
VOCÊ PODE OUVIR, MAS ESTÁ REALMENTE ESCUTANDO?
Quantas vezes você percebeu que a pessoa à sua frente não estava realmente prestando atenção ao que você dizia? E quantas vezes você mesmo já se pegou fingindo ouvir enquanto sua mente vagava para outro lugar?
A verdade é que escutar é uma das habilidades mais poderosas que podemos desenvolver – e uma das menos praticadas. No mundo acelerado de hoje, onde telas piscam e pensamentos disputam espaço, darmos atenção plena a alguém se tornou um ato raro e valioso.
A neurociência já demonstrou que a escuta ativa não é apenas um processo auditivo, mas um fenômeno cognitivo e emocional. Estudos da University of California indicam que a escuta genuína ativa regiões do cérebro associadas à empatia, aumentando a conexão interpessoal. Além disso, pesquisas do MIT revelam que líderes com alta capacidade de escuta ativa criam ambientes de trabalho mais produtivos e colaborativos.
Mas o que fazer quando percebemos que não estão nos ouvindo? Como resgatar a conexão e transformar uma interação superficial em um diálogo autêntico?
1. Dê um passo para trás.
Ronald Heifetz, do Harvard Kennedy School, fala sobre “subir ao balcão” – ou seja, sair da situação e observá-la de forma estratégica. Se a outra pessoa não está engajada, faça uma pausa, respire e avalie: qual pode ser a causa? Isso permitirá que você aja de forma mais consciente e eficaz.
A psicóloga e pesquisadora Kate Murphy, autora do livro You’re Not Listening: What You’re Missing and Why It Matters, destaca que a capacidade de perceber sinais não verbais pode ser um diferencial para entender a desconexão na comunicação. Se alguém evita contato visual ou demonstra impaciência, pode ser um indício de que está sobrecarregado ou emocionalmente indisponível.
2. Presuma intenção positiva.
Antes de tomar como pessoal a falta de atenção do outro, considere: ele pode estar lidando com desafios internos ou apenas sobrecarregado? Além disso, avalie seu próprio comportamento – você tem monopolizado a conversa? Como bem aponta a pesquisadora Alison Wood Brooks, bons diálogos são uma via de mão dupla.
Além disso, a teoria da escuta empática de Carl Rogers sugere que, ao demonstrarmos compreensão genuína, criamos um ambiente propício para que o outro também nos escute com mais atenção. Isso significa validar emoções, reformular o que foi dito e demonstrar real interesse.
3. Traga a pessoa de volta com uma pergunta.
Perguntas abertas e diretas podem reengajar um interlocutor disperso. Chame-o pelo nome e diga: “O que você acha sobre isso?” ou “Como você lidou com situações assim antes?” Isso gera envolvimento e demonstra interesse genuíno pela opinião do outro.
Uma técnica poderosa é o “Me conte mais sobre isso”. Essa frase incentiva a outra pessoa a expandir sua resposta, aprofundando a conversa e criando uma conexão mais significativa.
Se perceber que a pessoa continua dispersa, tente algo mais direto: “Tudo bem por aí? Percebi que você está distraído.” Essa abordagem demonstra empatia sem parecer um confronto.
4. Ajuste o ritmo da conversa.
Se o fluxo está desconectado, mude a dinâmica. O silêncio, por exemplo, pode ser uma ferramenta poderosa: ao parar de falar, você obriga o outro a retornar ao momento presente. Outra estratégia é modificar o espaço físico: se estão sentados, sugira uma caminhada; se estão em um encontro longo, proponha uma pausa rápida.
Em reuniões profissionais, você também pode testar mudar o formato da conversa, trazendo elementos visuais ou pedindo a opinião de diferentes participantes.
A psicologia social nos mostra que a comunicação eficaz não é apenas sobre transmitir informações, mas sobre criar significado compartilhado. Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia, destaca que nosso sistema cognitivo tende a se desconectar quando a interação não nos parece relevante ou emocionalmente envolvente. Por isso, capturar e manter a atenção exige mais do que palavras – exige intenção, presença e conexão real.
Ser um bom comunicador não é apenas saber falar bem – é saber ouvir com intenção e trazer o outro de volta quando a sintonia se perde. Afinal, as melhores conexões acontecem quando a escuta é genuína e o diálogo é construído a dois.
Agora me diga: qual técnica você usa quando sente que não estão te ouvindo?
Convido você a ler o artigo de Allison Shapira intitulado como “When You Can Tell Someone Isn’t Listening to You” em:
https://hbr.org/2025/03/when-you-can-tell-someone-isnt-listening-to-you?ab=at_art_art_rr_v1x4_s02
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