
O Propósito Que Não Funciona: Fracasso ou Transformação?
E se o seu propósito não foi feito para funcionar como você imaginava?
E se o fracasso aparente for, na verdade, um realinhamento silencioso da sua jornada mais profunda?
Vivemos em uma cultura obcecada por resultados, propósito e performance.
Queremos deixar uma marca. Ter uma missão. Fazer sentido — de forma clara, mensurável e, de preferência, com impacto social validado.
Mas e quando esse propósito tão bem elaborado simplesmente não gera o impacto esperado?
Será que ele falhou?
Ou será que é justamente nesse ponto que começa a sua verdadeira função: desconstruir a ilusão e abrir espaço para uma transformação real?
Propósito não é palco. É processo. E, às vezes, dói.
Um erro recorrente é confundir propósito com palco — com uma história épica de superação, reconhecimento e glória.
Mas propósito, na prática, é bem mais terreno:
É frustração.
É desconforto.
É resistência emocional diante da falta de garantias.
Propósito não é sobre ser importante. É sobre ser inteiro.
É estar presente mesmo quando a esperança escapa pelas frestas do cansaço.
É seguir mesmo quando o “porquê” não dá conta do “pra quê”.
Maturidade é permanecer no real
No Desenvolvimento Cognitivo Comportamental (DCC), compreendemos que a maturidade não se mede pela capacidade de prever ou controlar resultados, mas pela disposição em habitar o real com lucidez.
Isso exige aceitar que nem tudo será resolvido.
E que agir com presença é, por si só, um gesto transformador.
O cérebro não busca a verdade — busca sobrevivência
Como ensinam as neurociências cognitivas (Damasio, Kahneman, Ramachandran), nosso cérebro é uma máquina preditiva, não um oráculo da realidade.
Ele preenche lacunas com o que já conhece.
Simplifica. Distorce. Adapta a percepção para garantir estabilidade — e não para revelar o que é.
Por isso, antes de rotular seu propósito como “fracassado”, reconheça:
Você não está vendo o todo — apenas aquilo que sua estrutura psíquica é capaz de suportar nesse momento.
E se o propósito for sobre o outro — não sobre você?
Às vezes, o verdadeiro propósito começa quando deixamos de tentar provar algo ao mundo.
Quando a missão deixa de ser sobre identidade, reputação ou legado — e começa a ser sobre presença, afeto e disponibilidade real para o que a vida nos convida a sustentar.
E então, o que parecia um desvio se revela como direção.
A transformação está nos intervalos
Talvez devêssemos parar de esperar que grandes transformações venham de líderes visionários, estratégias geniais ou narrativas épicas.
O que transforma, de verdade, geralmente acontece nos bastidores:
• Na escuta que não estava prevista no roteiro
• No gesto que nasce da intuição, e não da lógica
• No vínculo que não cabe na métrica, mas molda a cultura
A mudança que importa raramente será “instagrameável”.
Reformular o mapa
Talvez seu propósito não tenha falhado.
Talvez ele esteja apenas te ensinando que o mapa precisa mudar.
Nem todo legado será visível.
E, muitas vezes, os efeitos colaterais do que “não deu certo” são as sementes das maiores revoluções silenciosas que você já promoveu.
Para refletir (e agir):
• Você está tentando provar algo com seu propósito — ou está disposto a deixar que ele transforme você primeiro?
• Qual parte sua ainda precisa salvar o mundo para se sentir salva?
• E qual parte sua já aprendeu a servir com inteireza, mesmo sem aplausos?
propósito é presença
No fim das contas, o propósito não é uma linha reta rumo ao sucesso.
É um convite à presença radical.
À aceitação de que o real, com todas as suas imperfeições, é o único território onde algo verdadeiramente transformador pode nascer.
E você? Como o seu propósito tem moldado quem você está se tornando?
Deixe seu comentário abaixo. Vamos continuar essa conversa.
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