
Quando o preço do amor é perder a si mesmo
Quantas vezes você passou anos tentando ser quem jurou nunca ser?
Quantas vezes moldou seus gestos, suas palavras, suas escolhas, apenas para caber na expectativa do outro?
Na busca por aceitação, sacrificamos a nós mesmos em parcelas silenciosas. Ajustamos o tom da voz, escondemos desejos, diminuímos sonhos. Tudo em nome de um pertencimento que, por mais doce que pareça no início, cobra seu preço em forma de esvaziamento.
E o mais cruel é que, por fora, tudo parece amor. Mas, por dentro, um silêncio grita: “onde estou eu nessa relação?”
O espelho das relações
“Relacionamentos saudáveis não exigem que nos percamos, mas que nos encontremos em profundidade.”
– Marcello de Souza
As relações humanas não são apenas encontros de corpos ou acordos de convivência. São espelhos.
Espelhos que revelam com crueza o que negamos em nós mesmos.
O outro, com sua presença, nos devolve aquilo que tentamos esconder: medos, inseguranças, padrões inconscientes. É por isso que nos vemos repetindo histórias, atraindo os mesmos conflitos, vivendo as mesmas dores, mesmo em cenários diferentes.
O que buscamos fora é, quase sempre, aquilo que não reconhecemos dentro. O vazio que projetamos no outro é o mesmo vazio que evitamos encarar em nós.
É nesse ponto que confundimos atenção com vínculo, validação com amor.
Um sorriso, um gesto de aprovação, uma palavra de reconhecimento — tudo isso ativa em nós recompensas rápidas, quase químicas. Como pequenas doses de anestesia emocional, fazem parecer que pertencemos. Mas, passado o efeito, resta o vazio intacto, pedindo mais e mais do mesmo.
E então, sem perceber, chamamos isso de amor.
A armadilha da dissolução
O paradoxo é feroz: ao tentar nos dissolver no outro, acreditando que isso nos dará segurança, somos confrontados com nossa maior fragilidade.
Na ânsia de sermos amados, sacrificamos a autenticidade que nos torna únicos.
E quanto mais cedemos, mais nos afastamos de nós mesmos.
Perdemos a fronteira saudável entre o “eu” e o “nós”, e passamos a existir apenas como extensão do outro.
Mas aqui está a verdade que dói e liberta:
ninguém pode nos dar aquilo que não oferecemos a nós mesmos.
Quando abrimos mão da autenticidade, o vínculo que nasce já carrega em si o germe da dependência. Não é amor, é sobrevivência emocional. Não é encontro, é fusão tóxica.
O caminho da liberdade emocional
O primeiro passo não é romper relações.
O primeiro passo é romper ilusões.
Liberdade emocional não significa estar sozinho, mas estar inteiro.
Significa pertencer a si mesmo antes de tentar caber em qualquer espaço externo.
Significa olhar nos próprios espelhos, reconhecer sombras, acolher feridas, ressignificar padrões.
Significa reconstruir vínculos a partir da inteireza, e não da falta.
Relacionar-se com maturidade é saber que amar não é se dissolver no outro, mas caminhar lado a lado sem perder os contornos de quem se é. É ter coragem para dizer “eu” dentro do “nós”. É ousar ser verdadeiro, mesmo quando a verdade assusta.
O reencontro com a própria pele
No fundo, toda busca relacional é uma tentativa de reencontro com a própria essência. Quando o outro me aceita, sinto-me validado. Mas quando eu me aceito, encontro paz.
A verdadeira intimidade começa no momento em que não precisamos mais de máscaras para existir.
Quando deixamos cair o disfarce, e ainda assim permanecemos de pé.
Não é tarefa simples. Requer atravessar desertos internos, encarar silêncios, suportar o desconforto de estar consigo mesmo.
Mas é no reencontro com a própria pele que nasce a liberdade.
E só na liberdade é possível amar de forma madura.
Perguntas que abrem clareiras
Quantas vezes você sacrificou sua essência para ser aceito?
Quantas vezes acreditou que pertencia ao outro, quando, na verdade, havia se esquecido de pertencer a si mesmo?
E se o verdadeiro encontro não fosse com o outro, mas consigo?
E se o amor que você procura fosse, antes de tudo, o amor que você se deve?
Essas perguntas não têm respostas fáceis.
São convites a um mergulho.
Convites para uma vida de coragem, onde autenticidade e vínculo não são opostos, mas companheiros de caminho.
Um chamado à autenticidade
Talvez seja hora de parar de buscar a validação externa e começar a construir presença interna.
De abandonar a necessidade de caber, para aprender a expandir.
De transformar a dor da dependência em combustível para a liberdade.
Porque só quem pertence a si mesmo pode, de fato, compartilhar-se com o outro.
Só quem é íntegro por dentro pode oferecer abrigo verdadeiro.
E, no final, talvez o amor seja exatamente isso:
um encontro de duas liberdades que escolhem caminhar juntas,
sem correntes, sem fusões tóxicas, sem máscaras.
Um amor que não custa a identidade, mas a engrandece.
Um amor que não exige a perda de si, mas o florescer de ambos.
Para você refletir
• O que você está sacrificando em nome de aceitação?
• O que ainda precisa ser resgatado para que sua autenticidade respire?
• Que vínculos você mantém que refletem apenas sua ausência de si?
• O que seria amar com liberdade, na sua vida, hoje?
Talvez a resposta não venha agora. Talvez doa. Mas é dessa dor que nasce o despertar.
“O verdadeiro amor não é prisão nem fusão, mas liberdade compartilhada.” – Marcello de Souza
📌 Permita-se reencontrar sua autenticidade.
📌 Ao fazê-lo, transforme todas as suas relações.
📌 Viva com coragem. Viva com profundidade. Viva com liberdade.
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