DO PROPÓSITO AO IMPACTO SOBRE A VIDA E NA LIDERANÇA
Descubra sua paixão e coloque-a para trabalhar.
A firmeza de propósito é um dos mais necessários elementos do caráter e um dos melhores instrumentos do sucesso. Sem ele, o gênio desperdiça os seus esforços num labirinto de inconsistências. (Philip Chesterfield)
Provavelmente se você for mortal como eu já deve ter passado por aqueles momentos no qual se pega perguntando para si mesmo, questões, como: Por que eu estou aqui? Por que eu faço o que eu faço? Por que eu trabalho nesta empresa? Por que escolhi esta profissão?
Perguntas reflexivas como estas são fundamentais para mantermos uma vida saudável, afinal através delas estamos efetivamente nos conectando com a realidade; mas não só isto, elas ajudam a manter uma sintonia entre nossos sentimentos e as escolhas que estamos ininterruptamente fazendo em nossa trajetória durante a vida. Samuel Langhorne Clemens, que ficou conhecido por seu pseudônimo Mark Twain, um dia disse uma frase que se tornou jargão de qualquer literatura que trata de falar de PROPÓSITO e sentido de vida (inclusive para mundo picareta da autoajuda) que foi: “Os dois dias mais importantes da sua vida são o dia em que você nasce e o dia em que você descobre para quê”. Parece meio que obvio esta frase, mas dificilmente fazemos dela um mantra de vida no sentido de saber do porque estamos vivendo a vida que estamos escolhendo viver.
Sem querer ser muito poético, acho que vale aqui relembrar uma das grandes obras de Albert Camus, O mito de Sísifo. Para quem não conhece vou aqui fazer um breve resumo que tenho certeza que com ele, logo poderemos entender melhor o que escolhas tem a ver com PROPÓSITO e o que PROPÓSITO tem a ver com as escolhas. Por isso, convido você a ler este resumo de maneira metafórica com a realidade de vida que vive.
A mitologia grega conta que Sísifo foi rei e fundador de um território que hoje se chama Corinto, localizado na região do Peloponeso. Conta o mito que um dia, Sísifo viu a bela Egina ser sequestrada por uma águia a mando de Zeus. Egina era filha de Asopo, deus dos rios, que estava muito abalado com o sumiço da filha. Vendo o desespero de Asopo, Sísifo pensou que poderia tirar vantagem da informação que tinha e contou-lhe que Zeus havia sequestrado a moça. Mas, em troca, pediu que Asopo criasse uma nascente em seu reino, pedido que foi prontamente atendido. Zeus, ao saber que Sísifo havia lhe denunciado, ficou furioso e enviou Tânatos, o deus da morte, para levá-lo para o mundo subterrâneo. Mas, como Sísifo era muito esperto, conseguiu enganar Tânatos ao dizer que gostaria de presenteá-lo com um colar. Na verdade, o colar era uma corrente que o manteve preso e permitiu que Sísifo escapasse. Com o deus da morte aprisionado, houve um tempo em que mais nenhum mortal morria. Assim, Ares, o deus da guerra, também se enfureceu, pois a guerra necessitava de mortos. Ele então vai até Corinto e liberta Tânatos para que conclua sua missão e leve Sísifo para o submundo. Sísifo, desconfiando que isso pudesse ocorrer, instrui sua esposa Mérope a não lhe prestar as homenagens fúnebres, caso ele morra. Assim é feito. Ao chegar ao mundo subterrâneo, Sísifo se depara com Hades, o deus dos mortos, e lhe conta que sua esposa não o havia enterrado da maneira adequada. Então ele pede à Hades que volte ao mundo dos vivos apenas para repreender a esposa. Depois de muito insistir, Hades permite essa visita rápida. Entretanto, ao chegar no mundo dos vivos, Sísifo não retorna e, mais uma vez, ele consegue enganar os deuses. Sísifo fugiu com sua esposa e teve uma vida longa, chegando à velhice. Mas, como era mortal, um dia foi preciso retornar ao mundo dos mortos. Lá chegando, se deparou com os deuses que havia ludibriado e então recebeu uma punição pior do que a própria morte. Ele foi condenado a realizar um trabalho exaustivo e sem propósito. Teria que rolar uma enorme pedra montanha acima. Mas quando chegasse no topo, devido ao cansaço, a pedra rolaria morro abaixo. Então Sísifo deveria novamente levá-la para o alto. Esse trabalho teria que ser feito todos os dias, por toda a eternidade.
Nas próprias palavras de Albert Camus, este mito ajuda a entender várias passagens de nossa vida. Segundo Camus, “este mito só é trágico porque seu herói é consciente. O que seria sua pena se a esperança de triunfar o sustentasse a cada passo? O operário de hoje trabalha todos os dias de sua vida nas mesmas tarefas, e esse destino não é menos absurdo. Mas só é trágico nos raros momentos em que se torna consciente. Sísifo, proletário dos deuses, impotente e revoltado, conhece toda a extensão de sua miserável condição: pensa nela durante a descida. A clarividência que deveria ser o seu tormento consuma, ao mesmo tempo, sua vitória. Não há destino que não possa ser superado com o desprezo”.
Assim, Camus elabora uma relação entre a mitologia e a atualidade, trazendo para nosso contexto o trabalho de Sísifo como uma tarefa contemporânea cansativa e inútil, onde o trabalhador, nós mortais, não vê sentido, mas precisa continuar a exercer para conseguir sobreviver. Este terrível castigo do personagem mitológico ao trabalho exercido por grande parte de nós, condenada a fazer a mesma coisa dia após dia e, geralmente, sem consciência de sua condição absurda. Por isso, quero aqui explorar junto com vocês este sentido maior da vida – PROPÓSITO. Sem PROPÓSITO, todos nós estamos dia a dia correndo o risco de percorrer toda uma vida condenando-a a ser morna, apequenada, infeliz porque não dizer escravo de si mesmo “como uma tarefa contemporânea cansativa e inútil, onde o trabalhador, nós mortais, não vê sentido, mas precisa continuar a exercer para conseguir sobreviver”. Afinal, um propósito de vida é o que direciona toda a nossa trajetória existencial. Ele, geralmente, se fundamenta em nossas crenças e valores. Por isso, nesse artigo, quero também ajudar você a entender dois pontos bastante importantes sobre o senso de propósito. Você entenderá o porquê e como estabelecer o propósito que servirá também como uma visão de empresa e descobrirá como pode definir seus propósitos de vida para nortear seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Nesta última década a palavra PROPÓSITO tornou-se moda, presente em quase toda obra sobre liderança e gestão. Não é por menos, de fato entender o que é e qual o seu propósito de vida é o primeiro passo para se dar conta se você se encontrou no mundo que escolhe a cada instante viver. O propósito deve ser encarado não só como algo para completa-lo no sentido de realização com a vida, mas também como um legado que você deseja deixar no mundo e na vida das pessoas à sua volta. Você precisa encontrar sentido naquilo que faz, e não fazer apenas o que disseram que é preciso.
Quando levamos isto para dentro das empresas não vai faltar estudos comportamentais que demostram de modo convincente que o papel mais importante de um líder é ser um promotor do propósito da organização. Especialistas em gestão – e são muitos, sustentam que o propósito é uma chave para um desempenho excepcional, enquanto psicólogos comportamentais o descrevem como o caminho para um maior bem-estar. Quando vamos para o mundo da saúde física e mental, há diversos estudos que relacionam uma vida de PROPÓSITO com uma vida saudável. Aliais, pessoas com um propósito na vida são menos propensas a doenças. Tudo isto tem uma simples explicação, não há dúvidas de que quando amamos o que fazemos, o resultado é uma entrega muito bem feita, naturalmente.
O propósito é a quebra da pluralidade de um mundo liquido, para a singularidade do ser. Talvez ele remeta contra todos os percalços deste mundo imperativo ditador de que temos que ser assim, seguir está carreira, fazer deste jeito, ter estas coisas, nos apresentar desta forma. Neste universo do espetáculo onde a imagem vale mais que princípios e virtudes, talvez o PROPÓSITO seja a chave para navegar no complexo, volátil e ambíguo mundo de hoje, no qual a estratégia está sempre mudando e poucas decisões são claramente certas ou erradas.
Apesar dessa crescente visão, resta um grande desafio: Em meu trabalho seja treinando ou atendendo meus clientes nas sessões de coaching, descobri que menos de um quarto dos profissionais, sejam lideres ou não, têm um forte senso de seu propósito individual. Muitos são excelentes profissionais, trabalham arduamente, são capazes de articular claramente a missão de sua organização, mas quando lhes pedem que descrevam seu próprio propósito, geralmente são evasivos, superficiais, e normalmente caem na armadilha de escrevem algo genérico e nebuloso, outras vezes transferem seu propósito como frases como: “ajudar os outros a destacar-se”, “garantir o sucesso”, “capacitar meu pessoal”. O que mais me impressiona é que muitos são bem sucedidos e ao mesmo tempo infelizes. Tão problemático quanto isso é o fato de que dificilmente alguns deles tem um plano claro para traduzir o propósito em ação. Como resultado, limitam suas aspirações e muitas vezes não conseguem atingir seus objetivos profissionais e pessoais mais ambiciosos e sofrem com isso. Uma vida repleta de afazeres e ao mesmo tempo vazia. Não à toa que atendo muitos ansiosos e outros com burnout ou até mesmo depressivos.
O que é mais interessante é que a ideia de propósito está clara e continua sendo moda, entretanto, as pessoas se esquecem, ou não querem entender que o sentido da vida nasce de interesses. Uma busca pelo conhecimento que vai possibilitar descobrir que seu objetivo de vida não é só uma carreira com mais satisfação ou dinheiro e nem mesmo com aquele carrão na garagem de uma casa gigante que daria para hospedar um time de futebol. Tudo isso tem a ver com decisões pessoais e profissionais mais conscientes — e que, podem, inclusive, incluir guinadas em seus desejos mais temorosos e levar a agir pelo bom senso de ser você mesmo.
Todo bom coach sabe que ajudar as pessoas a encontrar e definir seu propósito e colocá-lo em uso é fundamental para todo e qualquer processo. Com base nisto, talvez esteja realmente faltando as pessoas saberem pedir ajuda a um bom profissional para encontrar esta chave para acelerar seu crescimento e aprofundar seu impacto, tanto na vida profissional como no pessoal. De fato, acredito que o processo de definir seu propósito e encontrar a coragem para viver de acordo com ele — o que chamo de propósito com a realidade — é a tarefa isolada de desenvolvimento mais importante que você pode empreender seja como um simples mortal, um colaborador ou como líder. As pessoas mais felizes profissionalmente ou na vida pessoal, se sentem mais competentes, únicas e realizadas no que fazem – são pessoas que, em sua maioria, têm propósito.
Eu me lembro de casos como de um ex diretor de uma fábrica de papelão que foi demitido por causa da crise no início da pandemia de covid, e ao mesmo tempo que acabara de perder sua esposa. Desesperado e tentando encontrar uma luz para seu caminho, durante o processo de coaching descobriu um propósito decididamente único — “ajudar as pessoas que estão em situação pior que a minha” —, vendeu tv, geladeira, tudo, para criar uma organização para reciclagem, sua inspiração ajudou não só a se tornar agora dono do seu negócio como ajuda centenas de catadores a sustentarem sua família. Ele compreendeu que dentro dele havia um PROPÓSITO que é maior que o medo e que ao mesmo tempo entendeu que um de seus maiores valores era que ele também aprecia situações de alto risco que o compele a agir em prol de muitos. Com esse ímpeto, foi capaz de criar um plano para revitalizar sua vida antiga em dificuldades, em meio a condições econômicas extremamente duras.
Também tive a oportunidade de trabalhar com um executivo do ramo de frutas de varejo que trouxe para si o desafio de seu propósito — “dedicado a explorar as coisas da vida, com quem quer que seja, onde quer que seja, da forma que seja” — para promover as “mudanças difíceis e incômodas” necessárias para derrotar seu medo e sua ansiedade e sentido de impotência levou ele a transferir seu sonho para nível global, hoje é exportador de frutas. Tive um empresário no ramo de telecomunicações que passou a desafiar a si mesmo e usar seu propósito — “desenvolver colaboradores que se destaquem” — para convencer cada um dos funcionários a estudar e se dedicar em ser o melhor no que fazem o que levou sua empresa a funcionar como um replicador de conhecimento em suas operações compartilhadas. Tive uma querida cliente no qual nos tornamos amigos que depois de ter um casal de gêmeos e ser abandonado pelo marido estava com dificuldades para voltar a trabalhar. Mas, depois de definir sua declaração de propósito — “ser o motivo leve, focado e arrebatador para o sucesso”, algo que fez ao longo de sua experiencia como mãe, decidiu se dedicar a uma reciclagem profissional, terminou seu mestrado, com anseios ao doutorado e hoje está frente de uma faculdade como gestora acadêmica. A poucos dias saímos para tomar um café e ela com aquele sorriso no rosto me disse: Hoje meu propósito é – “ajudar as pessoas a viver uma vida mais cheia de significado”. Quer algo mais lindo do que isso?
Ter coragem para encontrar e colocar em prática o propósito é um desafio que exige paciência e, principalmente, dedicação, claro. Precisa explorar tudo aquilo que há dentro de si mesmo que se mistura entre crenças, desejos e vontades. Afinal, o propósito está associado ao que há de melhor em você que supera seus interesses e talentos, além de suas crenças. Inclusive, encontrar o que dá sentido à vida também são escolhas, que obviamente virá cercado de angustia. Somente superando este sentimento que o resultado em melhor desempenho na sua vida pessoal e profissional ressurgirá.
Neste artigo, compartilho com você o esquema passo a passo para ajudá-lo a seguir o mesmo caminho. Vamos explicar como identificar seu propósito e, em seguida, desenvolver um plano de impacto para obter melhores resultados de maneira sustentável e concretos.
O QUE É PROPÓSITO?
Muitos músicos morrem com a música perfeita na cabeça, sem ao menos ter dado a chance de um dia tocá-la! (Marcello de Souza)
É muito comum eu perguntar a meus clientes: Qual é o seu propósito? E ouvir respostas como: ser feliz, ser um bom marido, ter sucesso na vida, ganhar dinheiro, ser um bom chefe, criar meus filhos, cuidar da minha família e fazer o bem. Isso não é propósito. Sem dúvida são objetivos nobres e necessários, mas que tem realmente um PROPÓSITO sabe que isso não é nada perto da sua missão de vida. Precisamos ir além. Ter propósito consigo mesmo não é propósito. O propósito é maior e específico. O propósito é para todos aqueles que você se importa.
Séculos antes de Cristo Aristóteles, filósofo grego, já dizia que “a felicidade é o sentido e o propósito da vida. O único objetivo e a finalidade da existência humana”. Não sei quanto a você, mas esta frase faz todo sentido para mim. Quando levamos esta frase para o mundo corporativo, falar em propósito de uma liderança, logo percebemos que, necessariamente é ele quem você é e o que o distingue. Seja você um empreendedor, CEO de uma empresa da lista Fortune 500, um engenheiro ou um agile coach, seu propósito é — ou deveria ser — sua essência, sua marca, o que você busca alcançar, a magia que o faz vibrar.
Tenha certeza que não é o que você faz, é como faz sua vida ter valor e por quê — os pontos fortes e paixões que você traz para sua vida, e que importa o quanto e quem são as pessoas importantes ao seu lado. Propósito é a real expressão de quem você é no mundo. Muito mais que um sentimento individualista, o propósito está para o se importar com os outros, responsabilidade, assumir cada escolha e medir as consequências do que faz, além das próprias necessidades de sobrevivência na vida. Significa contribuir efetivamente para uma vida melhor. É ser exemplo e ser autêntico. É honrar a própria biografia e o legado. Embora seja possível expressar seu propósito de diferentes formas em diferentes contextos, ele é o que todas as pessoas próximas de você reconhecem como unicamente seu, aquilo de que mais sentiriam falta se você fosse embora. Propósito pressupõe o EU consciente. A relação profunda com os outros “EUs”. Está na real persona pela expressão de talentos e realizações, e o cuidado com a vida em todos os aspectos. Para viver o propósito deve-se buscar um estilo de vida harmonioso e equilibrado entre mente e corpo, entre virtudes e moral, entre ética e relações humanas.
Fundamentalmente, para a visão organizacional, e se tratando de liderança, pode-se dizer que seu propósito brota de sua identidade, da essência de quem você é. O propósito não é uma relação da educação, da experiência e das habilidades que você acumulou na vida. Como no caso da minha amiga que fez seu mestrado e agora busca seu doutorado, isso não é seu propósito. O propósito dela é “ajudar os outros a viver uma vida mais cheia de significado”. O propósito também não é um título profissional, limitado a seu trabalho ou sua empresa atual. O propósito não é, com certeza, um apanhado de jargões de autoajuda como “capacitar minha equipe a conseguir resultados excepcionais nos negócios e ao mesmo tempo encantar os clientes”. Ele deve ser específico e pessoal, introspectivo ao ponto de ser ressonante com você mesmo— e só com você. Não precisa ser uma aspiração ou algo baseado numa causa “salve a tamanduá bandeira”, “salve as baleias” ou “alimente os famintos”, isto são no mínimo obrigações, mas não propósito. Como não é o que você pensa que ele deve ser. É o que você não pode deixar de ser. Como eu ouvi estes dias uma frase que muito me chamou a atenção: Meu propósito é “ser a pedra no sapato que mantenha as pessoas em movimento”.
COMO DESCOBRIR NOSSO PROPÓSITO?
Ser ninguém além de si mesmo num mundo que está fazendo tudo que pode, noite e dia, para torná-lo igual aos demais, significa lutar a batalha mais difícil que qualquer ser humano pode lutar. E nunca parar de lutar. (E. E. Cummings)
Falar é fácil, agora descobrir nosso propósito já não é uma tarefa simples, aliais, muitos passam uma vida inteira sem saber quais são eles. Pior, saber qual é o propósito de liderança também é um desafio entanto. Diferente disto, com certeza poderíamos simplesmente abrir um destes livros cheias de regras e conselhos escritos por gurus, que logo já saberíamos exatamente por que estamos aqui e viveríamos de acordo com esse propósito cada minuto de cada dia. Mas, vamos cair na real – não é assim que as coisas funcionam. Não existe ninguém neste universo que pode entender mais de nós mesmos do que nós mesmos. Assim como sugere E. E. Cummings, somos bombardeados constantemente com mensagens poderosas (motivacionais, de colegas, familiares, chefes, gurus da gestão, anunciantes, celebridades, etc) sobre como deveríamos ser (mais inteligentes, mais fortes, mais ricos, mais poderosos, mais inteligentes, mais certeiros, etc.) e como liderar (capacitar os outros, ser autêntico, distribuir o poder, regras de liderança, empoderamento, persuasão, etc). Tudo isto é ótimo para vender livros, lotar plateias, encher treinamento, mas no final saímos até potentes para agir, mas quando nos damos conta, logo percebemos que falta algo a mais para uma vida ser plena. É realmente difícil descobrir quem somos em um mundo tão ruídos, quanto mais “ser ninguém além de si mesmo”.
Sei que parece desanimador tudo isto, mas não é. Na verdade, depois de anos estudando, acompanhando pesquisas sérias e mesmo na pratica atendendo com meus clientes é fato que quando você tem um senso claro de quem você é, todo o resto vem naturalmente. Algumas pessoas vão chegar à jornada do propósito com impacto com uma tendência natural à introspecção e reflexão. Outras vão considerar a experiência desconfortável e causadora de ansiedade. Algumas poucas simplesmente ficarão entediadas. Como também a aqueles que motivado pela raiva, conseguem se encontrar.
Sair de um mundo no qual chamo de “roda de hamster”, precisa de um esforço maior. Este reencontro consigo mesmo tem que ser motivado por algo que desperte em nós uma potência que muitas vezes tem que ser motivado ou ter uma ajuda externa de um bom profissional comportamental. De qualquer forma é possível.
Trabalho com líderes a duas décadas, de todos os tipos, e posso garantir que até os mais céticos descobriram valor pessoal e profissional na experiência. Lembro-me de uma vez fazendo um processo de coaching interno em uma empresa tive a chance de ser desafiado pela alta liderança em fazer um gestor “a pessoa com menor probabilidade de considerar esse negócio útil” sair da sua “roda de hamster” e cair na realidade que a empresa precisa muito mais do que ele oferecia – a empresa realmente acreditava que ele tinha potencial para isto. Confesso que foram algumas sessões um tanto desafiadora, mas logo ele percebeu que seu mundo se resumia em crenças que não faziam mais sentido. Ele mesmo se perguntou: O que estou fazendo com minha vida? Apesar disso, ele gostou tanto que mandou eu preparar para toda sua equipe um programa e mais que isso, hoje somos grandes amigos. Não me esqueço da frase emblemática dele: “Nunca li nem pretendo ler um livro de autoajuda”, disse ele à equipe. “Mas, se quiser ser um líder excepcional, você tem de saber seu propósito de liderança.”
Neste caso como em tantos outros, muitos dos meus clientes demostraram categoricamente que ficaram presos no tempo. Por isso, vale a dica de que para conseguir envolver tanto os sonhadores como os céticos é preciso criar um processo que abra espaço para a expressão introspectiva, para a individualidade, mas também ofereça uma orientação prática, passo a passo que possibilite o olhar da sua trajetória, como ele está dando valor para as coisas na vida. Quem sabe não começar examinando sua história de vida em busca de traços comuns em grandes temas que exigiram escolhas mais difíceis. O objetivo é identificar seus pontos fortes, valores e paixões essenciais ao longo da vida — as atividades que lhe dão energia e alegria. Costumo usar entre outros, vários estímulos para isso, mas estes três são bastante interessantes:
• O que você gostava particularmente de fazer quando era criança, antes que o mundo lhe dissesse o que deveria ou não seguir e fazer? Descreva um momento e o que você o fez sentir alegria.
• Conte-me duas das experiências mais difíceis de sua vida. Como elas influenciam você até hoje?
• O que você gosta de fazer hoje em sua vida que o ajuda alegrar seu coração e a sentir bem consigo mesmo?
Sim, são perguntas simples de um processo qualquer de coaching em busca de se autoconhecer melhor. Agora, perguntas como estas são potencializadas quando trabalhadas em grupos. Quando faço trabalhos para desenvolvimento de liderança tenho uma preocupação muito grande de criar um ambiente seguro no qual instigo cada participante a essas questões num pequeno grupo com alguns colegas, porque descobri que é quase impossível uma pessoa identificar por conta própria seu propósito, principalmente quando tem a ver com liderança. Você não pode obter uma imagem clara de si mesmo sem amigos ou colegas de confiança para atuar como espelhos. No final de cada processo em grupo sempre convido meus coachees a se sentirem à vontade para um trabalho reflexivo, pedindo a eles que façam uma declaração de propósito clara e concisa: “Meu propósito e liderança é _____”. Claro, deixando explicito que as palavras precisam ser pertencentes a ele, devem captar a própria essência. No final a ideia principal é impulsioná-lo a agir. Para ter uma ideia de como funciona o processo, considere as experiências de alguns líderes. Por exemplo, a alguns meses atrás em um processo interno de desenvolvimento de liderança, perguntei a uma líder quais foram suas paixões na infância, ela falou sobre pintar coisas abstratas quando ela morava no interior de Minas Gerais e ficava encantada com suas “descobertas” sobre a arte. Ela lembrou de que um dia resolveu levar uma de suas pinturas para a escola para ver o que a professora dela iria falar. Quando a professora viu sua pintura, achou que aquilo era uma brincadeira e que jamais uma criança naquela idade pintaria daquela forma. Assustada e ao mesmo tempo se sentindo a pessoa mais feliz do mundo, ela contou que não respondeu nada para a professora e simplesmente deixou a sala de aula e foi para casa. Suas amigas, todas preocupadas, foram depois da aula para ver como ela estava, quando encontraram ela pintando outros quadros. Porque ela realmente entendeu o valor no sentido de fazer aquilo que naquele momento ela amava, sem se importar do as outras pessoas achavam daquilo. Ela ainda conta que seus pais foram chamados na escola por causa da atitude dela. Seus pais chegaram em casa e logo começaram a brigar com ela não só por ter ido embora da aula sem dar satisfação, mas porque eles acreditaram que ela estava mentindo para a professora. Isto caiu como uma pedra sobre a cabeça dela o que fez ela desanimar de pintar. Foi uma marca que ficou na vida dela. No fim, a sua declaração de propósito que ela elaborou depois— “faça com excelência aquilo que faz sentido para você” — é perfeita para sua posição atual de liderança de uma grande empresa de TI no qual ela hoje trabalha. Quando você analisa as histórias das pessoas, vai ver que há um fio condutor, que se torna extraordinário quando encontrado. Puxe-o e descobrirá seu propósito.
DO PROPÓSITO A AÇÃO
“O propósito do aprendizado é crescer, e nossas mentes, diferentes de nossos corpos, podem continuar crescendo enquanto continuamos a viver”.
(Mortimer Adler)
Como este artigo é direcionado a liderança quero aqui então agora, a dar mais foco sobre PROPÓSITO e liderança. Para isto é preciso antes de tudo deixar claro que ter propósito como líder é o primeiro grande passo, mas escrever a declaração não é suficiente. Também é preciso vislumbrar o impacto que você terá em seu mundo como resultado de viver segundo seu propósito. Ter várias vontades na cabeça não vai fazer muita diferença para sua vida, É preciso ação. São suas ações — não suas palavras — o que realmente importa. Não se iluda que a vida é feita só de propósitos. Talvez para os gurus isto venha a funcionar, mas na vida real é impossível. Mas, com trabalho e planejamento cuidadoso, uma boa estratégia de ação, podemos fazer isso com mais frequência, mais consciência, sinceridade, serenidade e eficácia. Principalmente para a liderança, planos de propósito com impacto diferem muito de planos de desenvolvimento tradicionais em vários aspectos importantes e aqui quero deixar algumas dicas importantes: primeiro e o óbvio, eles têm que começar com uma declaração sincera de propósito de liderança, em vez de um objetivo de negócio ou carreira. Tem que haver uma visão sistêmica da vida pessoal e profissional, em vez de ignorar o fato de que você tem uma família ou interesses e compromissos externos. Tem que incorporam uma linguagem específica, imbuída de propósito, para criar um conjunto de informações factíveis e passiveis de serem conquistadas e que tenha significado para você, não para qualquer pessoa em seu trabalho ou função.
Eles devem força-lo a vislumbrar oportunidades no longo prazo (dentro de três a cinco anos) para que haja diretrizes com a vida. Por fim de acordo com seu propósito estabeleça estratégias que o ajude a trabalhar, a partir daí, para definir metas específicas de forma retroativa (para daqui a dois anos, um ano, seis meses, três meses, 30 dias) a fim de aproveitar essas oportunidades de maneira concisa com a realidade que está construindo para você. De repente, você vai ter insights e um conjunto de experiências e linguagem que pode redefinir como via seu trabalho numa direção nunca antes pensado. A seguir vou descrever passo a passo para no fim não só compreender como construir metas, mas como ela é importante:
– 1º Comece criando DECLARAÇÃO DE PROPÓSITO. Ex.: “Aproveitar todos os conhecimentos para liderar minha equipe”. Depois você tem que ter uma boa e sincera EXPLICAÇÃO do por que esse é seu propósito: os estudos da psicologia comportamental mostram que compreender o que nos motiva aumenta amplamente nossa capacidade de atingir grandes metas.
– 2º Em seguida, vamos começar com as METAS DE TRÊS A CINCO ANOS usando a linguagem de sua declaração de propósito. Este é um bom prazo para começar sem que se perca no meio do caminho: vários anos é tempo suficiente para que até os lideres mais desiludidos possam imaginar que até lá estarão vivendo de acordo com seu propósito. E não é um prazo tão distante a ponto de criar acomodamento. Um objetivo pode ser o de obter desafios maiores —por exemplo, liderar uma grande equipe a nível global —, mas o foco deve ser em como você vai conseguir isso, que tipo de líder você será.
– 3º Depois disso vá para as METAS DE DOIS ANOS. Este é um período em que o grande futuro e a realidade atual começam a se fundir. Que responsabilidades novas você vai assumir? O que você precisa fazer para se preparar para o longo prazo? Lembre-se de abordar também sua vida pessoal, porque você deve viver mais de acordo com seu propósito em toda parte.
– 4º Estabelecer METAS DE UM ANO — costuma ser o mais difícil. Muitas pessoas perguntam: “E se a maior parte do que faço hoje não estiver alinhada de nenhum modo com meu propósito de liderança? Como chego daqui até lá?” Para lidar com esse problema. Em primeiro lugar, pense se você pode mudar partes de seu trabalho, ou alterar a forma como faz algumas tarefas, para que se tornem uma expressão de seu propósito. Por exemplo, a expressão de Carl Jung “Até onde conseguimos discernir, o único propósito da existência humana é acender uma luz na escuridão da mera existência” quem sabe não pode servir como inspiração a ver o significado de gerir um processo básico de é preciso conscientização das ações. Em segundo lugar, veja se você pode acrescentar uma atividade100% alinhada com seu propósito. Descobri que a maioria das pessoas tem condições de dedicar em 10% de seu tempo a algo que lhes dê energia e ajude os outros a ver seus pontos fortes faz toda a diferença na jornada.
– 5º Agora chegamos ao cerne da questão. Quais são os PRÓXIMOS PASSOS CRUCIAIS que você deve dar nos próximos seis meses, três meses e 30 dias para alcançar suas metas de um ano? A importância das pequenas vitórias é devem ser muito bem exploradas e documentada em quase todas as disciplinas de gestão, de iniciativas de mudança até inovação. De vencer e ressignificar crenças a constituir-se de novos hábitos. Ao detalhar seus próximos passos, não anote todas as exigências de seu trabalho. Relacione as atividades ou os resultados mais importantes para suas ambições e seu propósito de liderança. Tenha em mãos um diário. Um diário de bordo. Lembre-se que memorias se apagam, mas aquilo que está escrito a caneta não. Provavelmente você vai notar que várias de suas tarefas parecem muito menos urgentes que antes, enquanto outras que você deixaria meio de lado assumem prioridade.
Esta é a verdadeira alegria da vida, ser útil a um propósito que você reconhece como grande (George Bernard Shaw)
– 6º Finalmente, examinamos as RELAÇÕES-CHAVE necessárias para transformar seu plano em realidade. Identifique duas ou três pessoas que podem ajudá-lo a viver mais de acordo como seu propósito de liderança. Não apenas aqueles super colegas que concordam com tudo e nem filhos e conjugue, procure a chefe do RH, um coach, um colega tipo “sincerão”, entre tantos outros que efetivamente pode entregar algo a mais do que um simples olhar amigável. Lembre-se este processo é desafiador, e é por isso mesmo é preciso ouvir o que quer ouvir, mas também o que você não gostaria de ouvir. Assim, os planos individuais de propósito com impacto os ajudam a permanecer fiéis a suas metas de curto e longo prazos, inspirando coragem, comprometimento e foco. Quando estiver frustrado ou desanimado, pegue os planos para se lembrar do que quer alcançar e como vai ter sucesso. Depois de criar seu plano, sempre tenha um mantra como “não fujo de coisas muito difíceis”. Só assim que poderá ver de forma muito mais clara onde pode realmente contribuir e também onde não pode para sua estratégia. Tenha bem claro o tipo de funções às quais inspira e pode fazer escolhas explícitas ao longo do caminho.
Saiba que cada um de nós tem com base num conjunto ligeiramente diferente de suposições sobre o mundo, seu setor e o que pode ou não pode ser feito. Essa perspectiva individual lhes permite criar grande valor e ter um impacto significativo. Todos nós devemos atuar com um propósito único, principalmente quando está na liderança. Para ser um líder verdadeiramente eficaz, você deve fazer o mesmo. Clarifique seu propósito e coloque-o para trabalhar.
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