ARTIGOS (DE MINHA AUTORIA),  COACHING COMPORTAMENTAL,  PENSAMENTO SISTÊMICO,  PSICOLOGIA,  RELACIONAMENTO

UM PROPÓSITO DE VIDA

“Até onde conseguimos discernir, o único

propósito da existência humana é acender

uma luz na escuridão da mera existência.”

(Carl Jung)

Desde cedo convivemos com esta palavra. Propósito se tornou uma espécie de mantra onde somos abordados pelos pais, amigos, parentes, namoradas, esposas, chefes e mesmo os colegas de trabalho nos impondo como verdade de que é preciso termos um propósito de vida para alcançar o sucesso e a felicidade.

É verdade que se considerar a essência da palavra, logo, em uma breve pesquisa, poderá perceber que ter um propósito realmente deve ser visto como uma forma sublime do nosso melhor para viver a vida, como algo que ajude a dar razão para que a vida realmente seja engrandecedora e que vale a pena ser vivida. O problema é que se tornou comum a moda das pessoas simplificarem ela como mais um daqueles imperativos da autoajuda.

O que podemos fazer de melhor com nossa vida? Quais são nossos dons mais valiosos? Quais os nossas aptidões e habilidades? Como aplicar as nossas virtudes? O que temos de melhor para apresentarmos ao mundo? Enfim, ao que parece, nos dias de hoje propósito é uma maneira a mais de nos pressionar a seguir nossas vidas dentro deste turbilhão de estar em ação, no qual nos coloca em movimento continuo sem saber muito bem por quê, para que ou mesmo para onde estamos indo, deixando a vida tomar o controle e não contrário, nós controlando a nossa própria vida. 

A palavra propósito vem do latim proposĭtum e sua etimologia está para abrir caminho. Onde“pro” significa para mim, em minha vantagem e “positum” é o particípio passado de pôr, posto, colocado, posicionadoEm outras palavras,propósito é o que está posto para mime tem como significado principal a intenção (ou o intento) de fazer ou deixar de fazer algo.  

Para a psicologia moderna, propósito é o sentido que damos a nossa vida, algo maior que ela mesmo, como proposta altruísta e superação de nossos próprios limites. Quando há intenção de alcançar uma existência plena e não a de existir por simplesmente existir de maneira estática. Envolve escolhas, diz respeito a reconhecer os valores que cada um traz dentro de si durante o percorrer com a vida. É o mesmo que dar sentido à vida na mais nobre razão para se viver, como representante do direcionamento a partir da prática continua do autoconhecimento. 

Como senso comum, propósito está diretamente relacionado a uma profunda realização pessoal no qual continuamente nos sugerem que aqueles que conseguem encontrar dentro de si seu propósito tendem a fazer escolhas que efetivamente faz a diferença, encontrando o seu melhor, não só porque são capazes de reconhecer, aceitar e respeitar sua própria história, mas estão sempre na busca da própria superação. 

Talvez por isso, que propósito é um dos temas mais discutidos e pesquisados nos últimos 200 anos e nunca foi tão usado como nas últimas décadas, afinal, buscar um sentido a própria vida tem se tornado um desafio para todos nós sobreviventes de um mundo imediatista, que tem pressa, raso e repleto de exigências onde os valores humanos foram trocados e para muitos o ter passa a ser mais importante que o ser. 

De certa forma, realmente para muitos de nós, ao pensarmos profundamente sobre nós mesmos e no que ocupamos o nosso tempo logo percebemos que nem tudo se encaixa e isso realmente nos traz uma certa angustia, aquela sensação de ansiedade que parece com um vazio que nos gera um certo desconforto como se tivéssemos perdendo tempo, desorientados como uma garrafa em um maremoto. Mas, será isso consequência da falta de propósito? Será realmente que há algo de errado para muitos daqueles que ainda não encontraram seu verdadeiro propósito de vida? Será que a falta da sua clareza representa uma vida morna, apequenada, triste e sem valor? 

Nem sempre. O que há é uma saturação de cobranças e informações desnecessárias que não vai nos levar a lugar algum. Compreender o que realmente representa o propósito para cada um de nós é algo singular tão como exige muito mais do que boas intenções e quase sempre precisa de coragem para uma viagem introspectiva pelas as próprias experiências já vividas. Perceber e aceitar que o caminho que se está tomando agora é resultado das próprias escolhas e através desta autoanálise reconhecer o que efetivamente faz sentido e nos pertence daquilo que não faz e não nos pertence. 

Neste mundo em que cada vez mais estamos no automático, dificilmente paramos e não damos este tempo para pensar do porquê estamos agora aqui neste presente diante ao que estamos verdadeiramente criando para nós. É tão grande hoje as incertezas e cobranças que a pressa não nos deixa perceber que nas nossas experiências de vida e de trabalho, pode estar a chance de ter insights incríveis e tão importantes suficientes de atinar o que importa e o que não importa e assim construir a ideia mais realista de propósito frente àquilo que efetivamente traga brilho aos próprios olhos. 

Neste sentido, sempre nos permitimos nos afastar de nós mesmos, estaremos permitindo aceitar conceitos e vieses sociais que são de interesse do outro e que acabam influenciando de forma negativa, nos cegando do entendimento de nossos próprios valores, perdendo a identidade e autenticidade. Entrando em um vazio seguindo de ações por aquilo que o outro espera e deseja de nós e não do que realmente nos pertence, sem entender que não se pode terceirizar o propósito, da mesma forma que não há maior ou menor, o que há são os porquês da própria razão de viver.

Esta causa não irá simplesmente aparecer, é necessário acima de tudo buscar por ela, e não deixar a vida passar esperando que algo transcendente aconteça. Na vida real não há gurus, fantasias e nem espaço para historinhas de personagens e celebridades de vulgo “sucesso” em um mundo das aparências. Não se engane, a realidade da maioria absoluta das pessoas é muito diferente do que tentam nos vender. É preciso muito mais que boas intenções e rostinhos sorridentes para determinar o que é nosso próprio sentido para a vida.

A razão maior da vida está para as experiências e somente através delas é que se torna possível perceber o que realmente estamos fazendo com nós mesmos para nós mesmos, assim, o propósito precisa ser encarado como um processo continuo experiencial, em constante movimento; mas isso não deve ser um caminhar por caminhar e sim, com a autoconsciência, desafiando a criar novos caminhos possíveis que sejam representativos em um processo evolutivo que nos de chance de construir oportunidades por uma vida com muito mais significados, nos mantendo atentos as tantas possibilidades, curiosos pelas diferenças, menos certos e mais receptivo a mudanças, tanto externas quanto internas.

Se ainda não tem claro seu propósito, não se preocupe, afinal nesta sociedade no qual vivemos não nos ensinou a ter um olhar para nós mesmos e entender o que realmente nos importa, na verdade, aprendemos desde cedo que a nossa referência de vida está sempre para o outro e no fundo, estamos tão infelizes que talvez seja porque é incrivelmente sem graça perceber ao tardar da vida que fizemos muito para os outros e quase nada para nós mesmos. 

Não de ouvido a toda esta falação e nem tente apressar aquilo que determinará a sua vida, acredite que deve ser incrivelmente insuportável saber qual é o nosso propósito de uma única vez, sem precisar se desafiar, sem entender que está na trajetória o verdadeiro sentido de vida. Também, não se engane, a angustia, as dúvidas, as incertezas, os erros, a dor, aquilo que não deu certo e tudo aquilo que nos fez sentir o medo e raiva e nos fez sofrer é provavelmente nosso maior impulsionador para a grande chance de sermos pessoas melhores, mais maduros, de viver uma vida digna de aprendizado e crescimento continuo, cheio de propósito para vencer.  

Nada valeria se as inspirações que leva a nosso propósito fosse fácil e passivo e não sucessiva de fatos e acontecimentos para ser plenamente ativo. A verdade que a vida está no resultado de uma construção pela integridade que depende muito mais de nós mesmos e que por melhor que façamos para alcançar aquilo que tanto temos vontade, sempre estamos frente ao acaso para nos ensinar que há muito mais para fazer até chegar a uma realização plena que dificilmente se dará em uma única vida.

É preciso de um dia após o outro, de fazermos a nossa parte com determinação para que exista uma responsabilidade maior com tudo aquilo que nos pertence e a consciência que não é igual para todos. Esta luta continua não deve ser usado como uma justificativa para a inação, omissão ou adiamento porque no final o que vai valer é o resultado do nosso trabalho, dedicação e esforço. É a contribuição deixada daquilo que realmente irá fazer a diferença para mundo. 

É possível que o seu propósito pode estar onde você sequer esteja neste momento buscando, porque talvez não se deu conta da sincronicidade entre os objetivos e a alegria de viver para gerar a autoconfiança tão necessária para quando a encontrar seja realmente capaz de se libertar e dedicar o quanto for necessário a ele.

Pode demorar, ou talvez não, mas é certo que o mais importante é que ele só se revela na ação, só se encontra fazendo, vivendo o presente e que por mais que esteja em acordo com ele, não significa que as coisas serão fáceis, nem que irá acertar na primeira ou na segunda ou terceira vez. Então, comece pelos talentos e coloque-se em movimento. De atenção a seus pontos fortes, faça por merecer. Conecte com o que há de verdade dentro de si mesmo e somente assim, estará construindo um sentido maior para que talvez lá no fim, consiga suspirar profundamente e dizer para si mesmo: Fui verdadeiramente digno da vida que escolhi viver!

Sobre o Autor:

Marcello de Souza, fundador da Coaching & Você, é apaixonado por assuntos referentes a gestão, liderança e fascinado pelo cotidiano e pelas mais diversas formas do desenvolvimento da inteligência comportamental humana. Estudioso, escritor, pesquisador e admirador da psicologia social, vive em busca constante do crescimento intelectual e comportamental humano.

Tem mais de 21 anos de experiência em empresas nacionais e multinacionais, atuando como agente, facilitador palestrante e consultor internacional. Tem vasto conhecimento em gestão e consultoria de equipes multidisciplinares, liderança e gestão de projetos de alto impacto, relacionamento e negócios. Coordenou times e clientes, atuando na implementação de novas ideias, simplificação de processos e identificação de áreas frágeis, bem como na antecipação de cenários com ações inovadoras de alto impacto além de desenvolver a excelência nas pessoas.

Seu trabalho seja como Coach, Mentor, Terapeuta, Palestrante e Treinador, seja em campo ou em seu consultório, utiliza dos mais alto níveis de conhecimento que envolve desde neurociências, psicologia social e comportamental como também ferramentas especializadas para análise a avaliação comportamentais, técnicas como Coaching, PNL, Hipnose, Constelação Sistêmica Organizacional e Familiar, Psicologia Transpessoal, Logoterapia, entre tantos outros fundamentos que foram alcançados em mais de 21 anos de experiência e pela busca contínua do conhecimento.

Marcello de Souza convida você a ler seu recém lançado livro “O mapa não é o território, o território é você”, publicado em mais de 40 países. A venda em:

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Lembrando sempre que é fã e respeita a opinião do outro, aceita o diálogo para discussões contrárias, mesmo que a opinião do outro não consiga responder as ideias e pensamentos existentes nas reflexões, aqui, escritas.

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2 Comentários

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