
Quantas vezes você esteve com alguém e, mesmo assim, não foi verdadeiramente visto?
Na sociedade hiperconectada e acelerada em que vivemos, a confusão entre estar presente e simplesmente estar disponível é constante. A presença, na sua essência mais profunda, é uma qualidade rara e silenciosa — um espaço de acolhimento e atenção que ultrapassa a mera coabitação física ou o trânsito rápido de informações.
Os sabotadores dessa presença plena são sorrateiros e nem sempre fáceis de identificar. Eles não chegam vestidos de preto, mas carregam disfarces sutis: sorrisos tímidos, conselhos que parecem protetores, frases que prometem segurança, mas escondem um medo não curado e um convite à estagnação.
“Isso é arriscado demais.”
“Não é melhor manter a estabilidade?”
“Será que você está pronto mesmo?”
Esses sabotadores não são sempre os vilões que imaginamos. Frequentemente, são reflexos das nossas próprias inseguranças — internalizadas e projetadas nos outros. Sabotadores que aplaudem em voz alta, mas duvidam em silêncio; que elogiam, porém, desviam o olhar; que ouvem as palavras, mas não escutam a essência.
Vivemos rodeados de presenças ocupadas — pessoas que falam, opinam, dão conselhos, mas que, paradoxalmente, são incapazes de se colocar inteiramente no espaço do outro. Essas presenças “ocupadas” criam uma escassez dolorosa daquilo que realmente importa: a atenção plena, o olhar que acolhe e o silêncio que sustenta.
O mais desafiante é que esses sabotadores também habitam dentro de nós — aquela voz interna que repete incansavelmente:
“Você não é suficiente.”
“Melhor não tentar.”
“Não vai dar certo…”
Esses sabotadores internos prosperam na ausência de consciência e no automatismo das repetições. Alimentam-se do medo, da insegurança e da inércia que nasce do desconhecimento profundo do próprio ser.
Mas existe um antídoto poderoso: a presença lúcida.
Presença não é simplesmente estar junto, fisicamente, em um mesmo ambiente. Presença é estar inteiro, sustentando um espaço emocional genuíno e seguro — um lugar onde o silêncio não significa ausência, mas potência e profundidade.
Já sentiu aquela companhia que não interrompe, não julga e não tenta consertar? Que simplesmente está ao seu lado, em uma entrega genuína, mesmo em meio ao caos? Uma presença que não busca protagonismo, mas que ilumina silenciosamente o outro, oferecendo tempo, espaço e acolhimento sem reservas.
No mundo acelerado, ruidoso e autocentrado, assumir essa presença é um ato de rebeldia amorosa. Quem se dispõe a estar presente, verdadeiramente presente, não teme o silêncio. Pelo contrário: sabe que é nesse silêncio que o sagrado se revela.
É ali, na pausa entre uma palavra e outra, que as feridas encontram espaço para respirar, que a alma pode se recompor, se fortalecer e, finalmente, se transformar.
Só os que sabem habitar o silêncio compreendem o poder transformador de uma presença inteira.
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