
A Fábula do Espelho e da Sombra
“Em cada brilho, um enigma;
na sombra, um sussurro do ser.
Entre o ter e o simplesmente ser,
descobre-se o infinito, o eterno aprender.”
– Marcello de Souza
Na aldeia ancestral de Luminara, onde o tempo não era senhor, mas dançarino das estações, havia um sábio cujo espelho não refletia rostos, mas almas. Diziam que, diante dele, até os deuses se curvavam para ver além de suas próprias lendas. O Guardião do Espelho, assim chamado, não guardava um objeto, mas um portal para o abismo do ser — um limiar onde véus caíam e a essência humana desnudava-se, crua e sublime.
Dois peregrinos cruzaram vales e montanhas em busca desse artefato: Sol, cujo nome brilhava como fogo, e Terra, que carregava em si a quietude das raízes. Sol buscava a felicidade como quem caça um tesouro: acumulando glórias, erguendo impérios, colecionando elogios como moedas. “O mundo é um espelho”, dizia ele, “e só reflete o que conquistamos”. Terra, porém, caminhava com passos que sussurravam ao chão. Para ele, a felicidade não era um troféu, mas uma semente adormecida no ventre da existência — algo a ser regado, não desenterrado.
Ao adentrarem o santuário do Guardião, foram recebidos por um jardim crepuscular, onde o espelho repousava sob uma luz que parecia tecer o tempo. “Olhem”, disse o sábio, “mas não com os olhos que veem formas. Olhem com os que veem sombras… e a luz que as rompe”.
Sol diante do espelho:
Ao se aproximar, viu-se coroado de ouro, vestido em mantos que cintilavam como constelações. Mas, no centro daquele esplendor, seus olhos eram crateras vazias, estrelas mortas em um céu de ilusões. Uma sombra crescia atrás dele, um vulto que engolia sua própria imagem a cada conquista. Quanto mais acumulava, mais a sombra o devorava, transformando-o em eco de si mesmo. “Isso não sou eu!”, gritou, mas o espelho sussurrou: “É o que você escolheu ser: um reflexo do que não te pertence”.
Terra diante do espelho:
Quando chegou sua vez, o jardim pareceu conter a respiração. No vidro, não havia riquezas — apenas um rosto marcado por cicatrizes que contavam histórias de tempestades e renascimentos. Seus olhos eram dois sóis negros, não de escuridão, mas de infinito. Uma aura dourada o envolvia, não como adorno, mas como extensão de sua essência. “Você não tem nada”, riram os espectadores invisíveis. “Tudo”, corrigiu o Guardião, “pois ele é o que busca”.
A Queda e o Florescer:
Sol desmoronou, não de joelhos, mas em si mesmo. Percebeu que suas conquistas eram como areia: quanto mais apertava os punhos para retê-las, mais escapavam, deixando apenas o corte do vazio. Terra, em silêncio, tocou o próprio rosto no espelho e viu a imagem se multiplicar em mil facetas — cada uma revelando uma versão de si que jamais imaginara existir.
A Última Lição do Guardião:
“O espelho é só o primeiro passo”, declarou o sábio, enquanto o crepúsculo se fundia à noite. “A verdadeira jornada começa quando vocês percebem que não são o que veem. Nem o ouro, nem as cicatrizes. São o espaço entre o reflexo e a sombra — o silêncio que habita todas as perguntas.”
O Legado de Luminara:
Anos depois, Sol tornou-se jardineiro. Aprendeu a cultivar não terras, mas almas, regando-as com perguntas em vez de certezas. Terra, por sua vez, ensinou a aldeia a ouvir: o vento nas folhas, o rio nas pedras, o eco das próprias máscaras ao caírem. Juntos, revelaram que a vida não é um espelho, mas um prisma — fragmentando a luz do ser em infinitas possibilidades.
Esta não é uma fábula sobre escolhas entre “ser” e “ter”. É um labirinto de espelhos quebrados, onde cada estilhaço revela uma verdade: somos feitos de vazios que clamam por preenchimento, mas também de luzes que transcendem toda posse. O espelho da alma não reflete respostas; refrata perguntas. E talvez a mais urgente seja: O que você verá quando parar de buscar seu reflexo… e começar a escutar seu silêncio?
Ao fechar esta página, o verdadeiro espelho se ergue diante de você. Não tema a sombra que ele revela — tema apenas não ter coragem de olhar.
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