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ALÉM DO QUASE

“Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.” Apocalipse 3:16.

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. O quase é um limbo emocional que nos prende em um estado de paralisia, alimentado pelo medo do fracasso e pela dúvida. Essas escolhas que nos levam para o quase, escolhas de uma vida morna, onde as oportunidades são vislumbradas, mas nunca totalmente alcançadas, é o berço de sonhos não realizados e de potenciais não explorados. A vida morna, que muitos de nós escolhemos por receio do desconhecido, não é vida em sua plenitude. Ela é uma existência diluída, onde os momentos de verdadeira paixão e realização são raros, substituídos por um conformismo que sufoca a alma e o espírito.

Neste cenário, a coragem de ser feliz parece uma commodity escassa. A verdadeira felicidade exige riscos. Requer que nos lancemos ao desconhecido, que enfrentemos nossos medos e que, acima de tudo, estejamos dispostos a falhar. Porque no fracasso, nasce a oportunidade de aprender, de crescer e de se reinventar. A paixão queima, sim, e o amor pode enlouquecer. Mas seria a existência humana tão rica e profunda sem essas experiências? A vida sem essas emoções intensas seria como um arco-íris em tons de cinza, uma paisagem desprovida de cor e de vida.

A fé, essa crença na possibilidade de mover montanhas, é mais do que um ato de esperança; é um desafio à inércia. Não se trata de negar a realidade das limitações, mas de reconhecer que, dentro de cada um de nós, reside uma força capaz de transformar sonhos em realidade. A derrota prévia, essa resignação ao fracasso antes mesmo de tentar, é o verdadeiro desperdício da existência humana. Cada erro carrega em si a semente do perdão e cada fracasso, a chance para um novo começo. O amor impossível? Para ele, o tempo traz a cura e a possibilidade de um novo encontro, talvez mais verdadeiro e mais forte.

Cercar um coração vazio, economizar a alma, são estratégias de autopreservação que apenas ampliam o abismo dentro de nós. Um romance não vivido, uma palavra não dita, uma oportunidade não aproveitada – essas são as verdadeiras fontes de arrependimento. A saudade que sufoca e a rotina que acomoda são inimigas daquilo que faz a vida valer a pena. O medo de tentar é o que realmente nos impede de voar.

Desconfiar do destino e acreditar em si mesmo é o primeiro passo para uma vida de realizações. Mais do que sonhar, é preciso realizar. Mais do que planejar, é necessário executar. E mais do que esperar, é essencial viver. Porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu. A plenitude da existência não se encontra no meio-termo, mas na capacidade de abraçar completamente cada momento, cada desafio, cada oportunidade de amar, de errar e, acima de tudo, de crescer.

Este é o chamado para todos nós: sair do comodismo, das respostas prontas e das certezas e verdades, enfrentando nossos medos e viver plenamente reconhecendo dentro de si quem realmente é por sua natureza singular de ser. A vida, em sua essência, é um emaranhado de perguntas que só podem ser respondias pelas experiências ricas e diversas na imensidão de nossa mera percepção temporal que só há uma chance para viver que se dá somente quando nos permitimos viver. Cada decisão corajosa, cada passo em direção ao desconhecido, cada risco assumido nos aproxima da verdadeira essência do que significa ser humano. Que possamos escolher o caminho da paixão, da realização e da felicidade plena, mesmo diante das incertezas e dos possíveis fracassos. Porque é na vulnerabilidade, no enfrentamento do quase, que descobrimos nossa verdadeira força e potencial.

Aqui, ao pincelar as reflexões de Sartre e mergulhar na essência da liberdade e do conhecimento, convidamos cada um a uma jornada introspectiva. Uma jornada que não apenas questiona, mas também transcende os limites do que acreditamos ser possível. A liberdade, em seu estado mais puro, nos desafia a ser os arquitetos de nossas próprias vidas, a pintar nossos destinos com as cores da paixão, do amor e da coragem. O conhecimento, por sua vez, serve como o pincel que nos permite dar forma aos nossos sonhos mais selvagens, transformando o vazio do “quase” em uma tela vibrante de realizações.

Contudo, essa jornada não é isenta de obstáculos. Ela requer uma dose inabalável de autoconsciência e uma vontade férrea de se lançar ao desconhecido, sempre guiados pela bússola interna da nossa verdadeira essência. A cada passo adiante, é imperativo olhar para dentro, para reconhecer e abraçar nossas vulnerabilidades, nossos medos e, acima de tudo, nossos desejos mais profundos. Este é o combustível que alimenta a chama da transformação, daquela que não apenas ilumina o caminho, mas também aquece a alma.

Neste ínterim, a verdadeira questão que emerge não é “o que tememos perder?”, mas “o que ansiamos por ganhar?”. A vida, em sua infinita sabedoria, nos ensina que cada final é apenas um novo começo, cada término, uma porta para novas possibilidades. Portanto, ao nos depararmos com a encruzilhada entre o conforto do conhecido e o chamado do desconhecido, que escolhamos o caminho que nos leva ao crescimento, à evolução e, ultimamente, à nossa mais pura forma de expressão.

Que este texto não seja apenas uma leitura, mas um convite à ação. Um chamado para que cada um de nós se levante contra a maré do conformismo e abrace, com todo o coração, a beleza e a complexidade da vida. Encorajo-vos a refletir sobre as áreas de sua vida onde o “quase” tem mantido você refém e a dar o passo corajoso em direção à realização plena de seu potencial. A jornada para além do “quase” é uma viagem de autodescoberta, de enfrentamento de medos e, sobretudo, de amor próprio e compaixão.

Lembrem-se, a plenitude não é um destino a ser alcançado, mas um modo de viajar. A cada dia, temos a oportunidade de escolher a coragem sobre o conforto, a ação sobre a hesitação. Que possamos abraçar essa liberdade com tudo o que somos, transformando cada “quase” em uma afirmação poderosa de nossa capacidade de viver verdadeiramente. Que este seja o legado que escolhemos deixar: uma vida vivida não na sombra do “quase”, mas na luz brilhante do “totalmente”.

Voo Além dos Limite

Nas asas da liberdade, voamos,

Sobre mares de dúvidas e sonhos, planamos.

No infinito saber, mergulhamos,

Em busca de estrelas que, por amor, chamamos.

Cada escolha, um caminho; cada passo, uma história,

Nas tramas do destino, tecemos nossa glória.

Com a liberdade como bússola, o saber como luz,

Construímos pontes, derrubamos muros, carregamos a cruz.

Que nossas vidas sejam mais que um quase,

Que nossos sonhos, do papel, saltem e façam-se.

Pois quem na liberdade sua alma embebe,

No mar do saber, profundamente, bebe.

E assim, passo a passo, escolha após escolha,

Construímos um mundo onde o amor se acolha.

Pois livre é quem sabe, e sabe quem ama,

E no fim, é o amor que nossa alma reclama.

(Marcello de Souza)