COACHING COMPORTAMENTAL,  COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO,  DESENVOLVIMENTO HUMANO,  GESTÃO,  LIDERANÇA,  MEUS TEXTOS, FRASES, PENSAMENTOS E REFLEXÕES,  NEUROCIÊNCIA,  PENSAMENTO SISTÊMICO,  PSICOLOGIA,  PSICOLOGIA SOCIAL,  RELACIONAMENTO

O Mito Tóxico Da Motivação Constante (E Por Que Ele Está Arruinando Sua Produtividade)

E se a motivação não fosse a faísca que antecede a ação, mas a chama que se alimenta dela?
Você já se flagrou pensando: “Por que não consigo manter a motivação como aquela pessoa do LinkedIn?”
Spoiler: ela também não consegue.

A ciência revela que a obsessão por estar sempre motivado é uma armadilha cognitiva — e eu vou te mostrar por que aceitar as oscilações é o verdadeiro segredo da alta performance.

Vivemos uma era de culto à motivação. Frases prontas, gurus da produtividade e a busca constante por um estado de ânimo ideal criaram uma ilusão perigosa: a de que precisamos sentir vontade para agir.

Mas… e se for exatamente o contrário?

Estudos da Universidade Miguel Hernández comprovam: a motivação é cíclica, não linear. Quando nos cobramos constância emocional, ativamos o efeito nocebo — a versão psicológica do “tira o olho que o pneu fura”.

As neurociências, aliadas à psicologia comportamental contemporânea, mostram que motivação não é ponto de partida — é consequência. Um processo dinâmico, multifatorial, que muitas vezes é despertado pelo próprio movimento.
A ação mínima — aquele primeiro passo de dois minutos — pode ser o estopim que o cérebro precisa para criar impulso.

Segundo a Teoria da Autodeterminação, a motivação sustentável nasce do equilíbrio entre três pilares: autonomia, competência e conexão.
Quando essas necessidades psicológicas são negligenciadas, a motivação deixa de ser fonte e vira cobrança. É aí que surgem a culpa, o julgamento interno e a comparação tóxica.

Disciplina não é motivação (é sua versão traumatizada)
A disciplina, tão celebrada nas redes como substituta da motivação, frequentemente esconde um cavalo de Troia: a autocrítica.
Quando agimos por medo de decepcionar ou para sustentar uma autoestima contingente, não há liberdade — há prisão comportamental.

Aqui está o que ninguém te conta: ao forçar disciplina pura, muitas vezes estamos acionando uma motivação extrínseca disfarçada — aquela que depende de recompensa externa ou medo da falha.

A diferença crucial?

✅ Motivação integrada (a ciência chama de regulação identificada): você age por alinhamento com seus valores.
❌ Disciplina tóxica: você age por pressão interna (“preciso ser produtivo ou sou um fracasso”).

Dica prática: troque “Tenho que” por “Escolho isso porque…”.

O perigo da sobremotivação
Sim, excesso de motivação existe — e pode ser combustível para o burnout.
Pesquisadores da Universidad de Alicante alertam: quando a motivação se transforma em hiperfoco, o córtex pré-frontal — responsável por decisões racionais — se desativa. O resultado? Você vira um hamster na roda, acreditando que está avançando, mas apenas esgotando suas reservas cognitivas.

Esse excesso pode gerar hipervigilância, ansiedade produtiva e, no limite, exaustão mental.
Não se trata de querer sempre mais — mas de saber quando pausar, recuar, reavaliar.

Somos seres multimotivacionais. Nenhuma ação é movida por um único fator. Emoções, valores, memórias, crenças e contextos se entrelaçam.
Por isso, o caminho mais inteligente talvez não seja “buscar motivação”, mas criar as condições internas e externas que a tornam possível.

Soluções antienlouquecimento:
1. Agende “blocos de desmotivação” (sim, isso mesmo)
O que é:
Trata-se de reservar momentos no seu dia ou semana onde você não precisa produzir, resolver, atingir metas ou se sentir motivado. Um espaço autorizado para a apatia, o tédio criativo, a pausa sem culpa — e sim, isso é cientificamente válido.

Por que funciona:

O cérebro precisa de homeostase emocional. Cobrá-lo por ativação contínua gera fadiga decisional e sobrecarga cognitiva.

Permitir a desmotivação reduz a autocrítica e reequilibra os ciclos naturais da energia psíquica.

Você deixa de lutar contra a desmotivação e começa a integrar sua função no processo de autoregulação.

Aplicação prática:
Separe 15 a 20 minutos diários para “não fazer nada útil”. Olhe pela janela. Caminhe sem destino. Escreva pensamentos aleatórios.
Esses espaços atuam como “respiros emocionais” e ajudam a reduzir a tensão acumulada.

2. Use a Regra dos 80%: pare antes de concluir
O que é:
Técnica baseada no princípio da incompletude produtiva. Você encerra uma tarefa quando ela está 80% feita, intencionalmente.

Por que funciona:

O cérebro detesta deixar tarefas inacabadas — efeito Zeigarnik. Elas permanecem ativas no plano inconsciente.

Ao pausar antes de concluir, você cria um “loop de continuidade invisível” que mantém o cérebro engajado.

Isso aumenta a criatividade, melhora a consolidação de memória e torna o retorno à tarefa mais fluido e energizado.

Aplicação prática:
Está escrevendo? Pare no penúltimo parágrafo. Criando uma apresentação? Deixe os últimos slides para depois.
Ao voltar, você não encara a inércia do início — mas reconecta com um fluxo já em movimento.

O verdadeiro segredo:
Motivação não é um estado a ser alcançado — é um subproduto da ação com sentido.
O problema não é a falta de gás… é insistir em usar o combustível errado.

💡 Convite à reflexão:
Qual sua estratégia para os dias de “zero motivação”?

Da próxima vez que sentir que a motivação sumiu, troque a cobrança pela curiosidade. Pergunte-se:

“Qual é o menor passo possível que posso dar agora?”

Talvez não seja sobre fazer muito — mas sobre começar pequeno e permitir que o impulso faça o resto.

#marcellodesouza #marcellodesouzaoficial #coachingevoce
#motivacaointeligente #presencaexecutiva #DCC #neurociência
#psicologiaorganizacional #disciplinaautentica #microhabitos