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O mito da ‘mulher forte’: por que ser “foda” não é o que te contaram (e como hackear isso para liderar de verdade)

“Ela é forte, não leva desaforo.”
Quantas vezes essa frase foi dita como elogio? Mas e se, por trás dessa suposta admiração, existisse um script invisível, reforçado culturalmente, que mina silenciosamente o avanço da liderança feminina?

Vivemos em uma era que exalta a performance, a competência e a capacidade de resiliência. Mas, no caso das mulheres, essa mesma valorização vem com um preço: para ser reconhecida como “forte”, espera-se que ela se desumanize. Que assuma o papel da “durona”, que não demonstra fraqueza, não erra, não cede. Uma narrativa que mascara uma armadilha sofisticada: quanto mais você se molda ao arquétipo da mulher imbatível, menos liberdade você tem para exercer uma liderança genuína, adaptável, relacional.

Estamos falando de um mito que aprisiona, não empodera.

A armadilha do arquétipo: quando a força endurece a alma

Na superfície, o modelo da mulher invencível parece libertador — afinal, é uma ruptura do papel submisso e decorativo imposto por séculos. Mas, ao ser convertida em uma persona rígida, essa figura também se torna um estereótipo: a líder que está sempre no controle, nunca hesita, nunca demonstra fragilidade. E aí mora o perigo.

A neurociência social aponta que os cérebros humanos são wired for connection — e não para a guerra constante. Lideranças que operam com dureza contínua ativam sistemas de ameaça no cérebro dos interlocutores, gerando defensividade, retração e desengajamento.

Ou seja: o modelo da “mulher foda” que não leva desaforo, ao contrário de gerar influência, ativa isolamento emocional e resistência silenciosa.

Dados que desconstroem mitos
Uma pesquisa do MIT (2024) mostra que:
• Mulheres que conseguem manter autoridade técnica sem romper com a empatia e conexão relacional ampliam sua influência em até 37%;
• Aquelas que utilizam o humor estratégico — não no sentido da piada, mas da quebra de tensão no timing certo — têm o dobro de chances de ascender a posições de tomada de decisão.

O dado é claro: poder real é relacional, não reativo.

E poder relacional não nasce da força bruta, mas da presença genuína, da leitura contextual e da inteligência emocional aplicada com precisão.

Três viradas de chave para um poder autêntico e sustentável

Se o caminho tradicional é uma armadilha, qual o novo mapa? Ele começa com três deslocamentos fundamentais:
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1. Desconstrua o mito da loba solitária
O imaginário da mulher poderosa sozinha no topo — aquela que não depende de ninguém e não se curva a nada — é glamoroso na ficção, mas desfuncional na vida real.

Ninguém constrói legado isolada.

Poder sustentável nasce da capacidade de cultivar redes de apoio, alianças estratégicas e trocas de valor que vão além da conveniência. A mulher que sabe transitar entre diferentes círculos, conectar pessoas e semear reciprocidade estratégica, é percebida como alguém confiável, expansiva e com liderança sistêmica.

Mais do que resistir sozinha, é sobre saber com quem caminhar.
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2. Controle a narrativa, não apenas a emoção
Mulheres foram historicamente ensinadas a “controlar suas emoções”. Mas o verdadeiro poder não está na repressão emocional, e sim na gestão consciente da narrativa que se constrói em torno de si.

Ser uma líder poderosa não significa ser uma estátua imperturbável — mas sim uma estrategista comunicacional. O segredo está em assumir diferentes personas com intenção e não por reação.

• Numa reunião com executivos mais tradicionais? Use dados, estrutura lógica e tom professoral.
• Num brainstorming com times jovens? Assuma vulnerabilidade e convide à cocriação.
• Em um momento de crise? A firmeza emocional será mais persuasiva que a pressa pela solução.

A liderança feminina mais potente é aquela que sabe ler o contexto e ajustar a entrega, sem trair sua essência.
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3. Seja lembrada pela energia que deixa, não só pelo cargo que ocupa

Status real não está na assinatura do e-mail, mas na sensação que sua presença gera.

Pense: quando você sai de uma sala, as pessoas sentem alívio ou sentem falta? Seu nome é mencionado com respeito silencioso ou com medo disfarçado?

A energia que deixamos nas interações é mais duradoura que qualquer conquista formal. Mulheres que ocupam espaços com inteligência emocional, consistência ética e generosidade lúcida são lembradas, promovidas e imitadas.

Porque no fim, o verdadeiro poder é concedido — não imposto. E ele é concedido por quem te observa, te segue, te recomenda ou te desafia.
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Empoderamento não é performance. É presença com propósito.

A grande virada não é tentar caber nos moldes — mas hackear os moldes.

Empoderar-se não é tornar-se invulnerável. É assumir o protagonismo de sua própria história, com consciência das próprias forças e limites, com clareza sobre o tipo de influência que se deseja exercer.

Empoderamento é um exercício contínuo de decisão: que tipo de presença você quer cultivar? Que tipo de legado quer construir?

É uma prática cotidiana de coerência entre poder e propósito, entre competência e compaixão.
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No fim, a pergunta não é “se” você tem poder.

A pergunta é:

• Como você está usando esse poder?
• Quem está contando sua história quando você não está na sala?
• O que permanece quando você sai de cena?
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“Ser foda” não é sobreviver sozinha em um sistema desigual.
É ter consciência de como ele opera — e transformar o jogo com presença, estratégia e humanidade.”
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Gostou da reflexão? Compartilhe com quem precisa desconstruir o mito e cultivar poder com alma.

Vamos juntas construir narrativas que inspiram, não aprisionam.

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