
O TEMPO PODE SER SEU MAIOR ALIADO… OU SEU PIOR INIMIGO
Tomar decisões é, sem dúvida, uma das habilidades mais desafiadoras e essenciais que os seres humanos devem dominar. Desde as escolhas cotidianas até as grandes decisões que moldam nossas vidas, estamos constantemente sendo desafiados a avaliar alternativas, pesar riscos e imaginar o impacto futuro de nossas escolhas.
Mas, o que acontece quando nossas decisões não são tão racionais quanto gostaríamos de acreditar? Como podemos melhorar esse processo, para que nossas decisões não sejam influenciadas por vieses ou pressões momentâneas? A resposta pode estar na combinação da neurociência, da psicologia comportamental e das abordagens práticas de coaching.
1. Decisões: Muito Mais do Que Simples Escolhas
De acordo com o renomado neurocientista Antonio Damasio, em seu livro O Erro de Descartes, as decisões humanas não são processos racionais e lógicos como tradicionalmente pensamos. Pelo contrário, elas são impulsionadas por emoções. O cérebro humano, longe de ser uma máquina puramente lógica, é moldado por experiências emocionais que afetam diretamente a maneira como escolhemos.
Em seu estudo de 1994, Damasio demonstrou que as pessoas que não podem processar suas emoções devido a lesões cerebrais têm grande dificuldade em tomar decisões cotidianas, mesmo as mais simples, como escolher o que almoçar. Ou seja, as emoções não apenas influenciam nossas escolhas, mas são, de fato, fundamentais para que tomemos decisões.
2. O Efeito da Adaptação Hedônica
Outro conceito importante que afeta a tomada de decisão é a chamada adaptação hedônica, um fenômeno descrito pelos psicólogos Daniel Kahneman e Dan Gilbert. A adaptação hedônica se refere à tendência humana de voltar rapidamente ao nosso nível base de felicidade, após experiências de prazer ou sofrimento.
Em outras palavras, muitas vezes, subestimamos nossa capacidade de adaptação a circunstâncias futuras. Um exemplo clássico disso é o medo de fracassar, que pode nos paralisar no presente, mas que, com o tempo, tende a se tornar menos impactante. Uma pesquisa realizada por Kahneman e seus colegas mostrou que as pessoas tendem a superar os maiores traumas de maneira mais rápida do que imaginam. Isso é crucial ao tomar decisões difíceis, pois nos ajuda a perceber que as situações adversas podem não ter o impacto duradouro que pensamos.
3. A Regra 10-10-10: Uma Estratégia Prática para Decisões Melhores
Suzy Welch, autora e ex-editora da Harvard Business Review, desenvolveu uma técnica chamada regra 10-10-10 para ajudar na tomada de decisões. Essa técnica é simples, mas poderosa: antes de tomar uma decisão, pergunte a si mesmo:
O que sentirei nos próximos 10 minutos?
E nos próximos 10 meses?
E daqui a 10 anos?
Essa abordagem é eficaz porque nos ajuda a enxergar a decisão de uma maneira mais ampla e menos impulsiva. A visão do curto, médio e longo prazo ajuda a reduzir a pressão do momento presente, nos fazendo refletir sobre as implicações futuras da escolha que estamos prestes a fazer. Ela se baseia em uma abordagem cognitiva comportamental que leva em consideração tanto os resultados emocionais imediatos quanto as consequências a longo prazo.
4. A Neurociência da Decisão: Como o Cérebro Faz Suas Escolhas
Além da teoria, a neurociência também nos fornece informações valiosas sobre como o cérebro lida com decisões. O cérebro humano tem uma tendência natural de escolher soluções que oferecem gratificação instantânea, um comportamento impulsionado pelo sistema de recompensa do cérebro, principalmente pela liberação de dopamina.
No entanto, a pesquisa científica mostra que, ao considerar alternativas, as regiões do cérebro associadas à tomada de decisão, como o córtex pré-frontal, entram em ação, avaliando as consequências futuras. Isso significa que, ao treinar nosso cérebro para focar não apenas no presente, mas também nas implicações a longo prazo, podemos aprimorar nossa capacidade de tomar decisões mais eficazes.
Um estudo de 2008 realizado por pesquisadores da Universidade de Harvard mostrou que os indivíduos que se concentraram em objetivos de longo prazo ao tomar decisões tiveram maior sucesso em alcançar metas, em comparação com aqueles que se concentraram em soluções imediatas.
5. A Evolução da Regra: 10-10-10-∞ – O Impacto Além de Nós
E se pudermos expandir a técnica 10-10-10? E se considerássemos o impacto de nossas decisões não apenas em nossa vida pessoal, mas também na vida de outras pessoas e na sociedade? Esse é o próximo passo lógico na evolução do processo decisório. A verdadeira habilidade de um líder não reside apenas na capacidade de tomar boas decisões para si mesmo, mas também de prever o impacto dessas decisões em sua equipe, na comunidade e no mundo.
A ciência do comportamento humano aponta que, quando consideramos o impacto social e coletivo de nossas escolhas, tendemos a tomar decisões mais éticas e mais alinhadas com valores universais. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Oxford mostrou que indivíduos que consideram o bem-estar de outras pessoas ao tomar decisões tendem a ser mais felizes e mais bem-sucedidos a longo prazo.
6. Decisões e Legado: O Impacto Duradouro
As decisões que tomamos hoje reverberam no futuro. Uma escolha simples, como como lidamos com uma oportunidade de negócio, pode, ao longo do tempo, se transformar em uma mudança de paradigma para uma organização inteira. Se queremos criar um legado positivo, devemos pensar nas implicações de nossas escolhas para as próximas gerações.
Esse pensamento é essencial para líderes, empreendedores e todos que desejam deixar um impacto duradouro. Não basta apenas focar no imediato – devemos sempre considerar o futuro e as repercussões mais amplas de nossas ações.
TOMAR DECISÕES É UMA HABILIDADE QUE SE TREINA
A boa notícia é que a tomada de decisão é uma habilidade que pode ser treinada. Ao nos equiparmos com ferramentas como a regra 10-10-10, somadas ao conhecimento da neurociência, da psicologia comportamental e da adaptação hedônica, podemos melhorar a qualidade das escolhas que fazemos. Quanto mais treinamos nossa mente para pensar em termos de tempo – curto, médio e longo prazo – mais capazes nos tornamos de tomar decisões alinhadas com nossos valores e objetivos.
Portanto, da próxima vez que se encontrar diante de uma encruzilhada, lembre-se: a decisão perfeita não existe. O que importa é fazer escolhas conscientes e que estejam em sintonia com o seu propósito. E, se necessário, não hesite em parar por um momento e aplicar a técnica 10-10-10 para dar clareza ao processo.
Agora, me conte: qual decisão importante você está tomando agora? Está pensando apenas no presente ou já visualizou o impacto no futuro?
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