
O PONTO CEGO DO SUCESSO
Onde o medo de perder o que já conquistamos impede de alcançar o que ainda podemos conquistar.
Há momentos em que a linha entre o que sabemos e o que evitamos enfrentar define o rumo de uma vida, de uma carreira, de uma equipe. Meu texto hoje é um convite para enxergar o que normalmente permanece invisível: o ponto cego que separa quem se contenta com o que já domina de quem ousa transcender. Quero ajudá-lo a compreender que o sucesso não é apenas o resultado do talento ou esforço — ele nasce da coragem de olhar o que evitamos, do risco de sustentar nossa inteireza e da ousadia de permanecer autêntico mesmo diante do desconforto. Por isso, convido você a vir comigo nesta reflexão de hoje:
Há sempre um limite invisível entre o que sabemos fazer e o que evitamos enfrentar. É ali que o sucesso se revela ou se esconde. No cotidiano, chamamos esse limite de prudência, maturidade, tato. Mas, na verdade, ele costuma ser medo disfarçado de bom senso. E é nesse disfarce que muita gente se acomoda — convencida de que estar “no controle” é o mesmo que estar em evolução.
O ponto cego do sucesso não é o erro. É o que deixamos de tentar por medo de errar. É o silêncio antes do feedback sincero, a pausa que interrompe a frase mais verdadeira, o cálculo que antecede toda decisão que poderia mudar o rumo de uma equipe. Ele é sutil, elegante até — veste-se de racionalidade, de estratégia, de timing. Mas por trás dessa máscara, o que há é o desconforto de quem percebe que crescer exige perder um pouco da proteção emocional que sustenta o equilíbrio aparente.
O sucesso, quando nasce do medo de perder, transforma-se em manutenção. E manutenção é o oposto da vida.
Há profissionais brilhantes que passam anos aperfeiçoando o que já dominam, acreditando que excelência é repetir o acerto até que ele se torne natural. Mas a verdadeira excelência é a coragem de desmontar o que já funciona para descobrir o que ainda pode ser melhor. É a disposição de não se proteger do próprio potencial. O talento que não se arrisca se transforma em rotina; a rotina que não se questiona se transforma em conformismo.
O ponto cego está no instante em que a mente diz: “melhor não agora”. Está na diplomacia excessiva que evita o conflito, na gestão que prefere consenso a verdade, na equipe que confunde harmonia com paz. Porque o crescimento raramente acontece dentro da zona confortável da concordância. Ele emerge quando alguém decide sustentar o incômodo — sem culpar, sem fugir, sem querer resolver depressa demais.
O ponto cego também vive na cultura que premia resultados, mas silencia emoções. Que cobra inovação, mas pune a ousadia. Que fala de colaboração, mas não suporta a divergência. Esse paradoxo invisível corrói o espaço da confiança. E sem confiança, não há risco; sem risco, não há evolução.
A coragem, portanto, não é o ato grandioso de quem enfrenta tudo — é o gesto simples de quem não desvia o olhar. É manter-se presente quando o instinto pede fuga. É dizer o que precisa ser dito, mesmo que a voz trema. É sustentar a responsabilidade de existir inteiro em meio à imperfeição.
O sucesso genuíno é feito de microdecisões invisíveis — aquelas que ninguém celebra, mas que definem o caráter do profissional e o tecido emocional da equipe. É o instante em que o líder escuta o desconforto em vez de abafá-lo; o momento em que o colaborador arrisca dizer o que enxerga, sem medir a reação; o segundo em que alguém escolhe continuar verdadeiro, mesmo que isso o torne vulnerável.
O ponto cego também se alimenta da pressa. No ritmo acelerado das metas e entregas, deixamos de ouvir os sinais sutis — os gestos que mostram exaustão, as pausas que denunciam medo, os olhares que pedem apoio. Quando a performance é medida apenas por números, o humano se dissolve na estatística. E toda vez que o humano desaparece, o sucesso perde alma.
Equipes de alta performance não são aquelas que erram menos, mas as que conversam mais profundamente sobre seus erros. Não são as que concordam rápido, mas as que discordam com respeito e propósito. Não são as que seguem o líder, mas as que compartilham a responsabilidade de liderar umas às outras. O verdadeiro poder de um time está na soma das suas coragens — e não na soma das suas competências.
O sucesso se torna cego quando é conduzido apenas por métricas. Ele enxerga o que pode ser medido, mas ignora o que precisa ser sentido. E é justamente nesse hiato entre o mensurável e o invisível que a cultura se define. Quando as empresas se tornam lugares onde é mais seguro calar do que propor, mais conveniente agradar do que desafiar, o futuro começa a ser construído com o cimento do medo.
O ponto cego do sucesso é o medo de perder o que já conquistamos. Mas o paradoxo é que tudo o que tentamos preservar, por medo de perder, já está perdido. Porque aquilo que não se renova morre em silêncio.
Crescer é aceitar o desconforto como parte da evolução. É compreender que a confiança não se constrói na ausência de risco, mas na convivência consciente com ele. É transformar o medo em bússola — e não em muro. É estar disposto a errar com propósito, aprender com humildade e recomeçar com presença.
Todo líder, em algum momento, precisa decidir se quer ser guardião da estabilidade ou catalisador de crescimento. O primeiro protege o que já existe; o segundo arrisca o próprio ego para fazer o coletivo florescer. O primeiro administra o previsível; o segundo amplia o possível. E é o segundo que, invariavelmente, deixa marcas que atravessam o tempo.
Iluminar esse ponto é o início da verdadeira liderança: aquela que não se mede por cargos, e sim pela capacidade de sustentar a verdade sem perder a humanidade. Afinal, espero que tenha deixado aqui claro em minha reflexão que o sucesso não é o que conquistamos — é o que temos coragem de sustentar quando tudo o que sabemos deixa de ser suficiente. E o convite é simples: olhe para o ponto cego da sua própria jornada. Aquilo que evitamos enfrentar é exatamente onde reside o potencial de transformação. Sustente o desconforto, abrace a coragem e descubra o espaço invisível onde o crescimento verdadeiro floresce.
#marcellodesouza #marcellodesouzaoficial #coachingevoce #marcellodesouza #marcellodesouzaoficial #coachingevoce #liderançaconsciente #coragemtransformadora #presençaexecutiva #desenvolvimentopessoal #altaperformance #autenticidade #inovaçãohumana #evoluçãoprofissional #reflexãoexecutiva #crescimentoautêntico

EL PUNTO CIEGO DEL ÉXITO

Luto Antecipado: A Dor que Nasce Antes da Perda
Você pode gostar

AS DIFERENTES FACES DO ESTRESSE
2 de março de 2019
ESTÁ TUDO BEM NÃO ESTAR BEM AGORA – O PERIGO DA POSITIVIDADE TÓXICA
20 de dezembro de 2024