
O Peso Invisível
“Não é a carga que te quebra, mas a maneira como você a carrega.” – Epicteto
Hoje, quero convidar você a sair do pensamento linear. A frase acima, atribuída ao filósofo estoico Epicteto, é um convite à subversão de uma lógica que impera silenciosamente na cultura da performance: a ideia de que o fardo em si é o problema. Não é. O peso da vida não se mede em quilos, mas em interpretações, significados, vínculos e resiliência interna.
Nos ambientes profissionais e pessoais, temos sido treinados para resistir, competir e aguentar. Mas pouco se ensina sobre a forma como acolhemos nossas dores, transformamos nossas cargas e reorganizamos nossas narrativas internas. Em um mundo que valoriza o esforço hercúleo, esquecemos que a força verdadeira está no modo como estruturamos nossa relação com o inevitável.
A Ilusão do Controle e a Arquitetura Interna do Sofrimento
“Não há vento favorável para quem não sabe qual porto deseja alcançar — mas também não há tempestade que dobre quem aprendeu a navegar dentro de si.” – Marcello de Souza
Não é incomum vermos pessoas em colapso mesmo tendo, aparentemente, vidas “estruturadas”: cargos de prestígio, estabilidade financeira, reconhecimento externo. A dor, nesse contexto, não nasce do externo, mas da arquitetura interna que essas pessoas constroem para lidar com o que enfrentam.
O sofrimento emocional, do ponto de vista das neurociências, está fortemente ligado à antecipação negativa e à interpretação catastrófica dos eventos. O cérebro, na ausência de uma visão organizadora resiliente, tende a inflar o peso da carga percebida. Estudos com ressonância magnética funcional mostram que indivíduos que praticam a autocompaixão e a metacognição apresentam menor ativação da amígdala diante do estresse, e maior engajamento do córtex pré-frontal dorsolateral — a área responsável pela regulação cognitiva.
Ou seja, o que nos quebra não é o problema em si, mas o modo como nosso cérebro codifica esse problema — se como ameaça, se como desafio, ou como sentença.
A Psicodinâmica do Carregar: entre o Autoengano e a Responsabilização
“Não é o peso em si que sobrecarrega o viajante, mas a ausência de propósito que o faz tropeçar. Onde há sentido, o fardo se torna jornada.” – Marcello de Souza
Muitos carregam culpas que não são suas, expectativas alheias como se fossem missões pessoais, e papéis que foram introjetados sem reflexão. Ao longo de minha trajetória como desenvolvedor cognitivo comportamental, vi líderes entrarem em burnout não pela carga de trabalho, mas pela ausência de um lugar simbólico claro dentro de si mesmos.
Epicteto já apontava: a liberdade está no controle do que depende de nós. Porém, vivemos em uma sociedade onde há uma glamorização do sofrimento produtivo. O resultado? Subjetividades adoecidas, que não conseguem diferenciar compromisso de servidão, nem propósito de compulsão.
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Reconfigurando o Suporte Interno
A saída não está em largar a carga, mas em reaprender a carregá-la. Isso exige desenvolver o que chamo de “músculos da consciência ampliada”: a capacidade de observar-se sem julgamento, de questionar narrativas automáticas e, principalmente, de escolher os significados que damos às nossas experiências.
A logoterapia nos ensina que o ser humano é movido por sentido. Quando um peso ganha sentido, ele se transforma em potência. O mesmo acontecimento que paralisa alguém, pode impulsionar outro, dependendo da lente pela qual é interpretado. O fardo, portanto, se torna plataforma.
E isso não é teoria. É prática neurocomportamental. A neuroplasticidade mostra que nossos circuitos mentais podem ser reformulados com práticas de visualização positiva, respiração consciente e diálogos internos mais compassivos. Ao treinar a mente, reeducamos o sistema nervoso autônomo e abrimos espaço para novas possibilidades de enfrentamento.
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A Carga como Catalisador de Autoconhecimento
Epicteto, como outros grandes estoicos, não defendia a passividade, mas sim o domínio interno como forma suprema de liberdade. Em um mundo volátil, complexo e ambíguo, a filosofia torna-se um recurso técnico para gestão emocional e liderança pessoal.
A pergunta que precisamos fazer não é: “Por que isso está acontecendo comigo?”, mas sim: “Como posso me posicionar diante disso com inteireza, com inteireza e sentido?”
Muitas vezes, nossos colapsos não vêm da carga, mas da falta de sentido com que a suportamos. Quando ressignificamos, criamos sustentação interna. É como se a alma se organizasse por dentro para lidar com o que vem de fora.
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Para Quem Você Está Carregando o Que Carrega?
“Não é o peso em si que sobrecarrega o viajante, mas a ausência de propósito que o faz tropeçar. Onde há sentido, o fardo se torna jornada.” – Marcello de Souza
E se a carga que te pesa não for sua? E se o modo como você a carrega estiver baseado em uma lógica que você não escolheu?
Hoje, convido você a revisitar seus pesos e a maneira como os está sustentando. Porque, mais importante que aguentar, é sustentar com sentido.
Se este texto trouxe insights para você, compartilhe suas percepções nos comentários. Vamos juntos ampliar essa reflexão e construir caminhos mais saudáveis de existência.
E se você se identificou com essa abordagem, saiba que estou aqui para auxiliá-lo(a) em sua jornada de autodescoberta e fortalecimento emocional.
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