grandioso, afinal está nas relações o verdadeiro sentido de ser feliz. Diferente da tristeza, pessoas felizes nunca estão sozinhas. O mesmo vale para as relações conjugais, passar mais tempo juntos representa maior qualidade de convivência, e mais satisfação nos relacionamentos. Focar no tempo gera carreiras mais recompensadoras. Quem valoriza o tempo tem maior probabilidade de seguir a carreira que realmente faz sentido e que oferece outras recompensas intrínsecas, e como resultado são significativamente mais felizes. E isso não significava que o trabalho tem menor valor e represente menos horas de eficácia, pelo contrário. É questão de escolhas, planejamento, lucidez e claro, dedicação em encontrar aquilo que faz mais sentido para que o tempo corra em harmonia com as responsabilidades e obrigações, verdadeiro “flow”. Estado de Flow é um momento no qual o indivíduo experimenta uma enorme satisfação, de modo que as atividades são realizadas com maior fluidez. Quando uma pessoa está neste estado, ela consegue apresentar melhores resultados. Isso acontece porque o corpo e a mente estão completamente integrados e imersos naquele momento, de modo que o indivíduo realiza sua tarefa com foco, concentração e segurança. O Flow, também conhecido como estado de fluxo, é uma forma de você se conectar melhor com as pessoas com quem está se comunicando. A partir dele, a conversa simplesmente flui e se desenvolve naturalmente, sem que nenhuma das partes realmente perceba que isso está acontecendo. Quando as pessoas trabalham no que realmente gostam e, portanto, tem alegria, elas são menos afetadas negativamente pelo estresse e são mais produtivas e criativas. E a probabilidade de elas saírem do emprego ou de não se dar bem economicamente, é também menor. O tempo é um recurso precioso. Repensar como podemos valorizá-la nos ajudará a responder a esta questão fundamental: como maximizar o próprio bem-estar e o da sociedade – e ajudar todos nós a escapar das armadilhas do arrependimento que carregamos até o fim.

Talvez, então faça sentido de antes de tomar sua próxima decisão relacionada a sua vida, imagine aos 80 anos, tentando colocar na balança os arrependimentos de sua trajetória e no impacto que ela terá no tempo com sua família, com as pessoas amadas, com seu próprio sentimento de alegria por simplesmente viver e no quanto você vai curtir estar presente.  Quem sabe então, esta seja a razão para que os afortunados repensem suas prioridades. Afinal, não é o dinheiro que traz felicidade, mas sim o Tempo e isto se explica pelo simples fato de se sentir presente. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E DE INSPIRAÇÃO

Csikszentmihalyi, M. Flow: The Psychology of Optimal Experience. Harper Perennial: New York, 2007.

Ware, Bronnie. Antes de partir: Os 5 principais arrependimentos que as pessoas têm antes de morrer. Kindle. Wiley: New York, 2012.

Whillans, A.  Vale a pena trocar o dinheiro por tempo? São Paulo. Harvard Business Review:  Edição, abril 2019.

Sobre o Autor:

Marcello de Souza, fundador da Coaching & Você, é apaixonado por assuntos referentes a gestão, liderança e fascinado pelo cotidiano e pelas mais diversas formas do desenvolvimento do comportamento humano. Estudioso, escritor, pesquisador e admirador da psicologia social, vive em busca constante do crescimento intelectual e comportamental humano.

Tem mais de 21 anos de experiência em empresas nacionais e multinacionais, atuando como agente, facilitador palestrante e consultor internacional. Tem vasto conhecimento em gestão e consultoria de equipes multidisciplinares, liderança e gestão de projetos de alto impacto, relacionamento e negócios. Coordenou times e clientes, atuando na implementação de novas ideias, simplificação de processos e identificação de áreas frágeis, bem como na antecipação de cenários com ações inovadoras de alto impacto além de desenvolver a excelência nas pessoas.

Seu trabalho, seja em campo ou em seu consultório, aborda além das técnicas a excelência nas questões emocionais e comportamentais que permitem a plena realização pessoal e profissional da equipe e cliente, ampliando a eficiência, alcançando resultados surpreendentes.

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2 Comentários

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