
Quando o Brilho se Torna Fardo e a Paixão Pede Clareza
“Nem tudo o que reluz é talento. Às vezes, é apenas sobrevivência bem disfarçada.” – Marcello de Souza
Você pode ser brilhante. Pode dominar ferramentas, impressionar com performance e acumular títulos. Mas será que isso basta para chamar de talento? E mais: será que talento, por si só, basta para viver com sentido?
Vivemos tempos em que a performance se tornou uma moeda de troca — às vezes mais valorizada que o propósito. Ser bom em algo virou uma armadilha silenciosa: quanto mais você entrega, mais esperam que continue entregando, mesmo que isso não tenha mais conexão com o que te move.
E se o que você faz bem não for o que te preenche?
E se o que você ama não tiver espaço no mercado?
E se o que o mundo valoriza em você for exatamente o que mais deseja abandonar?
É nesse vácuo entre paixão, competência e reconhecimento que muitas carreiras se perdem — e muitas almas adoecem. Porque talento, sozinho, não sustenta a alma. O que sustenta é a convergência entre aquilo que te move, aquilo que você faz com excelência e aquilo que, de alguma forma, transforma o mundo ao seu redor.
1. A Ilusão da Excelência: Quando a Maestria se Torna Prisão
Ser excelente não é suficiente quando o preço da excelência é sua essência. Quantos profissionais não estão hoje aprisionados em papéis que desempenham com brilhantismo, mas que já não fazem sentido? A recompensa externa não garante coerência interna.
A neurociência nos mostra que o cérebro busca repetição da recompensa. Isso cria um ciclo dopaminérgico de aprovação: quanto mais você é reconhecido por algo, mais o sistema límbico quer repetir. Mas se o reconhecimento social estiver desalinhado com seus valores, o resultado é um desequilíbrio crônico entre performance e prazer — e é aí que surgem o burnout, a insatisfação silenciosa e a perda de identidade.
2. Paixão não é um Grito, é uma Presença
Muitos confundem paixão com euforia. Mas paixão de verdade é persistência silenciosa. É o que te chama mesmo quando o mundo está distraído. É o que resiste ao cansaço, à crítica, ao silêncio da plateia.
Ela mora no estado de flow — aquele ponto em que habilidade e desafio se encontram em harmonia. Segundo Mihaly Csikszentmihalyi, é nesse estado que experimentamos a verdadeira presença, o prazer autêntico de existir em plenitude com o que fazemos. Mas atenção: estar em flow não é viver anestesiado. É viver alinhado.
3. Reconhecimento: Quando o Aplauso Desalinha o Propósito
Existe um paradoxo cruel: às vezes, você é reconhecido justamente por aquilo que não deseja mais fazer. E a gratidão do outro pode se tornar uma prisão. Muitos talentos se sabotam nesse ponto: continuam entregando o que o mundo valoriza, mesmo que isso já não reflita quem se tornaram.
O valor de mercado é fluido. O valor de alma é permanente.
Nem tudo que é útil é legítimo para sua jornada. E nem todo reconhecimento é positivo se te afasta de si. Reconhecer isso exige coragem. E, às vezes, a coragem mais revolucionária é dizer “não” ao que você faz bem, para dizer “sim” ao que você ainda está se tornando.
4. A Tríade que Cura: Paixão, Maestria e Propósito
A alquimia do talento verdadeiro exige a convergência de três forças:
🔹 Paixão: aquilo que te mantém vivo mesmo sem plateia.
🔹 Maestria: aquilo que você faz com excelência, não por dom, mas por construção.
🔹 Propósito: aquilo que, ao ser entregue ao mundo, te devolve em forma de sentido.
Quando essas três forças se alinham, nasce a autenticidade profissional. E autenticidade é o novo luxo. Num mundo repleto de performances, ser quem se é — e entregar a partir disso — é um ato de vanguarda.
5. O Desalinhamento que Adoece: Sinais de Alerta
Você sente que está sempre ocupado, mas nunca preenchido?
Entrega muito, mas vive em dívida consigo?
Recebe elogios, mas secretamente sente que está traindo algo em você?
Esses são sintomas clássicos de desalinhamento interno. Não há talento que resista a um coração desconectado do que faz. E não há sucesso que compense uma existência exausta de si mesma.
6. Para Onde Olhar Quando Não Há Resposta?
Talento não é só fazer algo bem. É o que você faz mesmo quando ninguém pede. É o que persiste mesmo quando tudo pede que você desista. É o que te desafia a cada ciclo a ser mais inteiro, mais verdadeiro, mais você.
Se você está em dúvida sobre seu talento, não busque no LinkedIn. Busque no silêncio das suas escolhas. No que você faria se não precisasse provar mais nada. Naquilo que te dá vida, mesmo quando o mundo te oferece apenas rotina.
7. Um Convite à Reescrita
É tempo de rever os acordos que fizemos com nossos dons. Tempo de sair do automático da performance e retornar à essência do propósito. Talvez seu maior talento não seja o que você mostra, mas o que você silencia. E talvez o mundo esteja esperando exatamente isso: que você ouse oferecer o que ainda não teve coragem de assumir.
Porque talento é semente — mas só floresce na clareza.
E você? Está realmente vivendo sua convergência?
Está fazendo o que ama?
Está fazendo com excelência?
Está sendo valorizado por isso?
Se uma dessas respostas hesitar, talvez seja hora de ressignificar seu caminho. Porque talento não é destino. É construção. E toda construção começa com uma decisão: ser fiel a si mesmo.
“Há talentos que brotam no caos, mas só florescem na clareza.”
#marcellodesouza #marcellodesouzaoficial #coachingevoce
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